sábado, fevereiro 20, 2021

TEM QUE SER O POVO

 Para qualquer observador que queira ver, há uma verdade indiscutível: a Leste como a Oeste, quando o comunismo caiu isso ficou a dever-se às classes populares. 

Foi o povo, na Rússia ou em Budapeste, em Portugal ou no Brasil, quem fez a história recente, e rejeitou uma ideologia que sempre representou uma violentação da natureza.

Não foram os intelectuais, que desde o início se viciaram nesse ópio. Não foram os jornalistas cúmplices. Não foi a classe política medrosa e calculista. Não foi a universidade, rendida a todas as aberrações. Não foram os ricos, sempre dispostos ao compromisso, ao negócio e à desonra. 

Não foram as elites, sempre disponíveis para transigências, abdicações e traições.

Foi realmente o povo que os vomitou, e só não o fez noutros sítios porque a força das armas ainda o consegue reprimir.

Esta lição é válida, actual e urgente em Portugal. Quem quiser fazer política deve falar para o povo. Directamente para o povo, e simplesmente para o povo. Sem rótulos, porque esquerda e direita são rótulos.

O que importa é falar para quem trabalha, para quem vive nas nossas aldeias e nas nossas cidades e enfrenta as dificuldades do quotidiano, para todos aqueles que sentem ainda que confusamente que os seus valores são desprezados, as suas tradições agredidas, os seus interesses esquecidos.

Se existe ainda um reservatório moral da nação, está nas classes populares. Falemos para esses, dêmos-lhes a palavra,  façamos ouvir a sua voz.