Os caminhos de Obama
Alguns comentários sublinham que a escolha de Obama para seu Vice-Presidente vem demonstrar outra vez um dos traços mais salientes do seu percurso recente - a capacidade para esquecer promessas anteriores, sem dizer que se desdiz. Com efeito, será difícil encontrar alguém que tenha falado tanto contra o "sistema de Washington" como o candidato Obama, e não é nada fácil encontrar alguém que represente melhor esse "sistema de Washington" do que Joe Biden.
Parece-me efectivamente que o facto está dentro da linha de comportamento do aspirante Obama. Ele já demonstrou que fará e dirá tudo o que julgar ser preciso para ganhar as eleições. Se Biden foi o escolhido foi obviamente porque foi considerado a melhor escolha para esse objectivo. As decisões políticas neste momento são ditadas pelo imperativo de aplanar o caminho, e ultrapassar resistências.
E porque terá a escolha recaído sobre Biden?
Li comentadores que destacam como finalidade principal a conquista de um eleitorado (ou eleitorados) até agora resistentes aos encantos de Obama. Predominantemente masculino, trabalhador, e de tradição católica. Biden apresenta-se como católico praticante, e, visivelmente, é homem e é branco. Tem notoriedade política há trinta anos. A sua indicação para Vice seria ditada, portanto, pela necessidade de, aproveitando essa notoriedade, conquistar eleitores entre o proletariado branco, e os católicos.
Todavia, outros observadores apontam para outros sectores eleitorais como sendo a justificação da escolha. A comunidade judaica também tem sido relapsa à mensagem de Obama, e tem manifestado alguma insegurança e desconfiança em relação a ele. Trata-se, como é sabido, de uma força nada negligenciável - e para estes a questão determinante no momento do voto será a posição em relação a Israel. Ora, o Senador Biden, ao que parece, já declarou no passado que se considerava "sionista", e fez questão de declarar que tinha "ligações familiares" com a comunidade. Proclamou que Israel é o o único grande apoio da América no Médio Oriente.
Por outro lado, a grande imprensa tem destacado a preocupação de Obama em ultrapassar a sua imagem de fragilidade e inexperiência em questões internacionais, associando ao seu o nome de um senador conhecido como experiente e sabedor precisamente nesse domínio.
Provavelmente, todas estas observações estão com a verdade - exprimem uma parte dela. Pelo menos aludem a questões que não podem deixar de ser consideradas no processo decisional do candidato Obama. Outras haverá, mas estas afiguram-se pertinentes.
Outra coisa será o que me atrai na incógnita Obama, e que exprimi atrás quando escrevi que para mim só poderiam nascer surpresas destas eleições se ele as ganhar. O que eu estava a pensar é que existem com frequência factores que parecem estar para além dos cálculos e da razão - e das vontades dos sujeitos.
A notícia surgida hoje sobre a detenção de uns indivíduos que planeavam matar Obama já nesta Convenção de Denver apresenta o maior interesse. Vamos a ver quais serão as consequências dela na marcha eleitoral. Estamos em dias decisivos.
Parece-me efectivamente que o facto está dentro da linha de comportamento do aspirante Obama. Ele já demonstrou que fará e dirá tudo o que julgar ser preciso para ganhar as eleições. Se Biden foi o escolhido foi obviamente porque foi considerado a melhor escolha para esse objectivo. As decisões políticas neste momento são ditadas pelo imperativo de aplanar o caminho, e ultrapassar resistências.
E porque terá a escolha recaído sobre Biden?
Li comentadores que destacam como finalidade principal a conquista de um eleitorado (ou eleitorados) até agora resistentes aos encantos de Obama. Predominantemente masculino, trabalhador, e de tradição católica. Biden apresenta-se como católico praticante, e, visivelmente, é homem e é branco. Tem notoriedade política há trinta anos. A sua indicação para Vice seria ditada, portanto, pela necessidade de, aproveitando essa notoriedade, conquistar eleitores entre o proletariado branco, e os católicos.
Todavia, outros observadores apontam para outros sectores eleitorais como sendo a justificação da escolha. A comunidade judaica também tem sido relapsa à mensagem de Obama, e tem manifestado alguma insegurança e desconfiança em relação a ele. Trata-se, como é sabido, de uma força nada negligenciável - e para estes a questão determinante no momento do voto será a posição em relação a Israel. Ora, o Senador Biden, ao que parece, já declarou no passado que se considerava "sionista", e fez questão de declarar que tinha "ligações familiares" com a comunidade. Proclamou que Israel é o o único grande apoio da América no Médio Oriente.
Por outro lado, a grande imprensa tem destacado a preocupação de Obama em ultrapassar a sua imagem de fragilidade e inexperiência em questões internacionais, associando ao seu o nome de um senador conhecido como experiente e sabedor precisamente nesse domínio.
Provavelmente, todas estas observações estão com a verdade - exprimem uma parte dela. Pelo menos aludem a questões que não podem deixar de ser consideradas no processo decisional do candidato Obama. Outras haverá, mas estas afiguram-se pertinentes.
Outra coisa será o que me atrai na incógnita Obama, e que exprimi atrás quando escrevi que para mim só poderiam nascer surpresas destas eleições se ele as ganhar. O que eu estava a pensar é que existem com frequência factores que parecem estar para além dos cálculos e da razão - e das vontades dos sujeitos.
A notícia surgida hoje sobre a detenção de uns indivíduos que planeavam matar Obama já nesta Convenção de Denver apresenta o maior interesse. Vamos a ver quais serão as consequências dela na marcha eleitoral. Estamos em dias decisivos.
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