sábado, fevereiro 06, 2021

Um partido nacional e identitário?

Por vezes interrogo-me sobre quais as particularidades do modelo que deve seguir um partido que pretenda assumir-se como um verdadeiro partido nacional e identitário.

A primeira ideia que me vem à cabeça é simples: um partido nacional deve ser a expressão política das comunidades que compõem a vasta comunidade de destino que é a nação; um partido identitário deve ser capaz de identificar-se com as gentes e as realidades colectivas que integram essa realidade orgânica, e fazer com que essas pessoas sintam essa identificação.
Quem conseguir criar raízes nas comunidades, numa base local e regional, que é onde as pessoas vivem, conseguirá alcançar verdadeira implantação nacional. 
Este objectivo implica combater a tendência monocórdica para a abstracção e os grandes princípios, que muitas vezes se torna a afirmação única das forças nacionais. Ora as pessoas no dia a dia não vivem dos princípios, nem comem com isso.
É preciso cultivar o concreto, dar efectiva prioridade ao real e à nossa gente (que é preciso sentir realmente como nossa, e fazer com que ela nos veja como tal).
Quando um partido conseguisse viver assim, no local e no quotidiano, onde estão as pessoas, seria verdadeiramente nacional e identitário. Criar raízes, identificar-se, o que passa por ouvir e conhecer as pessoas reais no mundo real, isto é o decisivo.
 O problema mais difícil está em fugir à tendência para viver com a cabeça nas nuvens, ou entrar decididamente em órbita, lá no infinito do espaço sideral, em vez de dar atenção ao solo e firmar bem os pés no chão. Há ardorosos militantes que perdem tempo infindo a debater assuntos próprios de seitas esotéricas - capazes de entusiasmar no máximo cinco amigos que já são amigos (e fazer com que todo o cidadão comum os encare definitivamente como malucos irrecuperáveis a carecer de internamento).