Os resultados das sondagens
Nesta fase incipiente da pré-campanha para as eleições europeias as indicações fornecidas pelos resultados de sondagens divulgadas nos últimos dias motivam algumas reflexões ligeiras.
Ao observador mais superficial, o que se destaca é o empate técnico entre PS e PSD. Neste momento, o PS tem possibilidades de vitória (vitória significa ficar em primeiro lugar...) o que não é nada mau. Ninguém lá em casa lembrará a perda de deputados em relação às anteriores eleições: qualquer perspectiva de ficar à frente, depois de todas as tempestades, provoca um enorme suspiro de alívio nas hostes socialistas.
Quanto ao PSD, os resultados destas sondagens provocam um sentimento misto de decepção e de esperança. Depois de tanto descontentamento com Sócrates e o seu governo (que é real), a manutenção do PS na situação em que surge relativamente ao PSD não pode deixar de entender-se como uma manifestação de incapacidade própria. Este PSD não consegue impor-se como alternativa, não é capaz de descolar, muito menos de levantar voo. Só falei em esperança porque apesar de tudo os sinais de crescimento apontados à candidatura permitem acalentar alguns sonhos sobre os resultados de daqui a um mês. Podem ser menos maus...
Depois, surge a confirmação do Bloco de Esquerda. O partido da burguesia urbana progre acabará em terceiro lugar, mais ou menos destacado, aumentando a sua representação parlamentar. É bom para eles, inegavelmente. Há dez anos eram apenas uns filhos família a brincar às revoluções, hoje são o terceiro partido nacional - conseguindo frequentemente rebocar os maiores nas causas que lhes impõem, aproveitando o vazio ideológico destes.
A seguir ficará a CDU, obviamente. Para um partido envelhecido e cansado, muito reduzido a um eleitorado de reformados e idosos e a uma base rural em vias de desaparecimento, aguenta-se bem, embalado pela crise. O rumo da decadência não se inverte, mas atrasa-se-lhe o ritmo.
Claro que somando as votações previstas para estes dois atinge-se um número que, seja de 15% ou de 20%, significa sempre uma dimensão inaudita de votos "comunistas", o que representa um facto anómalo em qualquer país da Europa nesta época em que o comunismo ou desapareceu ou envergonhou-se. Nós não podemos deixar de sorrir: se a tanta gente repugna qualquer participação política, se tantos recusam até o gesto simples e banal de votar, como podem estranhar que aumente a expressão percentual daqueles que efectivamente marcam presença?
Finalmente, e como nota mais saliente, o descalabro do CDS. É preciso reconhecer que dificilmente o eleitor encontraria motivos para votar no CDS, pensando em termos de política europeia ou de política interna. No que se refere à Europa o CDS apagou voluntariamente qualquer traço que o distinguisse do PSD, formalizando mesmo essa mudança com a sua integração no Partido Popular Europeu. Logo, quem se reveja nessas posições mais vale votar no PSD. No respeitante à política interna torna-se demasiadamente evidente que a única finalidade da continuação do partido é arranjar uma boleia para a área governamental, seja do PS seja do PSD. Apesar de tudo, o povinho não gosta disto.
Acresce o factor Paulo Portas: este, na realidade, transformou-se no problema, depois de ter andado a vender-se como sendo solução. Actualmente, quando ouvem PP e o vêem sorrir os portugueses reparam que o sorriso é fingido e quando o ouvem falar de semblante sério e carregado sabem que também a seriedade é representação. Como político está irremediavelmente descredibilizado, e não resta quase ninguém para votar num actor.
Ao observador mais superficial, o que se destaca é o empate técnico entre PS e PSD. Neste momento, o PS tem possibilidades de vitória (vitória significa ficar em primeiro lugar...) o que não é nada mau. Ninguém lá em casa lembrará a perda de deputados em relação às anteriores eleições: qualquer perspectiva de ficar à frente, depois de todas as tempestades, provoca um enorme suspiro de alívio nas hostes socialistas.
Quanto ao PSD, os resultados destas sondagens provocam um sentimento misto de decepção e de esperança. Depois de tanto descontentamento com Sócrates e o seu governo (que é real), a manutenção do PS na situação em que surge relativamente ao PSD não pode deixar de entender-se como uma manifestação de incapacidade própria. Este PSD não consegue impor-se como alternativa, não é capaz de descolar, muito menos de levantar voo. Só falei em esperança porque apesar de tudo os sinais de crescimento apontados à candidatura permitem acalentar alguns sonhos sobre os resultados de daqui a um mês. Podem ser menos maus...
Depois, surge a confirmação do Bloco de Esquerda. O partido da burguesia urbana progre acabará em terceiro lugar, mais ou menos destacado, aumentando a sua representação parlamentar. É bom para eles, inegavelmente. Há dez anos eram apenas uns filhos família a brincar às revoluções, hoje são o terceiro partido nacional - conseguindo frequentemente rebocar os maiores nas causas que lhes impõem, aproveitando o vazio ideológico destes.
A seguir ficará a CDU, obviamente. Para um partido envelhecido e cansado, muito reduzido a um eleitorado de reformados e idosos e a uma base rural em vias de desaparecimento, aguenta-se bem, embalado pela crise. O rumo da decadência não se inverte, mas atrasa-se-lhe o ritmo.
Claro que somando as votações previstas para estes dois atinge-se um número que, seja de 15% ou de 20%, significa sempre uma dimensão inaudita de votos "comunistas", o que representa um facto anómalo em qualquer país da Europa nesta época em que o comunismo ou desapareceu ou envergonhou-se. Nós não podemos deixar de sorrir: se a tanta gente repugna qualquer participação política, se tantos recusam até o gesto simples e banal de votar, como podem estranhar que aumente a expressão percentual daqueles que efectivamente marcam presença?
Finalmente, e como nota mais saliente, o descalabro do CDS. É preciso reconhecer que dificilmente o eleitor encontraria motivos para votar no CDS, pensando em termos de política europeia ou de política interna. No que se refere à Europa o CDS apagou voluntariamente qualquer traço que o distinguisse do PSD, formalizando mesmo essa mudança com a sua integração no Partido Popular Europeu. Logo, quem se reveja nessas posições mais vale votar no PSD. No respeitante à política interna torna-se demasiadamente evidente que a única finalidade da continuação do partido é arranjar uma boleia para a área governamental, seja do PS seja do PSD. Apesar de tudo, o povinho não gosta disto.
Acresce o factor Paulo Portas: este, na realidade, transformou-se no problema, depois de ter andado a vender-se como sendo solução. Actualmente, quando ouvem PP e o vêem sorrir os portugueses reparam que o sorriso é fingido e quando o ouvem falar de semblante sério e carregado sabem que também a seriedade é representação. Como político está irremediavelmente descredibilizado, e não resta quase ninguém para votar num actor.
Portas conseguiu a proeza de alienar também o eleitorado CDS, depois de ter começado por alienar e deixar na organdade o eleitorado PP. Agora nem CDS/PP, nem PP, nem CDS.
Pode esta situação abrir espaços, oferecer oportunidades? O Partido da Nova Democracia, de Manuel Monteiro, desapareceu das ofertas disponíveis neste concurso. Resta o Partido Nacional Renovador, à direita. E falta um mês para ver os resultados que contam.
0 Comments:
Enviar um comentário
<< Home