segunda-feira, março 22, 2021

"Militantismo mediático"


Explica-se facilmente o que está sob a designação. Como todos concordarão, os grandes meios de informação são o grande condicionador de toda a opinião pública nas sociedades actuais. Quanto a esses o caminho está vedado para quem seja colocado fora do sistema: há bloqueio total.
Porém, verifica-se que desde a generalização da internet não existe nenhum jornal, televisão ou rádio que possa passar sem um sítio na net. E esses locais na rede são muitas vezes destinados a captar a opinião do público. Com frequência têm secções abertas ao leitor, cada um cria o seu forum, muitos convidam ao debate em linha, muitos insistem mesmo para que o público faça chegar a sua voz ao director, à redacção, à administração.
Então porque não aproveitar essa via? Em vez de criar coisinhas para entretenimento próprio, em conciliábulo secreto e sigiloso, escolhe-se a estratégia de remeter os militantes para esses locais: cada forum, cada secção dos leitores, cada sondagem em linha, cada mecanismo de auscultação da opinião pública deverão ter ecos da corrente nacional.
Evidentemente que isto tem regras: é preciso ser simples e sintético, é preciso usar da correcção necessária ou evitar o tom de propaganda directa, para que não se incorra sempre na exclusão dos moderadores.
Mas feito isto o resultado é espectacular. É possível que aquelas correntes de opinião que não aparecem nas grandes cadeias de televisão, rádio ou jornais principais, sejam no entanto, de acordo com todos os estudos, aquelas mais presente na internet.
Que formidável pressão assim se gera sobre as redacções, sobre os media, é fácil calcular. E quanto à repercussão no público, repare-se que muitas vezes as secções dos leitores, o "have your say", são bem mais lidas que o corpo do jornal.