sexta-feira, outubro 31, 2008

A Visão de Soloviev e o Triunfo do Homem

Uma bela leitura para terminar a semana: A Visão de Soloviev e o Triunfo do Homem

Amanhã, em Portalegre

Também há surpresas boas!

Foi o que pensei ao ler hoje no DN a notícia de que uma Academia Pedro Hispano, que eu evidentemente desconhecia, tinha decidido atribuir o seu prémio anual, em primeira edição, ao Prof. José Vitorino de Pina Martins.
A dita Academia Pedro Hispano, pela descrição, é um ajuntamento informal onde pontifica o escritor António Lobo Antunes e mais sete amigos dele, que se reunem para almoçar e conversar. Além do referido Lobo Antunes, fazem parte do grupo os cantores Vitorino e Janita Salomé, o editor José Ribeiro, os médicos Henrique Castelo e José Manuel Franco, o professor universitário Aires Nascimento e José Francisco, responsável comercial.
A minha surpresa adensa-se ao olhar para a lista dos comensais, que folgo muito em ver interessados em Pedro Hispano e em Pina Martins (aqueles que conheço pessoalmente não são de certeza capazes de entrar em tais leituras, e sobre os restantes tenho dúvidas).
Porém, fico-me pelo facto em si: não regatearei elogios a quem decida, saberá lá porquê, promover as enormes figuras da cultura portuguesa que são Pedro Hispano e Pina Martins.
Ao Prof. José Vitorino de Pina Martins, agora com 88 anos, a homenagem não acrescenta nada; mas já será muito bom que as notícias sobre isso levem alguns curiosos a ler e estudar a obra escrita desse extraordinário vulto do saber. Procurem nas bibliotecas, por J. V. de Pina Martins ou pelo seu alter ego Duarte de Montalegre, e tirem o proveito que se vos oferece.

Uma carta de José Campos e Sousa

CARTA AOS MEUS AMIGOS:
No tempo em que se festejam os 120 anos de Pessoa

Inspirado no poema Aniversário, de Álvaro de Campos, dei um nome a esta carta que vos dirijo, ao núcleo mais duro de fiéis amigos, que me têm acompanhado na caminhada pessoana, pedindo-lhes ajuda e alguns conselhos para um projecto ambicioso.
A ideia é sensibilizar-vos para comemorarmos os 120 anos de Pessoa com a edição de um CD com poemas da Mensagem musicados e cantados por mim.
Para um solitário como eu, por feitio e pelas vicissitudes da vida, a opção é fazer tudo a pulso e com a prata da casa, como de costume.
Mas a casa não tem prata, tem apenas ideias e alguns talentos.
Para viabilizar este projecto, preciso da garantia de encomendas de CDs, comprometendo-me a entregá-los, a tempo dos presentes de Natal.
Feito o estudo financeiro, posso adiantar-vos que os CDs antecipadamente encomendados ficarão a 15 euros.
Todos os outros CDs serão vendidos pelo preço de 17 euros.
Em conclusão, meus amigos, este projecto tornar-se-á automaticamente viável com um significativo número de encomendas que permita a sua gravação.
É então para este projecto que vos desafio, tendo, para o concretizar, que saber se estão efectivamente interessados e, se sim, quantos CDs pretendem adquirir. A vossa
resposta breve, e positiva, permitir-me-á avançar rapidamente para o estúdio.
A fechar esta mensagem, peço-vos ainda que promovam esta iniciativa junto dos vossos amigos, a quem pensem que possa interessar, de modo a gerar novas encomendas, provocando o tal efeito de bola de neve. Vamos ver o que resulta deste trabalho em rede. Darei notícias do desenrolar dos acontecimentos.
Um abraço a todos.

José Campos e Sousa
largodocarmo@gmail.com

Lisboa 28 de Outubro de 2008
PS – Façam as vossas encomendas de Cd’s para o meu e-mail, explicando o local onde podem recebê-las.

Sintomas da crise

Apenas alguns:
«Relativamente às dotações específicas, destaca-se o aumento de 72,6 milhões de euros na verba destinada à Assembleia da República, mais 74,3% que no corrente ano, para financiamento das subvenções dos partidos políticos e das campanhas eleitorais a realizar em 2009» - Orçamento de Estado, pág. 210.









quarta-feira, outubro 29, 2008

Jovens Alentejanos, que futuro?

"É com a maior das tristezas e das mágoas que assisto a um cada vez maior e preocupante despovoamento jovem do Alentejo... "
(Leia o que pensa Nuno Lobo, no Tasca Real)

Sábado em Portalegre: lançamento da "Plátano"

No próximo Sábado, dia 1 de Novembro, vai efectuar-se em Portalegre o lançamento do quarto número da "Plátano - Revista de Arte e Crítica de Portalegre".
A revista (coisa singular neste tempo que parece já não ser tempo de revistas) é fruto do labor do nosso amigo e confrade blogosférico Mário Casa Nova Martins e consegue reunir colaboração de diversas personalidades da cena cultural, portalegrense e não só.
Aqui fica o programa:
- Às 16 horas - Lançamento da "Plátano - Revista de Arte e Crítica de Portalegre", n.º 4 - Outubro 2008, com apresentação de Carlos Juzarte Rolo e Conferências sobre o tema "Formas de Cultura em Portalegre", com Avelino Bento, Fernando Correia Pina e Carlos Garcia de Castro.
- Às 17.30 horas - "E(m)cantos da Biblioteca", Conferência-concerto: 1978: Sonata de Outono, por Oleksandra Stepanska (conferencista), Lyudmyla Gladysheva (pianista).

Boas razões, portanto, para marcar presença, para um Sábado diferente em Portalegre.

Em Alcobaça: Festa do V Aniversário "Do Portugal Profundo"

No dia 15 de Novembro de 2008, sábado, pelas 13 horas, tem lugar a Festa do V Aniversário Do Portugal Profundo, no arraial dos Capuchos em Alcobaça, destinada aos amigos e vizinhos do blogue, seus comentadores e leitores. Convida o António Balbino Caldeira.
A festa é uma ocasião de conhecimento, convívio e troca de ideias da comunidade Do Portugal Profundo.
Será também ocasião para visitar no Mosteiro de Alcobaça a X Mostra de Doces e Licores Conventuais, a decorrer nesse fim de semana.

Encontro de Blogues em Borba

Já falta pouco para o Encontro de Blog’s em Borba, dinamizado pelo Alto da Praça.
É já no dia 9 de Novembro, em Borba, numa iniciativa associada à Festa da Vinha e do Vinho.
Consulte o blog oficial do Encontro http://borba2008.blogspot.com/ e faça a sua inscrição.
O prazo termina no próximo domingo, dia 2 de Novembro.

terça-feira, outubro 28, 2008

"O Priorado do Cifrão"

Mais um livro recomendado:
O escritor João Aguiar afirmou que o seu novo romance, "O Priorado do Cifrão", pretende reflectir sobre o actual "surto de livros 'light'"."De facto neste momento temos um surto dos chamados livros 'light' ou de literatura que é puramente comercial, que caracteriza o momento actual e convém raciocinar sobre ele".
Aguiar defende que "a escrita é um exercício de sedução, mas há que pôr o leitor a pensar, não chega apanhar o leitor pela curiosidade ou pelo 'suspense'".
Estes são objectivos que o escritor considera ter alcançado neste novo livro, editado pela Divisão Editorial Literária de Lisboa (DEL-L) da Porto Editora.
A narrativa de "O Priorado do Cifrão" abre com o misterioso assassinato de um catedrático com um alfinete de chapéu de senhora na Secção Mesopotâmia do Museu Britânico...

Prémio Lyssenko 2007

O Club de l’Horloge anunciou na semana passada que o Prémio Lyssenko 2007 foi para o professor Alain de Libera, medievalista, historiador da filosofia, distinguido por esclarecer as raízes muçulmanas da Europa cristã.
(Notícia em foco no Jantar das Quartas)

Dois livros recomendados

"O Complexo de Culpa do Ocidente", de Pascal Bruckner, nas Publicações Europa-América.

"Fome", de Knut Hamsun, na editora "Cavalo de Ferro".

"inimigo da liberdade"

Reflexões de Bento XVI sobre o nosso tempo:
"Não existirá acaso uma nova oligarquia constituída por aqueles que determinam o que é moderno e progressista, o que deve pensar uma pessoa ilustrada? A crueldade desta oligarquia, a sua possibilidade de "execuções" públicas, é desde há tempos conhecida. Quem quisesse opor-se-lhe seria tachado de inimigo da liberdade, porque impediria a livre expressão das opiniões".

Em Beja: violência nas escolas

No Praça da República, de Beja:
A Escola EB 2, 3 de Santa Maria, Beja, vive dias conturbados. O Conselho Directivo demitiu-se, os professores estão solidários com o Conselho e os funcionários estão solidários com o Conselho e com os Professores.
As razões: stress absoluto, pressão, derivados da violência que se verifica naquele estabelecimento de ensino. Violência entre alunos? Parece que não. A avaliar pelas notícias, são alguns encarregados de educação que transportam para dentro dos muros da escola as práticas a que estão habituados nos seus lares.
O problema de fundo: a escola é frequentada pela comunidade cigana estabelecida em Beja.
Mais que um problema de ensino, é um problema de polícia.
Mas sabe-se que, em Beja, há umas classes mais favorecidas que outras.
Para acompanhar.

AmarAbrantes

Começaram as eleições autárquicas. O PSD de Abrantes apresenta formalmente o Dr. Santana-Maia Leonardo como candidato à Câmara Municipal de Abrantes, no próximo dia 29 de Outubro de 2008 (quarta-feira).
Recordamos que o Dr. Santana-Maia Leonardo, professor e advogado, bem conhecido pela sua actividade em Ponte de Sor, para além da faceta de poeta satírico acumula com a actividade de bloguista: leia-se o REXISTIR
Para conhecer a campanha de Abrantes, há outro blogue: AmarAbrantes

A nova lei do divórcio

O Prof. Cavaco Silva não tem qualquer motivação ideológica? Então o que tem?

Uma nova editora vimaranense

Eis a apresentação da nova editora OPERA OMNIA, com actividade centrada em Guimarães:

"Opera Omnia é uma Editora sedeada na cidade de Guimarães – Editora que, a partir dessa sede simbólica do imaginário nacional, procurará, ainda que de forma modesta (uma vez considerado o colossal trabalho que falta desenvolver no sentido da plena recuperação da riqueza da nossa Cultura) revalorizar para a actualidade editorial todo um acervo de autores e de obras que a incúria, ou o simples desconhecimento, vêm alienando. Consciente de que uma parte considerável do património cultural português permanece desconhecido porque muitos dos protagonistas desta área se demitiram de o dar a (re)conhecer ou de o (re)descobrir, muitas das atenções da Editora Opera Omnia serão, consequentemente, dirigidas nesse desígnio.
Porque sabe ainda que a Cultura de qualquer País é um organismo vivo, logo em constante evolução, procurará ainda a Opera Omnia trazer para a edição autores da actualidade que se entenda como produtores que se enquadram na filosofia editorial da chancela."

Destaque para a reedição das "Páginas Minhotas", de Alfredo Pimenta, e para as próximas comemorações dos 60 anos de actividade literária de António Manuel Couto Viana, com sessões marcadas para Viana do Castelo, Ponte de Lima e Arcos de Valdevez.

Sessão em Santarém: "O Alentejano que descobriu a América"

A questão da nacionalidade portuguesa de Cristóvão Colon continua a atrair as atenções do público.
Depois da apresentação que teve lugar em Espinho no passado dia 11 e da divulgação no programa televisivo 'Portugal no coração' na passada 6ª feira, o livro de Pedro Laranjeira, "O Alentejano que descobriu a América" continuou a ser apresentado pelo País.
No dia 25/10 aconteceu nas Caldas da Rainha, na livraria Martins Fontes, às 16,00 horas, com a intervenção do Membro Fundador e Vogal da Direcção da Associação Cristóvão Colon, Ten-Cor. João Brandão Ferreira.
No dia 26/10 realizou-se em Lisboa, na Fábrica Braço de Prata, livraria Ler Devagar, às 18,00 horas, com a intervenção do livreiro Pedro Mota e da jornalista Fernanda Freitas.
No dia 31/10 acontecerá em Santarém, no Teatro Sá da Bandeira, às 18,30h com a intervenção do Membro Fundador e Presidente da Associação Cristóvão Colon, Engº Carlos Calado, também presidente do NAC.

"Imagens de Outrora"

A Câmara Municipal de Viana do Castelo acaba de publicar o livro "Viana do Castelo, Imagens de Outrora" da autoria do professor António Novo. Esta edição, integrada nas Comemorações dos 750 Anos do Foral Afonsino, foi apresentada na Biblioteca Municipal, que se encheu para ouvir o autor e uma perspectiva histórica, a cargo do historiador Alberto Abreu. ( ler notícia )

segunda-feira, outubro 27, 2008

Referências e vivências

Diz o João Marchante:

"Gosto de blogues individuais. Os autores tornam-se mais pessoais em casa própria. Cada casa, cada causa. Que é com quem diz: aqui, cada um desfia, dia-após-dia, o rumo da sua vida. E a vida de cada um é aquilo que de mais interessante temos para oferecer uns aos outros. Partilhar referências nascidas de vivências."

Encontros de blogues

Está cada dia mais perto: é o Encontro de Blogues em Borba.

E alguns dias depois: o Encontro de Blogues Nacionalistas, em Cantanhede.

É a socialibilização blogosférica.

domingo, outubro 26, 2008

Centro de Saúde novo em Vila Viçosa?

Diz-se no Tasca Real que após mais 30 anos de espera parece que em 2009, curiosamente ano de eleições, os Calipolenses irão ver o início das obras do seu novo centro de saúde.
A ver vamos!

Os de Barrancos

Falou o confrade das Terras do Carmo, distinto blogue de Moura, em blogues das bandas de Barrancos.
Não estou bem informado, mas ainda assim indico alguns:
Malta Porreira
Estado de Barrancos
Barrancos Express
Barrancos Me Mata

Nestes será possível obter informação mais completa. Espero ter ajudado.

sexta-feira, outubro 24, 2008

"Gandalf está vivo e luta connosco"

Tolkien nunca participou em política nem expressou convicções definidas; tão pouco "O Senhor dos Anéis" pode ser reduzido às categorias políticas em uso: nem ao debate político dos anos 1940-1950, nem ao de 2001. Mesmo assim, não pode nogar-se um facto evidente: nem Tolkien nem a sua obra escrita podem ser consideradas neutrais perante os episódios fundamentais do nosso tempo.


Pascual Tamburri, no INCONFORMISTA

A GAMALIS

As notícias sobre a GEBALIS, comentadas por Jorge Ferreira:

Sessenta e quatro mil euros em restaurantes, em dois anos, o que dá trinta e dois mil por ano, o que dá dois mil seiscentos e sessenta e seis vírgula sessenta e seis por mês. Bens gourmet, ou seja, produtos alimentares de elevado custo. DVD’s com fins lúdicos, romances e ficção variada, CD’s de música, tudo para benefício pessoal, foi onde três gestores da GAMALIS ou GAMELIS ou Gebalis para os tecnocratas, gastaram de dinheiro público.
Tudo bens de primeiríssima necessidade para uma vida com qualidade. Com um pequeno senão: o dinheiro não era deles e não era para isso que lhes foi confiado.
Não quererá o Ministério Público investigar as restantes empresas municipais de norte a sul deste Portugal em crise?
A Gebalis afinal devia chamar-se Gamalis, de gamar ou Gamelis, de gamela. Gebalis, de gerir é que não.
Insisto: extingam-se estas fontes de luxúria financeira. É de prever, entretanto, que todos os partidos vão ficar caladinhos. Pudera! Bem os entendo.

Lisboa, 23 de Outubro de 2008

Jorge Ferreira

Dor de cotovelo

Pensei nada dizer sobre o afastamento de Paulo Cunha Porto do Corta-Fitas. Afinal, o caso fala por si, está lá todo, e veio a dar origem ao Duro das Lamentações. Ninguém perdeu, e todos ganhámos.
Porém, a tentação é mais forte do que eu e não resisto a dar o meu humilde contributo para a compreensão geral da ocorrência.
É que a mim parece-me que o motivo determinante da actuação dos dois apóstolos dos credos comummente aceites (uma delícia de expressão) foi outro que não o comummente referido. Não que o preconceito e o medo da diferença (xenofobia) não tenham estado presentes. Estiveram. Todavia, estou em crer que não foi essa a raiz do problema. Este nasceu, antes e principalmente, de uma humaníssima e compreensível dor de cotovelo. Já repararam os leitores que os tais zeladores dos credos comummente aceites são, precisamente, jornalistas? Que vivem, precisamente, de escrever? Que escrever é, precisamente, o seu business (deles)? Ora pois. Coloquem-se vossas excelências, amáveis leitores, na posição deles a escrever ao lado do Paulo Cunha Porto. Dá cá uma destas dores de cotovelo!

quinta-feira, outubro 23, 2008

Terras do Carmo

A minha saudação especial para um novo blogue alentejano, este de Moura, a capital da Margem Esquerda: o Terras do Carmo.

A fita do dia

Estreia-se hoje em Portugal: o 'W.'
É George Bush segundo Oliver Stone, e Oliver Stone visto por Eurico de Barros.

Estrumpfes fazem hoje 50 anos


No dia 23 de Outubro de 1958, nas páginas da revista «Le Journal de Spirou», surgiu a primeira tira de banda desenhada criada por Peyo com aquelas pequenas criaturas azuis chamadas Schtroumpfes.
Celebra-se o cinquentenário.

A Dona Banca

Com a devida vénia ao Terra Portuguesa:

Nos idos anos 80 saiu a notícia de que havia uma senhora conhecida como Dona Branca, a banqueira do povo, que há dezenas de anos recebia depósitos e oferecia juros maiores que a banca do Estado. Os governantes da altura, alarmados pela situação, também vieram à televisão falar sobre o assunto. Os ditos clientes pretenderam levantar o seu dinheiro e o esquema dos «produtos tóxicos» faliu. Alguns colaboradores aproveitaram-se da situação desviando para o seu bolso elevadas quantias em «prémios». O resultado foi a falência do banco privado e Dona Branca passou inúmeros cheques sem cobertura para tentar ressarcir os clientes. Se fosse hoje poderia ter beneficiado de um plano de 20 mil milhões de euros para cobrir o buraco que ela própria tinha criado. Pelo contrário, foi detida e acusada de inúmeros crimes, incluindo associação criminosa. Hoje essas associações são perfeitamente legais, recomendadas e diz-se oficialmente reguladas, e os seus dirigentes são livres de se auto-atribuir chorudos prémios e reformas. O esquema é parecido mas, hoje, quem paga somos nós.

quarta-feira, outubro 22, 2008

Conferência sobre imigração em Beja

"Imigrantes despejados para o Alentejo?"

Encontro de blogues

Está quase aí à porta o Encontro de Blogues em Borba.
Coincide com a Festa da Vinha e do Vinho.
A não perder!

Tasca Real

Boas novas: um novo blogue em Vila Viçosa.
(Já agora, destaque para a palestra do Prof. Vítor Serrão marcada para sábado próximo, 25 de Outubro, às 10 horas, sobre "O fresco maneirista no Paço Ducal de Vila Viçosa". Realiza-se no próprio sítio de que se fala, e merece a vossa visita).

O Duro das Lamentações

O blogue do PCP que faz falta.

Carta a Sócrates

Uma carta de uma mãe dirigida ao primeiro-ministro.

Os abancados do costume

O mercado dos pareceres e dos estudos e a corrupção

sexta-feira, outubro 17, 2008

Professores: o dia dos «dois nãos»

A Associação de Professores e Educadores em Defesa do Ensino (APEDE) e o Movimento Mobilização e Unidade dos Professores (MUP) continuam a batalhar pela manifestação de dia 15 de Novembro, manifestação acional de professores em defesa da dignidade do ensino.
«No dia 15 Novembro lá estarei, com sindicatos ou sem eles. Faça frio ou calor, chova, troveje ou caia neve. Gritarei pelos direitos e dignidade dos professores, da qualidade de ensino, contra a prepotência, a arrogância e a estupidez. Estarei em 15 de Novembro e sempre que a unidade dos professores o reclame, em defesa de VALORES», como escreve o professor Francisco da Silva.
Também a blogosfera não se resigna. Esta é já a «manifestação dos dois nãos», à ministra da Educação e aos sindicatos. Alguns cartoons ilustram essa ligação perigosa.

QUEM NÃO QUER SER LOBO NÃO LHE VESTE A PELE

(um artigo de Jorge Ferreira, que muito provavelmente vai ficar sem resposta)

Vai para três anos, soube-se o grupo Tertir pedia ao Governo que clarificasse a sua posição sobre a localização da actividade portuária, porque estava insatisfeita com a ideia de ter de deslocar o terminal de contentores portuário para fora de Lisboa. Estava na altura em causa a meritória ideia de “devolver" a área ribeirinha à população de Lisboa.
A Tertir era então proprietária da Liscont e, para além de não desejar suportar os custos inerentes à construção de uma nova central de contentores, tinha óbvio interesse na renovação da concessão de Alcântara. Claro que a Tertir ficou sem resposta, o Governo calou-se muito bem caladinho, sempre brandindo o ideal da libertação da zona ribeirinha para uma nova era de lazer, a que de resto os lisboetas aspiram há décadas.
Então o que fez a Tertir? Em 2007, vendeu a sua posição na Liscont à Mota-Engil, que assim passou a controlar a empresa. E é justamente aqui que importa esclarecer: como é que antes a renovação do contrato de concessão desejada pela Tertir era impossível por força da estratégia de libertação da zona ribeirinha e, assim que a Liscont passa para as mãos da Mota-Engil, o contrato de concessão é logo celebrado, ainda por cima com condições mais favoráveis e sem concurso público?
Destes factos pode concluir-se, em primeiro lugar, que para o PS Lisboa é carne para canhão de negócios e, em segundo lugar que há um dado novo, que parece ter alterado tudo: Jorge Coelho na Mota Engil. Claro que o silêncio de outrora vai regressar. O silêncio sempre foi o método de explicação dos negócios públicos inexplicáveis. Pela comunicação social passou vagamente uma reacção do PSD, que se revelou até agora inconsequente. Nem sequer o Bloco de Esquerda se lembrou de tentar um inquérito parlamentar, não fosse José Sá Fernandes na Câmara fugir ainda mais de controlo. E depois, venham-me cá com belos discursos…

16 de Outubro de 2008
Jorge Ferreira

quarta-feira, outubro 15, 2008

Yes, we can!

Síntese Inconformista:
A realidade não é imutável, as circunstâncias não são inultrapassáveis, o inimigo não é invencível. Porém, há que lutar, e persistir na luta, até alcançar. O mundo só tem o sentido que nós lhe dermos. A história é feita pelos homens. Yes, we can.

Na Justiça: outros negócios

O Ministério da Justiça mantém em segredo os custos com o contrato celebrado com o Observatório Permanente da Justiça Portuguesa (OPJ) para a monitorização das leis penais.

(No Correio da Manhã)

O Observatório Permanente da Justiça Portuguesa foi criado no Centro de Estudos Sociais da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra, em 1996, através de um contrato celebrado com o Ministério da Justiça. É coordenado por Boaventura de Sousa Santos.

Professores: a revolta

Aos Professores:
"No dia 15 Novembro lá estarei, com sindicatos ou sem eles. Faça frio ou calor, chova, troveje ou caia neve.
Gritarei pelos direitos e dignidade dos professores, da qualidade de ensino, contra a prepotência, a arrogância e a estupidez. Estarei em 15 de Novembro e sempre que a unidade dos professores o reclame, em defesa de VALORES.
Lembrem-se, colegas, a luta será longa, mas será tanto mais eficaz quanto mais pública se tornar. É exactamente aí, o ponto fraco de Sócrates.
Saudações a todos."

terça-feira, outubro 14, 2008

Recomeço (?)


Tenho insistido que a direita portuguesa está à beira da refundação. Pode custar muito, a todos os que já se instalaram e a todos os que só conseguem olhar para trás, mas o estado do PSD, bem demonstrado pela forma como até alguns "credíveis" se impacientam, não me deixa grande espaço para hesitações. O sistema partidário português vai mudar e não vai beneficiar nenhum dos partidos que à direita se localizam. É esperar para ver.

Será?

MEP: Novo Socialismo de Sacristia?

Sobre o MEP, partido político recentemente apresentado, escreve o Pasquim da Reacção:

"Em Portugal existe um novo partido político. Sem ideias novas, inteligência e sobretudo sem nada dizer, nasce um projecto político que nada traz de novo. Para além de um conjunto de solidários profissionais e de muita gente que vai à missa, este novo Movimento Esperança Portugal não é sequer algo com que valha a pena perder muito tempo, tal é a banalidade da sua proposta que em nada se distingue da falta de imaginação de um PSD ou PS.
(...)
Conheça o MEP aqui, para se poder deslumbrar e ver por si próprio como o Corcunda é bilioso e ruim.

Terra e Povo

Novas:
Fruto da vontade comum de vários interessados, a Associação Terra e Povo foi constituída este ano e propõe-se desenvolver um trabalho preparatório de lançamento de vários dos seus projectos: publicações, conferências, acções de formação, entre outros. Uma associação que se quer activa no preenchimento de uma lacuna no combate cultural e metapolítico no nosso país, bem como no estreitamento de relações paneuropeias. Uma associação em defesa da nossa Terra e do nosso Povo.
Endereço electrónico: http://www.terraepovo.com/
Correio electrónico: terraepovo@gmail.com

Serra d' Ossa Edições

Aqui tão perto, com Rodrigo Sobral Cunha em Vila Viçosa, com António Telmo em Estremoz, nasceu um projecto editorial.
Uma expressão da filosofia portuguesa: Serra d' Ossa Edições.

Sobre nacionalismo

A propósito de nacionalismo, escreveu Renato Epifânio uma divertida sequência de breves notas:

1. Em Portugal, o “nacionalismo” é dos conceitos mais estigmatizados pelo PC (Politicamente Correcto).
2. Isto, obviamente, para uso doméstico, porque para fora as coisas tendem a inverter-se. Historicamente, sempre se valorizaram os “nacionalismos africanos”, na sua luta pela independência, o “nacionalismo timorense”, antes e depois da descolonização, e, actualmente, o PC não esconde a sua simpatia pelos nacionalismos hispânicos: catalão e basco, sobretudo (o galego é demasiado suspeito de lusofilia…).
3. Na sua luta contra a anexação indonésia, por exemplo, Xanana Gusmão era apresentado, nos media, como o “líder dos nacionalistas timorenses”. Pelos mesmos media, tenho ouvido e lido que o “líder dos nacionalistas portugueses” é o Mário Machado…
4. Outro exemplo curioso: quando o Fidel Castro diz (dizia) “Pátria ou Morte!”, o PC acha(va) bem. Mas as mesmas palavras noutra boca…
(...)

O PAÍS DO FAZ DE CONTA

Comentando também os princípios de economia pública, a partir dos hábitos da privada, escreveu Eduardo Pitta:

"No fundo, para que serve a garantia de 20 mil milhões de euros dada ontem pelo Estado, na pessoa do ministro das Finanças, ao sistema bancário? Serve para garantir o padrão de consumo dos últimos vinte anos. (...) Receio bem que este padrão tenha de mudar. Porque se o aval de 20 mil milhões de euros servir para garantir o país do faz de conta, então caminharemos alegremente para o abismo"

Professores

Está convocada uma manifestação nacional de professores para o dia 15 de Novembro.
Mais informações, nos sites da APEDE e do MUP.

«não gastar mais do que se ganha»

Sobre os princípios da actual economia pública, partindo da privada, escreveu Francisco José Viegas:

"Os portugueses de outros tempos dividiam as sardinhas e sabiam que tanta comida devia servir para tantas refeições.(...) Antes do paraíso terreno, a vida era muito pequena e modesta."

A falência da justiça em Portugal

Publicado por Pedro Correia, no Corta-Fitas:

Já não há paciência para a forma unilateral, tendenciosa e preconcebida com que muitos órgãos de informação continuam a relatar o famigerado caso Esmeralda, exemplo supremo da falência da justiça em Portugal. Sobre isso, subscrevo tudo o que José António Lima salienta aqui:
"O procurador-geral [Pinto Monteiro] admite, com distanciamento e frieza analítica, que a criança vai um dia perceber que «teve um pai biológico que lutou por ela a vida inteira e desde o primeiro ano de vida o sistema judicial, policial e o Estado emocrático português não conseguiu que diversas decisões tivessem exequibilidade». Belo epitáfio para a Justiça e o Estado de Direito em Portugal."


Também subscrevo.
A ler: Pedro Correia, José António Lima, Esmeralda Sim.

segunda-feira, outubro 13, 2008

Os negócios do "anti-racismo"

O ACIDI - Alto Comissariado para o Diálogo Intercultural - é uma associação apoiada pelo Governo que recebe financiamento através do Orçamento de Estado. Em 2008 o Governo irá disponibilizar a estas associações cerca de 25 milhões de euros, além de outros financiamentos como os previstos no QREN - Quadro de Referência Estratégica Nacional - e sem contar com apoios como habitação social, subsídios e rendimentos mínimos, etc.. Quando tomou posse, a nova Alta-Comissária para a Imigração, Rosário Farmhouse, anunciou que vai dispor de 74 milhões de euros para gerir até 2013, só no âmbito do QREN. Por sua vez o ACIDI, que tem profissionais pagos pelo contribuinte, apoia ainda mais de uma centena de organizações de imigrantes, emitindo um parecer que permite a essas organizações receber também apoio do Estado.
Para ler mais

(Isto fez-me lembrar algumas fortunas felizes que nasceram com a "luta contra a SIDA"... só que neste caso as dimensões da coisa são infinitamente superiores, e note-se que nesse caso também não eram nada para desprezar. Estas notícias de esbanjamento sistemático e canalização de recursos públicos a favor de grupos de pressão organizados podiam ser devidamente estudadas e comentadas, ao menos na blogosfera e ao menos entre os liberais de carteirinha... mas desconfio que as "conveniências sociais" (chamemos-lhes assim) têm mais força).

O deserto

O ópio dos intelectuais

Lembrando-se de Raymond Aron, escreve Pedro Picoito a propósito dos novos imperativos da agenda progre:
"O progressismo, a crença na marcha imparável da liberdade e da razão, é uma ideologia como outra qualquer: não prova, desqualifica. Quem se opõe ao progresso é um inimigo da Humanidade. Ou um arrogante. Ou até, no fundo, no fundo, um homofóbico. Eis porque os que condenavam a homossexualidade como um desvio burguês, há trinta anos, lutam hoje pelo casamento gay. Os mesmos que chamavam fascista a quem duvidasse da exacta coincidência entre o paraíso e a Albânia, há vinte anos, chamam hoje fascista a quem duvide da exacta coincidência entre direitos humanos e casamento gay."
Comentário meu: nota-se muito??

Recordando Jacques Brel: les bourgeois c'est comme les cochons


Canções dos vinte anos: "Les bourgeois c'est comme les cochons, plus ça devient vieux plus ça devient bête".
A minha costela anti-burguesa. Tem ficado mais forte com a idade.

Lugares comuns

Sobre a tirania omnipresente do pensamento único, observa João Távora:
Dramático é como em Portugal, um pequeno país tendencialmente iletrado e com pouca tradição democrática, o espectro ideológico se nos apresente tão afunilado. Nos “media” dominantes, no meio intelectual estabelecido, impera o pensamento uniformizado e cinzento, viciado em meia dúzia de lugares comuns. Os nossos escritores, políticos e jornalistas da moda raramente reflectem efectivas diferenças ideológicas, ou um pensamento original. Quase sempre as suas mais profundas divergências revelam-se tão só nas suas cores clubísticas, ou por meros caprichos de circunstância.
Observação minha: mas essa é que é a nossa grande "tradição democrática"...

Caso Esmeralda: a conclusão "lógica"?

Baltazar fica sem a filha e ainda tem de pagar aos traficantes?!...

domingo, outubro 12, 2008

Les partisans blancs


Uma homenagem aos vencidos: os que primeiro enfrentaram a mais mortífera peste que assolou o século XX, o comunismo.

Dizer presente

António Balbino Caldeira, em Tempo de Construção:

Sou de novo, tanto quanto posso ser, um homem livre. E homem, cristão mais ainda, tenho o direito e obrigação moral da cidadania activa com a intervenção política. Especialmente, quando os tempos de corrupção e crise económica e socio-política convocam a nossa acção. Jurei bandeira para valer. A Pátria chama e temos de dizer "presente".

sexta-feira, outubro 10, 2008

Estudar o passado

Citação INCONFORMISTA:

<<Quando um povo, em virtude das más cabeças dos homens que o constituem, ou das condições históricas e gerais, está em decadência, como o nosso, permita-se ao menos aos que amam a terra em que nasceram furtar-se, pela contemplação e estudo das coisas do passado, às misérias do presente (...)>>

(José Leite de Vasconcelos, in "Religiões da Lusitânia" )

Em Borba: encontro de blogues

O Alto da Praça, em estreita colaboração com a Comissão Instaladora da Associação Nacional de Blogs e a Câmara Municipal de Borba, vai promover um Encontro de Blogs no próximo dia 9 de Novembro de 2008, por ocasião da Festa da Vinha e do Vinho, aqui em Borba.
Os bloggers interessados em marcar presença neste Encontro, podem formular a sua inscrição aqui.

De ora em diante, cartazes em Lisboa só com aprovação de Sá Fernandes?

Na sua página na revista "Sábado", e agora no "Abrupto", José Pacheco Pereira pronuncia-se sobre o caso do cartaz do PNR, dizendo o óbvio. Que a liberdade que custa é a dos outros. E que o que move os polícias do pensamento alheio como Louçã e Sá Fernandes é uma paixão pelos universos cinzentos e concentracionários que adoram como o Sol desde as suas juventudes já distantes.
Copio o Pacheco (que não aprecio especialmente, mas que, há que dizê-lo, ao menos é um sujeito que lê uns livros, e pensa, duas coisas tão raras nestes tempos).
NÃO SABIA QUE ERA PROIBIDO EM DEMOCRACIA SER CONTRA A IMIGRAÇÃO
O vereador Sá Fernandes à revelia das leis e da liberdade, mandou arrancar um cartaz do PNR contra a imigração. Nada tenho com as ideias e as práticas do PNR, nem precisava de o dizer a não ser porque este mundo está tão envenenado que tem que se estar sempre a repetir o óbvio, mas desconhecia que era proibido em democracia pronunciar-se contra a imigração. O problema é nós nos esquecemos que a liberdade dos outros é também para dizer aquilo que nós detestamos e não concordamos. A liberdade é assim, não é apenas aquilo que o vereador Sá Fernandes entende ser politicamente correcto dizer ou aquilo que ele quer censurar. Felizmente.

Cristóvão Colon, amanhã em Espinho

A Câmara Municipal de Espinho comemora a Descoberta da América, ocorrida há 516 anos, com um dia dedicado a Cristóvão Colon.
Assim, pelas 15.30 h. realiza-se na Biblioteca Municipal de Espinho uma conferência subordinada ao tema "Colombo Português".
Estarão presentes diversas personalidades que se têm debruçado sobre o assunto, como Carlos Calado, José Ferreira Coelho, Manuel Luciano da Silva, Paula Amorim, Manuel Rosa, Francisco Orelha, Julieta Marques, Roiz do Quental, José Llorente, Brandão Ferreira e Garcia Pereira.
A moderação estará a cargo do jornalista Pedro Laranjeira.
Estará também patente ao público uma exposição bibliográfica e documental sobre o tema, no mesmo edifício da Biblioteca Municipal.

Lançamento em Espinho, este sábado

A Biblioteca Municipal de Espinho tem o prazer de anunciar o livro do jornalista Pedro Laranjeira, intitulado "O ALENTEJANO QUE DESCOBRIU A AMÉRICA".
A apresentação do livro e do autor estará a cargo do jornalista Carlos Magno.
Trata-se de uma compilação de factos relevantes sobre as mais recentes descobertas vindas a lume acerca da personalidade e origens de Cristóvão Colombo.
A obra dedica grande atenção às investigações que indiciam a nacionalidade portuguesa do navegador e inclui as teses dos principais estudiosos do assunto, como Mascarenhas Barreto, Manuel Rosa, Roiz do Quental, José Rodrigues dos Santos e Manuel Luciano da Silva, que inspirou Manoel de Oliveira para a realização do seu último filme, "Cristóvão Colombo, o Enigma".
O acto terá lugar na Biblioteca Municipal no dia 11 de Outubro às 21.30 h.

Em Espinho: o alentejano que descobriu a América

No próximo dia 11 de Outubro, realiza-se em Espinho um conjunto de eventos relacionados com o tema "Colombo Português", nomeadamente uma conferência alusiva ao tema e o lançamento de um livro de Pedro Laranjeira.

quinta-feira, outubro 09, 2008

Evolução e continuidade

Uma realidade nunca devidamente estudada nas inúmeras obras que se debruçaram sobre a vida política das últimas décadas em Portugal é a óbvia continuidade do essencial da classe dirigente (política e não só) desde o final dos anos sessenta do século que passou.
A visão do 25 de Abril como ruptura, como marco separador de um antes e um depois mitificados e mistificados, é demasiado conveniente para ser posta em causa.
Mas é evidentemente falsa.
Não foram só Veiga Simão e Silva Pinto, Spínola e Costa Gomes, Rogério Martins e Manuel José Homem de Mello, Adriano Moreira e Pereira de Moura, Jacinto Nunes e Teixeira Ribeiro, que já eram gente grada no regime anterior e continuaram a sê-lo tranquilamente no posterior, sem sobressaltos de maior.
A iniciativa actualmente em curso sob a denominação de ciclo "Tempos de Transição" é por demais elucidativa para que a deixe passar sem este comentário. Leia-se atentamente a notícia do Expresso sobre a recente conferência-colóquio "O Regime e a Ala Liberal".
Até houve lugar para a verve humorística de Nogueira de Brito, que acertou em cheio na caracterização da tal "Ala Liberal": "uma espécie de ala dos namorados do prof. Marcelo Caetano".
De resto, está lá tudo: Nogueira de Brito, João Salgueiro, Elmano Alves, Nogueira de Brito, Mota Amaral, Rui Vilar, Pinto Balsemão, a recordação de José Pedro Pinto Leite, José Manuel de Mello, Maria de Lurdes Pintasilgo, André Gonçalves Pereira e Diogo Freitas do Amaral... Não se fala de Amaro da Costa ou Marcelo Rebelo de Sousa, mas podia falar-se.
A ideia central que ressalta (aos meus olhos, evidentemente) é a que já tinha: as forças que mexiam então na sociedade portuguesa são as mesmas que continuaram depois, e os protagonistas também. No poder que hoje está estão as pessoas que não havendo 25 de Abril mas tendo prosseguido a evolução daquilo que estava muito provavelmente estariam agora nos mesmos lugares onde estão. Guterres, Barroso ou Sócrates teriam começado por secretários ou subsecretários de Estado, Vital Moreira seria procurador à Câmara Corporativa.
A sessão que decorreu quarta-feira no Grémio Literário (ironia suprema, conhecendo-se as peripécias da abrilada) teve a presidência de Elmano Alves, que também presidiu à ANP e que explicou aos circunstantes como fechou a porta da instituição (mas não deixou ninguém lá fechado!).
Sorri com gosto, e lembrei-me de algo que tinha lido recentemente num blogue de Évora: no congresso da ANP realizado em Maio de 1973 em Tomar, e que veio a ser o último (presidiu Elmano Alves, como na sessão de quarta-feira passada), estiveram e falaram como representantes da juventude do distrito de Évora uns estudantes universitários de então, de nomes Capoulas Santos, Henrique Troncho, José Ramalho Ilhéu. Entretanto passou o tempo e são estes quem tem na mão a estrutura distrital de Évora do PS, o partido do poder. Aliás, são militantes históricos, entraram logo em Maio de 1974. Tudo indica que se não fosse o 25 de Abril teriam estado nos últimos trinta anos nos mesmos lugares públicos que têm e já tiveram, só que provavelmente sob a sigla da ANP, ou outra sucedânea.
É assim.
O Moita Flores estaria certamente a palestrar nos cursos de formação da MP, como fazia então, com a mesma dedicação com que agora nos educa na televisão do regime (deste). E o Prof. Marcelo seria ministro dessa área, não sei se só da informação ou se da informação e turismo, como Moreira Baptista (isso dependeria das remodelações governamentais).
Mudanças, houve. Mas nisto, classe dirigente e pessoal político, a nota dominante é a oposta. Continuidade, e evolução. Evolução na continuidade.

Xenofobia

Xenofobia é uma aversão irracional ao que é diferente, um medo instintivo e injustificado perante o desconhecido, o outro, o estranho...
Para um psicólogo, é doença. O principal sintoma é o medo, que em geral se associa a uma agressividade despropositada, reactiva.
Precisamente como se detecta no vereador Sá Fernandes, nas suas recentes tomadas de posição em relação a um cartaz afixado pelo PNR em Lisboa.
Diga-se, a este propósito, que não é fácil entender racionalmente as atitudes do vereador esquerdista. Um partido como o PNR, ostracizado pela comunicação social, precisa de criar factos políticos. A colocação do cartaz, cujo teor aliás não trazia novidade, tinha que ver-se como um teste, um repto, um desafio, até uma provocação.
Nessa medida, o vereador Sá Fernandes reagiu de forma tão mecânica e condicionada que nem o mais bem treinado dos cãezinhos de Pavlov.
Custa a crer que seja estupidez, pelo que tem que procurar-se outra explicação.
Pode ser esta: os reflexos condicionados, e a xenofobia. O vereador Sá Fernandes entra em pânico e descontrola-se em face da diferença. Só mantém aquela postura serena de burguês progressista, aberto e tolerante, enquanto tudo se mantiver dentro dos parâmetros mentais em que está formatado. Uma ideia estranha, algo diferente, e desatina.

Brotoejas

Quando comecei na blogosfera, vai para cinco anos, estava em glória uma chamada "nova direita", de quem se dizia que até os Antigos Deuses viriam a ter inveja.
Era o Pedro Mexia, o João Pereira Coutinho, o Pedro Lomba, o João Marques de Almeida, o Vasco Rato, e mais não sei quantos prodígios.
Nunca o meu olhar hesitou no diagnóstico, vi bem que era só brotoeja. E aquilo passou, felizmente para os próprios que hoje estão todos bem empregados.
Esse género de erupções cutâneas é meramente superficial, nem sequer deixa marca, e desaparece rapidamente.

Trabalhar e poupar

Para crises modernas, virtudes antigas. A realidade não vai deixar outro caminho. Dizer a toda a gente que não pode gastar mais do que ganha, nem pode ganhar para além do que se produz. Que o lazer e o consumo não são sustentáveis por si mesmos.
Isto é um programa impopular. Mas alguém terá que o dizer.
Ontem como hoje, a boa economia depende afinal de regras simples e de validade universal.

quarta-feira, outubro 08, 2008

Crises (I)

(um artigo de Nuno Rogeiro)

Quem pode dizer o que é o fim, o que é princípio, ou o que é o fim do princípio, ou o princípio do fim? Certamente que não os contemporâneos das mudanças. A única coisa que, prudentemente, podemos verificar é, por todo o Globo, a ocorrência de "perturbação".
Em Israel, foi alvo de atentado o professor Zeev Sternhell, sobrevivente dos campos de concentração, militante pela paz, grande estudioso dos fascismos europeus e dos "mitos" da fundação sionista. Quem o quis matar? A quem incomoda a sua voz, patriótica mas crítica? E que sinais dão os EUA, ao enviar, para uma base do deserto do Negev, o poderoso radar FBX-T, capaz de interceptar quase tudo? Ao Irão, dão a ideia de que não abandonam Israel. A Israel, dão a ideia de que deve acalmar-se.
Convulsão, ainda, na costa da Somália, com o crescimento da pirataria, e a ameaça sobre o comércio internacional. Quem são os flibusteiros? Uma mistura de gente miserável e desesperada, de oportunistas e de doutrinadores, aproveitando a abundância de armas e a ausência de estado. Por vezes, fazem - involuntariamente - justiça poética, e apresam navios que podem violar sanções internacionais. Mas são um cancro, e a Europa já se mobilizou.
Tremores, ainda, num recente e ambicioso inquérito da BBC, com dezenas de milhares de entrevistados, em 23 países dos vários continentes.
Pergunta: quem está a ganhar a "guerra ao terrorismo"? 49% acham que é um "empate", 22% afirmam que são os EUA, 10% a "al-Qaeda".
E as medidas americanas têm fortalecido ou enfraquecido o terrorismo? 30% acham que têm fortalecido, 22% que têm enfraquecido, 29% não sabem o que pensar.
Mais preocupante, no campo das percepções, o facto de a al-Qaeda despertar juízos positivos, ou "mistos", para 60% de egípcios e 25% de nigerianos, e só ser considerada "negativa" por 19% de paquistaneses.
Anormalidade, ainda, no Cáucaso. Os observadores da União Europeia chegarão a uma conclusão sobre "quem começou"? Uma coisa terão percebido, a partir das opiniões russas: a intervenção de Moscovo não tem nada a ver com o Kosovo, apesar de algumas análises infantis, mas com o argumento de que Saakashivilli é um "irresponsável" e um "genocida".
Sempre sobre solavancos, ouvimos o presidente Medvedev afirmar, perante a placidez da senhora Merkl, que "acabou o domínio americano no Mundo".
Os empresários alemães presentes, cépticos quanto aos planos de perdão das más dívidas, sorriem educadamente, pensando em duas coisas: ter boas relações económicas com Moscovo, e não deixar a retórica belicista triunfar, é uma chave de sucesso; por outro lado, Berlim não parece contente com a maneira como Bush quis solucionar a "crise".
No Paquistão, o novo chefe dos serviços secretos centrais (ISI), o operacional "tecnocrata" Ahmed Pasha, reflecte sobre tudo isto. Como ser aliado dos EUA, e proteger as fronteiras, contra os próprios EUA? E como reagir ao próximo presidente americano?
No primeiro debate de campanha, os dois candidatos prometeram que atacariam a al-Qaeda, se fosse preciso dentro do Paquistão. A diferença é que McCain não o diria, e Obama sim.
Percalços, por fim, na Europa e no G8, mobilizados a toque de caixa por Sarkozy. Como se sai da "falta de dinheiro", que chega a perturbar os mercados ricos dos xeques do Médio Oriente?
Poderá a China, semicapitalista, ajudar?
E as más raízes saneiam-se pelo arranque, ou pela enfermagem cuidada, com protecção estatal?
E é "crise", ou morte anunciada?
E de quê?

Pois. E quantos pagam renda?

A Câmara de Lisboa tem 40 mil inquilinos, diz o Correio da Manhã.
Quem são? Quantos pagam renda? E de quanto são as rendas? Qual é a receita desse património? E quanto custa ao município? Ninguém sabe?

As crises e os homens

"Mas ainda não há suicídios, gente a atirar-se dos arranha-céus"... Em 1929, logo no princípio da crise, onze personalidades da vida financeira americana acabaram assim!
(...)
Hoje não se atiram pela janela. Descem tranquilamente pelas escadas ou pelo elevador e vão almoçar ao sítio do costume.

Odisseia

Quatro anos na blogosfera

O cartaz, a esquerda e o povo

Sobre a retirada do cartaz do PNR por parte dos serviços camarários de Lisboa, por ordem de José Sá Fernandes.
(...) "Por tudo isto, o cartaz é apenas mais um episódio simbólico. Desta superioridade moral arvorada pela esquerda, desta desconfiança em relação ao povo e à sua capacidade de pensar. E também da sua incapacidade em aprender com a história. É que, por cada cartaz retirado, há outros que vão surgindo."

Também desconfio que sim...

Da imprensa: "o Procurador-geral da República afirma que o caso Esmeralda só vai resolver-se quando a menina completar 18 anos. Com base na sua experiência, só na maioridade haverá desfecho"...
Também desconfio que sim... ou talvez aconteça que nem então...
Mas não é isso que se tem tentado garantir? Até com a intervenção da hierarquia do MP, a pressionar para que assim suceda? Algum dia poderão os magistrados do MP que lidaram e lidam directamente com a situação, os de Torres Novas e de Tomar, falar livremente sobre o assunto, e comentar as pressões que lhes chegam da Distrital de Coimbra e da PGR, e das tias lisboetas associadas no movimento nacional feminino?
Enfim...
(ver blogue de Cândido Ferreira, Esmeralda-Sim)

terça-feira, outubro 07, 2008

O cartaz proibido

sexta-feira, outubro 03, 2008

Ninguém tem culpa de nada

«Os cientistas oficiais preferem explicar o Estado pela luta de classes, o canibalismo pela deficiência em proteínas, a guerra pelas indústrias de armamento e pelo capitalismo, a droga pela falta de amor, o crime pela frustração, e assim por diante. O ciclo cultural que nos integra culminou afinal numa gigantesca Era do Álibi. Tudo está desculpado. Ninguém tem culpa de nada.»

António Marques Bessa
in "Ensaio sobre o Fim da Nossa Idade", Edições do Templo (1978)
( lembrado no INCONFORMISTA )

Serenidade


Eu cá confio na justiça...

Notícias da frente (II)

"O advogado de Mário Machado, José Manuel Castro, disse logo após o final da leitura do acórdão que iria apresentar recurso da decisão."
(ler mais)

"O líder do Partido Nacionalista Renovador, José Pinto Coelho, classificou este julgamento como "um processo político nunca visto em Portugal".
(ler mais)

Notícias da frente (I)

Lido no Portugal Diário:

O deputado do Partido Socialista, Paulo Pedroso, desistiu esta sexta-feira de uma queixa apresentada contra o autor do blogue Do Portugal Profundo, que estava a ser julgada no Tribunal da Boa Hora, em Lisboa.
António Caldeira, responsável pelo conteúdo do blogue, estava sentado no banco dos réus acusado de 49 crimes por difamação. Pedroso queria ainda uma indemnização cível no valor de 150 mil euros. Mas, na oitava sessão do julgamento, o deputado socialista desistiu da queixa.
Na base da queixa apresentada por Paulo Pedroso estavam textos divulgados no blogue, no ano de 2004, relativos ao processo da Casa Pia. O deputado terá tentado que o arguido pedisse desculpa, mas segundo apurou o PortugalDiário isso não aconteceu.
José Maria Martins, advogado de António caldeira, confirmou ao PortugalDiário a desistência do processo. O deputado do PS terá também pago a António Caldeira, esta sexta-feira, a indemnização de 2500 euros a que foi condenado, numa primeira instância e que, após recurso, viu o tribunal da Relação de Lisboa confirmar.
Neste último caso, foi o autor do blogue Do Portugal Profundo, que apresentou queixa contra Pedroso e viu os seus intentos reconhecidos pela justiça.

"Onde está a esquerda?"

Pergunta angustiado o escritor Saramago em texto publicado quarta-feira no seu blogue. Embora não pareça muito interessado em que lhe respondam, visto que logo acrescenta que "não dou alvíssaras, já paguei demasiado caras as minhas ilusões", não resisto a deixar-lhe aqui uma breve indicação. Mesmo sem alvíssaras, que não quero nada dele.
É só para que não continue a proclamar, lá do alto do nobélico pedestal a que subiu, que "a esquerda não pensa, não age, não arrisca um passo".
Que injustiça, ó nobélica criatura! Tu é que deves estar choné de todo, ou já não vives neste mundo.
Com que então não sabes "onde está a esquerda?"
Pois nunca ela esteve tão à vista, nunca ela prosperou e inchou tanto, nunca ela se meteu assim pelos olhos dentro, até do mais distraído.
Abre a televisão, e repara em quem lá te aparece... Olha para a assembleia, e vê quem lá está a encher aquilo...
Não sabes "onde está a esquerda?"
Até eu, que pouco saio de casa, posso dar-te umas dicas.
Está, por exemplo, nos conselhos de administração, onde se governa a riqueza a que noutros tempos poderia chamar-se nacional. Lembras-te do Pina Moura, do Jorge Coelho, do Armando Vara, do Fernando Gomes, do...do.. enfim, de tantos, não há banco ou empresa, das maiores nascidas cá ou das que antes eram chamadas multinacionais, onde não possas ver a esquerda a mandar, triunfante e feliz. Tem nas mãos o nosso PIB.
Queres saber "onde está a esquerda?"
Está, por exemplo, à frente de toda a comunicação social. Lembras-te certamente daqueles rapazes do marxismo-leninismo, que berravam por mais quando tu, mais experiente, saneavas o DN. O Henrique Monteiro, o José Manuel Fernandes, o José António Saraiva, o João Carlos Espada, o José Pacheco Pereira, o Saldanha Sanches... São eles que dirigem os jornais, ditam as opiniões... Não há opinião publicada, nem opinador que se veja, que não apresente irreprensíveis certificados nessa matéria.
Está à frente das universidades, vê bem quem são os dirigentes, uma reunião do Conselho de Reitores parece um encontro de confraternização dos dirigentes da UEC de há 30 anos...
Está no governo, ó Saramago. Não te lembras do Mário Lino, teu camarada no Comité Central, não te recordas do jovem Alberto Costa, jovem entusiasta do partido quando resolveu, heroicamente, desertar, não sabes quem é o Rui Pereira, a Maria de Lurdes Rodrigues, não reconheces nesta ilustre plêiade que para nosso bem nos governa uma impoluta falange de esquerdistas sem mácula, quase desde o berço?
Pois olha que não vindo do PC, como o Magalhães, ou de qualquer grémio esquerdalho, como o Barroso, ninguém medra na política doméstica, nem chega aos píncaros da governança, em Lisboa ou na Europa. Sem esse atestado de origem não se vai a lado nenhum.
E ainda perguntas "onde está a esquerda?" A magana está em toda a parte!
Olha, está nas polícias, no Ministério Público... Há a Maria José Morgado, a Cândida de Almeida, a Francisca Van Dunem... É verdade, a esquerda comanda as polícias.
Apetecia-me responder-te que a procurasses também nas casas da Câmara de Lisboa, agora famosas, e que estão cheiiinhas dela. Mas provavelmente não gostarias de pôr em cheque o Baptista Bastos, nem arruinar a reputação de tantos outros camaradas empenhados no município, como o Ruben e o Abreu. Afinal, pessoal de esquerda são também o António Costa, e o João Soares, e a Sara Brito, e o Sá Fernandes, e a Helena Roseta, e o Jorge Sampaio, e mais a legião dos artistas... Não serias tu, Saramago, a levar a água ao moinho da reacção nesta trapalhada lisboeta.
Ficarei por aqui. A esquerda está bem, e recomenda-se. Nós é que não estamos. Não estamos nós, por uns motivos, e não estás tu, porque és parvo e sempre foste assim. Nunca enxergaste nada de nada, e ainda te julgas capaz de escrever sobre a cegueira.

Valores, ou a falta deles

Sobre valores e valorações, ler este oportuno reparo no "Terra Portuguesa".

quinta-feira, outubro 02, 2008

Os meus vizinhos do IP2

Vizinhos é como quem diz; Portalegre e Castelo Branco são logo ali, mas é em alentejano puro. Tivesse o declarante outro berço e creio que a distância se lhe apresentaria mais agigantada. Seja como for, o certo é que partindo de Évora e seguindo pelo IP2 (quando a via aqui chegar a Évora, acontecimento que ouço ser iminente há uns vinte anos, sem ainda nunca o ter visto) de certo o indígena alcançará a terra que Régio cantou, e, passando o Tejo, chegará à urbe albicastrense.
Estamos todos três deste lado do país; o lado que se afunda, ou, noutra perspectiva, o lado que está a ir ao ar, porque o peso está todo concentrado lá longe, no litoral onde fica tudo e onde as multidões se aglomeram.
Chamo-lhes pois os meus vizinhos do IP2; são dois blogues por que nutro especial carinho, e que visito dia dia sim. Reconhecem-se pela natural distinção, e por invulgar preparação cultural. Também por terem voz própria e não afinarem pelo rebanho.
São o Voz Portalegrense e o Cidade do Sossego.
É o meu percurso IP2, no sentido Sul-Norte: paragens em Portalegre e Castelo Branco. Em internéticas ondas.

As casas da oligarquia lisboeta: causa finita?

Cerca de três mil e duzentas casas são muitas casas. Pensando bem, corresponde a uma pequena cidade com dez mil habitantes. Para um país com o tamanho do nosso, não é nada pouco. Este cálculo ajuda a compreender a importância do fenómeno falado nos últimos dias, ou seja a atribuição das habitações pertencentes ao chamado "património disperso" da Câmara de Lisboa. Para comprender melhor ainda basta lembrar que tudo se passa apenas em Lisboa, onde as tais 3200 casas e a sua distribuição arbitrária dão origem a um poderoso bloco, heterogéneo mas cúmplice, formado pelos milhares de beneficiários e seus relativos.
Deste modo se percebe que a prática instalada se venha prolongando, desde há décadas, sem que ninguém, em nenhumas oscilações do poder municipal, tenha tentado verdadeiramente pôr-lhe fim. Como pode observar-se, o sistema foi beneficiando de igual forma gente do PS e do PSD, como também pessoal afecto ao PCP ou ao CDS, e atrás deles um sem número de exemplares daquela fauna variada que costuma aparecer com os políticos em alturas de campanha eleitoral (uns artistas, uns gestores, uns jornalistas, associações disto e daquilo). O mais interessante é constatar que de entre os que passaram pela CML nunca houve quem tirasse: todos deram, mas seguiu-se uma regra não escrita segundo a qual não se tirava nada a ninguém. Os recém chegados aos lugares de topo no município e os novos beneficiários entendiam tacitamente que era chegada a vez deles, mas nada de beliscar os "direitos adquiridos".
Entende-se perfeitamente este funcionamento do esquema pela impossibilidadede de agir de outra forma. Quem mexesse nas regras em causa perdia as eleições seguintes, garantidamente, isto se resistisse até lá (o mais provável era que fosse trucidado antes, pelas tempestades políticas que de imediato lhe surgiriam de todos os lados).
Basta olhar uma notícia sobre qualquer evento importante associado à CML para ver que rodeando os transitórios decisores lá está uma chusma de apoiantes indispensáveis, desde os assessores, técnicos e funcionários superiores até aos intelectuais de serviço, escritores, pintores, actores de telenovela, sem os quais não se consegue passar politicamente, e todos mais ou menos felizes com o "património disperso" da CML. Até os nomes dos fazedores das notícias se situam entre os contemplados. Como desfazer este nó?
Há uma casta, omnipresente e poderosa, transversal aos partidos do poder, e que os atravessa e ultrapassa, que está convencida de ter direitos especiais e habituada a usufruir das correspondentes benesses. Resistirá como puder, mobilizando solidariedades insuspeitadas.
(Um estudo sobre os beneficiados com este parque imobiliário revelaria uma coincidência nada surpreendente com certos grupos também beneficiados habitualmente por outras formas, como são exemplo a distribuição de subsídios ou de empregos públicos).
É também por isto que se torna fácil prever o destino desta polémica. Aliás, basta percorrer a imprensa escrita, ou estar atento à outra, para verificar a pouca atenção, ou o incómodo, com que tem sido (ou não) abordada esta questão. Até na blogosfera o assunto tem sido tratado, diga-mo-lo claramente, quase exclusivamente por aqueles que não têm qualquer pretensão a ser aceites no mainstream, e a quem não incomoda o seu estatuto de marginalidade política.
O tema vai cair, e tudo vai ficar na mesma.

Escola & Sociedade

Violência na EB de Santa Maria-Beja

quarta-feira, outubro 01, 2008

As ricas casinhas da Câmara, e os segredos deste Estado

Sobre a questão das mais de três mil habitações que desde há muito estão ao serviço da nomenklatura agenciada pelos poderes políticos alfacinhas, desde funcionários a familiares, amigos, jornalistas, simples apaniguados ou grupos que interessa ter na mão, escreve o jornalista José Júdice, no "Metro":
"António Costa prometeu que iria divulgar a lista de arrendatários de favor, desde que autorizado pela Comissão Nacional de Protecção de Dados. A intenção é boa, mas a precaução é suspeita. Não é para isso que serve a protecção de dados - serve para impedir que informações pessoais dos cidadãos recolhidos por uma qualquer entidade sejam tornados públicos ou transmitidos a outros sem autorização judicial. Um contrato de arrendamento de uma casa que é propriedade pública não é segredo, nem de Estado nem pessoal. Se as Finanças não precisam de autorização para divulgar quem é que lhes deve dinheiro, ou o Governo para divulgar quem é que recebe subsídios, por que é que a Câmara toma esta precaução antes de dizer a quem é que deu, sem concurso nem atestado de pobreza, o património de todos nós?"
José Júdice tem razão, mas a observação é ingénua. Ente nós cultiva-se muito a transparência mas só quando não há nada para ver, ou o que se vislumbra não tem importância. Lembro só que apesar de todos os esforços de alguns teimosos ainda não foi possível obter os dados referentes aos gastos do Estado com os grandes empórios da advocacia - um negócio que se situa num patamar muito mais elevado do que o tráfico das habitações disponíveis na bolsa de reserva da Câmara lisboeta, espécie de saco de rebuçados para fixar a clientela que se julga necessária para efeitos eleitorais. Pela sua expressão económica, e pela sua relevância nos jogos de poder ao mais alto nível, este é um escândalo bem maior do que as ricas casinhas da clientela da classe política lisboeta. Mas nessa matéria... black-out, total.