quinta-feira, junho 25, 2009

Umas memórias, e umas farpas

"No que eu os conheço a todos, por igual, no que eu sempre os conheci a todos, é na fuga às responsabilidades..."
Assim se exprimia in illo tempore um estimado amigo, falando dos notáveis da nossa área política. Os notáveis constituíam uma curiosa espécie de seres, de quem sempre se esperava muito e de quem nunca se verificou que alguma coisa viesse ao mundo. Eram todos pessoas muito importantes, tanto no conceito geral como, ao que pude verificar, também no conceito dos próprios, embora muitas vezes a invencível modéstia os impedisse de o dizerem expressamente. Aconteceu invariavelmente que essas pessoas, todas elas com encontro marcado com a História não sei por que misteriosas estrelas, acabaram por ir adiando o encontro até que finalmente passaram à história, sem jamais o concretizar. Tiveram sempre todas elas explicações ponderosas, ponderosissimas, das mais simples às mais elaboradas, desde subtis juízos de oportunidade a irrebatíveis cálculos estratégicos. Mas o facto, inultrapassável, do seu prudente resguardo permaneceu sempre a obstaculizar a qualquer actuação, qualquer movimento, qualquer afirmação. Não é de hoje, portanto, a circunstância de haver muito quem nada faça e também não goste que alguém faça - não vá a acção dos outros lembrar-lhes a sua própria inacção.

2 Comments:

At 12:52 da manhã, Blogger Ludovico Cardo said...

Esta preciso e forte. Também acho que não saio agora só por acaso.

 
At 12:20 da tarde, Blogger Manuel said...

Não devemos mover-nos ao acaso, mas sim por razões e fundamentos tanto quanto possível racionais.
Tento...

 

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