quinta-feira, julho 09, 2009

A opinião pública é a opinião que se publica?

Uma das queixas recorrentes entre a direita refere-se à sua constante subrepresentação, ou à sua total ausência, da opinião publicada. Também eu apresentei inúmeras vezes essa queixa, por se me afigurar bem real e constatável por qualquer observador. A essa verificação acrescentava ainda uma outra: por razões de ordem cultural, sociológica, histórica, etc., os grupos profissionais que detêm as chaves do poder mediático estão condicionados, formatados, segundo modelos que tornam muito difícil a modificação a breve prazo da situação apontada.
Para fácil compreensão, pense-se na imediata receptividade alcançada entre os meios ligados à comunicação social de massas por qualquer causa fracturante que se lhes apresente.
Por isso mesmo, na altura do Verão de 2003 em que me lancei na feitura deste blogue, encarei como uma oportunidade única as potencialidades oferecidas pela blogosfera. Esta última dava o que nos outros meios a direita não podia nem em sonhos ambicionar (por vezes nem pagando como publicidade se conseguia fazer sair nos media tradicionais um miserável texto expondo qualquer opinião que fosse considerada politicamente incorrecta sobre assuntos-chave, os mais diversos).
Consequentemente, apelei à mais ampla mobilização possível em torno desse novo meio de comunicação - que, não sendo ainda de massas, possui certamente em si a virtualidade de atingir directa e indirectamente, por efeito de multiplicação, ou por efeito cascata, camadas muito mais vastas e numericamente representativas do que uma análise superficial levaria a concluir.
Queria eu que todos aqueles que nas mais diversas circunstâncias se queixavam amargamente da impossibilidade de fazer ouvir a sua voz fizessem finalmente o exercício de tentar comunicar o que tivessem a dizer. Foi a fase "para a blogosfera, rapidamente e em força".
Usando da sinceridade que é exigível na hora de fazer contas, tem que dizer-se que houve efectivamente uma movimentação, nas variadas famílias direitistas, que foi possível de acompanhar por qualquer observador da nossa blogosfera. Durante bastante tempo brotaram por aí fora blogues como cogumelos, desde os mais banais aos mais extraordinários, representando toda a formidável panóplia das infinitas correntes em que se divide habitualmente a direita, a extrema-direita, e afins. Foram dezenas e dezenas, creio mesmo que não será exagero dizer centenas.
Quase todos foram de duração efémera, e a qualidade média não se recomenda. A verdade, cumpre reconhecer, é que os seus autores ou tinham muito pouco para dizer, ou não sabiam como o dizer, ou não sentiram que fosse necessário o esforço. E pouco ficou.
Não sei se deverá concluir-se que estamos perante um fracasso clamoroso; o que foi feito, permanece - e o tempo dirá se aquilo que ainda assim se fez com qualidade e mérito que valha criou ou não raízes, lançou ou não sementes, que venham um dia a permitir-nos congratular por esse movimento.
Mas que para já o resultado não se apresenta famoso, isso é verdade.