A política interessa à inteligência?
Folheando "O Diabo" de hoje (mantenho por atavismo puro o hábito de comprar o velho semanário, em cada número mais incipiente, e ainda mais depois da recente remodelação que em vez de o revigorar o fez surgir descafeinado) encontrei duas surpresas boas. Um artigo de Francisco Morais Sarmento sobre "inteligência e política", a partir do axioma portista (de Paulo Portas) de que "a inteligência não interessa à política" e um artigo de Gonçalo Magalhães Collaço, sobre "Jaime Silva, o Mar Português e as Pescas".
Nada mau, para uma manhã só.
1 Comments:
Concordo em absoluto, eu própria ando para escrever algo sobre este assunto há já algum tempo. O Diabo está uma boa porcaria, que me desculpem os seus trabalhadores, decerto esforçados, cuja culpa não lhes pode ser assacada. A remodelação deu cabo dele. Não foi sem alguma desconfiança que li neste mesmo jornal e não muito tempo antes da dita remodelação, um ou dois direitistas e outros 'independentes insuspeitos' sugerirem uma mudança radical no grafismo do jornal... e até na sua linha editorial (diziam: "há anos e anos que não mudam o grafismo nem o tipo d'artigos, está muito antiguado, precisa modernizar-se"... A ideia era mesmo essa, acabar com um jornal decente... através da sua modernização indecente. E ao fim de 35 anos conseguiram-no, honra lhes seja feita. E a direcção do jornal inacreditàvelmente acreditou n'aguns hipócritas a mando do poder. Este finalmente conseguiu puxar para o seu seio malsão mais um jornal, o único que ainda dele se mantinha orgulhosamente afastado.
Compro este jornal a conselho d'amigos, que o liam sôfregamente em Angola, ininterruptamente desde 1985. Ou melhor, comprava. Já me escaparam dois números e nem sequer me dignei ir à procura deles, como anteriormente fazia quando não o encontrava nas bancas. Não há motivos d'interesse na sua leitura, não há crónicas com substância como antes (algumas) havia, tudo é vago, disperso, demasiado sintéctico, diluído. Os únicos artigos/crónicas que merecem alguma leitura, serão dois, no máximo, por vezes nem isso. Com os outros, que na realidade mais parecem ridículos bilhetes postais, nem vale a pena perder tempo. Até alguns ilustres colaboradores, que tanto gosto dava ler, parece terem-se afastado. Os poucos que ficaram(?) desenvolvem agora artigos d'opinião(?) diferentes do seu habitual (com a excepção do Dr. João Jardim), certamente escritos por outrem que não os próprios... tal a discrepância semântica e também estilística, a que lhes são apostas as assinaturas dos primeiros, com o consentimento destes, presume-se... (sei lá, tudo já é possível num mundo onde só reinam trafulhices e mentiras). Claro que isto é uma semi-brincadeira, que pode ser mais séria do que aparenta.
Decididamente vou deixar de comprar o jornal e com muita pena minha. É menos uma leitora (fora os meus familiares que também já não o querem ler) que em nada afectará o jornal - dirão porventura os que o orientam. Óptimo! É da maneira que ficamos todos contentes.
Maria
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