quinta-feira, abril 30, 2009

As eleições europeias

Ontem no DN o Baptista-Bastos, que disso sabe, escreveu que "há 30 anos que desfilam as mesmas caras, se ouvem as mesmas vozes, se lêem as mesmas frases com monótona aridez. O País é domado por um grupo sem prestígio mas com poder. Esperávamos um sistema, emergiu um domínio."
Eu escreveria o mesmo, mas não resistiria a sublinhar que isso acontece por responsabilidade nossa. Somos nós, no colectivo, que aceitamos o condomínio. Falamos o tempo todo, mas quando nos é dada a oportunidade de nos pronunciarmos sobre isso é nos mesmos que renovamos o mandato.
Em breve teremos eleições para o Parlamento Europeu, que ao que dizem manda em nós, e a elas se apresentam 13 listas, postas à livre escolha dos portugueses com direito a voto.
O que ressalta da mais superficial análise a esse conjunto de candidaturas?
De imediato, a já conhecida e tão comentada hemiplegia do nosso sistema partidário. Não há direita.
Há um partido que se fundou e quis rigorosamente ao centro, e depois percorre-se todo o leque das esquerdas e extremas-esquerdas. O CDS quer-se rigorosamente centrista, o PSD proclama-se de centro-esquerda, o PS de esquerda, a CDU de esquerda, o BE de esquerda... e por aí fora, até à extrema-esquerda arqueológica do POUS e do MRPP. Pelo meio surge o PH, que é um agrupamento com origem numa seita religiosa, depois um condomínio unifamiliar que derivou do antigo PPM, um inócuo MPT de vagas colorações ecolo-chic, e duas novidades: o MEP e o MMS, inteiramente destituídos de substância política, feitos por jornalistas e publicitários habituados à espuma leve das redes sociais. A nenhuma desta gente deixa de repugnar o rótulo de direita, e se questionados todos o rejeitam com vigor ou com horror.
Será que todo o país que existe está do centro para a esquerda? Será que em Portugal não existe um eleitorado de direita, um povo de direita, uma opinião de direita?
Quem o representa?
Este país hemiplégico e distorcido é o que parece ser representado pelo conjunto das candidaturas disponíveis, aliás na continuidade do que tem sempre acontecido, desde que o pacto MFA-Partidos definiu o quadro partidário. (O que se tem mantido, repito para que não haja equívoco, por culpa nossa, inteiramente nossa, e não deles, que assim o quiseram mas só o conseguiram porque nós o consentimos).
Acrescento ainda que este panorama é único no universo a considerar, os países que connosco irão a votos nas mesmas eleições.
Por todos os países da Europa abundam os eurocépticos para todos os gostos, os soberanistas dos mais realistas aos mais excêntricos, as direitas na sua infinita pluralidade, liberais, cristãs, conservadoras, os nacionalistas de vários matizes, os populismos da mais variada conformação. Só entre nós essas opções não estão presentes. Não há cá ninguém que com elas se identifique?
Termino a fazer notar que entre os 13 já referi 12, o que só pode explicar-se pela intenção de destacar o que falta. O que falta é o Partido Nacional Renovador, de José Pinto Coelho, que a estas eleições apresenta uma lista encabeçada pelo Humberto Nuno de Oliveira. Esta é a lista que faz a diferença, a que não cabe na monotonia rotineira das vozes do costume e dos mesmos de sempre, de que falei ao princípio.
Dou-lhes o meu apoio, e se a minha posição contar junto de mais alguém insto os meus concidadãos a que tomem idêntica atitude.
O resto - riscar o voto, ir à praia, votar numa das outras doze candidaturas - é tudo o mesmo, apenas mais do mesmo, o mesmo que se eterniza.

quarta-feira, abril 29, 2009

Pela dedução à Monarquia

Depois de uma vida de republicanismo impenitente, o Rui Albuquerque confessa ter concluído, com a racionalidade e a simplicidade de um Pequito Rebelo, pelo imperativo nacional de uma monarquia constitucional.
O itinerário intelectual seguido identifica-o assim com os nossos maiores doutrinadores do século passado. Temos ali um António Sardinha ou um Alfredo Pimenta dos novos tempos, irradiando a partir de Gaia!!
Contamos agora com o Rui para o desfazer dos mitos, o castigar dos erros, o purgatório das ideias.
Eu, embora não costume falar nisso, também sou pela monarquia. Como atitude natural, como quem é pela sua família ou pela sua pátria. Nunca senti a necessidade de justificação teórica, nem em verdade isso me pareceu mais do que uma dispensável maçada. Constitucional, é claro. Todas as monarquias são constitucionais, a expressão é pleonástica. Pode variar é a constituição de que se fala.

Facebook

O amigo João Marchante, suspeitoso, encara aquilo como um pic-nic de burgueses. Não é tal. Apesar do estendal de futilidades...
(E ainda que fosse: a verdade é que o Cesário, mesmo verde, deparou num desses com uma coisa simplesmente bela... valeu a excursão.)
O Walter Ventura (agora crismado de decano, malgré lui) fala em hi5 da terceira idade.
Estão os dois a desconsiderar-me. Vão verificar, e hão-de ver como eu vos provo que não têm razão.
Soma-se uma fraqueza minha, que confesso: nunca na vida eu tive tantos amigos! E nem um único inimigo!

Paradoxos

Estava a pensar que nós os portugueses somos um povo de paradoxos. Por exemplo, há muita gente que passa os dias a queixar-se deles, durante anos a fio... e na altura de lhes pedirem o voto vão votar neles outra vez.

terça-feira, abril 28, 2009

PARABÉNS, SALAZAR!

Sob o título acima, o grande cineasta e homem de cultura que foi António Lopes Ribeiro fez questão de publicar no semanário "A Rua", a 28 de Abril de 1977, dia em que passavam 88 anos sobre o nascimento de Salazar, o artigo que se segue, e que aqui republico para assinalar o dia de hoje, em que se completam 120 anos sobre o mesmo acontecimento. Parabéns, Salazar!

Se fosses vivo, Salazar, completarias hoje – hoje precisamente - 88 anos. O que quer dizer que sem a queda desastrada e desastrosa que atirou contigo, semanas depois, para o Hospital da Cruz Vermelha, e dali a dois anos para o cemitério do Vimeiro, podias muito bem ainda estar vivo. E é de crer que com a tua fortaleza de alma, a força inquebrantável do teu espírito, a rijeza beirã que te fez resistir a todos os achaques que te afligiram desde a juventude, ainda hoje estivesses vivo e são, física e mentalmente. A prova é que mesmo durante os vinte e dois meses da tua longa e lenta agonia (já disse um poeta que morreste "devagar", como aquele rei de Portugal a quem chamaram Capitão de Deus) mantiveste quase intacta a lucidez que fez de ti, quer queiram quer não, uma das mais altas figuras da nossa história multissecular. E, sem sombra de dúvida, o maior Português do nosso século.
Mas, se hoje estás fisicamente morto, jazendo na tua campa modesta - que ainda ninguém se atreveu a profanar e onde todos os dias há quem vá depor flores - continuas vivo, bem vivo, cada vez mais vivo na memória de todos os Portugueses, mesmo na daqueles que se disseram teus inimigos e hoje tentam - em vão - apagar a lembrança do que foste, sumir a recordação do muito que fizeste pelo país onde nasceste, pelo povo a que pertences, povo e país que serão sempre os teus, pelos séculos dos séculos.
Que importa que umas dúzias, ou mesmo umas centenas de aventureiros da política, fardados ou à paisana, procurem negar a tua obra, que nem sequer tiveram o bom senso e a inteligência de aproveitar no que ela teve de melhor, em beneficio deles próprios? Que interessa que um caquético capitão, percursor falhado e exilado de outros capitães - alguns dos quais como ele se exilaram para não prestar contas dos seus malefícios - te chame, com a grosseria própria das casernas, "o fradalhão de Santa Comba"? Julgará ele, no seu anticlericalismo primário e imbecil, que comparar-te aos frades mais austeros e mais sábios pode diminuir, no mínimo que seja, a tua estatura gigantesca de mestre e de estadista, a tua auréola de pensador e homem de acção, a tua exemplar integridade moral, a tua honestidade incorruptível, o teu portuguesismo inabalável?... Pobre tonto!
Frade foi António Vieira, cujas cartas e sermões relias e meditavas com afinco, por serem tratado incomparável de governação, lição sem par de fé cristã e de amor pátrio. Frade se fez Manuel de Sousa Coutinho - Frei Luís de Sousa - que foi, tal como tu, exemplo de patriotismo e grande escritor. E outros, muitos outros, de que a História, tantas vezes ingrata ou distraída, não reteve os nomes, mas que devotaram a vida, como tu, ao serviço de Deus e da Pátria, lutando de armas na mão contra invasores cobiçosos, missionando nas terras de além-mar que descobrimos e cristianizámos, que arroteámos e civilizámos, na África, na Índia, no Brasil. Essas terras que muitos dos que hoje intentam renegar-te defenderam heroicamente enquanto foste vivo, para depois da tua morte - só depois! - as entregarem de mão beijada aos nossos inimigos mais cruéis. Essas terras que abandonámos e despovoámos nas mais trágicas e vergonhosas condições, com a cumplicidade traiçoeira ou o assentimento inexplicável daqueles que haviam jurado solenemente defendê-las, mesmo com o sacrifício da própria vida.
E alguns deles, como outros de igual jaez que não juraram nada, não tiveram pejo de ir morar na mesma casa onde moraste, de se sentarem à tua mesa de trabalho, à tua mesa de jantar, de dormirem na mesma cama onde dormiste! É até provável, na sua incomensurável vaidade e estólida inconsciência, que isso lhes parecesse merecido galardão, e que não sintam remorsos, nem lhes trema a caneta, nem os aflijam fastios, indigestões, insónias e pesadelos. Que desaforo!
Seria na ignara esperança de que a tua fantomática presença lhes guiasse o pensamento e inspirasse as grandes decisões?... Que estupidez!
Comparem-se com os teus, os seus despachos, comunicados, decretos, projectos de lei, entrevistas e discursos. Que abismo os separa! Que declínio abissal na linguagem e nos intuitos, na clareza e na eficácia! Seria de rir a perder, se por efeito deles não estivéssemos perdidos, por tudo quanto se perdeu. Em troca de quê? Da liberdade?... Qual?
Será que nem disso se dão conta?... Não o creio. Por mais inconscientes e vaidosos que sejam, ainda lhes sobrará um resíduo de inteligência que lhes permita avaliar a incapacidade de se equipararem, ou sequer se aproximarem do teu génio político, da tua competência jurídica, da tua habilidade diplomática. De tudo aquilo que nos deu quase meio século de moeda firme, de finanças sãs, de contas certas, de orçamentos equilibrados e superavitários, de obras públicas notáveis, de progresso económico constante, de ordem nas ruas, disciplina nos quartéis, nas fábricas, nas escolas.
Eras "autoritário"?... Que falta nos faz agora quem o seja, no sentido do teu "autoritarismo", oriundo da tua enorme "autoridade"! Autoridade fundada no "respeito geral" que soubeste ganhar, e merecer, em Portugal e no estrangeiro. Pasma-se de pensar que durante a tua vida inteira e nos longos meses da tua luta contra a morte foste mais respeitado pelos teus próprios inimigos do que eles hoje são pelos seus próprios partidários!
Que fizeram eles, os que usurparam inesperadamente o lugar que tão honrada e honrosamente ocupaste, e aqueles que eles chamaram para os acolitar formando em três anos sete governos, promovendo quatro eleições, promulgando uma Constituição inviável?...
Consentiram que se instaurasse a desordem arruaceira nas ruas; deixaram conspurcar as cidades, destroçar os campos, desbaratar o comércio e a indústria, desacreditar a polícia e o trabalho, indisciplinar as forças armadas, extinguir o turismo, desorganizar as artes, degradar o ensino, correr à rédea solta a pornografia e o crime.
Num tempo recorde, empandeiraram a "pesada herança" que deixaste em ouro e em divisas; viram-se forçados a desvalorizar o escudo, a restringir aos nacionais a livre saída para o estrangeiro - sem contudo se privarem de lá ir, vezes sem conta, com luzidas comitivas, para assinar "acordos culturais", mas sobretudo mendigar uns milhõezitos de dólares para "restaurarem" o país que arruinaram estupidamente, que reduziram à escassez geográfica dumas plagas atlânticas e ao zero absoluto da íntima consideração universal. Mas viajam, caramba, viajam muito! Ao passo que tu, Salazar, desde que assumiste o fardo - tão pesado! - do poder, consciente da responsabilidade que assumias, só passaste a fronteira duas vezes, e para ir bem perto daqui. Para fazer o quê? Para evitar - como evitaste - que a tremenda guerra que então assolava quase o Mundo inteiro não transpusesse os Pirinéus e nos tocasse pela porta. Durante esses seis anos pavorosos mantiveste-nos em paz, em paz total, acolhendo todos os refugiados que à nossa paz se vieram acolher, e que festejaram connosco, em 1940, oito séculos de história - história maravilhosa que hoje há quem procure denegrir, nos monumentos, nos livros, nas escolas, nos espectáculos, nos jornais, nos meios ditos de "comunicação social"...
No estrangeiro, a cuja conspiração aberta ou oculta cabe talvez a maior culpa da nossa presente decadência, deram-te a suprema honra de nunca imprimirem o teu retrato na capa das grandes revistas internacionais - a "Life", a "Times", a "Newsweek", "Paris Match", "L'Express" - não te emparceirando com outros que lá têm aparecido - Fidel Castro, Che Guevara, Yasser Arafat, Indira Gandhi, Idi Amin... (Dos portugueses, foram lá prantados, nos últimos três anos, Spínola, Costa Gomes, Vasco Gonçalves, Otelo, Álvaro Cunhal, Mário Soares.)
Hoje, 28 de Abril, três dias depois duma data que já só se celebra com especiais cautelas, completam-se 88 anos após o dia em que nasceste, naquela humilde casa do Vimeiro onde gostavas muito mais de estar do que no Palácio de São Bento. Por isso, em nome de milhões de Portugueses que te recordam com desesperada saudade; em nome dos que ainda sobrevivem permanecendo fiéis à tua memória, neste pobre recanto da Europa ou exilados no estrangeiro; em nome dos que morreram combatendo, a defender o que era nosso desde há cinco séculos - parabéns, Salazar! Muitos parabéns
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ANTONIO LOPES RIBEIRO

domingo, abril 26, 2009

"Festa da Mocidade"

"Festa popular e festa da mocidade.
Nun´Álvares tinha 23 anos quando da revolução em Lisboa e 25 em Aljubarrota; D. João I, 25 ao ser proclamado defensor do reino e 27 na segunda daquelas datas. O estado maior do Condestável eram rapazes, de pouca idade, com o espírito aventuroso e irrequieto dos jovens, insofridos nas pelejas mas obedecendo cegamente ao chefe.
Com estes se fez a campanha e se assegurou a independência de Portugal.
Hoje como então se exige espírito novo para fazer a revolução nacional, e espírito novo é mais fácil encontrá-lo em novos que em velhos, ainda que haja velhos com mocidade de espírito, e moços gastos por interesses e preocupações que não costumam ser da sua idade. É porém essencial que o espírito da mocidade seja para nós formado na sentido da vocação histórica de Portugal, com os exemplos de que é fecunda a história, exemplos de sacrifícios, patriotismo, desinteresse, abnegação, valentia, sentimento de dignidade própria, respeito absoluto pela alheia. Facto cheio de ensinamentos é o comemorado hoje; homens que sirvam de exemplo para a nossa formação esses que, à volta de D. João I e do Condestável, batalharam e serviram e foram de tamanha estatura que futuros séculos de maravilhas não lhes tocaram nem os puderam diminuir. Sobretudo esse Condestável D. Nuno, depois frei Nuno de Santa Maria, guerreiro e monge, chefe de exércitos e edificador de conventos, vencedor de castelhanos e distribuindo em maus anos seus bens pelos mesmos que derrotara em baralhas para não mandarem na sua terra, erguido por sua valentia no altar da Pátria como a igreja o havia de erguer pelas suas virtudes nos altares da fé, cheio de honras e riquezas e enterrado em vida no Convento do Carmo, na dura estamenha de frade, quando depois de Ceuta lhe pareceu já não ser necessária a espada para defesa da Pátria, mas disposto de novo a tomar as armas, se el-rei de Castela alguma vez tentasse invadir Portugal."

(Salazar, 14 de Agosto de 1935; in Discursos, volume 2º , págs. 53).

O Santo do 26 de Abril

A ler aqui.

Por extenso, Condestabre!

sábado, abril 25, 2009

Quatorze questions à Alain de Benoist

Uma entrevista de Alexandre Latsa a Alain de Benoist, que merece leitura e reflexão. Pensar por vezes faz doer a cabeça, mas é preciso.

Alain de Benoist bonjour, et merci d'accepter de répondre aux questions de Dissonnance, pourriez vous synthétiser votre parcours très varié au sein de la scène intellectuelle et philosophique Francaise ?

On ne résume pas en quelques lignes un itinéraire intellectuel d’un demi-siècle. Je suis écrivain, journaliste, philosophe aussi. J’ai beaucoup publié, en France comme à l’étranger. Je dirige également deux revues que j’ai créées, l’une (Nouvelle Ecole) en 1968, l’autre (Krisis) en 1988. Mes domaines de prédilection sont l’histoire des idées et la philosophie politique. Je n’appartiens à aucun parti ou mouvement politique, et ne souhaite appartenir à aucun. Dans l’époque de transition qui constitue notre actuel horizon, j’essaie de tenir le mieux possible le rôle que tout intellectuel digne de ce nom devrait s’assigner : mieux comprendre et faire comprendre le monde où nous vivons.

Quelle est votre vision de la scène politique francaise actuelle, Thierry Meyssan disait récemment dans une interview que "Sarkosy n'était ni de droite, ni de gauche mais voulait faire comme les Yankees". Pensez vous que l'avenir politique des sociales démocraties Européennes soit sur le modèle Américain à savoir "deux candidats élus par des primaires (illusion de démocratie) et qui au global défendent les mêmes idées" ?

Que les candidats qui se présentent aux élections soient ou non désignés d’abord dans des « primaires » est à mon avis un détail complètement sans intérêt. La scène politique française actuelle, comme la plupart des scènes politiques occidentales, est une scène pré-codée. Cela signifie que seuls ont la possibilité d’accéder au pouvoir ceux dont on sait par avance qu’ils n’ont nullement l’intention de changer (ou de tenter de changer) les fondements d’une société aujourd’hui dominée de part en part par l’idéologie de la marchandise. De ce point de vue, il n’y a plus aujourd’hui d’alternative. L’alternative a été remplacée par l’alternance, avec pour conséquence une déception permanente des masses populaires, une crise généralisée de la représentation et un fossé qui ne cesse de se creuser entre le peuple et la Nouvelle Classe politico-médiatique.

Vous avez une bonne connaissance politique, je voudrais soulever le point des extrêmes dans notre pays : on a souvent l'impression que le FN n'était qu'une bouée (pour une grande majorité d'électeurs frustrés) qui faisait tout le temps "le grand écart" (absence de programme économique claire, prises de positions géopolitiques contradictoires, incapacités de bien gérer des mairies etc etc..) mais maintenu soudé et en position de force par son président, Jean Marie Le Pen. Alors que de nouvelles lignes politiques se dessinent à l'intérieur de même de cette mouvance nationale (Soral qui joue sur un souverainisme bleu blanc rouge et sur l'anti-sionisme, ou les identitaires bien au contraire anti jacobins et régio-européens) ... Comment envisagez vous l'après Le Pen ? L'extrême gauche également semble en reformation, après l'effondrement du PC et la non percée des LCR, PT et LO et la naissance du NRA sponsorisé par Drucker ... On dirait que cette mouvance est totalement incapable d'emprunter le boulevard qui pourtant s'offre à elle (précarisation sociale, la crise financière etc etc). Est ce que ces deux "non évenements" ne seraient pas liés et finalement une "preuve" de l'absence totale d'opposition au "système" (les partis libéraux de l'établissement) ?

Le Front national a obtenu certains succès dans le passé grâce à l’addition de deux électorats assez différents : un électorat populaire, principalement ouvrier, et un électorat provenant des couches moyennes et inférieurs des classes moyennes et de la petite-bourgeoisie. Ce deuxième électorat l’a abandonné lors de l’élection présidentielle de 2007 pour se rallier à Nicolas Sarkozy. Il est aujourd’hui déçu, mais cela ne le pousse pas à revenir au FN. Ce dernier, de son côté, n’a jamais tiré la leçon de son succès auprès des classes populaires. Les ouvriers sont remarquablement absents de ses instances dirigeantes. L’usure du parti, sa banalisation dans le paysage politique, l’âge de son chef, ses divisions incessantes, expliquent sa stagnation actuelle. L’après-Le Pen a toutes chances de voir le FN se couper définitivement en deux, avant d’être de plus en plus marginalisé.
L’extrême gauche bénéficie, dans un contexte de crise sociale aggravée, de l’espace que lui ont ouvert le ralliement du parti socialiste à la société de marché et la social-démocratisation du PC, qui n’est plus aujourd’hui qu’un fantôme. Même dans ce contexte, pourtant, elle ne marque pas autant de points qu’elle le devrait. La raison principale en est que le peuple ne se reconnaît pas dans ses prises de position. La gauche radicale, en particulier, se garde bien de reprocher au patronat de faire des immigrés un armée de réserve du capital, permettant de peser à la baisse sur les salaires des autochtones. C’est la raison pour laquelle Olivier Besancenot, pour ne citer que lui, connaît un succès médiatique qui ne se vérifie pas dans les urnes. Le pouvoir place utilise par ailleurs Besancenot et ses amis pour diviser la gauche, de la même façon que François Mitterrand avait utilisé le Front national pour diviser la droite. On en revient donc toujours au même constat : le peuple ne dispose aujourd’hui d’aucun parti dans lequel il puisse se reconnaître.

Nous parlions de la gauche et de la droite radicale, qui empruntent souvent à la réthorique anti-européenne ou souverainiste. Ce mot à t'il un sens à l'heure de la mondialisation ? La France a t'elle une chance de survivre (démographiquement, culturellement, économiquement) sans l'Europe ? Quelle est l'avenir des nations Européenne d'après vous ?

Les souverainistes sont des gens très sympathiques, dont je partage certaines positions (vis-à-vis des Etats-Unis d’Amérique ou de la bureaucratie bruxelloise, par exemple), mais ils n’ont pas encore saisi que nous avons changé d’époque. L’Etat-nation, qui avait été la forme politique privilégiée à l’époque de la modernité, est entré désormais dans une crise irréversible. Il est aujourd’hui dépassé par le haut (par la montée des emprises planétaires) comme par le bas (par l’émergence des réseaux et de communautés, le localisme, les exigences quotidiennes des citoyens). L’avenir n’est plus aux Etats nationaux, mais aux grands ensembles continentaux, aux creusets de culture et de civilisation, seuls capables de réguler la mondialisation et de constituer des pôles actifs dans un monde multipolaire.

Nous assistons aujourd'hui dans le monde à une sorte de renaissance de grands espaces en Asie (Chine, Inde), dans le monde musulman (Turquie, union panafricaine ..), en Eurasie (Russie ..), en Amerique du sud (Brésil, Vénézuela ..). Le corrollaire de cette renaissance est l'affaiblissement de l'empire Américain. Comment imaginez vous la suite des évenements (dans la prochaine décennie ?). Pensez vous comme certains qu'il y ait un risque de fuite en avant (guerres déclenchées) ou au contraire que nous ne soyions qu'au début d'un processus quasi inévitable : le monde multipolaire (chaotique ou pas ?).

La grande question est en effet de savoir aujourd’hui si nous nous dirigeons vers un monde unipolaire, qui serait dominé par l’hyperpuissance américaine, ou vers un monde multipolaire, un pluri-versum, articulé, comme je viens de le dire, autour de quelques grands blocs de civilisation. Je crois pour ma part que nous nous dirigeons, fort heureusement, vers un monde multipolaire où les pays émergents, comme l’Inde, la Chine et le Brésil, joueront un rôle de plus en plus important. Un tel monde sera nécessairement instable, car aucun ordre général des choses – aucun « Nomos de la Terre » – ne reste jamais figé. Les lois de la géopolitique déterminent très bien les lignes de fracture et les enjeux. Le grand affrontement est celui qui oppose, structurellement pourrait-on dire, la puissance des Mers (les Etats-Unis) et la puissance de la Terre (le continent eurasiatique). Dans une telle perspective, la Russie joue un rôle tout particulier, car elle correspond à ce que les géopoliticiens appellent le Heartland, c’est-à-dire le cœur même du continent eurasiatique.

Paradoxalement à cette renaissance des espaces, l'europe semble incapable d'unité politique, tant les dissensions semblent fortes entre ce que Alexandre Douguine décrivait dans ce blog comme une opposition entre la "vieille Europe" (continentale ?) et la "nouvelle Europe" (atlantiste ?). Comment l'expliquez vous ?

L’impuissance de l’Union européenne ne s’explique pas seulement par l’opposition que vous décrivez, même si celle-ci est bien réelle. Partisan de la construction européenne, je n’en constate pas moins que l’Europe, depuis le début, s’est bâtie en dépit du bon sens. Elle a donné d’emblée la priorité au commerce et à la finance au lieu de la donner à la politique et à la culture. Elle s’est édifiée sans légitimité démocratique – sans que les peuples soient consultés – et à partir du haut (la Commission de Bruxelles, qui s’est autoproclamée omnicompétente) au lieu de se bâtir à partir du bas, dans le respect du principe de subsidiarité (ou de compétence suffisante). Au lieu de chercher à approfondir ses structures politiques, elle a préféré s’élargir hâtivement et inconsidérément à des pays qui n’étaient soucieux que de bénéficier des largesses monétaires de l’Union et de se placer sous le parapluie américain en adhérant à l’OTAN. Enfin, elle n’a jamais clairement posé la question de ses finalités. S’agit-il de faire de l’Europe un grand marché aux frontières floues, appelé à s’intégrer dans une vaste zone de libre-échange euratlantique, ou au contraire de bâtir une Europe-puissance véritablement autonome, dont les frontières seraient strictement déterminées par la géopolitique ? Il est évident que ces deux finalités sont totalement opposées.

Des voix se font entendre (mouvances d'extrême gauche, divers intellectuels Gaullistes ..) pour que la France intègre l'organisation de la coopération de Shanghai. Vous qui avez vivement critiqué le retour de la France dans le commandement armé de l'OTAN, quelle est votre opinion à ce sujet ?

Je n’ai pas d’opinion arrêtée sur ce point. L’OTAN était une organisation défensive créée dans le contexte de la guerre froide. N’ayant plus de raison d’être après l’effondrement du système soviétique, elle aurait du disparaître en même temps que le Pacte de Varsovie. Au lieu de cela, cette organisation totalement contrôlée par les Etats-Unis s’est redéployée comme une sorte de club occidental américanocentré, ayant vocation à intervenir n’importe où dans le monde. Dans un pareil contexte, la décision de la France de réintégrer les structures intégrées de l’OTAN, d’où le général de Gaulle l’avait fait sortir en 1966, est plus qu’une faute : c’est à la fois une trahison ou un crime. De ce fait, en tout cas, sa participation à l’Organisation de la coopération de Shanghai n’est plus rien qu’une hypothèse d’école. La question, en outre, est de savoir si le groupe de Shanghai a une vocation purement régionale ou plus vaste. Mon souhait serait plutôt de voir se constituer, dans un premier temps tout au moins, une organisation européenne de la défense digne de ce nom et qui serait entièrement indépendante de l’OTAN. Mais pour l’instant, ce ne peut être qu’un vœu pieux.

A l'heure de la crise financière, tout le monde s'accorde à dire que "peut être" que la globalisation libérale à "échoué", et que le modèle Occidental pour l'humanité n'est peut être pas le "meilleur". D'après vous "d'ou" viendront les nouveaux modèles civilisationnels, philosophiques et économiques ?

La crise financière mondiale déclenchée aux Etats-Unis à l’automne 2008 a sans doute ouvert les yeux d’un certain nombre. Mais cette crise, qui est loin d’être terminée, ne suffira probablement pas à faire émerger un système alternatif. Les nouveaux modèles apparaîtront lorsque le système actuel sera véritablement à bout de souffle, sans que l’on puisse savoir quelles formes spécifiques ils revêtiront. Même si les choses peuvent aller assez vite, il y a encore beaucoup à faire pour « décoloniser » les esprits, tant nos contemporains ont pris l’habitude de vivre dans le système de la marchandise, gouverné par la dialectique de l’avoir. Toute la modernité a été portée par l’idéologie du progrès, les réserves naturelles ayant été considérées comme à la fois gratuites et inépuisables, alors qu’elles n’étaient ni l’un l’autre. La vérité est qu’une croissance matérielle infinie est impossible dans un monde fini. Lorsqu’on s’en apercevra pleinement, on commencera peut-être à sortir de l’obsession économique et de cette idéologie utilitariste qui a été l’un des principaux corollaires de l’universalisme occidental (lequel, comme tout universalisme, n’est jamais qu’un paravent de l’ethnocentrisme).

Vous êtes très présent sur la scène géopolitique et notamment auprès du mouvement Eurasien de Alexandre Douguine dont le programme politique généralement peu connu est détaillé sur ce blog. Celui ci est assez élogieux à votre égard. Pouvez nous nous en parler ? Qu'est ce que vous pensez que l'Eurasisme puisse apporter à l'Europe et à la France ?

J’éprouve de l’amitié et de l’admiration pour Alexandre Douguine, pour sa culture, son courage, sa capacité de travail, l’ampleur de son œuvre et la grande continuité de ses efforts. On lui doit d’avoir actualisé la pensée des premiers Eurasistes et d’avoir montré l’actualité de cette pensée aujourd’hui. Il a su aussi mettre en rapport, pour en faire une synthèse suggestive, des acquis idéologiques parfois différents. Il a donné à la géopolitique une dimension spirituelle qui lui manquait. Je suis son travail avec beaucoup d’attention. Quant à l’eurasisme, il peut apporter beaucoup, non seulement à l’Europe et à la France, mais aussi aux habitants des autres continents, si l’on considère qu’au-delà de la seule Eurasie géographique, il permet d’envisager un nouveau « Nomos de la terre » ordonné à l’idée de diversité, d’autonomie des peuples, de démocratie participative et de primat des valeurs non marchandes.

Pour les Français et les Européens, les grandes inquiétudes du futur sont le plausible leadership économique Chinois et l'explosion démographique des populations musulmanes, notamment à l'intérieur de l'Europe. Comment estimez vous compatible / incompatible ces deux éléments ?

La Chine est de toute évidence appelée à jouer un rôle de premier plan au XXIe siècle, mais il est encore trop tôt pour dire qu’elle exercera un véritable « leadership économique ». La Chine inscrit traditionnellement son action dans la longue durée. Son modèle n’est pas exempt de contradictions, et elle doit aussi faire face à de nombreuses difficultés intérieures (ne serait-ce que la disparité de ses régions et de ses milieux sociaux). Sur le plan géostratégique, je souhaite la voir s’associer au continent eurasiatique, mais je n’ignore pas sa tendance naturelle à l’autocentrage. Vis-à-vis des Etats-Unis, par ailleurs, elle semble aujourd’hui hésiter entre plusieurs attitudes possibles. Quant à l’explosion démographique des populations musulmanes, c’est un fait réel, mais qu’il ne faut pas non plus surévaluer. En Europe, au bout d’une ou deux générations, les immigrés adoptent les comportements démographiques locaux. A l’exception de l’Afrique noire et de la zone indo-pakistanaise, la croissance démographique se ralentit d’ailleurs un peu partout. Le vrai problème tient plutôt à la dénatalité des pays européens, qui crée un appel d’air et se traduit par un vieillissement de la population.

Vous avez longtemps été un des fers de lance du GRECE, qu'en est il aujourd'hui ?

Le Groupement de recherche et d’études pour la civilisation européenne (GRECE) est une association culturelle créée en 1969. J’ai participé régulièrement à ses activités, mais n’y ai jamais occupé de rôle dirigeant. Cette association continue aujourd’hui son travail, en liaison avec de nombreux universitaires et intellectuels européens.

Question science fiction : comment imaginez vous l'avenir du continent (europe et russie) en .. disons 2020 ?

Je ne fait pas métier de prédire l’avenir, et je n’ai aucune imagination pour savoir où en seront l’Europe et la Russie en 2020. L’histoire est toujours ouverte, ce qui ne signifie d’ailleurs pas que tout est toujours possible. Bien entendu, il est toujours possible de faire des scénarios, mais la difficulté commence lorsque l’on veut leur attribuer un coefficient de probabilité.

Le 24 mars dernier, c'était l'anniversaire des bombardements de 1999 sur la Serbie. Depuis 1 an, le Kosovo "serait" un état indépendant... Que vous inspire ces évènements et d'après vous quel est l'avenir du Kosovo ?

L’anniversaire des bombardements de 1999 sur la Serbie éveille en moi le souvenir d’une grande colère et d’une affreuse humiliation. Colère devant le déluge de contre-vérités et de mensonges diffamatoires qui ont alors déferlé dans les médias occidentaux contre le peuple serbe, humiliation d’avoir assisté au premier bombardement d’une capitale européenne par les Américains depuis la fin de la dernière guerre mondiale. L’Europe s’est à cette occasion révélée dans sa triste vérité : impuissante, quasi paralysée, n’ayant aucune conscience des enjeux globaux, objet de l’histoire des autres à défaut d’être le sujet de sa propre histoire. Quant au Kosovo, j’observe que sa proclamation d’indépendance a été soutenue par les mêmes puissances qui se sont refusées à reconnaître celle de l’Abkhazie ou de l’Ossétie du Sud : la Géorgie a eu droit au respect de son « intégrité territoriale », alors que la Serbie n’y a pas eu droit. Cela donne la pleine mesure de la logique qui prévaut aujourd’hui dans les rapports internationaux. Pour l’heure, le Kosovo me paraît être le premier Etat mafieux de l’histoire. Je doute que son avenir soit particulièrement brillant.

Pourriez vous conseiller 5 ouvrages clefs a lire, 5 sites / blogs a consulter ?

Je ne suis pas assez familier de l’univers des blogs pour recommander ceux qui seraient les meilleurs. Je me sens tout aussi incapables d’énumérer « cinq ouvrages-clés à lire ». Des ouvrages-clés, il y en a au moins plusieurs centaines ! Je recommanderai seulement de lire les ouvrages qui aident à comprendre le moment historique que nous vivons, et d’autre part les grands classiques de la pensée politique et géopolitique dont les enseignements peuvent encore valoir aujourd’hui, de Machiavel, Hobbes et Rousseau jusqu’à Max Weber et Carl Schmitt. Enfin, sans doute par inclinaison personnelle, je dirais que toute intelligence des choses suppose un minimum de connaissance philosophique. Heidegger, pour ne citer que lui, a joué dans ma formation un rôle qui n’a pas encore été dépassé.

sexta-feira, abril 24, 2009

Destaco, com desgosto:

O crime compensa, por Manuel Castelo-Branco.

Destaco, com gosto:

O Estado Sentido. Um dos blogues mais interessantes que conheço. E um encanto, uma descoberta fascinante: Cristina Mendes Ribeiro. Também gosto dos outros, claro, mas todos temos um fraquinho e não fica mal confessá-lo. O meu, é Cristina Mendes Ribeiro.

quinta-feira, abril 23, 2009

Foi ótima!

Falando no encerramento das Jornadas de Ciência Política promovidas pelo Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas, Mário Soares declarou para quem o quis ouvir que "a descolonização foi óptima, foi feita num tempo recorde que admirou muitos países que fizeram descolonizações, como os franceses".
Eu não me admiro nada que ele fale assim. A impunidade traz a desfaçatez. E a culpa não é dele...

Uma vítima, coitadinho

Não costumo falar de futebol, mas hoje não resisto: o tratamento noticioso dado ao episódio da agressão do jogador Pepe a um outro companheiro de profissão é por si só um tratado que demonstra a podridão que assola esses domínios do que outrora foi um desporto, e explica a impossibilidade de lhe dar conserto.
Já recebi cem vezes a notícia, falada, vista, e escrita, e em todas as vezes o que constatei, não sem espanto, é a extraordinária compreensão e a ainda mais extraordinária preocupação com o agressor.
O Pepe deve estar a sofrer imenso!!! Deve estar, deve. E o outro, o que levou com as patadas no lombo?
Suspeito que o pessoal que elabora as notícias é o mesmo que faz os códigos penais e processuais penais.

Degradação

Há uns dias ao ler um artigo de análise política sobre a composição da lista de candidatos do PSD às próximas eleições europeias constatei que o ponto mais focado era a ligação de alguns dos indigitados a um certo capitalista influente no partido. Concretamente, quantos e quais dos candidatos pertencem a Joaquim Coimbra (ao que parece, este é dono de uma boa parte deles).
Antigamente, a discussão centrar-se-ia nas tendências ideológicas em que se integrava cada um dos componentes da lista (havia então tendências ideológicas). A disputa pelos lugares e a identificação das facções passou entretanto a fazer-se em função do outro critério.
A política portuguesa degradou-se por esta forma: foi-se reduzindo a um prolongamento e a um instrumento dos negócios. E os actores quase nunca são mais do que isso.

"O Almonda": abraços para Torres Novas

Surgiu renovado na rede o velhinho "O Almonda", a assinalar os seus 90 anos. Bom trabalho da equipa responsável. Penitenciando-me da minha ausência, exprimo aqui os votos dos maiores sucessos para o semanário regionalista torrejano.

"As antiguidades da Lusitânia"

A Imprensa da Universidade de Coimbra acaba de lançar uma edição do clássico de André de Resende, "As Antiguidades da Lusitânia".
Largamente desconhecida do público, devido à barreira da língua em que foi escrita, o Latim, a obra foi agora traduzida para português pelo Prof. Raul Miguel Rosado Fernandes.
Esta obra do sábio eborense representa a primeira descrição do quadro histórico e cultural em que Portugal se fundou e cresceu. Nela se podem apreciar as características étnicas e a vida das gentes que povoaram as regiões que em grande parte se tornaram no que é hoje o território português, em particular a saga dos lusitanos, e bem assim a variada estrutura geográfica e as condições naturais do próprio território, reunindo para isso pela primeira vez um precioso caudal de documentação sobre a história da antiga Lusitânia. E tudo num estilo literário próprio de um dos maiores humanistas portugueses de sempre.

quarta-feira, abril 22, 2009

Sócrates segue em frente

Sócrates continua, firme pela sua convicção de que os outros não são melhores... Penso que tem razão. Aliás, é essa a razão profunda da complacência com que a generalidade dos portugueses encara aquilo que ninguém ignora. Olha-se para ele, para isto tudo, e pensa-se que os outros não são melhores que ele. Então, resignamo-nos.

terça-feira, abril 14, 2009

Os irredutíveis

Pelo que leio nas notícias, Sócrates ainda conta com dois defensores incondicionais: Fernanda Câncio e Marinho Pinto. Vamos a ver até quando.

Tintin em Lisboa


Vai ser no próximo sábado dia 18 de Abril, no Palácio da Independência (Sociedade Histórica da Independência de Portugal).
Um encontro sobre Tintin e o gosto da aventura, onde marca presença a melhor blogosfera: Mário Casa Nova Martins, João Marchante e Eurico de Barros.
Nota-se a falta do Duarte Branquinho... mas compreende-se, tem outros compromissos para esse dia.
Quem estiver por Lisboa, não esqueça: é passar à tarde no Palácio da Independência, e dar asas à tintinofilia.

quarta-feira, abril 08, 2009

«QUISERAM PARA MINISTRO QUEM EU NÃO QUIS PARA DIRECTOR DE SERVIÇOS»

Tornou-se de repente actual a entrevista concedida pelo Dr. José António Barreiros a "O Independente" de 28/10/2005.
Nesta o conhecido advogado José António Barreiros explicava porque e como demitiu, em Macau, o actual ministro da Justiça, na sequência de tentativas de pressão sobre um juiz então feitas por Alberto Costa.

- Qual a razão verdadeira por que demitiu Alberto Costa em 1988 do cargo que ele desempenhava em Macau, director dos Assuntos de Justiça?

JAB - A razão verdadeira é a que está escrita. Achei que estava quebrada a confiança pessoal, profissional e política na pessoa dele e que a Administração Pública de Macau não podia conviver com um tal dirigente, que tinha tido uma "conduta imprópria" como a dele. Isto mesmo face aos critérios de Macau.

- Mas o governador Carlos Melancia revogou o seu despacho.

JAB - É verdade, mas não na parte em que o demitia, só na parte em que eu dizia por que o tinha demitido. Foi uma situação única, caricata, mas sintomática. O governador parecia incomodado com o que eu dizia no despacho de demissão. Mas o que eu escrevi na fundamentação do meu despacho foi a mera cópia do que concluiu o inquérito disciplinar que ele próprio mandou instaurar: que Alberto Costa tinha contactado o juiz, à revelia da tutela, alegadamente para o elucidar sobre os aspectos técnico-jurídicos e económicos do caso; e esclarecimentos que, em seu entender, justificariam uma revisão da sua decisão ou decisões sobre a situação prisional dos arguidos e, eventualmente, a sua cessação e subsequente soltura.

E porque haveria o governador de estar incomodado, a ponto de se dar ao trabalho de revogar a fundamentação do seu despacho, mesmo não revogando o despacho?

JAB - É uma longa história. Mas uma coisa boa resultou para Alberto Costa desta actuação bizarra do governador: que ele, recorrendo para os tribunais administrativos do despacho do governador, que o demitia sem fundamentação, ganhasse a causa, com razão, e fosse contemplado com uma lauta indemnização. Bem lhe pode agradecer.

Mas de que história se tratava?

JAB - A história que toda a gente veio a conhecer e com a qual ninguém se incomodou: o processo em causa desembocava, então, nos meandros da aquisição pela empresa Emaudio de uma participação no milionário negócio da televisão de Macau. Ora, se pensarmos em quem eram os sócios da Emaudio, os interessados e os beneficiários no negócio...

E quem são?

JAB - Não me peça pormenores. Tudo isso faz parte de uma história a que ninguém quis ligar, em que todos, hipocritamente, viraram a cara para o lado. Digamos, o senhor Robert Maxwell, que está sepultado no Monte das Oliveiras, em Israel, e os seus amigos portugueses. Grandes amigos e amigos grandes.

Envolvendo...

JAB - Envolvendo quem estava no negócio e todos aqueles que tinham a obrigação de se terem
preocupado com essas e outras questões que vieram a seguir e que as deixaram passar em claro, mesmo quando foram escândalo público. Eles estão aí.

Acha que Alberto Costa estava ao serviço desses interesses?

JAB - Não tenho que achar o que ninguém achou. Ele disse que tinha ido falar com o juiz para esclarecimento técnico-jurídico recíproco, a nível académico, e sobretudo face a "perplexidades" de amigos dele, um dos quais, segundo ele denunciou, assessor da Presidência da República. Pelo que, no seu entender, tudo se passou numa base de amizade, confiança pessoal, etc.

Mas o juiz não considerou isso...

JAB - Pelo menos na manhã seguinte queixou-se por escrito, por envolver um funcionário sob minha tutela. E tinha Costa ido, por duas vezes, como cidadão ou como director, falar com o juiz - não foi falar com um amigo mas sim com um juiz em funções - por causa de um processo-crime a seu cargo em que havia duas pessoas presas preventivamente. Aliás, o juiz não era amigo dele. Ele é que vinha por causa das "perplexidades" dos seus próprios "amigos". Enfim, eis uma curiosa maneira de considerar a magistratura: considerar normal que um dirigente da administração pública fale com juízes com processos com presos a cargo, para os fazer rever decisões nesses processos e depois dizer que isso foi feito a nível académico e a título particular. E foi isto o que sucedeu.

Abandonou o PS por causa do caso Alberto Costa?

JAB - Sim. Escrevi uma carta a Vítor Constâncio, então secretário-geral, a relatar o que vi em Macau e, ao regressar, onde andavam muitos socialistas e ao que andavam. Nem tive resposta. Ou melhor: o chefe de gabinete dele respondeu-me a dizer que o PS "nada tinha a ver com Macau"! Hilariante.

E o PS tinha a ver com isso?

JAB - Não sei se deva confundir o PS com os negócios, os interesses e as ambições de certas pessoas, por mais bem colocadas que estivessem dentro do partido. O PS foi, aliás, o único partido em que estive, inscrito em 1974 por proposta de Francisco Salgado Zenha. Desde que saí não voltei nem voltarei a qualquer partido. Concorri a Sintra pelo PSD, mas como independente. E hoje estou a anos-luz da política e destes políticos.

Mas ficou agastado com a história...

JAB - Não tinha que ficar. A consequência directa de ter demitido Alberto Costa foi ser demitido pelo Presidente da República, Mário Soares, alegadamente a meu pedido. É verdade que foi a pedido: não queria continuar. Mas é também verdade que já ninguém me queria ali. Cada um de nós foi - desculpe o óbvio - igual a si próprio. E não pense que tive orgulho no que fiz. Tive vergonha de ter de conviver com isto e de assistir ao que se seguiu.

Mas o que se passou na realidade?

JAB - O inquérito disciplinar mandado instaurar pelo governador considerou que a conduta de Alberto Costa não integrava uma "pressão sobre magistrado", de onde não era fonte de responsabilidade disciplinar ou criminal mas uma simples "conduta imprópria" da parte dele. Claro que o hoje ministro tenta desvalorizar a conclusão do inquérito dizendo que é uma simples" opinião". Isto na parte em que diz ter sido uma conduta imprópria da sua parte, porque quanto ao resto - o não ser infracção disciplinar - já acha que é o seu certificado de boa conduta. Do que ninguém se livra é dos factos.

Surpreende-o vê-lo agora ministro da Justiça?

JAB - Já poucas coisas me surpreendem. Mas, ao ter visto na altura que no rol de testemunhas de Alberto Costa no processo disciplinar estavam Jorge Sampaio, Jorge Coelho, Jaime Gama e António Vitorino, percebi logo o que ainda hoje entendo muito bem: aquele rapaz tinha futuro na política. Um grande futuro.

Mas eram testemunhas abonatórias...

JAB - Claro, e numa fase em que o processo nem sequer acusação tinha. Eram pessoas que, segundo ele, podiam testemunhar o seu "perfil moral, profissional e cívico". Por isso indicou também dois juízes e um procurador-geral-adjunto.

Quem?

JAB - Acha que isso interessa?... Note, eu não quero confundir. Uma coisa são os amigos "perplexos" do dr. Costa, por causa dos quais ele foi falar com o juiz, outra as pessoas que se prestaram a ser citadas como testemunhas de carácter. Houve quem me escrevesse depois a explicar-se, alegando que não sabia ao que ia. Felizmente guardo tudo em lugar seguro, o pior dos quais ainda é a minha memória.

Seja franco, pensa que ele tem perfil para ser ministro da Justiça?

JAB - Quiseram para ministro quem eu não quis para director de serviços. São critérios. Mas o problema não é ele ser ministro agora. O problema é ele ter sido deputado, ministro da Administração Interna e sei lá mais o quê. Acho que quem permite isso e com isso coexiste que responda. Eu respeitei-me, demitindo-o. Ponto final.

Não pensa que isto está agora a ser agitado por causa da greve dos magistrados?

JAB - Não imagino o seu jornal ao serviço dos grevistas... Acho que isto preocupa muitos magistrados, o saberem o currículo do ministro que lhes coube desta, embora alguns "quadros" tenham uma postura mais complacente...

Está a referir-se a quem?

JAB - Aos que gostam, a nível sindical, de negociar com dirigentes fracos ou enfraquecidos. Esses,quando dialogam com o poder, fingem ignorar os defeitos e exaltam mesmo discretamente alguma virtude, na mira do melhor para as suas reivindicações...

Isto aconteceu há muito tempo...

JAB - Isso de Macau, pois a complacência com a criatura é de hoje. Pois foi. Aliás, curiosamente, no "site" do Ministério da Justiça, S. Exa. omite esta sua função de director do Gabinete dos Assuntos de Justiça em Macau, de que o demiti. No "site" do PS é que vem esta parte do seu currículo. Muito interessante, não acha?

Posso perguntar-lhe por que motivo aceitou falar agora?

JAB - Porque, finalmente, a nível dos factos, se sabe agora tudo - e está tudo documentado -, para que quem quiser julgar julgue por si. A revelação pelo blogue Verbo Jurídico do acórdão do Tribunal Administrativo é o ponto final. Nada fica à mercê de especulações. Percebe-se enfim quem é quem. Alberto Costa escreveu um dia um livro a que chamou "Esta não é a Minha Polícia". Eu, que ando pelos corredores da Justiça, posso dizer: este não é o meu ministro. Só que sei porquê - e explico. Neste momento talvez seja uma boa altura para se explicar. Talvez haja quem, finalmente, queira ouvir, pelo menos parte da história. Não é que algo mude. É só para não fazerem de conta.

terça-feira, abril 07, 2009

Assim fala Zapatero

"We have always supported him as president of the Commission, he has been a good president for the interests of Spain."

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segunda-feira, abril 06, 2009

Ainda é Primeiro-Ministro!

sábado, abril 04, 2009

José Pinto-Coelho

José Pinto-Coelho

sexta-feira, abril 03, 2009

José Pinto-Coelho

Ideologia, populismo e outros temas de ciência política


Uma entrevista de Nuno Rogeiro a Marco Tarchi, no "Sociedade das Nações" da SIC.
Hoje "O Sexo dos Anjos" está virado para as personalidades da (antiga...) "Nova Direita".

Une révolte contre l’argent

Um artigo de Alain de Benoist sobre a actualidade que conta, publicado a 29 de Março último. Vai mesmo em francês, que ainda é língua conhecida de muita gente.

Les Français, c’est bien connu, sont très peu syndiqués, mais ils manifestent tout le temps. Tout de même, trois millions de personnes dans la rue, comme le 19 mars dernier, on n’avait pas vu cela depuis longtemps. Ces derniers temps, les Français ont beaucoup de raisons de protester. Ils manifestent contre les projets de réforme de l’école, du système de santé, du système des retraites, contre la montée du chômage, les délocalisations, les fermetures d’usines et la baisse du pouvoir d’achat. Mais aujourd’hui, et pour la première fois peut-être, ils manifestent avant tout contre le système de l’argent.
On leur avait dit il y a quelques mois qu’on ne pouvait pas satisfaire leurs revendications parce que «les caisses de l’Etat sont vides». Après quoi, lorsque les premières conséquences de la crise financière mondiale se sont fait sentir, ils ont vu l’Etat sortir magiquement d’on ne sait où des milliards d’euros pour soutenir les banques les plus menacées. On leur a dit en même temps qu’avec la crise, des centaines de milliards d’euros ou de dollars sont partis en fumée – de sommes d’un montant tel que nul ne parvient même à réaliser à quoi elles correspondent. Aujourd’hui, ils constatent que leur situation personnelle se dégrade, tandis que les grandes entreprises cotées en Bourse voient globalement exploser leurs profits, mais en même temps multiplient les licenciements. Ils voient les banques utiliser l’argent que l’Etat leur a donné pour octroyer à leurs dirigeants des bonus, des primes exceptionnelles, des stock-options et des «parachutes dorés». Ils savent que certaines catégories de «people» (des sportifs aux acteurs de cinéma en passant par les présentateurs de télévision) gagnent chaque mois des sommes qui excèdent de plus de cent fois leurs salaires.
George Orwell faisait de la «décence commune» (common decency) l’apanage des classes populaires. La contraire de la décence commune, c’est l’indécence publique. L’étalage de l’argent chez les uns, la misère grandissante chez les autres, relève d’une indécence qui n’est plus acceptée. L’essayiste Alain-Gérard Slama disait récemment que l’on est passé d’une société de défiance à une société d’indifférence. Ce n’est pas vrai. La défiance est toujours là : jamais le rejet des élites par le peuple n’a été aussi fort qu’aujourd’hui. Mais l’indifférence a cédé la place à la colère : les Français n’en peuvent plus de vivre sous l’horizon de la fatalité. Ce n’est plus l’envie qui les meut, mais le dégoût.
Il y a des causes objectives à leur mécontentement. Avec 90 200 chômeurs de plus au mois de janvier, et 80 000 en février, ce sont 375 000 demandes d’emploi supplémentaires que l’on a enregistrés au cours des sept derniers mois. On atteindra sous peu les deux millions et demi de chômeurs (trois millions et demi en comptant les personnes exerçant une activité réduite).
En 2008, le patrimoine des Français a également baissé pour la première fois depuis trente ans. Les classes moyennes inférieures (dont le revenu mensuel est compris entre 1100 et 1750 euros) sont en voie de déclassement, ce qui veut dire que, contrairement à ce qui était la règle sous les « Trente Glorieuses », des individus occupent de plus en plus fréquemment un statut social inférieur à celui de leurs parents: dans la France des années 2000, un fils de cadre supérieur sur quatre et une fille sur trois sont employés ou exercent des emplois ouvriers. Pour compenser cette paupérisation relative, les ménages ont longtemps eu recours au crédit, ce qui aggravait leur endettement. Ils n’ont même plus cette possiblité aujourd’hui, puisque le crédit s’est évaporé.
Le poids des dépenses «contraintes» (logement, électricité, téléphone, etc.) ou «incontournables» (alimentation, transports, santé, éducation), par opposition aux dépenses non contraintes (loisirs, habillement, équipement ménager, épargne) a pratiquement doublé depuis 1979. Il représente désormais près de 90 % du budget des plus pauvres et, fait nouveau, 80 % du budget des classes moyennes. Quant au prix des loyers, il a augmenté plus vite que l’inflation (+ 3,4 % par an contre 2,3 %), dans le contexte d’une flambée de l’immobilier, alors qu’un Français sur deux gagne aujourd’hui moins de 1600 euros par mois.
Du fait de la fragilisation du salariat, du déclassement scolaire et de l’accélération des processus de mobilité sociale descendante, la «question sociale» ne se situe plus à la périphérie, mais au cœur même de la société. La crise financière s’est bel et bien transmise à l’économie réelle.
Fait remarquable: l’opposition ne bénéficie que très peu de cet immense ras-le-bol. Les socialistes sont en grande partie discrédités du fait de leurs querelles internes et de leur absence de programme. Le parti communiste est devenu un fantôme. Olivier Besancenot a acquis une audience médiatique qui le rend très populaire auprès des «bobos», mais son nouveau parti n’a pas atteint ses objectifs initiaux. Le facteur vitupère les «patrons», mais se garde bien de leur reprocher d’utiliser l’immigration comme une armée de réserve permettant de peser à la baisse sur les salaires. Toutes les enquêtes électorales montrent que les couches populaires, et plus encore les «déclassés», tendent aujourd’hui surtout à voter pour les partis populistes de droite. Mais en France, les souverainistes sont divisés et le FN en phase terminale.
Face à cette agitation qui lui fait peur, car il craint de la voir se radicaliser, Nicolas Sarkozy affirme vouloir « moraliser le capitalisme », c’est-à-dire lui assigner des limites. Mais comment pourrait-on assigner des limites à un système qui, par définition, n’en admet aucune? «Le capital ressent toute limite comme une entrave», disait déjà Karl Marx. Le capitalisme se déploie dans l’illimité, et la loi du profit n’a qu’un mot d’ordre: «toujours plus!» – l’éternel paradoxe étant que le capitalisme cherche à vendre toujours plus à des gens à qui il enlève de plus en plus les moyens d’acheter. Le «capitalisme moral» est un oxymore.
Ce n’est pas encore la grande rupture, mais on pourrait bien y arriver. La façon dont les dirigeants mondiaux persistent à faire comme si le système financier mondial était seulement victime d’une panne passagère montre qu’ils n’ont toujours pas compris le caractère systémique (et historique) de la crise – une crise qui, plus encore que financière ou bancaire, est une crise généralisée du régime d’accumulation du capital – ni la nécessité de mettre en place un autre sytème financier international (qu’il s’agisse d’un retour à l’étalon-or ou de la création d’une monnaie de réserve mondiale autre que le dollar, comme le demandent les Russes et les Chinois).
La crise partie des Etats-Unis a déjà plongé le monde dans la récession globale (au 4e trimestre de 2008, on a enregistré une contraction du produit intérieur brut de 6 % aux Etats-Unis et en Europe, de 8 % en Allemagne, de 12 % au Japon, de 20 % en Corée du Sud). Ce n’est pas fini. La récession a maintenant toutes chances de déboucher sur une quasi- dépression. Le système bancaire américain est d’ores et déjà devenu insolvable, dans un pays dont le redressement exigerait la baisse de la consommation, la hausse de l’épargne et la réduction de déficits monstrueux. Les destructions d’emplois se multiplient partout, entraînant des troubles politiques et sociaux qui ne vont pas cesser d’enfler. Parallèlement, on assiste à une chute du revenu, de la consommation, de la production industrielle, des exportations, des importations, de l’immobilier et de l’investissement. Et l’hyperinflation menace.
Mais les dirigeants mondiaux se comportent plus que jamais en pompiers pyromanes. A la veille du sommet du G20, prévu pour se tenir à Londres le 2 avril, on les a vu condamner à qui mieux mieux le «protectionnisme», tandis que le président de la Commission européenne, José Manuel Barroso, affirmait qu’«il ne faut surtout pas renoncer à la mondialisation». Dans de telles conditions, la «nouvelle architecture financière globale» qu’Angela Merkel et Nicolas Sarkozy ont appelée de leurs vœux n’est pas près de se mettre en place. Les Etats-Unis, qui cherchent à faire adopter un «plan de relance» consistant à faire partager au reste du monde le fardeau de l’enorme dette qu’ils ont accumulée, s’opposeront à toute nouvelle régulation. Le système mondial continuera à dépendre du cœur financier américain. Et le «capitalisme de basse pression salariale» (Frédéric Lordon) continuera d’écraser les travailleurs sous la double contrainte de la pression concurrentielle et de la pression actionnariale, avec comme seule possibilité pour eux de «s’en sortir» de travailler plus (sans revalorisation de l’unité de temps travaillée!) ou de s’endetter encore plus.
Certains observateurs prévoient à partir de la fin de cette année une rupture du système monétaire mondial qui entraînera l’effondrement du dollar et pourrait même aboutir à terme à une véritable dislocation géopolitique mondiale.

José Pinto-Coelho

quarta-feira, abril 01, 2009

A direita portuguesa sofre de síndrome de Estocolmo

Encontrei a explicação científica para um fenómeno comportamental que me intrigava há muitos anos.
Tenho até esperanças que a descoberta me possa valer o justo reconhecimento que incompreensivelmente me tem faltado entre a multidão dos sociólogos e dos psicólogos behaviouristas que entre nós dominam estas matérias.
Com efeito, e esta é a verdade que faltava para compreender o comportamento da direita em Portugal nas últimas décadas, a direita portuguesa foi afectada pelo síndrome de Estocolmo.
Sabem os leitores que por esta designação ficou conhecido um estado psicológico particular, uma doença, que normalmente surge em situações de sequestro: a vítima vai-se identificando com o seu captor, a princípio emocionalmente, como reacção ou mecanismo de defesa, por medo de retaliação ou de violência, mas pouco a pouco essa identificação vai evoluindo, até se traduzir na preocupação de conquistar a todo o custo a simpatia ou a benevolência dos captores, e mesmo numa identificação afectiva e emocional que leva a encarar qualquer ameaça aos sequestradores como uma ameaça às próprias vítimas, e que se prolonga por vezes até na defesa deles mesmo quando já desapareceu a situação objectiva de sequestro.
Em casos extremos, a identificação vai ao ponto de a vítima se passar, totalmente, para o lado dos captores, passando a partilhar as suas causas, os seus amigos e os seus inimigos.
Em Portugal, a direita foi capturada pela esquerda há já umas décadas. Mantém-se refém desde então, ao menos em espírito - e nunca mais se viu livre do síndrome de Estocolmo.
(O Prof. Freitas do Amaral é uma espécie de Patty Hearst lusitana).
O mal é geral. Os leitores nunca repararam na ansiedade com que qualquer jovem político direitista de elevado potencial se espoja aos pés de qualquer jarreta com estatuto e credenciais de esquerdismo - só para obter dele um gesto de condescendência, um atestadozinho que diga, vá lá, que também ele é um rapaz de ideias modernas e descomplexadas, ainda que com a mácula original de vir da direita? E com que regozijo qualquer escrevinhador, jornaleiro ou blogueiro, dos viveiros da direita, recebe a certificação do esquerdista de serviço - um carimbo que diga que se porta bem, que é culto, inteligente, tem talento!!!
Sempre e sempre o respeitinho, a veneração, ou o temor reverencial.
Sim, que nessas coisas, de cultura, ideias, causas, história ou sociedade, a esquerda é que sabe e só a esquerda é que passa diplomas!
Não há menina da boa sociedade burguesa que não ache as maminhas bem empregadas para exibir a carantonha assassina do Che Guevara. E não há rapaz de boas famílias que não ache avançado, arejado, natural, evidente, que os homossexuais devem ter todos os direitos iguais aos dos "outros" ( - sei lá, cada um leva no que é seu e ninguém tem nada com isso...)
Sim, a direita portuguesa sofre do síndrome de Estocolmo.
Assusta-se com qualquer perspectiva de libertação. Acabou por acomodar-se ao que dizia detestar, e agora ama o que em tempos repudiava. Na verdade, não quer mudar nada. Por vezes ainda verbaliza a rejeição do que está, mas recusa com horror qualquer movimento de insubmissão, qualquer sugestão de combate.
Proclamava valores, e afundou-se no mundanismo fútil ou na rotina cúmplice e envergonhada. No fundo, sente-se bem assim. É a doença.

Por amor a Portugal

Deliciem-se com este blogue:
http://aboutportugal-dylan.blogspot.com/

Centenário da República

Dois locais bem frequentados, onde temos o gosto de ler alguns amigos:

Sítio:
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Blogue:
http://centenario-republica.blogspot.com/