sábado, janeiro 31, 2009

Ontem e hoje

"Quando nos países em desordem os políticos defendem as suas posições com a criação e distribuição de lugares às clientelas partidárias, praticam ao mesmo tempo um acto imoral e ruinoso para a economia da nação; mas quando, no aperto das crises, os mesmos responsáveis pela delapidação dos dinheiros públicos ou simplesmente pela inconsiderada extensão de serviços apregoam, como medida salvadora, o despedimento de funcionários em excesso, certo é fazer-se confusão entre problemas de moralidade administrativa e a necessidade de reforma do Estado. Quando por espírito de favoritismo pessoal ou partidário, por fraqueza ou mal entendida bondade, corrupção ou ignorância das consequências, se preferem os maus aos melhores, degrada-se a moral do Estado e comete-se um acto grave contra a justiça".

(Salazar, 5 de Setembro de 1928)

Se bem conheço...

... o Manuel Abrantes Pedro deve agora andar a tentar sacar algum ao Sócrates para se manter calado sobre o caso, e aos inimigos dele para falar sobre o mesmo.

Compreende-se

Tornou-se norma entre a classe político-jornalística usar de um tom chocarreiro e trocista quando se alude à imagem de austeridade e de honestidade popularmente associada ao salazarismo.
Entende-se perfeitamente. Numa época em que qualquer um que passe um só ano ministro ou secretário de estado e não surja depois rico como Cresus é visto como sendo tolinho ou incapaz (ou, pior que tudo,como estando afectado ainda por condicionamentos e atavismos salazaristas), não podia ser de outra forma.
Que tempos! Que costumes!

«Força, força, companheiro Vasco, nós seremos a muralha de aço!»

"Apelar para os baixos sentimentos, para os pavores ancestrais, para a ignorância, ardilosamente implantada na população, pelo fascismo, é ser-se antidemocrata, é dar provas de desprezo pelo seu semelhante, pelo seu compatriota a quem foi vedado o acesso à mais elementar manifestação cultural. É, numa palavra, um procedimento de cariz fascista, já que foi abusando da ignorância do povo português que o salazarismo e o caetanismo se mantiveram, autoritariamente, no Poder por tão largos anos. É, pois, de lamentar que homens com quem a revolução deveria contar, que tinham o dever de se encontrar lado a lado com os outros revolucionários, civis e militares, não hesitem em estabelecer alianças de facto com os inimigos que ontem combateram, só com o propósito de quererem impedir que as classes trabalhadoras tomem o seu destino nas suas próprias mãos, esquecendo, até, que, em última análise, e por mais provas de arrependimento que vierem a dar, não se esquivarão, mais dia, menos dia, à sanha dos inimigos do povo português.
Mantendo-me fiel ao princípio de deixar que sejam os outros a cometer as más acções e, também, porque sei que, através da minha pessoa, é o Movimento das Forças Armadas que eles pretendem atingir, não responderei, jamais, aos autores dos insultos de que sou alvo. A cada um a sua moral.
No dia em que se escrever a história destes últimos quinze meses e se trouxer a lume as traças e as manhas de alguns dos seus autores e figurantes, uns cujos nomes andam nas gazetas nacionais e estrangeiras, como paladinos da revolução e da liberdade, outros conspirando nos corredores e nos cantos da sombra, haverá decerto quem fique surpreendido. No entanto, para a grande maioria do nosso povo, a quem não se pode enganar eternamente, a boa-fé, as revelações que se fizerem não serão mais do que a confirmação daquilo que ele já há muito suspeita.

Devo aqui afirmar que vós tendes um Governo feito de patriotas, de grandes lutadores, de autênticos revolucionários, um Governo coeso como nunca houve depois do 25 de Abril. Este Governo é formado por homens de coragem, por homens que não estiveram a perguntar pelos programas, pelas linhas, pelas metas, homens que estiveram prontos a dirigir a sua Pátria no momento de crise.

Não tenhamos ilusões de que, se voltar o fascismo, este será ainda mais feroz (ver o caso do Chile) do que antes do 25 de Abril. Teremos mais ferozes do que antes a PIDE, a Censura, a exploração das classes laboriosas e dos pequenos comerciantes, industriais e agricultores; perderemos a reforma agrária, as nacionalizações, o controle de produção pelos trabalhadores, a liberdade sindical, o direito à greve, o direito de livre associação e reunião, o direito à formação de partidos políticos, o direito à liberdade de expressão e pensamento, etc. Numa palavra, os mais elementares direitos dos cidadãos.
Sim, Portugal vive de novo o perigo do fascismo. A onda de agitação que tem coberto largas zonas do País tem grandes semelhanças com as situações pré-fascistas que se têm vivido na Europa.
É necessário que todos os portugueses democratas, progressistas e patriotas tenham bem consciência dos perigos que atravessamos, e que se unam! Que se unam na defesa das conquistas alcançadas depois do 25 de Abril."


(Vasco Gonçalves, discurso de Almada, 18/8/1975)

Direitices

Há anos, a propósito de uma tentativa de organização, dizia-me um amigo entretanto desaparecido que "a direita só se mobiliza contra a direita". Havia ali ironia, mas muita verdade. Tente alguém fazer seja o que for em nome da direita, e logo legiões de direitistas, em número antes insuspeitado, porque silencioso, saltam para a arena de dedo espetado e fremente a apontar vícios sem conta e a exorcizar o hereje.
Tento ver o lado positivo do fenómeno: a direita não tem quem faça, mas em contrapartida tem muito quem saiba como se faz.
Que não seja por isso, no entanto, que alguém deixe de fazer o que entender que deve fazer. Se resolver esperar pelo consenso dos críticos, está desgraçado. Seja lá o que for que se proponha, o que um achar bestial logo outro acha besteira.
É melhor avançar.

O que a vida mostra

Há pouco, antes do almoço, numa taberna que fica aqui a umas dezenas de metros da minha casa, um dos presentes comentava com alguma indignação na voz que "se eu for ali ao quintal da minha vizinha e roubar umas laranjas, tenho a certeza que vou preso..." Conheço-o de vista, sei que é pessoa de poucas letras e estava notoriamente com os copos, mas muito provavelmente tem razão. Trata-se de pessoa pobre, sem posição em partido ou sindicato de qualquer tipo, e quase certamente se se metesse numa dessas tinha que responder por isso.
O povo vê muito bem estas coisas.

Situacionismo

Estive a passar em revista a imprensa escrita de hoje, e tive que lembrar Pacheco Pereira e o seu "índice do situacionismo". O esforço que fazem o Diário de Notícias e o Jornal de Notícias para contrabalançar a vaga que vai submergindo Sócrates chega a ser patético. Olha-se para aquelas primeiras páginas, as escolhas e as omissões, os alinhamentos e os destaques, e ficamos a pensar se estaremos no mesmo país. Só me lembro de um exemplo parecido, e foi há muito tempo: o "Diário de Notícias" e "O Século" dos últimos tempos de Vasco Gonçalves.
Aquilo já nem é servilismo, é autismo.

sexta-feira, janeiro 30, 2009

Não caso

"O Primeiro-Ministro fez ontem a quinta comunicação ao país numa semana sobre o caso Freeport, que diz que não é caso. Para um não caso, cinco discursos não está mal."
(Jorge Ferreira)

Universidade Independente

O Ministério Público proferiu acusação contra 23 pessoas singulares e três pessoas colectivas, no âmbito do "caso Universidade Independente". Os arguidos são acusados da prática de crimes de associação criminosa, fraude fiscal qualificada, abuso de confiança qualificada, falsificação de documento, burla qualificada, corrupção activa/passiva, corrupção no sector privado, branqueamento, recepção ilícita de depósitos. O MP, em representação do Estado, deduziu ainda pedido de indemnização cível contra cinco demandados, de montante superior a um milhão de euros, promovendo o arresto dos seus bens imóveis.
Esta notícia é importante, sobretudo para os directamente visados mas também para José Sócrates. Apetece-me comentar que não há mal que lhe não venha... A partir de agora, vai ter mais esta dor de cabeça: nem pode fazer nada que possa ser interpretado ainda que remotamente como interferência no processo, nem deixará de estar sob a ameaça e a chantagem de quem quer ver esse problema resolvido. E que não se inibe, tenho a certeza. O que pode surgir daí, há-de ver-se.
PS: Há coincidências diabólicas. O mais certo é que os leitores nem acreditem se eu lhes disser que Manuel Abrantes Pedro - o "empresário" que "intermediou" em Alcochete - e Luís Arouca - o reitor que fez Sócrates "engenheiro" - são dois cromos que eu conheci juntos, numa colecção já muito antiga...

Imagine-se!

Sócrates está ser vítima de "campanhas negras" e de "poderes ocultos".

terça-feira, janeiro 27, 2009

Sócrates mobiliza reservistas

Alguns encaram Marinho Pinto quase como um inimputável, que abre e boca e dispara em todas as direcções sem pensar no que faz.
Não é verdade. O homem pode ser um carroceiro avinhado, um comunista ressabiado pela marcha da história, um ambicioso sedento de promoção social, mas não dispara de qualquer maneira, nem atira em todas as direcções.
Pelo contrário: nota-se muito bem o sentido de todos os seus ataques, e quando ele ataca quase pode ver-se quem lhe escolheu os alvos a fazer-lhe a pontaria.
Nunca tinha existido outro caso destes, de um bastonário da Ordem dos Advogados assumir o papel de agente político do Ministro da Justiça e do Primeiro-Ministro.
Nunca mordeu que não fosse onde estes o mandam morder.
Basta observar os últimos pronunciamentos, a propósito das movimentações policiais, judiciais e jornalísticas do caso Freeport.
Mas se não considerarmos este exemplo, em todos os outros acontece o mesmo...
Seja como for, por estes desenvolvimentos parece que o tal caso Freeport é mesmo assunto importante. Deve ser, tal como o BPN ou o BPP - centros nevrálgicos das negociatas do regime.
Se assim não fosse, o situacionismo não teria recorrido à artilharia pesada que começou a surgir por estes dias.
Nem me refiro ao pobre Silva Pereira, moço de mandados do chefe destacado para a SIC tartamudear explicações toscas perante Mário Crespo.
Estou a pensar nas violentas catilinárias de Marinho Pinto, na diatribe de Nuno Morais Sarmento, armado em porta-voz dos tubarões da advocacia de negócios, e por último na aparição, ou assombração, de Freitas do Amaral, com a esperança sempre latente de que a História ainda lhe vai passar à porta.
Qualquer cego pode ver que estão a alinhar pela mesma equipa. E digam-me lá que "o sistema" não existe..

segunda-feira, janeiro 26, 2009

Para o congresso do PND

A propósito do congresso do PND, que vai decorrer no final deste mês, Manuel Brás escreveu um excelente artigo, que bem merecia ser lido e meditado - sobretudo pelos congressistas a quem é especialmente dirigido, mas não só, já que poderia fazer bem a muito mais gente. Copio-o do sítio original, mesmo sem licença.

Seja quem for

Dentro de uma semana a Nova Democracia escolherá a pessoa que irá substituir o Dr. Manuel Monteiro na presidência do PND. E a nova equipa que a irá ajudar nessa liderança e a conduzir os destinos do partido.
Desejo sinceramente os melhores sucessos à pessoa e à equipa que sair mandatada do 4º Congresso da Nova Democracia para dirigir este projecto político e pôr em prática a sua estratégia.
Seja quem for, a Nova Democracia tem Valores Políticos e um acervo de ideias consistentes sobre o Homem, a sociedade, o Estado, a Nação e a nossa própria civilização.
É precisamente em nome destes valores políticos, destas ideias, da sociedade, da Nação e da civilização, que não podemos ignorar ou iludir a situação de verdadeira encruzilhada nacional e civilizacional em que nos encontramos. E essa situação proporciona-nos uma óptima oportunidade de renovar a agenda política portuguesa, se não nos deixarmos tolher pelo politicamente correcto nem tivermos medo de enfrentar o pensamento único (de esquerda), isto é, se não tivermos medo de assumir uma verdadeira oposição, não apenas de forma, mas, sobretudo, de conteúdo, de ideias, de convicções, de combate político, numa atmosfera politico-partidária completamente viciada.
Seja quem for, não poderá deixar de perspectivar o futuro (talvez pouco risonho) de Portugal à luz do presente declínio demográfico. Ignorar isto e não ver a necessidade de criar uma nova mentalidade que possa dar resposta às necessidades de recuperação demográfica é trabalhar para o imediato e não ser capaz de perspectivar a política e acautelar a nossa própria sobrevivência a longo prazo. Erro crasso dos muitos maus políticos que temos tido, e temos (eles dizem sempre que não puderam fazer nada...), pelo qual estamos a penar.
Seja quem for, não poderá esquecer que, em primeiro lugar, a finalidade de um partido político é criar correntes de pensamento, divulgar ideias, influenciar opiniões e mentalidades, enfim, criar escola mediante uma comunicação adequada. E só depois poderá alcançar o segundo objectivo que é chegar ao poder, ou melhor, a algum poder.
Seja quem for, não poderá deixar de denunciar e combater sem tréguas a ditadura do Estado, deste Estado monstruoso ao serviço da esquerda, que vai desde a pressão que faz sobre a sociedade para corrigir, por força de leis, instituições multisseculares muito anteriores ao Estado, como o casamento, até ao monopólio e a programação ideológica – contra a própria Constituição – do ensino. Esta ditadura cultural e política cria na esquerda a tal superioridade moral e a convicção de que são os donos do Estado, convicção que praticam abundantemente. Dir-se-ia que este Estado é propriedade privada da esquerda.
Seja quem for, terá de perspectivar a economia em função das pessoas, da sociedade e das suas estruturas, da propriedade privada e da iniciativa privada, antes de a perspectivar em função do Estado.
Começa a ganhar consistência a tese de que a crise económica e financeira na Europa será agravada, e terá sido também causada, precisamente pelo declínio demográfico.
Seja quem for, terá de levar à sociedade civil a liberdade e a responsabilidade, e combater por um Estado mínimo que não seja como o actual: forte com os “fracos” e fraco com os “fortes”, em que o crime compensa.

Onde estão as elites portuguesas?

A pergunta é feita em inquérito publicado na edição desta semana do semanário "O Diabo".
Não imagino as respostas, e confesso-me incapaz de responder.

O mais importante

A notícia mais relevante dos últimos tempos é sem dúvida o levantamento das excomunhões que impendiam sobre os bispos da Fraternidade Sacerdotal de São Pio X (e que acabavam por pesar sobre toda a Fraternidade e sobre todos os fiéis que a seguiam), formalizado agora por Roma. Bem sei que foi ignorada por os meios ordinariamente chamados de informativos; mas é essa a verdade, e a omissão só constitui mais um motivo de reflexão sobre o estado actual da poluição mediática que assola a nossa época.
Entre nós, as palavaras justas foram ditas pelo J. Sarto: O fim do princípio.
Subscrevo inteiramente.

sábado, janeiro 24, 2009

O colar do Procurador e outras coisas mais

(um artigo de David Borges de Pinho, para o Correio do Minho)

1 . O Ministro da Justiça continua a surpreender-nos, não sendo preciso socorrer-nos das facécias do Conde ou do Silveira para sairmos do sério. Sempre preocupado com a justiça, suas reformas e ataque às estruturas do passado, convicto de que vai torná-la mais ágil, independente, eficaz e profícua, ACosta continua igual a si próprio, ainda que a tranquilidade e a segurança de um povo se tenham vindo a esvair face ao crescimento de uma criminalidade cada vez mais violenta, sofisticada e perturbadora.
E tudo isto devido às alterações havidas nas leis criminais, com reflexos perversos no combate à criminalidade e acção das polícias, designadamente no que tange a prisão preventiva, prazos e naipe de crimes aplicável, segredo de justiça, investigação criminal e seus prazos, etc., e naturalmente com efeitos perturbadores em toda uma sociedade e sua segurança, sendo que era de se exigir menos acomodação e mais acção do PGR, um «beirão sério» como se qualifica, mas claramente em míngua de intervenção e afirmação, sufragando inócuos silêncios.
Entretanto ACosta continua a pavonear-se em formatos eleiçoeiros, mediáticos e demagógicos, diga-se, como o de ir consoar com presos, a quem quis distribuir seringas mas que lhe fizeram um manguito, impondo-se de todo em todo não esquecer, até pelos seus resultados e profundo significado, a vontade de excluir os políticos dos tribunais de 1.ª instância, uma certa nomeação para os serviços informáticos do MJ, a projectada e badalada venda de cadeias, as propangandeadas mediações na área criminal, a crescente e discutível retirada de certas matérias do âmbito judicial, o eleiçoeiro e popularucho problema das férias judiciais, o novo e questionável mapa judiciário, a apressada e descabelada informatização nos tribunais, aliás a enfrentar virus, falhas técnicas e dificuldades no quadro humano, etc., tudo actos muito discutíveis e questionáveis de uma não menos discutível e questionável acção governativa em termos de eficácia, habilidade e inteligência funcional, como aliás nos mostra a portaria n.º 1537/2008, de 30.12.08, que fixa o modelo de colar “para uso, em ocasiões solenes, do Procurador-Geral da República”.
Uma medida importante esta (!?!), a dum colar composto “de medalhão e corrente, feitos de metal dourado, com o comprimento total de 520 mm”, que irá projectar a figura do PGR, nimbando-a de toda uma solenidade e atributos, apenas se questionando se tal é prémio para um mandato pardacento, anódino, mesclado de certa falência em acção e intervenção, e a viver de acomodações e muitos silêncios.
E uma medida tão importante (!?!), sublinha-se, que projectou e remeteu para segundo plano qualquer preocupação pelo aumento da criminalidade e insegurança, e as necessárias e urgentes medidas a tomar, estas, sim, de todo importantes para o combate ao crime e seus agentes, fazendo renascer a confiança num povo nada interessado em colares mas em acção. Mas isto, crê-se, não preocupa nem perturba o ACosta.

2 . Segundo notícias recentes, Anabela Rodrigues, directora do CEJ, teria bolçado a ideia estapafúrdia de que os magistrados ( referir-se-ia aos auditores candidatos à judicatura) deviam passar uns tempos nas cadeias em ordem a toda uma formação e melhor percepção dos malefícios da pena de prisão em cotejo com as penas não detentivas. Uma extravagante e surrealista sugestão que se nos afigura um mero distúrbio de uma mente pretensamente iluminada dos quadros da «confraria» dos utópicos idealistas e perversos fundamentalistas dos direitos, liberdades e garantias dos arguidos, ou então como insólito resultado de uma noite mal dormida.
No entanto, reconheça-se, tal ideia é compaginável com a política economicista do governo, as pulseiras electrónicas e um certo laxismo punitivo, pelo que não surpreenderia se fosse adoptada. Mas já agora, por que não a alargar a todos os magistrados em funções, juízes ou MP, através dos cursos de formação e reciclagem tão do agrado do CEJ ?
E não se receie qualquer hiato nos casos judiciais e decisões!... Tal será ultrapassado nos usuais programas das manhãs e tardes da TV, piegas, popularuchos, chincalheiros e ridículos em que se escalpelizam vidas e escarafuncham sentimentos, e onde não faltarão pretensos juristas, iluminados comentadores e outros caricaturistas da asneira, tertulianos ou não, a asnear e a bolçar decisões e opiniões.

3 . Oliveira e Costa, o do BPN, entrou mudo e saiu calado do parlamento. Figurando como arguido em processo judicial, e por isso sujeito a determinados direitos e deveres, não é de estranhar o seu silêncio. Até porque é de todos sabido que os inquéritos parlamentares não passam de mero folclore democrático, de todo anódinos e sujeitos ao querer e ditames das maiorias, que aliás condicionam as decisões.
É óbvio que os deputados ficaram desapontados, já que esperavam algumas «dicas» de manifesta utilidade para o termo da sua governação e usual trânsito para administrações de bancos, empresas, fundações, institutos, etc., e onde todos os ensinamentos são importantes. Mas isso nem sequer será problema !...

Primeiras medidas

(um artigo de Nuno Rogeiro, para o Jornal de Notícias)

As primeiras medidas de Obama parecem lógicas e justas, embora impliquem escolhas complicadas. Fechar Guantanamo em doze meses é mais fácil do que em 2002. Já não existe o Campo Raio X, onde centenas se acotovelavam em galinheiros.
Já saíram (para terceiros países, para a liberdade, para outras prisões, ou para novas acções violentas) cerca de 600 dos quase 800 detidos.
A ausência total de normas, de processo, de acusação, foi sendo colmatada com as ainda assim insuficientes, e duvidosas, "comissões militares".
Por fim, o "estado de sítio" na "guerra contra o terrorismo" já não existe, apesar de os grupos extremos terem sido os únicos a ser ameaçados, no discurso de posse de Obama.
Faz assim sentido, ainda mais para um jurista e um ex-professor de direito constitucional, planear o regresso dos EUA à normalidade, nos processos contra a violência dita "política".
Fechar "Gitmo" num ano, rever todos os casos individuais, acolher o princípio de indemnizações e recursos, suspender os procedimentos contra detidos até Maio, são medidas que culminarão numa decisão fulcral: o que fazer às 245 almas que ainda estão em Cuba?
Julgá-las em tribunais americanos comuns? Mas ao abrigo de que acusação, feita por que entidade?
Julgá-los em tribunais militares? Mas sob que estatuto?
Libertá-los? Mas como fazer com os que confessaram - ainda antes de ser detidos - que pertenciam à estrutura da "Al Qaida", e ao seu comando?
Enviá-los para as pátrias que não os querem receber, ou para países onde podem ser executados?
Encomendá-los para terceiros países? Mas como asilados, refugiados, delinquentes sob observação, ou presos preventivos?
Continuar a detê-los como "prisioneiros de guerra", até ao fim da campanha contra o terrorismo? E como se declara e verifica o fim desta?
Por outro lado, a ordem executiva do presidente não contempla aquela que, para mim, seria a solução mais justa: o acolhimento nos EUA de todos os ex-detidos que o quisessem, mesmo que para isso o Congresso tivesse de mudar as leis vigentes sobre imigração e asilo.
As restantes decisões do novo presidente parecem também adequadas, mas intrincadas. Retirar "responsavelmente" do Iraque pode fazer-se, ao ritmo de duas brigadas por mês? O general Petraeus, novo ídolo militar da administração, tem dúvidas.
E o reforço de 30 mil homens no Afeganistão altera os dados no terreno, sobre uma questão que, reconhecidamente, necessita muito mais do que armas, e requer desenvolvimento social e económico, diplomacia e paciência?
Por outro lado, o plano de estímulo económico, pela reabilitação de infra-estruturas, uso de energias renováveis, promoção de diferentes tipos de empresas, presidido, entre outros, por Paul Volcker, pode ser insuficiente, ou "lateral". Christina Romer, que presidirá ao conselho de assessores económicos de Obama, estudou o falhanço de medidas semelhantes, na Grande Depressão.
Por fim, a promessa "ética".
Proibir antigos agentes de influência ("lobbyistas"), ou ex-empresários, de trabalhar e decidir, enquanto membros do governo, em processos que envolvam interesses desses domínios, ou de regressaram a essa faina, durante esta presidência, é bonito, justo e, sobretudo, natural.
Já agora, e sem ser desmancha-prazeres: na equipa Obama, há vários casos - da Defesa à Saúde - que podem necessitar desse reparo, desse crivo, dessa atenção.
Por fim, há um enviado para o Médio Oriente, que ajudou à paz na Irlanda. O mundo agradece.

sexta-feira, janeiro 23, 2009

As eleições europeias

As próximas eleições europeias, previstas para 7 de Junho, poderão ser um momento político decisivo para Portugal.
Difícil mesmo vai ser levar os eleitores às urnas, já que, por razões que nem vale a pena desenvolver, a grande tendência será a abstenção.
Por se saber isto mesmo, a relevância dos resultados para a vida política nacional e a forte atracção dos portugueses pela abstenção, é natural que surjam tentativas para as embrulhar noutras quaisquer, porque, obviamente, servidas de mistura com legislativas perderão grande parte da sua potencial importância.
A circunstância de serem as primeiras dá-lhes à partida forte poder para condicionar a evolução política posterior, nomeadamente as eleições que virão depois.
Raciocinemos pois sem contar com antecipações, apesar de se ouvirem já vozes de vários estrategas a apontar nesse sentido.
É possível que a abstenção castigue fortemente quem está no Governo, porque o descontentamento é geral. E também não parece improvável que penalize o PSD, porque não tem sido melhor oposição do que o PS tem sido Governo. Acresce que sendo Pacheco o candidato certamente Menezes não vota aí e sendo Menezes o candidato será Pacheco a não votar - pelo que de certeza não vai ser nenhum deles, e ainda pode acontecer que nenhum deles vote.
Sucedendo que o PS e o PSD, os condóminos do estado a que isto chegou, sejam os mais desfavorecidos pela forte abstenção, é matematicamente seguro que os outros lucram com isso. Pode beneficiar o BE, o PCP, e o CDS, se cada um deles conseguir arrastar ao voto uma parcela significativa de votantes - que avultará a mais pela existência do elevado nível de abstenção a atingir essencialmente o referido centrão.
Também se abrem janelas de oportunidade para projectos alternativos, para surpresas - num país onde há muito não há surpresas. Mas isto depende, evidentemente, de haver quem tenha unhas, porque sem elas não se toca viola. Faltam só 4 (quatro) meses, se repararem bem. Quem quiser ter sorte, tem que fazer por ela - mas terá que ser já.

Um Presidente para a História?

As análises correntes sobre Obama oscilam desde a afirmação radical de que nada e absolutamente nada poderá trazer de novo, porque está de todo atado ao que está, e os hossanas que cantam o novo céu e a nova terra que despontam com o seu advento.
Tenho olhado com curiosidade e com cautela, e não me tenho aventurado a prognósticos.
É possível certamente fazer demonstrações muito convincentes sobre as teses que cada um adopte, e não vou discuti-las aqui. Mas adianto que não me convencem, talvez por ser demasiado desconfiado.
O que parece notório neste momento é que o homem se julga fadado para deixar uma marca na História.
Qual seja precisamente essa marca, talvez o próprio não saiba dizer. Por vezes as personalidades assim acabam por descobrir depois os seus rumos, sabe-se lá onde e como.
Para chegar onde chegou, tinha que passar por onde passou. Os compromissos, as cumplicidades, as dependências, as alianças, todo o percurso confessável e o inconfessável, não me impressionam grandemente. Agora ele está lá, e de golpe tudo pode ser questionado.
Por vezes penso que Obama traz com ele dados novos, que podem arrastar mudanças até há pouco inimagináveis (mesmo que não seja por vontade dele, ou até apesar dele). Outras vezes admito que possam ser mais fortes os factores de resistência a qualquer mudança significativa, talvez até o empenhamento do próprio...
Julgo que o momento é prematuro para diagnósticos (já nem me refiro a prognósticos); impõe-se todavia estar atento, e recordar mais uma vez que nada no mundo é eterno - a transformação e a mudança são hipóteses sempre à espreita.
Por vezes até o que nos parecia sólido e adquirido desaba subitamente sob os nossos olhos, quando não estava anunciado.

Um Papa para a História?

A imprensa internacional dá como certo que está para breve a publicação da decisão do Vaticano quanto ao levantamento do decreto de excomunhão de 1988, que atingiu Mgr. Lefebvre e os quatro bispos por ele sagrados nesse Verão. É prudente esperar pelos termos da declaração, mas não é demais salientar a importância que essa questão assume - e não só para os fiéis mais apegados ao tradicionalismo católico.
Seria a confirmação da orientação que muitos sinais apresentam como segura, a começar pelo Summorum Pontificum publicado em 2007.
Anuncia-se também para breve a visita pontifícia a Angola. Soma-se à atenção já revelada para com o Brasil. São também sinais bem reveladores de um pensamento para a Igreja Católica do futuro. (É toda a Igreja, obviamente, o que está em causa.)
Um Papa octogenário e visto à partida como meramente de passagem pode vir a tornar-se o protagonista de uma nova era para a Igraja Católica Universal?

quinta-feira, janeiro 22, 2009

Agradecimentos

A Jorge Ferreira e a Samuel de Paiva Pires: muito obrigado.
Enquanto houver amigos para me ler com tamanha generosidade, vale a pena continuar.

Um programa político

Leiam:
"Saír do euro. Fechar as fronteiras à imigração. Restringir as importações. Encorajar as exportações. Levar de regresso os portugueses àquilo que tradicionalmente sabem fazer: texteis, vestuário, calçado, vinho, turismo, agricultura. Cortar energicamente nas despesas públicas, sobretudo as sociais. Reduzir drasticamente o funcionalismo do Estado. Acabar com as múltiplas reformas e as reformas milionárias no sector público. Baixar impostos, sobretudo IRS e IRC. Nacionalizar todos os bancos que recorram ao Estado em situação de insolvência. Criar bancos novos, estatais se necessário fôr. Encorajar a deslocalização das pessoas das grandes cidades (sobretudo Lisboa) para as cidades e aldeias do interior. Manter energicamente a ordem pública. Prioridade absoluta à restauração do sistema de justiça."
Será que Pedro Arroja vai apresentar-se às próximas eleições europeias?

Os portugueses desistiram de Portugal?

Lendo sobre Obama e sobre Sócrates, ou olhando em volta, foi a pergunta que me ocorreu.
Afigura-se que sim - cada um tem que tratar da vidinha.
E todavia temos que esperar que não.
Portugal é um grande mistério.

quarta-feira, janeiro 21, 2009

NUNCA É DEMAIS LEMBRAR OLIVENÇA

Nota informativa divulgada pelo GAO:

Encontrando-se novamente o Presidente do Governo de Espanha e o Primeiro-ministro de Portugal, na XXIV Cimeira Luso-Espanhola, em Zamora, a Direcção do Grupo dos Amigos de Olivença lembra e faz notar o seguinte:
A Questão de Olivença, inquestionavelmente presente na realidade política luso-espanhola, continua por resolver, não reconhecendo Portugal a soberania de Espanha sobre o território e considerando este, de jure, português.
Cada dia que passa torna mais premente que a Questão de Olivença, constituindo factor de desconfiança e reserva que continua a prejudicar o relacionamento entre os dois Estados, com reflexos em áreas relevantes da política bilateral, seja inscrita - com natural frontalidade e sem subterfúgios - na agenda diplomática luso-espanhola.
Nas circunstâncias actuais, em que Portugal e Espanha se inscrevem nos mesmos espaços e alianças, com salutar colaboração em vastas áreas, estão afastadas as razões que tradicionalmente impediram que o assunto fosse discutido de forma adequada e nos precisos termos da Legalidade e do Direito Internacional.
O Grupo dos Amigos de Olivença, com a legitimidade que lhe conferem 71 anos na defesa da portugalidade da Terra das Oliveiras, a pugnar pelo seu reencontro com Portugal, desafia os Governantes dos dois Estados - e, especialmente, o Primeiro-ministro português - a darem início a conversações que, no respeito pela História, pela Cultura e pelo Direito, conduzam à solução justa do litígio.
O Grupo dos Amigos de Olivença, dando voz a tantos portugueses, a tantos oliventinos, apela ao Governo de Portugal para que tome a iniciativa de sustentar sem tibiezas os direitos de Portugal e espera que o Governo de Espanha se disponha a respeitar o Direito Internacional.


OLIVENÇA, TERRA PORTUGUESA!
VIVA OLIVENÇA PORTUGUESA!

Comunicado da Concelhia de Évora do PSD

A CPC de Évora do PSD emitiu um comunicado sobre a situação desta cidade que resolvemos publicar integralmente. Fica consignado que não é por qualquer adesão partidária, mas simplesmente porque o que ali vem escrito é mesmo assim - goste-se ou não (eu gostava que não).

ÉVORA ESTÁ DEMASIADO VULNERÁVEL À CRISE FINANCEIRA MUNDIAL

O PSD de Évora está preocupado com as dificuldades que atravessam as empresas Kemet Electronics e Tyco Electronics, a ameaça de desemprego que paira sobre centenas de trabalhadores e as consequências sobre as suas famílias, secundando a posição da Câmara de Évora no apelo à intervenção do Governo para garantir os postos de trabalho existentes.
O PSD teme que os efeitos da crise financeira mundial sejam bastante violentos e devastadores sobre o emprego em Évora, que corre o risco de observar uma escalada do desemprego sem precedentes nas últimas décadas, afectando principalmente os jovens, mesmo que altamente qualificados, as mulheres e os trabalhadores menos preparados em qualificações profissionais, cujo ciclo pode ter sido iniciado com o encerramento da unidade industrial-têxtil Lee, mas que poderá arrastar-se até ao comércio e aos serviços, incluindo a hotelaria e a restauração.
Évora está particularmente vulnerável aos efeitos da crise por não ter aproveitado as últimas 2 décadas de desafogo económico, apetrechando-se para enfrentar períodos de recessão cuja alternância se adivinhava. As infra-estruturas de apoio ao desenvolvimento da economia, da qualidade de vida e do desporto, tantas vezes prometidas como adiadas, tornam-se mais difíceis de erigir num futuro próximo: o parque de feiras e exposições, o parque desportivo, o parque urbano de lazer, a biblioteca pública, o arquivo distrital, o novo hospital regional, a conclusão das variantes ao trânsito, a recuperação do salão central eborense, entre outras.
Évora tornou-se nas 2 últimas décadas numa cidade de futuro sistemática e repetidamente adiado, onde o desemprego já havia disparado antes da crise que agora vivemos, gorando expectativas de novas unidades industriais na aeronáutica, no comércio e lazer, de novos empreendimentos turísticos que não passam do papel ao terreno, à conta dos quais se prometeu a criação de milhares de novos postos de trabalho, mas que se esfumaram logo que terminaram as campanhas eleitorais.
Em lugar de uma economia local competitiva, dinâmica e diversificada, preparada para enfrentar os efeitos da crise internacional, Évora depara-se com debilidades que não conseguiu corrigir e desafios que não venceu, anteriores e independentes da crise: um Centro Histórico em agonia comercial, um Património da Humanidade em acelerada degradação (reconhecida pela UNESCO), uma animação cultural e comercial incipiente apesar dos novos equipamentos (ex. da Arena onde não ocorreu animação de passagem de ano nem acolherá o prometido Congresso do PS), a crescente degradação da oferta de lazer (ex. dos cinemas),…
A continuada perda de população, o agravamento da desertificação do Centro Histórico, a perda de atractividade cultural de Évora, o deficiente acolhimento turístico, o caótico trânsito e a falta de estacionamento, o crescimento da especulação imobiliária que se prometeu estancar, a diminuição da eficiência dos serviços municipais, são desafios que Évora conta hoje como não vencidos.
Resultam, não da crise financeira internacional, mas sim da ausência de políticas autárquicas audazes e eficazes, que não abundaram nas últimas 2 décadas e que há que incentivar sem mais adiamentos.

Évora, Janeiro de 2009

A COMISSÃO POLÍTICA CONCELHIA DE ÉVORA DO PSD

terça-feira, janeiro 20, 2009

Jornal "O Diabo" na blogosfera

Surgiu um blogue da responsabilidade dos jornalistas do semanário "O Diabo".
Vem atrasado, mas chegou.
Indica um endereço para o qual os leitores podem dirigir sugestões, opiniões ou comentários: jornalodiabo@gmail.com
E solicita expressamente a cada leitor que "escreva, denuncie, reclame"...
Pela nossa parte, acompanhamos o pedido: todos os leitores que pretendam fazer ouvir a sua voz a propósito de qualquer questão que os ocupe ou preocupe, desabafem com os jornalistas de "O Diabo". Não se acanhem!

quinta-feira, janeiro 15, 2009

Prova de vida

Afazeres diversos têm-me impedido de manter o ritmo de actualizações a que os visitantes deste blogue estão habituados. Sinto-me por isso na obrigação de deixar aqui este telegrama, para tranquilização dos que tenham notado a falta.
Fiquem descansados, que não houve azar. Tenho andado por aí...
E continuarei.

quinta-feira, janeiro 08, 2009

"Católico e maçon, será possível?"

Gérard Leroux traduziu, com permissão do autor, o opúsculo "Catholique et franc-maçon, est-ce possible?" de Maurice Caillet.
"Do Portugal Profundo" publicou, com data de 8 de Janeiro de 2009.
Não deixe de ler:
"Católico e maçon, será possível?" - de Maurice Caillet.

quarta-feira, janeiro 07, 2009

Joaquim Paço d'Arcos lembrado na Universidade Lusíada

Até ao próximo dia 17 de Janeiro está disponível na Sala de Exposições da Universidade Lusíada, em Lisboa (Rua da Junqueira), uma mostra documental sobre o escritor Joaquim Paço d'Arcos.
Exortamos os nossos leitores a uma visita, e se não puderem ao menos a uma visita virtual.

(Cortesia do Lory Boy)

terça-feira, janeiro 06, 2009

Persistir e avançar

Em política o desespero é uma estupidez, dizia o velho Charles Maurras. Sabia ele que de um momento para o outro tudo o que parece adquirido pode vir a estar de novo em causa, tudo o que parece estável pode desmoronar-se.
Porque em política o desespero é uma estupidez, o segredo de quem quer vencer é permanecer, insistir, nunca abandonar a luta. A vitória há-de sorrir ao que ficar quando o adversário se cansar.
Não há portanto um momento a perder por parte de quem pretenda marcar posição nesses momentos chave que se aproximam rapidamente. Não há lugar a compassos de espera, a interrupções, a adiamentos. Quem quiser ficar e insistir tem que redobrar já o esforço de organização e de preparação. As batalhas de amanhã têm que travar-se a partir de hoje.

segunda-feira, janeiro 05, 2009

O Inverno Demográfico



http://www.invernodemografico.org./

Compre português!

A principal razão da enorme dívida dos portugueses ao estrangeiro é o facto de terem andado durante anos a consumir acima daquilo que produzem, importando consideravelmente mais do que aquilo que exportam. Cerca de 40% daquilo que os portugueses compram em cada ano é importado (contra cerca de 15% nos EUA).
Por isso, uma companha Compre Português, não custando praticamente nada - uma consideração importante numa crise em que o bem mais escasso de todos é precisamente o dinheiro - traria grandes vantagens ao país. Primeiro, reduziria as importações e conteria a dívida externa. Segundo, permitiria manter empregos em Portugal - um bem que se vai tornar cada vez mais escasso. Terceiro, permitiria manter solventes muitas empresas portuguesas, as quais fecharam portas à taxa de 40 por dia durante o ano de 2008 (e em 2009 vai ser ainda pior). Quarto, seria de molde a restaurar um pouco o orgulho nacional num país há vários séculos erroneamente embasbacado com tudo o que é estrangeiro e fazendo gala em diminuir tudo aquilo que é seu.

(Pedro Arroja, in Compre Português)

O PSD e o futuro

Fora questões de estilo (que também variam no governo, basta substituir um ministro por outro, como no caso da saúde), que medidas este governo tomou que o PSD não tomaria? Actuaria de forma substancialmente diferente na segurança social? na reforma da administração? na questão fiscal? na política externa?, nas questões europeias? na educação? na agricultura? Obviamente que não. O PSD olha para a acção governativa e vê realizados o programa que se propunha e falhou, pelo que as suas inócuas críticas são de pormenor, de oportunidade ou de estilo. Não de fundo. Nem tem nada a oferecer de diferente. Uma sua vitória e eventual governo seria certamente uma mudança de pessoas, mas não de políticas, prioridades ou soluções.
(Gabriel Silva, in O PSD tem futuro? - um, dois, e três)

domingo, janeiro 04, 2009

Blogues de hoje

ODISSEIA

ETERNAS SAUDADES DO FUTURO

sábado, janeiro 03, 2009

Por uma vez?

Apreciando a mensagem presidencial, um dos pensadores reconhecidos na paróquia, Vasco Pulido Valente, escreveu:
"Para lá da crise, sobre a qual repetiu os lugares-comuns da praxe, de que ninguém discorda e toda a gente aplaude, Cavaco, por uma vez, disse o essencial: "Portugal gasta em cada ano muito mais do que aquilo que produz."
Temos assim apresentada como verdade essencial a enunciada no fim: "Portugal gasta em cada ano muito mais do que aquilo que produz."
Francamente não é uma grande descoberta, e desde há muito que é um facto. Muito boa gente vem apontando isso como grave e preocupante, perante a indiferença desdenhosa de quem tem governado - e dos gurus com nome na praça.
Porém, se essa realidade é efectivamente essencial, e negativa, como explicar tantos anos em que as sucessivas políticas foram sempre no sentido de incentivar mais e mais o consumo, até níveis de histeria frenética e desenfreada, e ao mesmo tempo perseguir sistematicamente a produção nacional, obrigando por todos os meios ao abandono da lavoura, à extinção das pescas, ao encerramento das indústrias?
Nunca tinham pensado que o resultado de gastar mais e produzir menos era, inevitavelmente, este que agora constatam?

sexta-feira, janeiro 02, 2009

2009

Segundo todos os indicadores, o ano de 2009 vai ser a continuação do ano de 2008.
Embora cientes do facto, não deixamos de respeitar os bons usos, que são o cimento em que assenta a sociedade, e desejamos a todos os nossos leitores um Feliz Ano Novo.
Se puder ser, que o partilhem connosco.

quinta-feira, janeiro 01, 2009

Sob o Signo da Serpente

"Face ao panorama mundial de crise económica, política e cultural do nosso tempo, a humanidade parece estar prestes a regressar ao primitivismo, senão mesmo à barbárie. Consequentemente, dever-se-á suspeitar da exaltação fantasiosa e caritativa com que, hoje, muitas boas almas advogam todo o tipo de utopias, como a que, na forma de «ideal vazio», passa pelo comunitarismo dos bens, ou, numa palavra, pela realização do comunismo. Triunfando este, será o fim da civilização, pois abolida ficará a propriedade, e, com ela, a personalidade e a individuação."

Miguel Bruno Duarte, em LEONARDO: Sob o Signo da Serpente.