terça-feira, julho 31, 2007

4 anos

Passaram já desde aquela quinta-feira 31 de Julho de 2003 em que aqui surgiram os três primeiros postais.
São 4 anos, e 4580 entradas.
Estou a olhar para tudo tentando situar-me na perspectiva do marciano.

segunda-feira, julho 30, 2007

Olhando de longe: a perspectiva de Marte

E se um marciano curioso aterrasse entre nós e se pusesse a observar, o que via? É desnecessário lembrar que se trata de um observador completamente em branco, ignorante de tudo e de todos.
Com frequência tenho a sensação, incómoda é claro, de que a proximidade e o envolvimento afectam uma visão objectiva e crua do que se vai passando.
Gosto então de imaginar este exercício: tentemos a perspectiva do marciano.
Obviamente que a compreensão do visitante não poderia deixar de ser algo nebulosa e confusa, perplexo que ficaria em face de um mundo estranho.
Mas tentaria entender.
E que veria ele entre os humanos?
Cada um pode fazer um esforço de imaginação aplicando-o aos meios que conhece bem.
Por exemplo, para referir aqui algumas realidades colectivas que de vez em quando afloram neste blogue, o que sentiria ele da nossa blogosfera?
Estou a pensar obviamente naquela blogosfera em cujo círculo este blogue vai existindo, e que até foi motivo de algum debate recentemente.
Huummm...
E quanto a áreas políticas, o que poderia ele ver?
Por exemplo, nas direitas, de que tanto se vai falando, entre fundação, refundação e afundação... Que pensaria ele da nossa direita?
Huuummmmm...
E dos nacionalistas? O por vezes pomposamente chamado "movimento nacionalista"? O que poderia ver o estudioso, chegando de tão longe sem ideia nenhuma? O que acharia ele da tribo?
Huuuummmmmm....

sábado, julho 28, 2007

Faz hoje 4 anos o NOVA FRENTE

Quatro anos depois, uma frente sempre nova.

sexta-feira, julho 27, 2007

Notícias da frente

Uma agência autenticamente revolucionária...

Um forum

Encontramo-nos aqui.

A verdade sobre a falsa direita

Um artigo essencial de Alain de Benoist, traduzido por Rodrigo Nunes, no CAUSA NACIONAL:

Por ocasião do centenário do caso Dreyfus, Jacques Chirac enviou aos descendentes de Emile Zola e Alfred Dreyfus uma carta na qual, lembrando aquele “colossal erro judicial e vergonhoso comprometimento do Estado”, afirmou que Emile Zola “na senda de Voltaire”, encarnaria “o melhor da tradição intelectual”. Obviamente poder-se-ia ironizar sobre a escolha dos autores de quem o presidente francês invocou os nomes. No fim de contas, ambos expressaram ao seu tempo opiniões que hoje se enquadrariam na lei Gayssot sobre o “incitamento ao ódio racial”. Em 1764 Voltaire escrevia no «Dicionário filosófico» que “os judeus são apenas um povo ignorante e bárbaro que há muito une a mais repugnante avareza e a mais abominável superstição a um ódio indistinto por todos os povos que os toleram e graças aos quais enriquecem”.
Quanto a Zola, de «L’argent» à série de «Rougon Macquart», não existe um único estereótipo anti-semita que não tenha feito seu. Mas é claro que não é a estes aspectos que Chirac pretendia aludir.
Longe de ser anedótica, a sua afirmação é no entanto reveladora. Qualquer homem de esquerda, de Lionel Jospin a Alain Krivine, de Robert Hue a Jack Lang, subscreveria voluntariamente a ideia de que Voltaire e Zola encarnariam o “melhor da tradição intelectual” francesa.
Poucos homens de direita, no entanto, seriam levados a comungar desta opinião, mesmo porque sabem bem que Voltaire e Zola passam hoje por grandes antecessores da intelligentzia de esquerda e que os intelectuais de direita dispõem geralmente de outras referências. Na circunstância, Chirac falou, portanto, como homem de esquerda.
Como é isto possível? É-o simplesmente porque, no campo da cultura e das ideias, a direita da qual ele se declara diz regularmente as mesmas coisas que a esquerda. E di-las porque é historicamente saída da mesma matriz filosófica da esquerda, obra da filosofia das Luzes, que no período de dois séculos criou em sequência o liberalismo, o socialismo e o marxismo. É certo que partindo de uma herança comum uma “esquerda” e uma “direita” se foram progressivamente diferenciando. Mas é sobretudo no âmbito económico e social que as suas diferenças se afirmaram, porém muito mais pela escolha dos meios que pela determinação dos objectivos. No campo cultural e intelectual falam quase em uníssono. Demonstrou-o mais uma vez, a seu modo, a recente polémica sobre o «Livro Negro do Comunismo»: se tantos comentadores se empenham hoje em distinguir a “bondosa” inspiração do comunismo dos seus sanguinários êxitos é porque aquela inspiração não se diferencia fundamentalmente das suas.
Declarando-a “boa” não nos demonstram a sua justeza. Limitam-se a confirmar poderem-se reconhecer nas ideias que o sustiveram.
“O problema permanente da direita e a fonte do seu mal-estar actual” escreveu Jacques Juliard, “reside no facto de que os seus valores de referência continuam a pertencer originariamente ao outro campo”. Ernst Jünger já o havia observado em 1945: “tem sido a esquerda a submeter a si a direita há mais de cento e cinquenta anos, não o inverso.” É absolutamente exacto, e é na lógica das coisas, a partir do momento em que aquela direita nasceu à esquerda. Tendo nascido à esquerda, com a ideologia dos direitos do homem da qual essa se reclama, não pode alimentar-se, sem mal-estar, nem da sua identidade nem do seu passado. E tendo nascido à esquerda sofre de um défice permanente de legitimidade. Tendo nascido à esquerda não pode fazer mais que colocar-se ao centro, um centro no qual, por sua vez, a esquerda, recuperada das esperanças revolucionárias e agora convertida ao reformismo social-democrata, se insere cada vez mais, com a consequência dramática de que este grande bloco central rejeita os descontentes impedindo uma verdadeira alternância.
É verdade que os conceitos de direita e esquerda nas mentalidades estão hoje ofuscados.
Mas, se se ofuscam, isto acontece precisamente porque os grandes partidos que lhes envergam as cores têm tomado progressivamente consciência da inconsistência daquilo que os separa.
Actualmente não há nada de substancial que diferencie os seus valores. As suas escolhas aproximam-se, os seus programas movem-se em direcção ao centro e a opinião prevalecente é que dizem todos mais ou menos a mesma coisa.
Ainda ontem pensavam pertencer a famílias diferentes. Hoje percebem que apenas foram inimigos irmãos, que podem ainda polemizar sobre este ou aquele ponto mas fazem espontaneamente – com toda a naturalidade, sentir-se-ia dizer – frente comum para demonizar e rejeitar para o tenebroso extremo qualquer direita que seja uma direita verdadeira, com referências próprias, os seus autores, a sua antropologia, a sua própria sociologia, a sua própria visão do mundo, do homem e da sociedade.
É claro: como sempre existiram várias esquerdas, assim existem várias direitas: uma direita contra-revolucionária e uma direita revolucionária, uma direita republicana e uma direita monárquica, uma direita nacionalista e uma direita federalista, e assim sucessivamente. Mas pelo menos essas têm um ponto em comum: são direitas verdadeiras. A declaração de Jacques Chirac vale como sintoma, já que permite perceber a que direita ele pertence.
Chirac pertence àquela direita que reprova as orientações económicas da esquerda
mas que se escusa a contestar as suas orientações intelectuais e ideológicas. É uma direita que, no fundo, partilha a visão do mundo da esquerda, contentando-se em substituir a solidariedade pela apologia do lucro. É uma direita de esquerda. Em suma, não é de facto uma direita.

quinta-feira, julho 26, 2007

Sobre Almada Negreiros

As lembranças de António Manuel Couto Viana.

O fim da era do petróleo?

E se o petróleo estiver mesmo a acabar?

Manifesto europeu em defesa da instrução e da cultura

Um apelo em defesa da cultura europeia: http://www.sauv.net/meuro.php

Nós, abaixo assinados, professores, intelectuais e cidadãos preocupados com a situação do ensino e da cultura no seio da União Europeia,

PROCLAMAMOS AO PARLAMENTO EUROPEU

1. Que os agentes dos sistemas educativos devem ter como objectivo principal a promoção do mais alto nível cultural possível na população em geral, não se contentando pois em animar a simples escolarização de um determinado grupo etário. A fim de tornar o ensino eficaz, devem ainda incutir o valor do esforço individual e o respeito pelo professor. Que o sistema educativo deve ser orientado para uma avaliação dos conhecimentos disciplinares efectivamente adquiridos por cada aluno.
2. Que para esse fim se torna indispensável dar aos alunos bases suficientemente sólidas desde o início da escolarização. Da mesma forma, a elevação do nível cultural da população exige um reforço da aprendizagem científica e literária no Ensino Secundário.
3. Que a imposição, por parte de certos Estados, de políticas educativas baseadas na incorrectamente denominada “pedagogia moderna” e em noções como o “construtivismo” (que, sob uma aparência de inovação, escondem o desprezo pelos elementos fundamentais da aprendizagem e consequentemente pelos alunos, que deles ficam privados) não terá outro efeito que não seja destruir a transmissão de conhecimentos.
4. Que assim se torna necessário estabelecer uma clara diferença entre o Ensino Primário (instrução nos domínios fundamentais) e o Ensino Secundário (reforço significativo dos conhecimentos científicos e literários). Que o Ensino Secundário deve ser reconhecido oficialmente em todos os países da União Europeia, ter duração adequada e constituir uma identidade própria, representando bem mais do que um simples patamar de acesso à Universidade ou aos Estudos superiores de Formação Profissional.
5. Que, finalmente, a homologação dos conhecimentos nos diferentes estados membros se deva apoiar na sua avaliação individual por professores e Estados através de provas gerais no fim dos ciclos secundários.

Por conseguinte, nós abaixo-assinados

Apresentamos ao Parlamento Europeu a seguinte petição:

O Parlamento Europeu deverá pressionar os Estados membros no sentido de:

Ter em conta as propostas educativas dos professores, únicos e verdadeiros profissionais do ensino, a todos os níveis académicos, em vez de os sobrecarregar, muitas vezes em detrimento da sua própria liberdade pedagógica, com a incessante programação de actividades inúteis. Promulgar a legislação necessária para que sejam devidamente respeitados.
Dar prioridade à instrução nos saberes elementares, tais como a língua oficial do país e as matemáticas desde o início da escolarização. Favorecer a aquisição eficaz dos conhecimentos associados a estes domínios, garantindo nomeadamente os horários necessários à sua aprendizagem.
Garantir, ao longo de todo o Ensino Secundário, uma formação em ciências e em letras que favoreça o conhecimento europeu tradicional e partilhado e que assegure a formação crítica no espírito iluminista, contrariamente ao preconizado na “estratégia de Lisboa”, que reduz a escola a um serviço e o saber a um conjunto de “competências” parcelares.
Garantir, no quadro da convergência europeia, um grau comum de Bacharelato, com uma duração preparatória mínima de três anos, cujo diploma seja homologado pelas Administrações educativas através de um exame directo dos conhecimentos dos alunos, independente dos seus estabelecimentos de origem e do seu controle continuado.

COMMEDIA


A todos toca a tentação blogueira: veja-se COMMEDIA, de Manuel Varella.
Veja-se também aqui, no Louvaminhas.
Ou aqui, de poeta em poema.
Na foto, saudosa, o primeiro número da "COMMEDIA - folha de poesia e crítica", que em Coimbra se fez, lá por 1966.
Com direcção de José Valle de Figueiredo, capa de Leandro Morais Sarmento, e maqueta de Manuel Varella.
E com poemas de Goulart Nogueira, José Valle de Figueiredo, Luís Pignatelli, Manuel Varella, Rodrigo Emílio e João Bigotte Chorão.

quarta-feira, julho 25, 2007

Much Ado About Nothing ?

Informou a Procuradoria-Geral da República que dos 56 inquéritos abertos por suspeita de corrupção desportiva no âmbito do processo Apito Dourado, a equipa de Maria José Morgado concluiu 53, 20 dos quais resultaram em acusações.
Dos 56 inquéritos, 32 foram arquivados e 20 resultaram em acusações, três ainda estão pendentes e um foi incorporado noutro.
Recapitulando, para que não passe despercebido: dos 56 inquéritos houve 32 que já tiveram despacho de arquivamento, um teve baixa por ter sido integrado noutro, três ainda estão pendentes, e 20 tiveram despacho de acusação.
O balanço suscita-me as maiores apreensões (e confirma a impressão que desde o início me causou o folhetim em questão).
Quantos dos tais 20 inquéritos acusados, ou dos 23 por arquivar se somarmos aos 20 acusados os 3 ainda pendentes no MP, ainda subsistirão daqui por uns meses, ou um ano?
As acusações deduzidas estarão em condições de resistir à fase de instrução que os arguidos acusados irão obviamente requerer?
O artigo 283º do CPP dispõe que o Ministério Público deduz acusação apenas se durante o inquérito tiverem sido recolhidos indícios suficientes de se ter verificado crime e de quem foi o seu agente, considerando-se suficientes os indícios sempre que deles resultar uma possibilidade razoável de ao arguido vir a ser aplicada, por força deles, em julgamento, uma pena ou uma medida de segurança...
Foi este o caso? Os indícios probatórios existentes foram avaliados de forma criteriosa, concluindo-se que existem hipóteses razoáveis de sustentarem a acusação em julgamento?
Ou as vinte acusações foram alinhavadas à pressa porque o tempo a isso obrigava, e era preciso mostrar serviço?
Por outras palavras, as acusações têm pés para andar ou são só para exibir aos jornais?
Se os 20 processos assim acusados vierem a ser arquivados por o juiz de instrução constatar que as acusações carecem de um mínimo de prova que as suporte... o arquivamento já não será da responsabilidade do MP, ou da "equipa de MJM"... Pois é. Chuta para a frente e logo se vê.
Tenho as maiores apreensões, repito. Não porque a corrupção não exista, acreditem-me. Simplesmente porque o foguetório e o frenesim político-mediático nunca substituiram o trabalho sério e ponderado - nos processos...
E depois, quando tudo desabar fragorosamente, as coisas ficam piores, muito piores.

Entrevista com FSantos, autor do blogue "Horizonte"

Outra, tirada do NOVOPRESS:

FSantos tornou-se uma personagem ilustre do círculo de blogues nacionalistas. Começou como dedicado comentador, até que fundou o seu próprio blogue, o “Santos da Casa”. Depois de várias mudanças de servidor e uma pausa para reflexão, abriu o Horizonte. Provocou há poucas semanas acesos debates quanto ao papel e o caminho a seguir pela “área nacional” da blogosfera. Fomos conversar com ele para saber mais sobre o universo blogosférico.

1) O FSantos deu recentemente o alarme quanto ao desfalecimento da chamada “área nacional” da blogosfera. Não considera que o desmorecimento da blogosfera tem sido um fenómeno global?
Para ser sincero não leio muitos blogues de outras áreas políticas, à excepção da Grande Loja, do Arte da Fuga e Insurgente, mesmo esses sem carácter de regularidade. Cingindo-me à área nacional, constato um esmorecimento muito grande, talvez pelos motivos aduzidos no meu postal sobre o tema: formação de “quintinhas”, aversão ao debate profícuo e respeitador das opiniões dos outros. Mesmo os blogues que se dedicavam à divulgação de textos têm-no feito com muita parcimónia, em parte porque alguns dos autores divulgados são reputados por muitos como “do passado”, ou seja, incorre-se na mesma atitude da esquerda e dos progressistas em geral: busca de novos paradigmas sem grandes referências ao passado, aos bons exemplos. Aliás o que é frequente é que se retenha do passado os maus exemplos!
Possivelmente o esmorecimento da blogosfera tem menos a ver com diminuição de combatividade que busca de formas alternativas de divulgação da ideia nacional, de que o Novopress é um bom exemplo.
2) Até que ponto os blogues são importantes no combate cultural nacionalista?
Se virmos os milhares de postais publicados em quatro anos, as informações difundidas, as ideias expostas, os autores divulgados, constatamos que o seu papel tem sido inestimável. Como escreveu o nosso confrade Manuel Azinhal, com os blogues pela primeira vez em várias décadas foi possível à direita nacional expor ao público as suas ideias, mostrar-se, dar sinal de vitalidade.
Os blogues serão uma das armas de combate nacional. Quantas mais surgirem, melhor: revistas digitais (o papel parece ser, para já, um sonho), páginas de informação, fóruns, espaços de debate, tertúlias, convenções (vem aí a Convenção Nova Frente), são formas de combate nacionalista válidas e que devem ser estimuladas. As Edições Falcata são também um bom exemplo de divulgação cultural e política.
3) Por onde passam as soluções para a blogosfera “nacional”?
Os blogues colectivos são apontados regularmente como uma solução para a falta de visibilidade dos blogues nacionais, sendo um facto que entre os mais lidos destes não se contam mais de 200-250 leitores diários. Mas não creio que resolva o problema, a experiência que temos de blogues colectivos na nossa área não é entusiasmante. Não há soluções mágicas, há sim que estimular os mais novos a entrar no combate das ideias, a forma de o fazer será a escolha de cada um.
4) Considera que existe um défice de formação no meio nacionalista em Portugal?
Responder “sim” seria fácil mas eu creio que a “nossa gente” tem uma cultura bastante apreciável, não só da sua área como de história, literatura, etc. E, pese o preconceito de sectária, é mais aberta a conhecer as ideias dos outros que o inverso. É muito mais fácil encontrar alguém do nosso campo a elogiar um escritor comunista ou um músico judeu que um indivíduo de esquerda a reconhecer a genialidade de um Céline ou a singularidade da poesia de Rodrigo Emílio. Claro que há fanáticos que criticam tudo o que não entre na sua cartilha mas diria que a inquietação intelectual, a curiosidade, a ânsia do saber, são apreciáveis na nossa área. Talvez por sermos poucos e estabelecermos sólidas redes de intercâmbio de autores, informações, sites…
5) Na sua perspectiva, a actividade partidária nacionalista é importante? Até que ponto os blogues podem ser uma ferramenta útil nessa actividade?
Sendo um indivíduo avesso ao combate partidário na medida em que este implica cedência à prática da divisão nacional, em vez de se buscar a união, não retiro mérito a quem envereda por essa via, admirando a combatividade de que tantas vezes dá mostras. A questão essencial é se por essa via se combate o sistema ou se se está a cair na sua armadilha, trazendo para o seu redil e mais facilmente a deixando controlar a verdadeira oposição. Não tenho uma fórmula mágica sobre o tema, que aliás tem sido alvo de uma interessante troca de opiniões no Pasquim da Reacção e na Gazeta da Restauração. No limite, todos os meios que permitam promover a defesa da Nação num contexto que lhe é dramaticamente hostil são não só legítimos como bem vindos.
6) Como avalia o trabalho desenvolvido pelo portal Novopress?
Trata-se de um projecto muito válido, difundindo ideias, autores e temas da actualidade geralmente filtrados pelos media. Não arvora uma concepção de nacionalismo, antes tenta congregar as várias tendências não num sentido de amalgamar mas de divulgação das mesmas, o que é louvável. Leio por lá coisas que não me agradam especialmente, leio outras com que concordo - e recomendo a todos que por lá passem.
7) Muito obrigado pela entrevista. Alguma consideração final?
Quero agradecer esta oportunidade de expressar as minhas opiniões sobre temas que interessam a todos os nacionalistas e patriotas. A minha experiência no “meio” tem tido momentos muito gratificantes e também surpresas desagradáveis; tem-me permitido enriquecer as minhas amizades com pessoas extraordinárias; tem-me dado acesso a alguns autores e factos históricos que ou ignorava ou conhecia mal; tem-me permitido expressar as minhas próprias ideias e escutar o que é que os outros têm a dizer a esse respeito. Somos realmente poucos e devemos reflectir sobre o facto de haver muitos portugueses preocupados com o destino da Pátria e que não se reconhecem em quem mais a defende intransigentemente; por muito tempo refugiámo-nos na “desculpa” da censura e da caricatura que políticos e media de nós fazem, falta aprofundar a reflexão sobre o que é que tem corrido mal da nossa parte.

Agora, a parte das perguntas rápidas, às quais pedia para responder no mais curto espaço possível:
Alameda Digital - É um exemplo de como se pode fazer divulgação cultural e crítica num sentido pró-nacional sem cair na armadilha do radicalismo. Nela colabora muita gente de grande cultura, talento e sentir nacional, podendo eu orgulhar-me de com eles compartilhar esse recomendável espaço.
Metapedia - É um projecto interessante embora mais uma vez pareça ser um decalque de um modelo estrangeiro. A tendência identitária parece-me prevalecer, há que enriquecer o site com o contributo de todos.
Horizonte - É um blogue que nasceu por pressão de leitores e amigos quando decidi encerrar o “Santos da Casa”. Não tem a vitalidade deste, procurei fazer um espaço mais virado para a reflexão e as artes, menos preso à actualidade, sem abdicar do combate nacional. Os leitores que julguem.
Último Reduto - Ter conhecido o Pedro foi uma das grandes satisfações da minha incursão blogosférica. Ainda por cima é pastel sofredor, como eu! Foi o primeiro blogueador com quem entrei em contacto. O blogue perdeu fulgor mas quando o autor tem tempo para escrever delicia-nos com a sua prosa penetrante, inteligente e extremamente divertida.
Nova Frente - Foi com o Bruno que travei as mais saudáveis polémicas na blogosfera, não porque estejamos em posições antagónicas mas pela sua predisposição em discutir temas tão variados como o iberismo, a acção dos partidos e o interesse das obras do escritor hoje desconhecido Luís de Araújo! O BOS é, com o Dragão, a pena mais inspirada dos blogues lusos. Aqui e ali parece-me demasiado radical (ou expedito) a fazer juízos de valor, é o seu estilo, é a sua maneira franca de actuar.
Sexo dos Anjos - Com os dois anteriores formava o triunvirato que tanta gente inspirou a criar um blogue - na qual me incluo. Deles se distingue pela maior experiência de vida do autor, já mais calejado nestas lides. É um exemplo de perseverança e de incentivo a muitos blogueiros, não se coibindo de sugerir melhorias, comentários ou temas a considerar.
Fascismo em Rede - É o blogue que mais mudou neste quase quatro anos. Começou por ter uma postura desafiadora, irónica; estimulou a abertura de blogues, a criação de uma rede nacional; deu-nos páginas de memórias muito interessantes; divulgou n textos de autores de referência no nosso campo. Há um ano que praticamente se limita à divulgação de espaços nacionais e estrangeiros, de eventos, de acções políticas. Por essa via passou a ser um blogue pouco comentado.

terça-feira, julho 24, 2007

Entrevista com o Corcunda, autor do "Pasquim da Reacção"

E agora uma produção NOVOPRESS:

O autor do blogue Pasquim da Reacção (ver sítio), que se tornou uma referência da defesa das tradições na blogosfera portuguesa, não se encaixa nos estereótipos habituais. Jovem a terminar o doutoramento, o Corcunda pratica surf e diz-se que é adepto de boas jantaradas. Fomos entrevistar esta enigmática personagem para saber mais sobre as suas opiniões e forma de ver o mundo.

1) Como se define politicamente o Corcunda?
Sou um “comunitarista”, no sentido em que acredito que os homens apenas conseguem realizar a sua função neste mundo, inseridos numa comunidade política que visa a prossecução de finalidades colectivas e não de uma qualquer cosmopolis que dita regras abstractas. Uma comunidade política como Portugal, com uma História e com tradições antigas – o que é, de facto, uma Nação – comporta um determinado número de obrigações e possui como elemento essencial uma identidade narrativa que enquadra os que participam dessa existência comum na realização da Justiça, a ordenação da comunidade e da Virtude, a ordenação da alma humana no sentido do Bem. Para tal, e para que esse Bem não seja meramente uma expressão dos interesses da comunidade, há que compreender a estrutura da Realidade, daquilo que é superior ao humano e que dita o seu lugar no Mundo. O Cristianismo é essa compreensão do Mundo, que incorpora, ao contrário do que se apregoa por aí, Filosofia – o sacrifício de Sócrates – e a Religião – o sacrifíco de Deus na Cruz.
Resumindo a coisa a “ismos”, como forma de simplificar, serei “nacionalista”, porque acredito que os homens se realizam e compreendem na comunidade e que tal só pode ser realizado pela compreensão das tradições, que são a verdadeira identidade de uma Nação – daí o meu “tradicionalismo”.
Como acredito que uma comunidade deve estar virada para a realização do Bem, da Justiça e da Virtude, o Cristianismo, não sendo uma ideia política, desempenha também um papel importante na política.
2) De que forma podem os católicos tradicionalistas chegar aos jovens?
O Tradicionalismo Católico chega através da Igreja e de algumas entidades que lhe são associadas e da educação e cultura que esta consegue inculcar na sociedade.
Por seu turno, há um conjunto de valores políticos que o Cristianismo implica e que podem ser partilhados por não-Cristãos, como é o caso da “ética de virtude”, da vivência das tradições, da defesa da concepção orgânica da sociedade, dos valores da Família, dos valores nacionais, da compreensão da “liberdade ordenada”. O “tradicionalismo”, enquanto ideia política não se restringe sectariamente (como o fazem as ideologias) aos Católicos, dirigindo-se a todos os que acham que há valores civilizacionais que devem ordenar as comunidades políticas.
Mostrar aos jovens a forma como as sociedades se degradam na medida exacta em que decidem abandonar o caminho dos valores e da perseguição do Bem Comum, substituindo-os por bens individuais, é o único caminho. Em todas as sociedades os que estão dispostos a fazer esse diagnóstico e a viver segundo esses princípios são sempre poucos. A capacidade destes encontrarem formas inventivas de cativar os “muitos”, sem sacrificar o essencial, determina quase sempre a qualidade da comunidade política. Boa escrita, boas ideias, espírito de serviço, preserverança e alguma coisa importante a dar a uma parte significativa da sociedade, são indispensáveis a todas as concepções políticas…
3) Analisando o actual processo de perda de valores, considera que estamos a chegar a um ponto de não-retorno, ou ainda há solução?
O problema dos nossos dias não se encontra, ainda, na inexistência de caminhos para a recuperação espiritual. Existe ainda o Cristianismo, doutrina, livros, história e algumas tradições… Leo Strauss, que muitos conhecem através de uma corruptela da sua obra a que se chama habitualmente “neoconservadorismo”, diagnosticou bem o problema da Modernidade. O problema do “totalitarismo” não está nas proibições e restrições que os governos impõem, mas num conjunto de ideias que impedem que os homens pensem o certo e o errado. Conseguido isso, o homem torna-se um animal, incapaz de compreender algo superior aos seus desejos, prostrando-se incondicionalmente aos políticos a troco de um prato de comida.
É a história do nosso presente… Hoje apregoa-se muito o pluralismo e, no entanto, as propostas políticas são todas iguais (mais Estado, direitos laborais, Democracia, igualitarização material, regulação…)!
Combater a ideia de que tudo é igual ao seu oposto, é manter a escada da racionalidade. Se o “relativismo” vencer à escala global, resta a Providência. Enquanto houver Fé e Razão, há Esperança. Depois disso…
4) Considera que existe no mundo algum movimento organizado com o objectivo de destruir antigos valores tradicionais?
Há muitos, mas essa é a Natureza do nosso Mundo. O problema não está no Erro, mas na ideia de que o Erro não existe, que o ambiente intelectual contemporâneo quer fazer crer. Há muitas instituições e pessoas bem-intencionadas que o defendem. O inferno está cheio de boas intenções…
Não há uma inteligência humana por detrás dessa ofensiva e se esta é concertada, mas é certamente a expressão de uma tendência que existe no Homem que o afasta da sua realização.
5) Qual a opinião que tem da utilidade dos blogues no combate cultural tradicionalista?
Fundamental. Não vejo outro meio onde se combine a acção doutrinária, a análise da actualidade, a interactividade entre os leitores e os autores, em tão boa medida. Foi através do blogue A Casa de Sarto e dos seus autores JSarto e Rafael Castela Santos, que o meu Catolicismo difuso se tornou mais preocupado com a ortodoxia. Não é coisa pouca…
6) Não pode ser um pouco antagónico ser católico e nacionalista? Recorde-se que Charles Maurras e a Action Française sofreram excomunhão, enquanto os integralistas portugueses nunca foram vistos com bons olhos pela hierarquia católica portuguesa.
Enquanto o “nacionalismo” não for ideológico e a Nação ocupar o seu legítimo lugar na ordem das coisas, a Igreja nunca terá a opor. É parte essencial da Doutrina Cristã a ideia de que a natureza humana só se realiza na comunidade política. Se olharmos para a nossa Nação, geneticamente Cristã, veremos que a sua construção vai de mãos dadas com a Religião. Estranho seria para os construtores da Nação Portuguesa, imaginá-la desligada dos valores da Cristandade! Essa é a Nação e o “nacionalismo” que me interessa. O erro condenado, e bem, pela Igreja em certos “nacionalismos” (ao contrário do que muitas vezes se diz, não há um nacionalismo, mas muitos) é a ideia da sua supremacia ou independência em relação à Moral e à Verdade. A ideia de que um Estado não tem de possuir uma ordenação moral e que são as suas conveniências, dos seus líderes ou membros, que ditam o que é moral ou imoral, o que é justo ou injusto, é uma ideia que conduz aos “totalitarismos” e outras doenças espirituais. É precisamente essa preocupação o que me afasta dos movimentos nacionalistas actuais
7) Obrigado pela entrevista. Alguma consideração final?
Apenas agradecer o vosso interesse nestas “verdades vencidas”, que não dependem de números, apoiantes, que não são apelativas para o Mundo Moderno, por não serem imediatas e de fácil apreensão.

Como é habitual nas entrevistas Novopress, algumas perguntas rápidas às quais o Corcunda deve responder com o mínimo indispensável (se possível algumas palavras apenas):
- Motu Proprio
Um passo importante para o reencontro da Igreja com a sua identidade.
- Teologia da Libertação
A prova de que nem todas as formas de pensamento que mencionam Cristo são Cristãs.
- Monarquia
A melhor das formas de Governo quando verdadeiramente monárquica e não como o sucedâneo “desnatado” que não protege a Nação contra a ditadura das maiorias.
- Bento XVI
A grande esperança na Restauração do Mundo. Talvez a única…
- Neo-paganismo
Como disse Chesterton, “Quando as pessoas deixam de acreditar em Deus, não passam a acreditar em nada – acreditam em qualquer coisa”.

Bola de neve, ou arrastão

Foi agora notícia a aprovação na Assembleia da República de uma nova versão do estatuto dos deputados em que foi introduzida a novidade de cada deputado passar a dispor de "assistente individual".
Importa recordar, para que não se pense que os senhores deputados andam por lá a tirar as fotocópias de que precisem ou a meter no correio as cartas que decidam enviar, que os deputados têm à sua disposição, para aquilo que precisarem, o secretariado dos seus grupos parlamentares, com os respectivos assessores e técnicos, e que podem também recorrer aos serviços de apoio técnico da assembleia, constituídos por funcionários do quadro da Assembleia da República. Muita gente, e bem paga.
A inovação do "assistente individual", que acrescerá a tudo isso, representa portanto o abrir de uma porta para resolver os problemas de desemprego de uma multidão de jovens apaniguados e parentes que se acotovelam nas sedes partidárias e andam insistentemente a moer a cabeça aos venerandos parlamentares.
É a questão do desemprego das segundas e terceiras filas da classe política, um dos dados mais relevantes para entender certos projectos que ciclicamente surgem na ribalta.
O que é assustador é antever as possíveis consequências da medida. Lembramos que para além de honorários e prebendas próprias do exercício do cargo esses "assistentes individuais" entram logo para o quadro da função pública. O que vale por dizer que é previsível a cobiça que tal cargo vai despertar, e a alta rotatividade que o irá caracterizar (são 230 de cada vez...).
Vai funcionar em bola de neve... em poucos anos entrarão mais uns milhares de funcionários públicos, para um quadro que se dizia congelado, e em época de contenção e austeridade.
O que é difícil é calcular os milhões que esse processo irá custar (para além do escândalo que será observar as identidades dos privilegiados com essa entrada, num tempo em que para os outros as portas estão todas fechadas). Vai parecer um arrastão...

segunda-feira, julho 23, 2007

Brasil: o nosso combate

Agasalhado na concha do ventre, o corpo de alguém se forma. Alguém despreocupado, confiante, simples, que vive sua vida de sonhos. Aguarda o momento em que verá a luz. Um dia estivemos todos lá, mergulhados nessa cálida inconsciência, aguardando... Por isso, a idéia de uma lâmina que extingue essa vida pequenina nos dói tanto.
Aqui no Brasil, projetos de lei querem tornar legal o aborto. Há algo mais cruel do que tirar a vida do indefeso? Do que não tem voz? Há coisa mais estranha do que descartar pedaços de gente porque serão mal-formados, deficientes, di-fe-ren-tes?
Legalizar o aborto é optar pela exclusão. É criar uma sociedade em que fetos mal-formados ou simplesmente indesejados são descartados. Como papel usado, como laranja chupada, como lápis quebrado. Como lixo. Mas são gente! E querem viver. Quem falará por eles? Quem lhes tomará a defesa?
Em horas decisivas da história, houve gente que dormiu, que negou, que se escondeu, que evitou, que fugiu. E você?

Um artigo de Alain de Benoist

A verdade sobre a falsa direita

A lei e o direito

Cícero (106-43 a.C.) já ensinava: se a vontade dos povos, os decretos dos chefes, as sentenças dos juízes, constituíssem o direito, então para criar o direito ao latrocínio, ao adultério, à falsificação dos testamentos, seria bastante que tais modos de agir tivessem o beneplácito da sociedade (...) por que motivo a lei, podendo transformar uma injúria num direito, não poderia converter o mal num bem?

Regeneração?

Para a geração política que detém o poder no PSD e no CDS, existe crise nos respectivos partidos, como se diz, mas esta explica-se tão somente com a fome e a vontade de comer.
Trata-se de uma gente que a mais elevada concepção de serviço que consegue conceber é o self-service.
Como eles adiantam de vez em quando, os seus são partidos "vocacionados para o poder". Quando o poder falta, as hostes minguam e estiolam, por falta de alimento.
Na conjuntura actual, com quem há-de falar a "comunidade de negócios"? Seja de submarinos ou de sobreiros, de OPAs ou de aeroportos, de empreitadas ou de privatizações - o que é preciso é falar com os do PS.
Importantes agora são o Dr. Armando Vara, o Dr. Fernando Gomes, o Dr. Pina Moura, o Dr. Teixeira dos Santos... e o Engenheiro Sócrates, é preciso não esquecer.
Andar metido nessas extravagâncias do CDS e do PSD até pode parecer mal e sair muito caro.
Se acontece isto com a gente dos negócios, não é mais animador o que se passa com a gente dos gabinetes, das nomeações, das requisições, das missões, das comissões. Com quem é que eles têm que contar? Com o PS, pois claro.
Sobraram para os dependentes do PSD os poderes locais, os lugares de deputado, e umas assessorias. Para os do CDS nem isso.
A tanto se resume a crise: é falta de alimento.
Nesta visão das coisas, não há lugar para grandes interrogações metafísicas sobre o sentido da actividade política, o mal e o bem. O que interessa é encontrar os caminhos para a terra prometida, onde jorram o leite e o mel.
Ilude-se quem julgar possível encontrar neles algo de mais sério e profundo.

domingo, julho 22, 2007

Dilema

Tudo como dantes

Na sequência da hecatombe que atingiu os dois principais partidos da anterior maioria governamental nas recentes eleições intercalares em Lisboa, e quando se ouviam as vozes dos seus principais dirigentes a satisfazer o dever protocolar de declarar que assumiam as respectivas responsabilidades, logo deixei aqui a pergunta irónica (pretendia ser) sobre se não seria espantoso que a seguir tudo continuasse na mesma.
As evoluções posteriores parecem esclarecer as razões da minha desconfiança (do meu prognóstico).
Com efeito, os tais responsáveis estavam a ser sinceros quando disseram que assumiam as suas responsabilidades e que iriam tirar dos acontecimentos as devidas lições.
Só que as lições que eles, Marques Mendes e Paulo Portas em primeiro lugar, tiram destes factos resumem-se num sumário muito simples: concluíram que importa esmagar quanto antes as oposições internas e segurarem-se o mais firmemente possível nos lugares. Feito isso, manter o rumo e aguardar.
Alguns ficarão certamente surpreendidos com este resultado do falado assumir de responsabilidades, mas eu confesso que correpondem exactamente ao que eu esperava.
Tanto Mendes como Portas, e mais o seu pessoal político, encaram estas derrotas como a expressão normal de um ciclo político. Explicando melhor, eles vêem a política portuguesa como algo que de uma forma natural obedece a ciclos, que implicam alternâncias regulares. Agora estamos num ciclo Sócrates, e enquanto este perdurar é natural que as vitórias sorriam a este, e aos seus. As derrotas para o PSD e para o CDS podem ser maiores ou menores, e compete aos seus dirigentes (concedem eles generosamente) fazer o possível para que elas tenham a menor expressão, mas em si mesmas são apenas episódios menores do ciclo em curso.
Quando o ciclo por si mesmo se esgotar, Sócrates começará a amargar na boca o sabor da derrota, primeiro no lento deslizar que antecede a queda, depois no rápido desabar do seu império efémero. É a marcha infalível do sistema instalado.
Tem sido assim, e a nossa nomenklatura pensa que há-de continuar a ser assim.
Desta lógica, nasce a conclusão inevitável: o que é preciso é aguentar. Esperar. E na hora certa estar nos sítios certos. O resto virá por acréscimo.
Como decorre destas convicções, bem podem esperar sentados os que associavam alguma esperança de mudança ao proclamado assumir das responsabilidades e ao pomposo extrair de lições por parte dos hierarcas que agora morderam o pó. Do ponto de vista destes tudo se explica por uma espécie de roda da fortuna, que distribui à vez a boa e a má sorte. Agora estão em baixo, mas basta aguardar que a roda dê a volta.
O que é preciso portanto é só agarrar com firmeza as posições para onde ciclicamente a roda desanda.
E mais nada.

sexta-feira, julho 20, 2007

Nova Lisboa

quinta-feira, julho 19, 2007

Por falar em votações

António Costa teve uma grande vitória com os seus 57.907 votos?
E Salazar, que foi eleito o maior português de sempre com uns 65.290 votos?
Como? Esta não conta?

Os farsantes e os otários

Para quem duvidou que a "hipótese Alcochete" acabava quando acabassem as eleições em Lisboa:

quarta-feira, julho 18, 2007

Quatro anos depois

No dia 28 de Julho próximo completará 4 anos o Nova Frente.
Apareceu precisamente a 28 de Julho de 2003.
Antecipou-se uns dias a este vosso amigo, que surgiu a público a 31 de Julho seguinte.
Por aqui não haverá celebrações, que a disposição não está para tal.
E por essa Frente sempre Nova, o que é que se prepara?

terça-feira, julho 17, 2007

Responsabilidades

O CDS alcançou em Lisboa o seu pior resultado de sempre.
Em percentagem e em número de votos, e na perda de qualquer representação.
O pior resultado de sempre.
O PSD não pode satisfazer-se com a desgraça do vizinho, porque também bateu os mesmos recordes pessoais.
Os dirigentes imediatamente postos em causa por esses resultados, Telmo Correia e Paulo Portas, num caso, Marques Mendes e Paula Teixeira da Cruz no outro (Negrão não conta), vieram já declarar que assumem as suas responsabilidades.
O que vai significar essa autoresponsabilização, só o tempo (não muito) virá esclarecer.
Não seria espantoso que tudo (e todos) continuasse na mesma?

Afinal, quem é que votou?

Como já foi salientado, o número de votantes em António Costa não excede a assistência do estádio da Luz ou do estádio de Alvalade num dia bom.
Se continuarmos, podemos ver que nestas eleições foi possível fazer figura e ser eleito vereador com treze mil votos - muito menos do que os abortos que o Serviço Nacional de Saúde prevê ir fazer em um ano.
Seria interessante fazer um estudo sobre o terço dos eleitores lisboetas que foram às urnas, e descobrir as suas motivações.
Afinal, quem é que votou?
Empiricamente, parece-me poder afirmar que uma parcela significativa dos votantes coincide com as próprias clientelas partidárias - se virmos bem os militantes e suas famílias, mais outros dependentes das máquinas partidárias, formam ainda um grupo numericamente relevante.
Outra parcela importante será constituída pelo pessoal camarário, e outros interessados directos no resultado. Entre funcionários do município e seus agregados familiares, mais aqueles que de uma forma ou de outra têm a sua vida dependente da Câmara - desde fornecedores a empreiteiros - junta-se uma multidão que dispensa a procura de outros sectores de votantes.
Somados os dependentes dos partidos com os dependentes da Câmara encontramos praticamente todos os votantes desta curiosa eleição.
Ou será que estou errado?

Mais do mesmo

Manuel Monteiro, que bateu no fundo com o tremendo fiasco destas eleições, confessou que no decurso desta campanha sentiu que o eleitorado olhava para os candidatos como políticos do passado.
Parece extraordinário, se repararmos na relativamente pouca idade de Monteiro e Costa (por exemplo). Mas tudo se torna evidente se recordarmos que Monteiro e Costa são conhecidos desde os seus 12 anos, quando os dois andavam no Liceu, e que praticamente desde essa altura nunca fizeram mais nada a não ser política...
Como sabem muitos de entre os políticos, pode perfeitamente atingir-se a idade da reforma antes de fazer 50 anos (pode é continuar-se na vida, usufruindo da pensão e juntando-lhe o mais que se possa arranjar).
Se o nosso pensamento se virar para a frenética Arquitecta Roseta, que já foi tudo nestes últimos trinta e tal anos, para o eterno Garcia Pereira (há 40 anos na mesma), para o Presidente Carmona, para a "novidade" Ruben e para o "jovem" Sá Fernandes, é inevitável o sentimento: este pessoal já passou o prazo de validade, prescreveu, deu o que tinha a dar... são incapazes de dizer algo de inesperado, de diferente, de imprevisto.
Não espanta o cansaço do eleitorado. Quase dois terços ignorou ostensivamente o sufrágio. Habituem-se.

Feist e os outros

Um dos aspectos mais bizarros da recente campanha lisboeta era a insistência das candidaturas na necessidade de mudança. Todas prometiam mudança. Mas mudança, a sério, implicava que aquelas listas nem se tivessem apresentado...
Desconfio que o eleitorado também sentiu assim. Chegou a ser caricato observar gente que todo o país está farto de conhecer há muito tempo jurando nunca mais fazer o que habitualmente sempre se lhes viu fazer, e passar a fazer o que até agora nunca fez - apesar da permanente ocupação dos cargos de onde toda a gente os conhece.
O pormenor mais significativo dos resultados, para mim, ainda não o vi comentado.
Pedro Feist foi eleito vereador da Câmara de Lisboa!
Lembro-me que já no tempo de Abecasis ouvi dizer que ninguém conhecia melhor a Câmara de Lisboa do que o Pedro Feist...
Provavelmente é verdade: é vereador desde 1976, sem interrupção. Pelo CDS, AD, PSD, lista Carmona, ou seja lá o que for: Feist é sempre vereador.
Engraçado é também outro detalhe: penso que assim de repente nenhum eleitor se lembrará de ter votado em Feist. Mas ele lá está, desde 1976 - sem interrupção.
É o vereador das obras públicas, reeleito na lista de Carmona Rodrigues...
Reconheço que esta irrelevância talvez diga pouco em face da magnitude do consórcio que Sócrates arranjou para tomar conta do Município. Realmente, coligar os interesses representados por José Miguel Júdice e Manuel Espírito Santo Salgado, colocar como cabeça de cartaz o António Costa, cimentar tudo com o beneplácito do Grande Oriente, e seguir para a frente com esta(s) empreitada(s) - é obra.
O tempo dirá se todas as aspirações ali reunidas são conciliáveis.
Não será certamente com a oposição que Costa virá a ter problemas. Roseta é da casa, e Manuel João Ramos um lírico sem força própria. Carmona, Feist e Seara querem aquilo que Costa muito bem sabe - e não haverá dificuldades desse lado.
António Costa tem realmente uma maioria sólida com que pode contar.

segunda-feira, julho 16, 2007

Quatro anos depois

É preciso assinalar o quarto aniversário do aparecimento em linha do Aliança Nacional, a 3 de Julho de 2003.
Soube ser jovem e precursor, quando o meio escolhido representava uma novidade.
Hoje é um veterano, mas continua a ser exemplo de qualidades raras: a continuidade e a persistência que tantas vezes faltam até nas melhores iniciativas.
Os nossos cumprimentos amigos para os responsáveis do Aliança Nacional.

sexta-feira, julho 13, 2007

Haja o que houver

O pastor

Movimentos pró-vida marcam acções de protesto este fim-de-semana

Movimentos anti-aborto vão organizar várias acções públicas este fim-de-semana, em diversos hospitais do país, para assinalar a entrada em vigor da regulamentação da lei do Aborto, no próximo domingo.
«Estas acções simbolizam o que nós temos vindo a defender, ou seja, a apresentação de alternativas a uma lei que é objectivamente má», afirmou Catarina Almeida, representante do movimento, explicando que os protestos na zona de Lisboa «vão decorrer amanhã [sábado] no Hospital de Santa Maria e na Maternidade Alfredo da Costa».
Segundo Catarina Almeida, nestas acções participam, entre outros, a mandatária da Plataforma Não Obrigada, Margarida Neto, assim como Isabel Carmo Pedro, membro da Direcção da Federação Portuguesa Pela Vida.
«O nosso objectivo é distribuir material informativo e de sensibilização junto dos hospitais para mostrar às pessoas que realmente existem alternativas a esta Lei», explicou.
O Hospital de São João (Porto), o Hospital Garcia da Orta (Almada), o Hospital Dr. José Maria Grande (Portalegre) e o Hospital de São Marcos (Braga), são outros dos locais onde este sábado os movimentos anti-aborto farão protestos.
Para domingo estão marcadas acções contra a lei do aborto no Hospital de Faro e no Hospital de Bragança.

quinta-feira, julho 12, 2007

"Transformar Lisboa em capital da cultura lusíada"

Estando prestes a terminar a campanha para as eleições lisboetas, copio uma breve declaração de José Pinto Coelho (http://www.pnrlisboa.blogspot.com/), também ele candidato à presidência da Câmara, publicada no semanário "O Diabo" da passada terça-feira.

O Partido Nacional Renovador é o único partido que defende Portugal e os Portugueses. Quase todos os restantes candidatos têm responsabilidades no estado calamitoso da cidade e do País. Lisboa é uma cidade insegura, com índices crescentes de criminalidade. O panorama da capital é desolador: obras embargadas, jardins sujos e devastados, lixo nas ruas, comércio tradicional em crise, trânsito caótico e bairros onde a polícia não entra. Para além disto, o município encontra-se em ruptura financeira. Impera a lógica dos lóbis, dos clientelismos e dos tachos, em favor de amigos e correligionários. A maior Câmara do País é o exemplo claro de que, neste sistema, os valores nacionais não valem nada e que, infelizmente, os interesses dos partidos estão sempre à frente dos interesses de Portugal. Votar no PNR é protestar contra esta situação infame. O PNR quer moralizar a gestão autárquica, repovoar a cidade e apoiar a Família, garantir a segurança dos lisboetas, e transformar Lisboa na capital da cultura lusíada.

Portugal atinge mínimo absoluto de natalidade

A propósito dos números recentemente divulgados pelo Instituto Nacional de Estatística a que já fiz referência (recordo que no ano de 2006 nasceram 105.000 crianças em Portugal; em 1962, por exemplo, nasceram 220.000, bem mais do dobro) veio a Associação Portuguesa de Famílias Numerosas divulgar um comunicado.

Comunicado da APFN:

O INE acaba de publicar um artigo a propósito do Dia Internacional da População que se celebra hoje, 9 de Julho, em que revela que o Índice Sintético de Natalidade (ISN) atingiu, em 2006, o valor mais baixo de sempre, 1.36.
Assim, e ao contrário do que foi previsto pelo INE na sua última projecção demográfica em que, no cenário base, previa que o ISN crescesse de 1.40 para 1.70 em 2050, este índice não pára de baixar como resultado óbvio de uma política anti-natalista cada vez mais penalizadora para as famílias com filhos, tanto mais quanto maior o seu número.
A projecção demográfica é uma ferramenta indispensável para qualquer governo prever o futuro da sociedade e, assim, dotar atempadamente o país das infra-estruturas necessárias. Havendo, assim, um erro tão grosseiro nos dados de partida para a projecção demográfica conhecida, a APFN apela ao governo para que exija que o INE faça uma nova projecção realista, a fim de mostrar se, de facto, o país precisa de um novo aeroporto, ou, pelo contrário, se não será preferível investir fortemente nas famílias com filhos, para garantir o futuro do país fortemente ameaçado.
A APFN apela ao PR para explicar melhor ao governo as suas preocupações neste domínio, a fim de que este tome as medidas que se impõem e que têm vindo a ser adoptadas, com sucesso, na esmagadora maioria dos nossos parceiros europeus.

quarta-feira, julho 11, 2007

Tradicionalistas em Portugal

Uma iniciativa da Gazeta da Restauração, no seguimento da publicação do Summorum Pontificum.

Palavras de outros

Recuo civilizacional
(Uma crónica de José António Saraiva)

Existe a ideia generalizada de que o movimento das sociedades se faz sempre para diante. E que esse movimento é necessariamente bom. Por isso, a palavra ‘conservador’ tem uma conotação negativa e a palavra ‘progressista’ significa um
elogio.
Mas uma coisa e outra nem sempre são verdadeiras. Na marcha das sociedades há avanços e recuos – e nem todo o progresso é bom. Há períodos em que o movimento da História se acelera e outros em que se verificam recuos civilizacionais. Existem momentos em que a História parece estar a chegar ao fim e outros em que se cheira o futuro e tudo parece em aberto.
Quando eu era criança havia uma colecção de cromos chamada Raças Humanas. Este nome hoje seria impossível, porque a palavra ‘raça’ foi banida do vocabulário. Mas o certo é que era uma colecção muito instrutiva. Através dela aprendíamos outros usos e costumes, percebíamos a existência de outras culturas, tomávamos conta da diversidade do planeta, conquistávamos outros horizontes.
Os cromos eram vendidos em pequenos envelopes fechados que custavam quatro tostões (40 centavos) e cada pacote continha três cromos. O momento da abertura do envelope era um momento sagrado e de grande expectativa: tratava-se de ver se já tínhamos ou não os cromos que vinham no interior. Se já os tínhamos, dizíamos que eram ‘repetidos’. Como na infância os miúdos têm uma memória infalível e que parece inesgotável, mal olhávamos para um cromo sabíamos logo se era ‘repetido’ ou não.
Quanto mais a colecção se aproximava do fim mais a coisa se complicava – porque o número de cromos ‘repetidos’ que cada pacote trazia naturalmente aumentava. Havia, porém, uma facilidade: os últimos 30 cromos requisitavam-se directamente à editora.
Entre todos os cromos da colecção, aquele que melhor recordo – e que na altura me impressionou imenso – mostrava uma mulher negra com argolas pendentes nas orelhas e no nariz, e um prato entalado no lábio inferior, que era cortado e depois esticado até conter o prato, tornando-se disforme.
Aquilo, mesmo tendo em conta o exotismo, tornava-se-me difícil de entender, tão absurda era a situação e tão arrepiante era o aspecto daquela mulher. E congratulava-me com o facto de o progresso da Civilização banir tão anacrónicos costumes.
Um destes dias, num elevador de Lisboa, fiquei cara-a-cara com uma adolescente que irresistivelmente me fez vir à memória a imagem da jovem negra da colecção de cromos: tinha as orelhas perfuradas em vários sítios por argolas, outras duas argolas no nariz, um furo entre o lábio inferior e o queixo, ‘ornamentado’ com uma pequena esfera prateada, e, quando abria a boca, deixava ver mais uma esfera cravada na língua.
Mas os sinais de ‘regressão civilizacional’ não se circunscrevem aos chamados piercings.
Picasso e Matisse, dois dos maiores génios da arte contemporânea e talvez os seus pintores mais representativos, buscaram a inspiração na arte étnica, transportando para as telas a força de pinturas nativas que pouco evoluíram desde a arte rupestre.
Falo disto à vontade, porque aprendi a admirar Picasso e Matisse e pertenço a uma geração que os olha como deuses. Mas quando vemos os seus quadros e depois contemplamos Rembrandt, Velázquez, Rubens ou Zurbarán, temos inevitavelmente uma sensação de retrocesso – como se uma Civilização tivesse atingido o apogeu e depois voltasse ao princípio, necessitando de aprender tudo de novo.
E na música passou-se o mesmo.
Quando entramos numa discoteca, onde o gigantesco ruído ambiente anula todas as nuances melódicas, só se ouve distintamente um som, ritmado, cavo, massacrante: Pam!... Pam!... Pam!... Pam!... Pam!... E isto qualquer que seja a música. É o regresso ao tempo dos batuques, aos sons minimalistas, à selva. Mas mesmo quando se consegue ouvir a voz do vocalista, a sofisticação não é muito maior: ruídos guturais, gritos quase animais, grunhidos.
Também aqui se tem a mesma ideia de que se deitaram fora séculos de história, de cultura, de aprendizagem. Alguém, ouvindo estas músicas, diria que são muito posteriores às sinfonias de Beethoven, às sonatas de Mozart ou às óperas de Wagner? Não parecem estes novos batuques contemporâneos uma espécie de provocação, uma resposta grotesca aos mestres da música, mostrando-lhes que pregaram no deserto dando pérolas a uma Humanidade que as não merecia?
E que dizer das danças? Do agitar frenético dos corpos nas discotecas de Vila Real de Santo António a Paris, Londres ou Berlim? Alguém dirá que por aqui passaram
muitos séculos de Civilização?
Falta ainda falar das tatuagens. De uma prática que eu julgava condenada, que há 40 anos estava circunscrita aos soldados que serviam nas colónias, e carinhosamente mandavam escrever no braço
Amor de mãe
Angola
(ou Guiné ou Moçambique)
1961
(ou outra data até 1974)
ou então aos ‘embarcadiços’, que ficavam longas temporadas no mar, longe das famílias, e adquiriam hábitos estranhos.
Pois bem: as tatuagens regressaram em força. Tatuam-se nomes, inscrições amorosas, desenhos (a preto e branco e a cores), deixando a pele salpicada de manchas escuras, quando não quase completamente coberta. E dando uma ideia de sujidade, de pouco asseio. Também aqui é flagrante o paralelo com certas práticas primitivas, em que se fazem desenhos na carne para toda a vida.
Vivemos, pois, uma época de regressão civilizacional.
Numa altura em que a ciência atinge uma velocidade vertiginosa e alcança um grau de sofisticação inimaginável, em que as novas tecnologias quebram todas as barreiras e nos maravilham diariamente com novas descobertas, os comportamentos humanos e as artes dão um salto para trás.
Há como que um regresso ao básico. Mesmo a arquitectura perdeu requinte – refugiando-se no mais elementar, no branco e nas linhas rectas, como que receosa
de cometer erros.
Que explicação haverá para isto?
Por que será que a um período de progresso técnico sem paralelo na História do Homem corresponde uma cultura urbana que deitou fora tudo o que aprendeu e se compraz na reprodução de modelos primitivos?

Palavras de outros

«Teremos ainda Portugal?»

(um artigo de D. António Marcelino, Bispo Emérito de Aveiro)

"O título tem um tom provocatório, mas eu vou justificar. Não digo que esteja para breve o nosso fim de país independente e livre. Mas, pelo andar da carruagem, traduzido em factos e sintomas, a doença é grave e pode levar a uma morte evitável. Aliás, já por aí não falta gente a lamentar a restauração de 1640 e a dizer que é um erro teimarmos numa península ibérica dividida. De igual modo, falar-se de identidade nacional e de valores tradicionais faz rir intelectuais da última hora e políticos de ocasião. O espaço nacional parece tornar-se mais lugar de interesses, que de ideais e compromissos.
Há notícias publicadas a que devemos prestar atenção. Por exemplo: um terço das mpresas portuguesas já é pertença de estrangeiros; 60% dos casais do país têm apenas um filho; vão fechar mais cerca de mil escolas ou de mil e trezentas, como dizem outras fontes; nas provas de língua portuguesa dos alunos do básico, os erros de ortografia não contam; o ensino da história pouco interessa, porque o importante é olhar para a frente e não perder tempo com o passado; a natalidade continua a descer e, por este andar, depressa baterá no fundo; não há nem apoios nem estímulos do Estado para quem quer gerar novas vidas, mas não faltam para quem quiser matar vidas já geradas; a família consistente está de passagem e filhos e pais idosos já não são preocupação a ter em conta, porque mais interessa o sucesso profissional; normas e critérios para fazer novas leis têm de vir da Europa caduca, porque dela vem a luz; a emigração continua, porque a vida cá dentro para quem trabalha é cada vez mais difícil; os que estão fora negam-se a mandar divisas, por não acreditarem na segurança das mesmas; os investigadores mais jovens e de mérito reconhecido saem do país e não reentram, porque não vêem futuro aqui; a classe média vai desaparecer, dizem os técnicos da economia e da sociologia, uma vez que o inevitável é haver só ricos cada vez mais ricos e pobres cada vez mais pobres; os políticos ocupam-se e divertem-se com coisas de somenos; e já se diz, à boca cheia, que o tempo dos partidos passou, porque, devido às suas contradições, ninguém os toma a sério; a participação cívica do povo é cada vez mais reduzida e mais se manifesta em formas de protesto, porque os seus procuradores oficiais se arvoram, com frequência, em seus donos e donos do país e fazedores de verdades dúbias; programa-se um açaime dourado para os meios de comunicação social; isolam-se as pessoas corajosas e livres, entra-se numa linguagem duvidosa, surgem mais clubes de influência, antecipam-se medidas de satisfação e de benefício pessoal…
Não é assim, porventura, que se acelera a morte do país, quer por asfixia consciente, quer por limitação de horizontes de vida?É verdade que muitos destes problemas e de outros existentes podem dispor de várias leituras a cruzar-se na sua apreciação e solução. Mais uma razão para não serem lidos e equacionados apenas por alguns iluminados, mas que se sujeitem ao diálogo das razões e dos sentimentos, porque tudo isto conta na sua apreciação e procura de resposta.
Há muitos cidadãos normais, famílias normais, jovens normais. Muita gente viva e não contaminada por este ambiente pouco favorável à esperança. Mas terão todos ainda força para resistir e contrariar um processo doentio, de que não se vê remédio nem controle?
Preocupa-me ver gente válida, mas desiludida, a cruzar os braços; povo simples a fechar a boca, quando se lhe dá por favor o que lhe pertence por justiça; jovens à deriva e alienados por interesses e emoções de momento, que lhes cortam as asas de um futuro desejável; o anedótico dos cafés e das tertúlias vazias, a sobrepor-se ao tempo da reflexão e da partilha, necessário e urgente, para salvar o essencial e romper caminhos novos indispensáveis. Se o difícil cede o lugar ao impossível e os braços caem, só ficam favorecidos aqueles a quem interessa um povo alienado ao qual basta pão e futebol…
Mas não é o compromisso de todos e a esperança activa que dão alma a um povo?"

D. António Marcelino, Bispo Emérito de Aveiro

Um país em vias de extinção

Notícia de hoje:

No ano de 2006, registaram-se em Portugal menos 4100 nascimentos que no ano anterior. Estes números colocam as taxas de natalidade e fecundidade aos níveis mais baixos desde que há registos.
De acordo com os dados divulgados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), no ano passado nasceram 105 351 bebés. O número médio de filhos por mulher caiu dos 1,41 para 1,36.
No período 1987 e 2006, a taxa de natalidade decresceu dos 12,2 para 10. o adiamento da maternidade e o declínio da fertilidade são dois factores que podem explicar a diminuição do número de bebés. Actualmente é a faixa etária entre os 30-34 que apresenta maior taxa de fecundidade.
O cenário mais pessimista do INE aponta para uma diminuição da população portuguesa até 2050. Se nada for feito, Portugal vai ver a sua população reduzida a 7,5 milhões de pessoas naquela data.

Vários jornais destacam hoje o facto de no ano que passou Portugal ter registado o ponto mais baixo de sempre nas suas estatísticas sobre natalidade e fecundidade.
Perante este quadro, que só por si justificaria um sobressalto de alarme em qualquer povo que mantivesse o instinto de sobrevivência, ao que se assiste entre nós?
Ressoam as campainhas de alarme e reclamam-se políticas de natalidade que permitam inverter a tendência?
Nem pensar. A prioridade das políticas de saúde oficialmente promovidas é o abortismo instituído: fazer tudo o que for possível para que toda a população tenha acesso fácil e imediato ao aborto livre e gratuito, vencendo todas as resistências e objecções.
Os portugueses são uma espécie em sério risco de extinção, mas nenhuma instância parece preocupada em assegurar a sua sobrevivência. Há muito mais comoção à volta da águia de Bonelli ou do lince da Malcata.
Já éramos um país de suicidas, e tornámo-nos um país suicida.

4540

É o número dos posts já publicados nesta casa: quatro mil quinhentos e quarenta.
Mais para o final do mês completar-se-ão quatro anos inteirinhos desde a abertura do estabelecimento. E os posts, segundo o contador do senhorio Blogger, são já 4540.
Com este, serão 4541.

Ir mais além


O Núcleo Infante D. Henrique: uma ala juvenil da SHIP.

terça-feira, julho 10, 2007

Brava dança dos heróis


Heróis do Mar na RTP em 1988. A canção já então tinha uns anos... a letra é do Paulo Borges (fase pré-budista), a música é "heróica" (isto é, Pedro Ayres et alia).

segunda-feira, julho 09, 2007

João Domingos Bomtempo


A Sinfonia n.º 2

Todos à Metapédia!

O projecto Metapédia é um projecto inovador que merece, não só a visita, como a participação de todos.
E mais uma vez, não há desculpas para não participar. É bom não esquecer que uma enciclopédia alternativa não se resume a uma boa ideia.
É um autêntico serviço público!
As possibilidades são infinitas e cabe a todos fazer da Metapédia a grande enciclopédia alternativa. Vamos a isso!

Longe do fim

Ainda em torno da blogosfera nacional: arrumando ideias... e seguindo.

domingo, julho 08, 2007

Impasse

Eu gosto de gostar. Como calculam, essa bizarria tem-me feito sofrer terríveis problemas de inserção social. O caso foi-se agravando com o tempo, mas é um fardo que carrego desde que me lembro. Os nossos concidadãos, em geral excelentes pessoas, só gostam verdadeiramente de dizer mal. Nunca sociabilizam sem que isso implique maldizer de alguém ou de alguma coisa. Em qualquer grupo que se junte, tente-se intervir para dizer bem de algo ou alguém e veja-se como logo cai um espesso manto de cepticismo e frustração. Ou mesmo perplexidade e desconfiança, que digo eu. É uma palermice capaz de matar qualquer serão. Ficamos mal vistos, e estraga-se qualquer hipótese de fraternal confraternização.
Só a má língua é realmente capaz de aquecer o ambiente, de unir as vozes em coro solidário, de elevar as almas e os corações, de iluminar os rostos e os espíritos, de irmanar as pessoas num sentimento comum. Como isso me entristece e inibe, desde muito jovem que o convívio social para mim equivale a depressão quase certa. O que, naturalmente, tem arrastado atrás de si a minha imagem de ser macambúzio e acabrunhado. É justo: nem os outros têm culpa da minha particularidade, ou obrigação de a aturar, nem eu consigo superar essa incapacidade.
Como reacção ao sentimento e à imagem, instalou-se uma misantropia degenerativa que se foi acentuando notoriamente com a idade.
Não sei que lhe faça agora.

Pátria Livre

O forum.

Para conhecer o nacional-sindicalismo

"Doutrina Nacional-Sindicalista (Aspectos económico-sociais)" é um título de José Luiz Supico, publicado pelo Movimento Nacional-Sindicalista em 1934.
Foi agora reeditado pelas «Edições Falcata».

Roma falou

A ler sem demora: o SUMMORUM PONTIFICUM e a carta aos bispos que o acompanha.

Suite Alentejana


Presença de Luís de Freitas Branco

Suite Alentejana


Luís de Freitas Branco entre nós

Lembrar Robert Heinlein

Além de Eurico de Barros (Os cem anos do escritor que nunca parou de inventar futuros) também Flávio Gonçalves evocou Robert A. Heinlein no dia do seu centésimo aniversário: Anarquista patriótico? 100 anos de Robert A. Heinlein

http://www.heinleinsociety.org/

sábado, julho 07, 2007

A presença de Bruno Oliveira Santos

"Razão do meu absentismo blogosférico"

Os cem anos do escritor que nunca parou de inventar futuros

Eurico de Barros lembrou-se: Robert A. Heinlein faria hoje cem anos.

www.heinleinsociety.org

sexta-feira, julho 06, 2007

METAPEDIA

"Uma enciclopédia electrónica sobre cultura, arte, ciência, filosofia e política":
http://pt.metapedia.org/
Quem haverá aí para a construir?

quinta-feira, julho 05, 2007

O estado da blogosfera nacional

Uma análise no Horizonte.

quarta-feira, julho 04, 2007

Quatro anos depois

Foi em Julho de 2003, no final do mês, que surgiu este blogue.
Quatro anos é um lapso de tempo que já justifica algum balanço e alguma reflexão.
Tenho pensado nisso, mas os últimos tempos não têm sido propícios.
Apercebo-me porém que preferia que fossem outros a fazer as contas e as análises necessárias (até porque para falar deste tema será preciso falar-se de muito mais que do "Sexo dos Anjos", que não viveu sozinho).
Creio que irei regressar ao assunto. Em ocasião melhor, e com algumas ideias mais arrumadas.
Um abraço a todos.

SALAZAR - outro retrato

No dia 10 de Julho, às 18h30, terá lugar a sessão de apresentação do livro "António de Oliveira Salazar – O Outro Retrato", de Jaime Nogueira Pinto.
A obra será apresentada por Marcello Duarte Mathias.
O evento decorre na Biblioteca João Paulo II, na Universidade Católica, em Lisboa.
Editora: A Esfera dos Livros.