terça-feira, junho 30, 2009

É o trabalho

A excessiva ocupação tem-me impedido de manter o diálogo com os amigos que aqui me visitam, e a quem gostaria de facultar sempre as explicações que as suas interpelações impõem. Para além disso (nada de extraordinário, ossos do ofício), tenho enfrentado também obrigações e solicitações de natureza pessoal/familiar, como acontece a todos, que me deixam pouca margem para blogação tão assídua como eu gostaria.
Este panorama não irá mudar nestes tempos mais próximos (que são, ademais, de mudanças importantes, e de grande responsabilidade, na minha vida).
Tudo somado, temos nestes alguns dos factores que me conduziram à decisão de fixar prazo-limite para o encerramento do "Sexo dos Anjos".
Não chegou ainda o fim do prazo, mas as limitações referidas não me têm permitido cumprir satisfatoriamente o que me havia imposto.
Se os dias me forem deixando, irei dando provas de vida. Entretanto, descansem os amigos, vou andar por aí.

A política interessa à inteligência?

Folheando "O Diabo" de hoje (mantenho por atavismo puro o hábito de comprar o velho semanário, em cada número mais incipiente, e ainda mais depois da recente remodelação que em vez de o revigorar o fez surgir descafeinado) encontrei duas surpresas boas. Um artigo de Francisco Morais Sarmento sobre "inteligência e política", a partir do axioma portista (de Paulo Portas) de que "a inteligência não interessa à política" e um artigo de Gonçalo Magalhães Collaço, sobre "Jaime Silva, o Mar Português e as Pescas".
Nada mau, para uma manhã só.

sexta-feira, junho 26, 2009

Universidade de Verão "Terra e Povo"



No próximo sábado, dia 27 de Junho, decorrerá em Lisboa a primeira Universidade de Verão da Associação Terra e Povo, que contará com a presença de vários oradores de diversos países. A recepção dos participantes será feita a partir das 10 horas e os trabalhos iniciar-se-ão às 10:30, prevendo-se que terminem às 17:30. As inscrições são limitadas e obrigatórias, devendo ser feitas por correio electrónico ou telefone. O preço é de € 30 e inclui almoço. Associados e estudantes beneficiam do preço reduzido de € 25.

quinta-feira, junho 25, 2009

Falando de novo sobre o "Sexo dos Anjos"

Aproveitando o fim da tarde, regressemos ao "Sexo dos Anjos".
Um sintoma evidente do fracasso é o flagrante isolamento em que o blogue caiu, ao fim de praticamente seis anos de trabalho incessante. Não se pode atribuir esse facto ao sectarismo, certamente, já que mau feitio foi defeito que nunca ninguém aqui encontrou; ao contrário, creio que a urbanidade e a cortesia sempre foram constante deste espaço. Nem sequer quando se deparou com o insulto ou a provocação houve qualquer atitude de resposta. Preferimos sempre encolher os ombros, e ignorar.
As razões para a falta do sucesso pretendido têm que procurar-se segundo os critérios frios da economia de mercado. A blogosfera é um mercado aberto, e o blogue é um produto. Se os potenciais consumidores não se interessaram por ele, há que reconhecer o facto - e outra máxima dessa ciência é que os consumidores têm sempre razão. Boa ou má, mas certamente têm razão.
Uma razão pode estar na falta de qualidade do produto; preferimos não seguir por aí (ao menos que se salve o amor próprio). Parece-nos, francamente, é que o produto não tem mercado. Claro que existe um nicho, que a certa altura pensámos ser suficiente, mas nesta fase impõe-se concluir que o nicho é demasiado escasso.
Falando claro, afigura-se-nos nesta altura que o projecto esgotou as suas potencialidades. Se tinha a sua raiz e fundamento numa concepção de serviço, não vale a pena continuar a mantê-lo vivo artificialmente só por obstinação pessoal, quando os indicadores vão no sentido de que já serviu para o que havia de servir - e agora já não serve para mais nada.
No fundo, é uma questão de prazo de validade.

Umas memórias, e umas farpas

"No que eu os conheço a todos, por igual, no que eu sempre os conheci a todos, é na fuga às responsabilidades..."
Assim se exprimia in illo tempore um estimado amigo, falando dos notáveis da nossa área política. Os notáveis constituíam uma curiosa espécie de seres, de quem sempre se esperava muito e de quem nunca se verificou que alguma coisa viesse ao mundo. Eram todos pessoas muito importantes, tanto no conceito geral como, ao que pude verificar, também no conceito dos próprios, embora muitas vezes a invencível modéstia os impedisse de o dizerem expressamente. Aconteceu invariavelmente que essas pessoas, todas elas com encontro marcado com a História não sei por que misteriosas estrelas, acabaram por ir adiando o encontro até que finalmente passaram à história, sem jamais o concretizar. Tiveram sempre todas elas explicações ponderosas, ponderosissimas, das mais simples às mais elaboradas, desde subtis juízos de oportunidade a irrebatíveis cálculos estratégicos. Mas o facto, inultrapassável, do seu prudente resguardo permaneceu sempre a obstaculizar a qualquer actuação, qualquer movimento, qualquer afirmação. Não é de hoje, portanto, a circunstância de haver muito quem nada faça e também não goste que alguém faça - não vá a acção dos outros lembrar-lhes a sua própria inacção.

Histórias de monárquicos (e não só)

Corre nos círculos mais selectos da internet, animada por elementos da "real associação" de Lisboa, uma petição dirigida aos responsáveis da lista concorrente às próximas eleições municipais de Lisboa que tem à cabeça o Dr. Pedro Santana Lopes.
Apresentam-se os peticionários perante Suas Excelências (vénia...), em estado de comoção extrema e por entre tremeliques de virtuosa indignação, para protestar contra a eventual inclusão do PPM/Câmara Pereira nas listas que têm à frente o Dr. Santana, e onde alinharão naturalmente as gentes do PSD, do CDS e outros companheiros de caminho.
Declaram eles, chorosos e implorantes, que os monárquicos não podem suportar uma tal afronta; Câmara Pereira ofende os monárquicos, é um ultraje aos monárquicos; e que a concretizar-se um semelhante despautério (a renovação do contrato que levou Câmara Pereira ao parlamento, à boleia de Santana) eles monárquicos terão que passar pelo supremo desgosto de não poder votar na lista do Dr. Santana, o que nunca lhes tinha passado pelas excelentíssimas cabeças, nem de certeza passaria, nem sequer como uma remotíssima possibilidade... estão que nem podem, os monárquicos, ainda lhes dá uma coisa, com isso do Câmara Pereira...
Eu confesso que não me afligem nada os desgostos dos monárquicos, nem me interessam as peripécias santaneiras, nem a carreira do artista. Mas esta cena é de arromba: aos monárquicos o que incomoda é o PPM/Câmara Pereira; isso é que não se pode admitir (são os princípios, os princípios!!!). Fora isso, Santana é perfeito. Afaste o fadista infame e a perfeição será completa. Pusesse ele um emblemazinha com uma coroa dourada sobre a lapela azul e todos os monárquicos afixariam o retrato dele em lugar de honra na mais nobre das paredes de seus lares (alguns creio que acrescentariam também a Cinha Jardim, que também é muito distinta, apesar das crónicas sociais há muito terem encerrado esse folhetim).
Seria difícil encontrar melhor demonstração do vazio completo a que chegou a "causa monárquica" em Portugal. Não há ali uma ideia (e há horror a quem as tenha).
(Desconfio que o Rui Albuquerque chegou tarde demais à monarquia...)
Tenho que confessar, a este respeito, que há muitos "direitistas", e especificamente "nacionalistas", que são muito parecidos aos descritos monárquicos: apareça alguém a mexer-se em nome de uma qualquer pretensão direitista, ou "nacional", e surgem eles de todos os lados, interrompendo a sua natural placidez, de dedinho espetado e em fenomenal gritaria, a detectar impurezas, a apontar heresias, a rugir de indignação... reposta a calma, posto um fim à afronta (foram salvos os princípios, senhores!), voltam todos ao remanso de onde saíram e quando chamados lá irão serena e ordeiramente votar no PSD ou no CDS, como a Pátria exige.

quarta-feira, junho 24, 2009

Terras do Carmo

Com todo o gosto assinalo os oito meses do Terras do Carmo, do compadre Carmo Moura, que tem marcado na blogosfera a presença da cidade da Margem Esquerda.
Com um sentir muito alentejano, que calorosamente partilho. Saúde!

Outros pontos de encontro

Só para relembrar (anotem, s. f. f.) que me podem encontrar noutros sítios: Facebook e Twitter. Para quem quiser, claro.

No ocaso do "Sexo dos Anjos"

Um blogue pode ser um passatempo, um entretenimento fútil, um instrumento lúdico, um estendal narcisista. São utilizações correntes, e legítimas.
Porém, no meu caso, desde o início estava claro que não procurava forma de ocupar o tempo, nem pretendia brincar, ou divertir-me, nem, tanto quanto me é possível afirmá-lo, exteriorizar paixões narcisas.
Tratou-se, assumidamente, de um projecto, com objectivos e programa, que visavam concretizar uma ideia de serviço e de missão. Já aqui falei disso, e não vejo motivos, nem falsos pudores, que me aconselhem a não o reafirmar. Para quem saiba ler e se der ao incómodo de verificar os escritos da fase inicial, no Verão de 2003, em que hesitantemente procurava a forma e o registo adequados, tudo estava expresso, explicitado, desde o começo.
O balanço apresenta-se positivo, prestes que estamos a atingir seis anos de presença contínua, na prossecução do rumo traçado em Julho de 2003?
Em termos meramente contabilísticos, o balanço pode dizer-se positivo. É assim, porque colocando num dos pratos da balança tudo o que havia no momento da partida e no outro tudo o que existe agora, e considerando tudo o que se foi fazendo nesse intervalo temporal, obviamente que se constata que o peso está todo a pender para este lado.
Todavia, o balanço é satisfatório? Essa é outra questão, e a resposta também. O balanço não pode deixar ninguém satisfeito. Se não podemos conformar-nos por não existir nada, também não podemos dar-nos por satisfeitos quando o que existe (seis anos passados!) é manifestamente pouco (e frequentemente ruim).
O que faltou, então? Creio que faltou, sobretudo, material. Quero eu dizer, material humano. Com a qualidade necessária.

"Alvorada Desfeita" na SHIP

Jaime Nogueira Pinto brinda-nos, no Jornal I, com um aperitivo para o debate de quinta-feira, 25 de Junho, pelas 18 horas, promovido pelo Núcleo de História Contemporânea do Instituto D. Antão de Almada, sobre o livro Alvorada Desfeita, de Diogo de Andrade, recentemente publicado pela Editora Guimarães.
Os convidados são o Comandante Alpoim Calvão, o Doutor Jaime Nogueira Pinto e o Dr. José A. Lobo do Amaral, e o debate está marcado para a sede da SHIP, no Palácio da Independência.

terça-feira, junho 23, 2009

Lugar aos novos

Sabem os que me conhecem que a minha aspiração sincera desde que me instalei na blogosfera foi a de retirar-me dela por sentir-me cá inútil. Entenda-se inútil por desnecessário, por dispensável e inócuo dado que tudo o que me poderia propor fazer ou dizer estava já assegurado e cumprido por outros, mais e melhores, que me deixassem sem lugar para acrescentar fosse o que fosse...
Com pesar confesso que o tempo foi passando sem que diagnosticasse esse momento (vaidade talvez? Talvez...). Bem queria eu suscitar vocações, despertar outros, chamar gente nova, ver preenchidas as fileiras de modo que me permitisse regressar ao meu canto silencioso com a tranquila sensação do dever cumprido e a alegre esperança de que nada se perdera - para o bom combate...
Há uma geração nova nos blogues que me faz manter o sonho de um momento assim. São exemplos disso o Minoria Ruidosa, O Reaccionário, o Tribuna, certamente outros... Mas não sei. Nestes assuntos, como acontece em muitos, só o tempo é capaz de dar respostas seguras.
Mas que me apetecia ir-me embora, isso é verdade, e cada dia mais.

Esplanada ao Sol

Outro a que não posso nem devo faltar com a minha gratidão: o Esplanada ao Sol, onde o Diogo me tem moralizado com as mais lisonjeiras referências.
O nome do blogue traz-me sempre à memória, velho amador de westerns, o Duelo ao Sol...
Agora, porém, é sobretudo um lugar internético que me lembra a responsabilidade de não desiludir aqueles poucos que encontraram nas minhas palavras a importância que nem eu já lhes suspeitava... tamanha a sensação de inutilidade.
Obrigado, Diogo!

D. Dichote

É o nome de um novo blogue: surgiu o D. Dichote, para substituir outro que se extinguiu.
O autor é o Lory, que sempre honrou este apagado escriba com generosas manifestações de amizade (bem raro e precioso, sobretudo nestes tempos que correm).
Retribuo ao Lory, endereçando-lhe daqui os meus votos de felicidade neste seu caminho a solo.
Insto-o a que persista, sempre e sempre, contra todos os gigantes que obstruirem o caminho, e a vida; e que nunca ceda ao cansaço e ao desalento.
Quando já só nos resta a palavra, prescindir de a usar é assumir a derrota. Coragem!
(D. Dichote)

Conferência na Universidade Lusíada

A comunicação social, contrariando o que está estipulado na lei eleitoral e as directivas expressas da Comissão Nacional de Eleições, trata de forma gravemente discriminatória os partidos políticos fora do arco do poder. Os cinco partidos com assento parlamentar são apresentados aos portugueses como sendo os únicos. Os demais são votados ao esquecimento.
Se a maioria dos portugueses tem razões de peso para se sentir divorciada da política, devido ao péssimo exemplo que os políticos, na generalidade, proporcionam, é igualmente verdade que ignora por completo, por exemplo,a existência do PNR e das suas causas.
A crescente abstenção é o sinal mais visível do desencanto e desinteresse dos portugueses pela política, e ela acaba por ser irrelevante para os partidos instalados, já que, sendo os únicos visíveis e conhecidos, acabam sempre por ter representação com a maior ou menor participação das pessoas.
A esse propósito, a Universidade Lusíada, realiza nesta 4ª feira, dia 24 de Junho, pelas 18.00 horas, nas suas instalações, uma conferência sobre a desigualdade de tratamento dada pela comunicação social às várias forças políticas.
O PNR estará representado pelo Cabeça às Lista às passadas Eleições Europeias, Humberto Nuno de Oliveira.

segunda-feira, junho 22, 2009

Universidade de Verão "Terra e Povo"

No próximo sábado, dia 27 de Junho, decorrerá em Lisboa a primeira Universidade de Verão da Associação Terra e Povo, que contará com a presença de vários oradores de diversos países.
A recepção dos participantes será feita a partir das 10 horas e os trabalhos iniciar-se-ão às 10:30, prevendo-se que terminem às 17:30. As inscrições são limitadas e obrigatórias, devendo ser feitas por correio electrónico ou telefone. O preço é de € 30 e inclui almoço. Associados e estudantes beneficiam do preço reduzido de € 25.
http://www.terraepovo.com/

sábado, junho 20, 2009

Depois de tenaz resistência...

... o João Marchante aderiu ao Facebook!

A nossa grande Pátria comum

De como Eurico de Barros evoca João Ameal, passa por Guillaume Faye e Dominique Venner, para acabar no INCONFORMISTA. A ler, sem dúvida.

quarta-feira, junho 17, 2009

Malfeitorias salazaristas

Excerto do excelente trabalho de Miguel Bruno Duarte, e de Pinharanda Gomes, sobre "os malefícios de Salazar ao Porto":
"Vem no oficial "Dicionário Cronológico de Autores Portugueses": A Faculdade de Letras do Porto foi extinta pela «ditadura de Salazar». Trata-se de um erro cronológico e de um juízo ideológico condenável. A faculdade foi extinta em Abril de 1928. Salazar só entraria para o Governo, e como ministro das Finanças, quinze dias depois."
Pode ler-se na Leonardo - revista de filosofia portuguesa.

Biografia de D. Nuno Álvares Pereira lançada no Quartel do Carmo

No próximo dia 24 de Junho, às 18h30, realiza-se no Comando-Geral da Guarda Nacional Republicana, no Quartel do Carmo, em Lisboa, o lançamento formal e a apresentação da biografia de Nuno Álvares Pereira, de Jaime Nogueira Pinto, editada pela Esfera dos Livros.
A apresentação da obra está a cargo do Professor Doutor Martim de Albuquerque.
Jaime Nogueira Pinto colabora regularmente na imprensa portuguesa (Semanário, Diário de Notícias, TSF e SIC).
É autor de obras de História Contemporânea como "O Fim do Estado Novo e as Origens do 25 de Abril", "A Direita e as Direitas", "Introdução à Política".
Publicou pela Esfera dos Livros, em 2007, "António de Oliveira Salazar – O Outro Retrato", que se encontra já na 6.ª edição, e em 2008 "Jogos Africanos", que se encontra em 3.ª edição.

terça-feira, junho 16, 2009

Partidos e ideologias

(um artigo de Jaime Nogueira Pinto)

Uma leitura ideológica ou política dos programas, projectos e manifestos, e da oratória e prática dos partidos políticos domésticos, revela uma presença de três esquerdas, dois centros e nenhuma direita.
Na esquerda - aceitando que a esquerda é do PS inclusive, para a esquerda - há, ideológica e eleitoralmente três partidos, o PS, o PCP e o BE. O PS é o socialismo moderado, de rosto humano, a social-democracia, o partido nascido à pressão em Bona, em 1973, para se colocar na corrida à ocupação do vazio da esperada agonia do regime autoritário.
Auspiciado pelos socialistas alemães e franceses e pela A.F.C.L.O. norte-americana, então e sobretudo na crise de 1974-1975, o PS foi constituído pela autodenominada oposição democrática, a que os situacionistas chamavam "reviralho".
O Dr. Mário Soares, lançado internacionalmente nos anos 60 com a denúncia à Stern dos escândalos carnais do salazarismo (o caso do "ballet rose") tomou conta da ocorrência. E em 75, na aliança contra o PREC radical, repetiu à portuguesa (em brandos costumes) um cenário de Weimar - a aliança dos socialistas democráticos com a direita militar para parar a revolução.
Os outros dois partidos de esquerda vêm das famílias então vencidas.
Os comunistas, hoje bem longe dos anos de oiro, conseguem ainda resistir numa ortodoxia que os seus homólogos europeus mandaram às malvas. E os bloquistas - uma confederação de esquerdistas e esquerdismos - têm tido a habilidade de convencer a opinião pública, que o seu utopismo, milenarismo e igualitarismo não têm nada a ver com mestres e movimentos radicais e anti-constitucionais que, da Rússia ao México, da Espanha ao Extremo-Oriente, se caracterizaram no século XX por uma extrema intolerância e violência social.
Os socialistas do PS têm a particularidade de pouco ou nada ideologicamente se diferenciarem dos sociais-democratas do PSD; e vice-versa. Pensam à esquerda e governam ao centro. Uns e outros. E o CDS-PP também não se diferencia muito destes ocupantes do "centrão". Sobretudo depois que acabou a Guerra Fria e o anti-comunismo. Isto apesar do socialismo (que não foi reabilitado pela crise?), continuar em baixa.
Sobre a direita ideológica paira a sombra da correcção política anti-salazarista. Porque a II República foi nacionalista e conservadora e "católica", os valores nacionais e conservadores continuaram arredados das agendas políticas, acabando por ser apenas agitados por todos em tempos de aposta eleitoral.

O Dr. Esteves

(publicamos hoje a primeira crónica de um novo colaborador deste espaço, o popular José Silva. Não foi contratação milionária, é mesmo colaboração espontânea, e de borla, mas vem muito a calhar).

Milhares de linhas se escrevem e se lêem sobre os motivos que levam muitos ao descontentamento com a situação política em Portugal. O que é facto é que os descontentes têm de aceitar que essa mesma situação existe porque um dia a apoiaram e ainda hoje a aceitam. Existe igualmente porque, dum modo geral, o seu desejo seria a alteração de pequenos pormenores no panorama, sendo que dum modo geral, a realidade seria a mesma.
Uma verdadeira oposição acarreta, não só a coragem da assunção da diferença e da incompreensão, como também a capacidade de suportar a extrema insegurança proporcionada por um salto no desconhecido.
Como hipótese académica, vamos imaginar uma figura de meia-idade, duma família católica, que não se revê nos partidos maioritários, que se considera de direita, e nutre uma certa simpatia pela monarquia e pelo Estado-Novo. Chamá-lo-emos o Dr. Esteves.
O Dr. Esteves acha tudo isto uma bandalheira. O Dr. Esteves escreve num blog, e troca mails com piadas do Sócrates. O Dr. Esteves janta com os amigos e colegas e comenta o último escândalo. O Dr. Esteves tem saudades da tropa. O Dr. Esteves por vezes vota CDS, e nas restantes (ainda que não o confesse publicamente), vota PNR, e sente-se corajoso.
O Dr. Esteves não é racista, mas compreende que a imigração é um fenómeno a ser disciplinado. O Dr. Esteves não entende para que servem os estádios de futebol e o TGV. O Dr. Esteves acha que os políticos deviam ganhar menos.
O Dr. Esteves sente-se roubado pelos bancos. O Dr. Esteves sente o seu emprego ameaçado.
Um dia, ele enche-se de coragem e pensa.: “É meu dever cívico deixar um país melhor aos meus filhos. Vou meter-me na política”.
Então convence os amigos dos jantares a formar um partido. Um deles faz um logótipo simples, que é para poupar na impressão dos panfletos. Um outro, mais dextro no português escreve. “Há que dizer as verdades, expor as roubalheiras.” Contudo, na parte programática, claudica - Liberalismo económico, nacional socialismo, democracia-cristã, monarquia – todos estes nomes são “direita” mas como posicionar-se? Como conceber um modelo de Estado? Ele sabe que é de direita e que quer acabar com as poucas-vergonhas, mas as aulas de História no liceu já vão longe, e mesmo assim não ensinaram grande coisa.
A coisa sai complicada mas acutilante.
Para espanto dos novos políticos (ou talvez não) o resultado prático não é muito animador. O eleitorado passou ao lado das revelações do Dr. Esteves e dos seus amigos. Mas eles não desistem – afinal dizem a verdade e a verdade é como o azeite – vem sempre ao de cima.
O Dr. Esteves todas as semanas tinha uma sociedade para jogar no Euromilhões e por sorte, ou desígnio divino, saíu-lhe. Para desagrado da família, resolve investir a fortuna na recém-iniciada actividade partidária. Ombreando com os barões da droga e da construção civil, ele faz uma nova campanha eleitoral ao mais alto nível. Contrata um consultor de imagem brasileiro, um maquilhador homossexual e uma tribo de fotógrafos e camaramens. As ruas enchem-se de cartazes a abraçar criancinhas. A sua veia filantrópica aparece em documentários. Há um clima messiânico no ar. É ele que vai endireitar o país. Qual Salazar, qual quê?! Vota Esteves.
E o eleitorado vota. E o Dr. Esteves é eleito. Forma governo. Os amigos dos jantares são agora ministros. Como governar?
Os gabinetes dos seus ministérios estão cheios de inúteis, militantes do PS e do PSD, que foram recebendo os seus cargos como recompensa pelo voto nos últimos trinta anos. Fazem-lhe frente. Cada ordem é recebida ou com excesso de zelo ou com uma greve de braços caídos. O Dr. Esteves não consegue ver executada uma única decisão daquelas que considerava lapidares. O povo chama-lhe hipócrita. Ele concebe uma reforma na administração pública, mas o Orçamento do Estado não permite as indemnizações e reformas que iriam derivar de despedimentos em massa. Fica tudo na mesma.
O Dr. Esteves persiste, mas compreende que sem fronteiras não pode controlar a imigração nem as importações. As empresas pedem-lhe socorro, mas a Europa é inflexível. O Dr. Esteves vê então que não pode gerir a agricultura, nem as pescas, nem a indústria, nem sequer ajudar o restaurante onde jantava com os amigos a ver-se livre de regras estúpidas.
O Dr. Esteves desiste. Tenta reaver o dinheiro que investiu na campanha, num negócio com os chineses. Afinal, ninguém parece querer saber.
Moral da história. Oposição é algo muito diferente do Dr. Esteves.

Compreender o fracasso do Dr. Esteves
É bom imaginar o percurso do Dr. Esteves. Desta forma não teremos de despender energias em vivê-lo, e podemos usá-las de forma mais benéfica para todos.
Porquê então o seu fracasso? Uma resposta precipitada seria: “Porque não o deixaram fazer o que ele queria.” Até certo ponto é verdade, mas vista a coisa de forma mais séria, a culpa está no coração do Dr. Esteves.
Como assim?
Há uma contradição de base no nosso Dr. Esteves. Ele é católico e defende a verdade. Mas no processo, serve-se de um regime partidário que assenta num conjunto de mentiras.
No regime que atravessamos, poucos são os partidos em que a ideologia corresponde à nomenclatura. O marxismo já não faz parte do programa do PS. Bloco de Esquerda é uma designação ambígua e imprecisa: À esquerda de quê? O nacional socialismo é uma esquerda, comparada com o capitalismo liberal. Será o Bloco um Nacional Socialismo? A Social Democracia é incompatível com a crise económica. Se não há empresas saudáveis a quem cobrar, como fazer uma política social? O Partido Popular é tudo menos popular. Sendo o mais à direita com representação parlamentar, poderia facilmente trocar de nome com a UDP que, se tivesse representação, seria um dos mais à esquerda. Criar um partido neste regime, é mentir e participar numa mentira colectiva .
A forma como é conduzido o financiamento dos partidos, obscura q.b., é um acréscimo nessa mesma mentira. Só um hipotético Euromilhões traria honestidade ao financiamento duma campanha eleitoral. Slogans como “Uma Europa forte” não dizem rigorosamente nada sobre que modelo económico é defendido para a dita. Interessa apenas a criação de uma imagem – a possibilidade de cada eleitor mentir a si próprio sobre as suas expectativas europeias.
O Dr. Esteves andou perdido entre as ideologias como quem se perde numa loja de sapatos. Ele queria decisões pragmáticas sem um alicerce ideológico, ou melhor ainda, sem um alicerce moral! O Capitalismo, como é sabido, parte duma base moral judaico-protestante, os socialismos assentam numa base mística maçónica com aparência ateia ou agnóstica, e finalmente existe uma reminiscência do modelo de sociedade orgânica cristã primitiva nas concepções monárquicas. Sendo formalmente católico, o Dr. Esteves não conseguiu fazer a ponte entre a sua Igreja e a sua concepção de Estado.
Quem disse que ser democrata é ser adepto de um regime partidarizado? Quem acha que a organização em partidos de aparência ideológica, mas com base no clientelismo, é a melhor forma de representatividade dos cidadãos?
Resumindo, o grande problema do Dr. Esteves foi a falta de estruturação da sua identidade. Acabou assim por assumir a identidade dos que o rodeavam.

Oposição e identidade
Um Dr. Esteves esclarecido estaria familiarizado com a Doutrina Social da Igreja, e assim não teria de deambolar pelas ideologias dos vizinhos. Compreenderia, através das Escrituras e da Patrística, que uma sociedade não é nem deve ser dividida em classes, segundo o rendimento económico, (e assim todas as definições “populares” acabam sendo falaciosas) mas sim segundo afinidades familiares, laços de fidelidade pessoal, em grupos não de iguais mas de diferentes – na capacidade, na missão e na recompensa.
Compreenderia que esses grupos, diferentes entre eles, mas cooperando entre si nos objectivos, teriam uma representatividade, não atomista e individual, mas orgânica e corporativa. Compreenderia que num sistema de representatividade verdadeiramente democrático, não pode estar em causa a escolha dum modelo de Estado, mas sim, dentro de um modelo de Estado consensual, a tomada de decisões que afectam este ou aquele grupo social.
Compreenderia que a acumulação de tesouros na Terra é destrutiva – é autodestrutiva - e promoveria uma ordem de valores em que a oração e a contemplação sejam tidos como o maior bem.
Finalmente, tentaria preservar o seu país do modelo político e económico oriundo duma Europa que não partilha dos seus valores.
Como?
Depois dessa identidade estruturada, de duas maneiras fundamentais:
1 - Exibindo-a, divulgando-a – no círculo familiar, nos seus jantares entre amigos, em cada contacto pessoal. Associando-se com os que pensam da mesma forma, procurando os pontos em comum que estejam acima de todos os movimentos e associações.
2 - Dando o exemplo na recusa do cumprimento de normas prejudiciais quer a si próprio, na sua integridade cristã, quer ao seu país tido como uma comunidade de cristãos – a não cooperação com este modelo de Estado é a forma mais corajosa e mais eficaz para o derrube do regime que nos desagrada.

José Silva

quarta-feira, junho 10, 2009

Cerimónias do XVI Encontro Nacional de Combatentes

O tenente-general Tomé Pinto acusou hoje os sucessivos Governos de “falta de coragem” no reconhecimento de “coisas tão simples e merecidas” como a contagem do tempo que os ex-combatentes passaram na guerra do Ultramar para efeitos de reforma.
“É simples, é devido e se o não fazem é incompreensível”, defendeu hoje o tenente-general Alípio Tomé Pinto, presidente da comissão executiva das cerimónias do XVI Encontro Nacional de Combatentes, que esta manhã decorreu em Belém, junto ao monumento de homenagem aos mortos em combate na guerra do Ultramar.
Nada mais justo, acrescento eu.

terça-feira, junho 09, 2009

Celebrar o Dia de Portugal

O Partido Nacional Renovador anuncia que, como vem sendo habitual, vai realizar uma manifestação para assinalar o Dia de Portugal, que se celebra oficialmente a 10 de Junho, e cujo feriado este ano calha numa quarta-feira.
O início da manifestação tem hora marcada para as 16h, no Largo Camões em Lisboa, seguindo-se um desfile até à Praça dos Restauradores, local onde estão previstos discursos por parte dos organizadores.
Comemorar a Pátria de sempre por mais miserável que seja o presente, erguer estandartes de esperança quando o silêncio pesado do conformismo e da resignação se abate sobre as gentes portuguesas, abanar as consciências e gritar o nome de Portugal no meio da abdicação generalizada, da desistência ou da fuga de tantos a quem o dever obrigava a levantar-se e lutar, é aos meus olhos um gesto nobre e ousado de uma juventude que se recusa a morrer.
Longe do país oficial e da podridão que, mais do que os corpos, corrói as almas e destrói o espírito, desfilar ao sol de Junho por uma Pátria nova e ideal!
Viva Portugal!

sábado, junho 06, 2009

Dever cívico

quarta-feira, junho 03, 2009

O Ministério Público como polícia do pensamento?

O meu amigo José Pinto Coelho, a quem exprimo publicamente a minha inteira solidariedade, divulgou o seguinte comunicado:

"Conforme é público, encontrava-me com Termo de Identidade e Residência no âmbito de uma queixa-crime apresentada contra mim por parte do Vereador da CML, José Sá Fernandes, em virtude cartaz afixado pelo PNR em 29 de Setembro de 2008, na Praça de Entrecampos. De momento, contudo, tenho já acusação deduzida por parte do Ministério Público, tendo como denunciantes o Vereador Sá Fernandes e a Alta Comissária Rosário Farmhouse.
Quanto a este facto, que configura uma pura perseguição política, pelo simples facto de ter opinião própria e de a manifestar abertamente, tenho a considerar o seguinte:
1 - O Procurador-Geral da República, no início do seu mandato denunciou publicamente a existência de feudos dentro da PGR. Tais declarações levantaram as polémicas habituais sempre que se dizem verdades incómodas, mas pessoalmente nunca duvidei de que tal fosse provável.
Aliás, de momento tenho fortíssimos indícios da existência de tais poderes dos feudos, pois só ela justifica o facto insólito de eu estar acusado, por motivos políticos, por parte da “Unidade Especial de Investigação ao Crime Especialmente Violento” do DIAP, como se a minha conduta alguma vez se enquadrasse num crime e ainda por cima especialmente violento.
2 – Relembro que o cartaz afixado pelo PNR em 29 de Setembro de 2008, na Praça de Entrecampos, com uma mensagem política contra as políticas de imigração, é perfeitamente legal e que se enquadra na livre expressão dos partidos políticos consagrada na Constituição Portuguesa.
Esse cartaz do PNR foi removido no dia 6 de Outubro, pelos serviços camarários, por ordem expressa de Sá Fernandes, num claro abuso de poder, difamação e dano qualificado, movido apenas por motivações político-ideológicas, impondo assim restrições arbitrárias à livre propaganda política de um partido político.
3 – No dia da remoção, o mediatismo de tal atitude, trouxe a público as declarações do próprio Procurador-Geral da República, Pinto Monteiro, segundo as quais, em sua opinião nada havia de ilícito penal na mensagem política do cartaz.
Também os comentadores políticos, Pacheco Pereira e Lobo Xavier, publicamente demonstraram a sua indignação por tal forma persecutória e restritiva dos direitos políticos dos partidos.
4 – Só à luz desta lógica da existência de feudos, com sede de perseguição aos Nacionalistas, se entende como pode ser proferida acusação contra mim, vinda de uma unidade de crime especialmente violento, baseada exclusivamente em argumentação político-ideológica e fundamentada num texto todo ele subjectivo, de juízo de valor e de presunção das minhas intenções.
5 – É este o ambiente de terror e perseguição que se vive em Portugal, embora de forma dissimulada e revestida da mais sórdida hipocrisia.
Em Portugal é efectivamente perigoso ter-se uma voz dissonante daquilo que está estipulado pela ditadura do pensamento, sendo que esta é vigiada, por sua vez, pela ditadura cultural marxista, sendo por isso necessária uma determinação férrea e uma coragem ímpar para se fazer frente aos donos do poder e não ceder às suas imposições.
Face ao exposto, repudio assim veementemente a acusação contra mim proferida e denuncio publicamente a perseguição que configura o facto de um departamento do MP, vocacionado para o crime especialmente violento, se imiscuir em assuntos estritamente políticos, perseguindo-me como se de um criminoso se tratasse.
Afirmo também a disposição de lutar judicialmente contra aqueles que, no campo político e no judicial se movem por perseguições políticas, requerendo a abertura de instrução e o combate judicial até ao fim.
Reafirmo ainda e por fim que, como diversas vezes o tenho dito, nem esta nem qualquer outra perseguição ou obstáculo me farão calar ou retorquir. A minha determinação não vai jamais esmorecer, bem pelo contrário, a cada dia se fortalece mais e ganha novo alento na luta que travo pela causa Nacionalista e por Portugal.

José Pinto-Coelho
2 de Junho de 2009
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segunda-feira, junho 01, 2009

Museu de Arte Popular

...a Petição em defesa do Museu de Arte Popular, em Belém.
Uma causa a acompanhar no blogue Museu de Arte Popular.

Boletim Evoliano

Está disponível o n.º 6 do Boletim Evoliano.

Futuro Presente

Recebi hoje o n.º 64 da revista "Futuro Presente".
Colaboração de Jaime Nogueira Pinto, Nuno Rogeiro, Bernardo Calheiros.
Recomenda-se.
(E fica-se à espera que saia mais vezes).