O problema da direita
(com o devido respeito, transcrevo o artigo de Jaime Nogueira Pinto, hoje publicado no ionline) .
Os valores e princípios tradicionais da direita estão descaracterizados na oferta política portuguesa. É necessária a sua refundação.
Se esquerda e direita significam, para além de lugares do espaço político, conteúdos substanciais, valores, princípios e projectos, tais conteúdos podem ser exercidos e desenvolvidos em diferentes formas e regimes. Em modelos autoritários ou liberais, totalitários ou democráticos.
Em Portugal, a Primeira República foi o tempo de governo dos democráticos de Afonso Costa e António Maria da Silva. Uma esquerda republicana, anti-religiosa, anticonservadora, que se impôs pela força da rua e nas suas formas superiores de luta - a Carbonária, a Formiga Branca, o povo unido! O eleitorado era 7% da população.
A reacção a esta violência foi violenta - as incursões de Couceiro, Sidónio Pais, a Monarquia do Norte; em 1926, a ditadura militar; e depois de 1933 o Estado Novo autoritário de Salazar. Este impôs os princípios da direita - nacionalistas, religiosos, conservadores - num sistema apartidário. O que depois de 1945 era um modelo exótico para a Europa ocidental.
É este o problema da direita portuguesa - os seus valores e princípios foram instituídos e defendidos no Estado Novo, o que os tornou execrados e indesejados no pós-25 de Abril.
E justificou a sua interdição na democracia vigiada pela autoridade instituinte do MFA e do seu pacto com os partidos.
Com excepção da dinâmica do PSD do primeiro cavaquismo e do CDS nacional populista da segunda metade dos anos 90, tais princípios nunca foram assumidos (o que não quer dizer que não servissem às vezes de bandeira de conveniência) por nenhum partido ou programa político. E continuam a não ser.
Esta ausência descaracterizou ideologicamente a oferta política e o eleitorado de direita vota, à mercê das lideranças, das situações e conveniências, no PSD, no CDS e até no PS. No PSD do primeiro cavaquismo, no CDS de Monteiro de 1995 e em Sócrates na dêbacle do PSD de Santana.
Tem sido assim e assim será, enquanto não houver uma força política, existente ou nova, que adopte esses valores e princípios identitários da direita. Que, depois do fim do comunismo e da conversão dos socialistas ao mercado, já não pode ser o liberalismo económico.
A direita ideológica tem a ver com a ideia de valores de orientação permanente, à volta da nação, da religião, da família, de uma certa ordem natural, que admite mudanças, mas rejeita utopias e sobretudo a absolutização do relativo.
E esses valores podem ser defendidos no quadro democrático. Não fizeram outra coisa nos últimos trinta anos os grandes partidos da direita da Europa e dos Estados Unidos.
Os valores e princípios tradicionais da direita estão descaracterizados na oferta política portuguesa. É necessária a sua refundação.
Se esquerda e direita significam, para além de lugares do espaço político, conteúdos substanciais, valores, princípios e projectos, tais conteúdos podem ser exercidos e desenvolvidos em diferentes formas e regimes. Em modelos autoritários ou liberais, totalitários ou democráticos.
Em Portugal, a Primeira República foi o tempo de governo dos democráticos de Afonso Costa e António Maria da Silva. Uma esquerda republicana, anti-religiosa, anticonservadora, que se impôs pela força da rua e nas suas formas superiores de luta - a Carbonária, a Formiga Branca, o povo unido! O eleitorado era 7% da população.
A reacção a esta violência foi violenta - as incursões de Couceiro, Sidónio Pais, a Monarquia do Norte; em 1926, a ditadura militar; e depois de 1933 o Estado Novo autoritário de Salazar. Este impôs os princípios da direita - nacionalistas, religiosos, conservadores - num sistema apartidário. O que depois de 1945 era um modelo exótico para a Europa ocidental.
É este o problema da direita portuguesa - os seus valores e princípios foram instituídos e defendidos no Estado Novo, o que os tornou execrados e indesejados no pós-25 de Abril.
E justificou a sua interdição na democracia vigiada pela autoridade instituinte do MFA e do seu pacto com os partidos.
Com excepção da dinâmica do PSD do primeiro cavaquismo e do CDS nacional populista da segunda metade dos anos 90, tais princípios nunca foram assumidos (o que não quer dizer que não servissem às vezes de bandeira de conveniência) por nenhum partido ou programa político. E continuam a não ser.
Esta ausência descaracterizou ideologicamente a oferta política e o eleitorado de direita vota, à mercê das lideranças, das situações e conveniências, no PSD, no CDS e até no PS. No PSD do primeiro cavaquismo, no CDS de Monteiro de 1995 e em Sócrates na dêbacle do PSD de Santana.
Tem sido assim e assim será, enquanto não houver uma força política, existente ou nova, que adopte esses valores e princípios identitários da direita. Que, depois do fim do comunismo e da conversão dos socialistas ao mercado, já não pode ser o liberalismo económico.
A direita ideológica tem a ver com a ideia de valores de orientação permanente, à volta da nação, da religião, da família, de uma certa ordem natural, que admite mudanças, mas rejeita utopias e sobretudo a absolutização do relativo.
E esses valores podem ser defendidos no quadro democrático. Não fizeram outra coisa nos últimos trinta anos os grandes partidos da direita da Europa e dos Estados Unidos.
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