Partidos e ideologias
(um artigo de Jaime Nogueira Pinto)
Uma leitura ideológica ou política dos programas, projectos e manifestos, e da oratória e prática dos partidos políticos domésticos, revela uma presença de três esquerdas, dois centros e nenhuma direita.
Na esquerda - aceitando que a esquerda é do PS inclusive, para a esquerda - há, ideológica e eleitoralmente três partidos, o PS, o PCP e o BE. O PS é o socialismo moderado, de rosto humano, a social-democracia, o partido nascido à pressão em Bona, em 1973, para se colocar na corrida à ocupação do vazio da esperada agonia do regime autoritário.
Auspiciado pelos socialistas alemães e franceses e pela A.F.C.L.O. norte-americana, então e sobretudo na crise de 1974-1975, o PS foi constituído pela autodenominada oposição democrática, a que os situacionistas chamavam "reviralho".
O Dr. Mário Soares, lançado internacionalmente nos anos 60 com a denúncia à Stern dos escândalos carnais do salazarismo (o caso do "ballet rose") tomou conta da ocorrência. E em 75, na aliança contra o PREC radical, repetiu à portuguesa (em brandos costumes) um cenário de Weimar - a aliança dos socialistas democráticos com a direita militar para parar a revolução.
Os outros dois partidos de esquerda vêm das famílias então vencidas.
Os comunistas, hoje bem longe dos anos de oiro, conseguem ainda resistir numa ortodoxia que os seus homólogos europeus mandaram às malvas. E os bloquistas - uma confederação de esquerdistas e esquerdismos - têm tido a habilidade de convencer a opinião pública, que o seu utopismo, milenarismo e igualitarismo não têm nada a ver com mestres e movimentos radicais e anti-constitucionais que, da Rússia ao México, da Espanha ao Extremo-Oriente, se caracterizaram no século XX por uma extrema intolerância e violência social.
Os socialistas do PS têm a particularidade de pouco ou nada ideologicamente se diferenciarem dos sociais-democratas do PSD; e vice-versa. Pensam à esquerda e governam ao centro. Uns e outros. E o CDS-PP também não se diferencia muito destes ocupantes do "centrão". Sobretudo depois que acabou a Guerra Fria e o anti-comunismo. Isto apesar do socialismo (que não foi reabilitado pela crise?), continuar em baixa.
Sobre a direita ideológica paira a sombra da correcção política anti-salazarista. Porque a II República foi nacionalista e conservadora e "católica", os valores nacionais e conservadores continuaram arredados das agendas políticas, acabando por ser apenas agitados por todos em tempos de aposta eleitoral.
Uma leitura ideológica ou política dos programas, projectos e manifestos, e da oratória e prática dos partidos políticos domésticos, revela uma presença de três esquerdas, dois centros e nenhuma direita.
Na esquerda - aceitando que a esquerda é do PS inclusive, para a esquerda - há, ideológica e eleitoralmente três partidos, o PS, o PCP e o BE. O PS é o socialismo moderado, de rosto humano, a social-democracia, o partido nascido à pressão em Bona, em 1973, para se colocar na corrida à ocupação do vazio da esperada agonia do regime autoritário.
Auspiciado pelos socialistas alemães e franceses e pela A.F.C.L.O. norte-americana, então e sobretudo na crise de 1974-1975, o PS foi constituído pela autodenominada oposição democrática, a que os situacionistas chamavam "reviralho".
O Dr. Mário Soares, lançado internacionalmente nos anos 60 com a denúncia à Stern dos escândalos carnais do salazarismo (o caso do "ballet rose") tomou conta da ocorrência. E em 75, na aliança contra o PREC radical, repetiu à portuguesa (em brandos costumes) um cenário de Weimar - a aliança dos socialistas democráticos com a direita militar para parar a revolução.
Os outros dois partidos de esquerda vêm das famílias então vencidas.
Os comunistas, hoje bem longe dos anos de oiro, conseguem ainda resistir numa ortodoxia que os seus homólogos europeus mandaram às malvas. E os bloquistas - uma confederação de esquerdistas e esquerdismos - têm tido a habilidade de convencer a opinião pública, que o seu utopismo, milenarismo e igualitarismo não têm nada a ver com mestres e movimentos radicais e anti-constitucionais que, da Rússia ao México, da Espanha ao Extremo-Oriente, se caracterizaram no século XX por uma extrema intolerância e violência social.
Os socialistas do PS têm a particularidade de pouco ou nada ideologicamente se diferenciarem dos sociais-democratas do PSD; e vice-versa. Pensam à esquerda e governam ao centro. Uns e outros. E o CDS-PP também não se diferencia muito destes ocupantes do "centrão". Sobretudo depois que acabou a Guerra Fria e o anti-comunismo. Isto apesar do socialismo (que não foi reabilitado pela crise?), continuar em baixa.
Sobre a direita ideológica paira a sombra da correcção política anti-salazarista. Porque a II República foi nacionalista e conservadora e "católica", os valores nacionais e conservadores continuaram arredados das agendas políticas, acabando por ser apenas agitados por todos em tempos de aposta eleitoral.
1 Comments:
"Pós 25 de Abril, os apoiantes do antigo regime, foram perseguidos, muitos tiveram de deixar o país, as elites, divorciaram-se do povo, culpando-o injustamente. As novas elites, não prestavam para nada, e foram eles os mentores de tal "geração rasca". O povo manipulado, não sabia o que fazer, os que apoiavam o PCP apenas porque era a única maneira de lutar contra o Estado Novo, desagregaram-se. A única coisa que os revolucionários tinham em comum era a ideia de aniquilar o nacionalismo e todas as suas principais bases de apoio, para que este nunca mais pudesse aparecer."
Isto escrevi eu recentemente.
O texto está bem escrito, mas, o Jaime Nogueira Pinto, foi um dos que se divorciou.
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