segunda-feira, julho 31, 2006

Aniversário

"O Sexo dos Anjos" faz hoje três anos.
A casa é vossa.

domingo, julho 30, 2006

Médio Oriente: 60 anos de terrorismo

Esta fotografia é de 22 de Julho de 1946. Assinala um marco na história do terrorismo, erigido em método sistemático de luta política. Trata-se do atentado ao King David Hotel, em Jerusalém. Segundo os números oficiais morreram 91 pessoas (28 britânicos, 41 árabes, 17 judeus e 5 outros) e 45 ficaram feridas. O atentado foi da responsabilidade do Irgun, então chefiado por Menachem Begin, que veio a ser primeiro-Ministro de Israel, e foi executado, após meses de planeamento, por uma equipa comandada por Yosef Avni e Yisrael Levi (na expressão do The Times de então, Jewish terrorists).
O acontecimento foi agora celebrado em Israel, a pretexto da passagem dos seus 60 anos, com dois dias de festejos, tendo nomeadamente sido descerrada uma placa comemorativa no local, na sequência de cerimónia pública presidida pelo antigo primeiro-ministro Binyamin Netanyahu. Os responsáveis pelo atentado ainda vivos foram homeageados como heróis nacionais.
A única mancha na celebração surgiu de um embaraço diplomático: o embaixador britânico sentiu-se obrigado a protestar porque no texto da placa comemorativa foi incluída a frase “For reasons known only to the British, the hotel was not evacuated”, o que foi interpretado como uma atribuição de culpas aos britânicos pelo trágico resultado ocorrido. O representante britânico "denied that the British had been warned, adding that even if they had “this does not absolve those who planted the bomb from responsibility for the deaths”.

Sobre os morangos com coca


Novo número da Atlântico

sábado, julho 29, 2006

Silly season, mas não só

Sob o título "Extrema-direita recruta nas escolas" o habitual semanário publica um vigoroso alerta sobre o perigo maior que nos espreita: a extrema-direita.
Para quem ainda não se tivesse dado conta, fique então ciente.
Porém, ultrapassando o plano do anedótico, próprio da estação, há razões para apreensão no texto da peça jornalística referida.
Ali se diz logo em subtítulo: "Setenta angariadores identificados e sob vigilância da PSP".
E depois explica-se que "a extrema-direita tem vindo a recrutar, desde o início do ano, estudantes em escolas secundárias de todo o país, numa operação de propaganda intensiva que as autoridades consideram sem precedentes no nosso país. As forças de segurança já alertaram o Governo para o perigo de transmissão aos jovens de ideias violentas, racistas e xenófobas. Na terça-feira, a GNR entregou um relatório sobre a questão a responsáveis dos Ministérios da Administração Interna (MAI) e da Educação (ME), que se reuniram, no âmbito do programa «Escola Segura». A GNR apela à necessidade de «definir uma estratégia de combate e inactivação» destas acções, as quais «podem vir a introduzir problemas graves na segurança interna»."»
O que é que se pode concluir objectivamente deste arrazoado?
Apresenta-se claro que, a ser isto verdade (vem no "Expresso", nunca se sabe), as forças policiais têm vindo a realizar operações de vigilância não autorizadas sobre cidadãos que se enquadram no conceito por elas definido de "extrema-direita". A definição usada não é conhecida, mas será certamente dada por algum politólogo lá das polícias. O critério da escolha dos alvos resulta portanto das convicções ideológicas desses cidadãos, das ideias, não de actos eventualmente praticados por esses cidadãos.
Ora acontece que os órgãos de polícia criminal têm competência para investigar crimes (actos tipificados na lei como tal) e não para vigiar grupos de cidadãos definidos a partir das suas opiniões políticas.
E mesmo em sede de investigação criminal têm as polícias que se subordinar às normas legais, e nomeadamente em matéria de vigilâncias têm que se sujeitar ao controlo judicial obrigatório.
Por outras palavras: aquilo que consta no "Expresso" que a GNR e a PSP estão a fazer é completamente inconstitucional e absolutamente ilegal. Parece resultar claro do texto citado que existem listagens, fichas, dos cidadãos rotulados como sendo de "extrema-direita", assim transformados numa categoria especial objecto de vigilância pela sua perigosidade social. Tudo por iniciativa policial?
Repito que tudo isto é chocantemente ilegal. Aconselho todos os que se saibam visados a apresentar as queixas adequadas. Para já, penso que a Procuradoria-Geral da República deveria abrir um inquérito e investigar o que se passa apenas com base na notícia do "Expresso". É crime público de abuso de poder, para além dos outros que surgirão na investigação, contra a vida privada e os direitos individuais dos cidadãos, aquilo que se pode extrair da notícia em causa. Os cidadãos do catálogo também têm direitos.

A fúria neoconservadora contra a viragem de Bush

No "Diário de Notícias" de hoje Francisco Sarsfield Cabral chama-nos a atenção para a importância dos debates políticos em curso na América.

A fúria neoconservadora contra a viragem de Bush
"A actual política externa de Bush resume-se a palavras vazias." A acusação não parte de um europeu, nem de um americano de esquerda. Ela vem de um neoconservador, I. H. Daalder.
Daalder insurge-se contra Bush ter abandonado a política externa unilateral no segundo mandato, trocando-a por "mera conversa multilateral". Ora, diz ele, os fortes não negoceiam com os fracos, vencem-nos. Assim, Daalder lamenta que Bush já não utilize a força militar para forçar outros países a mudarem de política ou mesmo de regime.
Outro analista da área dos neocons, N. Eberstadt do American Enterprise Institute (AEI), classifica a posição americana face à ameaça nuclear da Coreia do Norte de meras palavras. Também do AEI, Danielle Pletka denuncia a "viragem de 180 graus" de Bush. E diz que todos os sinais apontam para uma falta de determinação no apoio dos EUA a Israel contra o Hezbollah.
Há mais de um mês, Richard Perle classificara de "recuo vergonhoso" a aceitação, por Washington, da possibilidade de negociar directamente com Teerão. Para os neoconservadores, Bush e Condoleezza Rice levaram os EUA a perder a iniciativa na cena internacional, que tiveram no primeiro mandato do Presidente.
Os neocons aproximam esta nova atitude de Bush da política conciliatória de Chamberlain, em Munique, face a Hitler (o célebre appeasement). Não surpreende, assim, que um dos mais furiosos críticos da presente política externa de Bush, o neoconservador Bill Kristol, proponha bombardear o Irão, agora que Teerão incendeia o Médio Oriente através dos seus protegidos Hamas e Hezbollah.
Bill Kristol defende uma acção militar contra o Irão com argumentos parecidos com os que usou para advogar uma invasão do Iraque. Nessa altura, Kristol previu que a invasão "iria clarificar quem está certo e quem está errado quanto às armas de destruição maciça" e "iria revelar as aspirações do povo do Iraque". Agora, ele espera de um ataque ao Irão uma mudança de regime, "detestado pelo povo iraniano".
O problema é que cada dia se confirma ter sido a invasão do Iraque um erro trágico, fazendo Bush cair nas sondagens. E não apenas por não se terem encontrado as tais armas de destruição maciça. Ou por incompetência de Rumsfeld, ao manter no Iraque um número insuficiente de soldados, como também acontece no Afeganistão.
Com eleições parciais para o Congresso em Novembro, a maioria dos republicanos quer tudo menos uma nova aventura militar. E os conservadores "clássicos" começam a levantar a voz contra os "neo".
George F. Will, que escreveu discursos para Nixon, estranha que quem se diz conservador não conheça os limites do poder. Poder militar e não só: os neocons desafiaram também a tradição conservadora de um Governo pouco interventor na economia e com as contas equilibradas.
Ora a estratégia neoconservadora de promover a democracia no mundo à bomba não parece ter resultados brilhantes. Além do fracasso no Iraque, nota G. F. Will, "as eleições levaram o Hamas a governar os territórios palestinianos e tornaram o Hezbollah numa facção importante do Parlamento do Líbano, a partir de onde opera como um Estado dentro de um Estado". E nas eleições do ano passado a extremista Irmandade Muçulmana conquistou um quinto do Parlamento egípcio.
Contra o sugerido ataque militar ao Irão, e lembrando que Bill Kristol já advogara o bombardeamento da Síria em Dezembro de 2004, G. F. Will evoca a política de contenção perante a União Soviética, iniciada pelo presidente Truman a partir de um famoso "longo telegrama" do diplomata George Kennan, enviado de Moscovo em 1946.
Mais tarde, os neocons queriam ver substituída essa política por outra, de roll back, obrigando os soviéticos a recuarem. Mas a contenção acabou por resultar e de que maneira. Como resultou o entendimento entre Reagan e Gorbatchov, na altura tão criticado pela extrema-direita americana.
Refiro estes debates entre conservadores nos EUA porque eles influenciam o nosso futuro - o futuro do mundo. Os neocons, oriundos em boa parte da extrema-esquerda e por isso habituados a dar prioridade à ideologia sobre a realidade, julgaram ter encontrado em Bush o político para concretizar as suas ideias.
E assim aconteceu de início, com a ajuda do 11 de Setembro. Os resultados estão à vista: o mundo tornou-se bem mais perigoso. Trata-se, agora, de limitar os danos, apesar dos protestos dos neocons.

sexta-feira, julho 28, 2006

Sons da terra

SABUGAL:
A vila do Sabugal recebe entre os dia 27 a 30 de Julho o Festival de Musica e Tradições do Alto Côa. Para além de animação de rua, workshops de danças europeias e adufe, salienta-se o festival de Acordeão e Realejo e os concertos das bandas Chuchurumel, Diabo a Sete, Galandum Galandaina, Fol&Ar, Toque De Caixa e Dazkarieh (Portugal), Castilla & Leon Tradere (Espanha) e Parasol (França).
VIMIOSO:
Entre os dias 28 e 30 de Julho irá decorrer no Vimioso o festival Sons e Ruralidades, que através da expressão artística da música tradicional pretende atingir a fusão entre a Natureza e a Ruralidade. Entre várias actividades, salienta-se a realização de oficinas de construção de instrumentos tradicionais, oficinas de danças tradicionais e de olhaços de pauliteiros, bem como palestras sobre etnografia e antropologia relacionadas com a música tradicional.
MONTALEGRE:
De 28 a 30 Julho celebra-se a terceira edição do festival Celtirock, em Montalegre. Este festival incluirá concertos de vários grupos, a começar no dia 28, com os Gaiteiros da Espiral, Ginga e Los Ninõs de los Ojos Rojos (Espanha), no dia 29, Celtic Express (Alemanha), Mu, Dragan Dautovski Quartet (Macedónia) e no dia 30, Gaiteiros de Pitões e Sons da Suévia.
SÃO PEDRO DO SUL:
De 31 de Julho a 6 de Agosto, o Festival Andanças, em Carvalhais, São Pedro do Sul, conta com a presença de nada menos que 55 grupos, para uma semana inteira de concertos e bailes. Serão 37 grupos nacionais e 18 grupos estrangeiros, provenientes de 12 países.
MIRANDA DO DOURO:
De 31 de Julho a 4 de Agosto, em Miranda do Douro, realiza-se a 4ª edição do L' Burro i L' Gueiteiro. Os objectivos centrais desta edição seguem a linha das anteriores: a divulgação da música tradicional, da língua mirandesa, da raça autóctone o Burro Mirandês, da gastronomia e de jogos e danças tradicionais.
SENDIM:
Em Sendim, no Planalto Mirandês, realiza-se pela sétima vez o Festival Intercéltico de Sendim, de 3 a 6 de Agosto. No cartaz deste ano o prato forte são os grupos musicais provenientes de Espanha e da Irlanda.

Informações, como sempre, na GAITA-DE-FOLES.

Os vampiros

O "Correio da Manhã" de hoje anuncia sob o título "Corrida às pensões" que continua a aumentar a bola de neve dos subsídios vitalícios com que os nossos políticos decidiram dotar-se.
Irá crescer muito mais, se não houver alguém a fechar a porta que por via legislativa foi aberta.
Pena é que a generalidade do público não se aperceba, por falta de informação, da dimensão do problema (em geral ninguém está ao corrente do universo dos beneficiários, e não é possível obter informação sobre os montantes envolvidos).
Verifico mesmo que alguns cidadãos de boa fé, por isso mesmo, estão alheios aos mais perversos aspectos da regulamentação em vigor: como exemplo, veja-se este postal do Velho da Montanha onde se constata que o autor não está a par da característica cumulação prevista para esse subsídio mensal vitalício com outras pensões a que haja direito... Ou seja, os deputados Manuel Alegre e Manuela Melo vão poder cumular as pensões correspondentes ao exercício dos cargos políticos e aos lugares de origem em que o mesmo tempo ficou a contar. Vigora o princípio de que ninguém pode ser prejudicado na carreira e lugar que detém quando passou a ocupar um cargo político, e ao mesmo tempo o exercício desse cargo político gera igual direito a uma pensão, como sendo outra carreira paralela.
Dado o tempo entretanto passado sobre o início do regime, daqui resulta que está a aparecer uma geração de gente que apesar da pouca idade tem o direito à subvenção mensal vitalícia por desde cedo estar em cargos políticos; e simultaneamente está em condições de pedir a reforma como professor, ou funcionário das finanças, ou qualquer outro emprego que formalmente era o seu à data em que passou a ocupar o tal cargo político - sem que nunca mais tenha voltado ao emprego, que no entanto lá estava guardado e a contar...
Parece que este aspecto só ressaltou agora por causa de Manuel Alegre, que no fim de 1974 foi nomeado para um lugar de chefia na RDP, posteriormente passou a cargos políticos de onde nunca mais saiu e agora por ter feito 70 anos está em tempo de pedir uma e outra reforma, a da EDP onde nunca mais pôs os pés e a dos cargos políticos onde, precisamente, só tem usado os pés, a tempo inteiro.
Aqui há uns anos conheci eu um então Presidente de Câmara que me chamou a atenção para a bizarria da situação. Esse edil tinha entrado muito jovem ainda para funcionário dos impostos (aos dezoito anos, como acontecia nessa altura). Posteriormente tinha sido mobilizado e fora para Moçambique, onde tinha estado poucos meses porque sofreu graves ferimentos em combate e teve que ser evacuado. Começando a democracia, fora eleito vereador da sua terra e a seguir Presidente.
Resultado: o homem tinha a pensão de sangue, que não sendo grande coisa era vitalícia e cumulável com qualquer outra. E cedo alcançou os oito anos que então era a condição suficiente para ter direito ao tal subsídio vitalício, e cumulável com qualquer outra pensão, por estar a exercer cargo político. E entretanto o tempo tinha estado também a contar na Repartição de Finanças onde continuava colocado (apesar de nenhum colega o conhecer). Reformou-se das Finanças quando resolveu sair da Câmara.
Resultado: com 39 anos conseguiu reunir os requisitos para beneficiar das três pensões mensais em referência. E começou então nova vida.
Neste momento, são legião aqueles que tendo iniciado a vida política muito cedo estão de uma forma perfeitamente legal habilitados a comer a dois carrinhos (pelo menos, porque como é fácil de calcular eles logo arranjam outras gamelas). Não são só a Zita Seabra, o Pedro Santana Lopes, ou outros reformados ilustres. Nem só o Prof. Freitas do Amaral, excepcional acumulador.
São uma multidão, por terem pertencido ao governo e à assembleia legislativa de Macau, aos governos e às assembleias legislativas dos Açores e da Madeira, aos executivos das autarquias locais (temos centenas de câmaras, com milhares de titulares que se vão sucedendo às fornadas), e ainda ao Governo, à Assembleia da República, etc...
A modificação da Lei restringiu bastante o universo dos potenciais beneficiários; mas o mal já feito fica a onerar os cofres públicos por muitas décadas, e ameaça agravar-se grandemente a cada ano que passa, com a concretização de mais e mais reformas como as descritas.

Três anos na frente

Faz três anos que, sem falha ou hesitação, sem temor nem tremor, temos o Bruno Oliveira Santos na linha da frente.
Orgulho-me de o apontar como exemplo, e dói-me o coração ao dizê-lo: houvesse só que fosse uma dúzia como ele e o país seria diferente.

Ordem de trabalhos

Temas para a mesa: alguns assuntos que, assim de repente, pela sua relevância e implicações no nosso futuro colectivo, exigem e merecem análise frontal e tratamento aprofundado.
Um, será o dossier energia. A energia, como sabem, é aquela coisa que faz com que tudo se mova. Ou que páre, faltando ela. Dramaticamente, é um bem escasso. Cada vez mais. E as necessidades crescem à medida que ela escasseia.
Portanto, está na hora de pensar sem tabus. O fim da era do petróleo. Alternativas. A energia nuclear. As energias renováveis. O mercado energético. É preciso encontrar soluções para Portugal.
Dois, será o dossier demografia. Sem portugueses não haverá Portugal. Ora os portugueses aparentam ser uma espécie em vias de extinção, sem que isso preocupe as associações de protecção da natureza.
É preciso chamar o país a debater essa problemática. Por uma política da natalidade. As famílias, os filhos, o emprego, a habitação, a tributação. A questão da emigração: continuamos a ver partir muitos de nós, e geralmente são aqueles que fazem falta. A imigração e as suas consequências.
Ficam só estas duas matérias em agenda.
A pensar no conselho de redacção da nóvel Alameda Digital, obviamente. Mas também em mais uma meia dúzia de bloguistas que têm por direito e obrigação próprios, e interesse de todos, que se associar à continuidade e desenvolvimento de que falei precedentemente.

Continuidade e desenvolvimendo

O aparecimento da revista "Alameda Digital" corresponde, penso que se pode dizê-lo, a uma necessidade objectiva sentida por todos os que se interessam pela reflexão sobre a coisa pública em Portugal.
Trata-se de um marco importante no campo das publicações dedicadas ao debate de ideias, actualidades e cultura.
Recorde-se que não existia em Portugal nenhuma revista exclusivamente em linha, e desse ponto de vista é um projecto pioneiro e inovador. Tanto mais de salientar quanto se trata de uma publicação para um público mais exigente do que o consumidor típico da internet, que se satisfaz com umas imagens fugazes.
Considerando apenas esse ponto de vista já representa um avanço importante.
Acresce que o projecto se apresenta claramente como promovendo o desenvolvimento de correntes alternativas ao pensamento único imposto pela mundividência dominante.
E deste ponto de vista não pode deixar de despertar a nossa solidariedade militante.
Nesta hora em que surgiu disponível a edição de lançamento, centrada no dossier temático sobre a educação, é o momento para saudar o acontecimento e de imediato recordar o imperativo de que depende o êxito do projecto: é preciso assegurar-lhe a continuidade e o desenvolvimento.
Todos os que têm alguma experiência de vida, e os responsáveis da revista têm, sabem que normalmente é por aqui que soçobram as iniciativas mais promissoras.
Impõe-se assegurar à revista a adequada continuidade e o desenvolvimento que está patente no seu código genético. Sem isso, iremos assistir a um definhamento e a uma morte lenta e dolorosa.
Pela parte que me cabe, aqui estou.

quinta-feira, julho 27, 2006

Nuntio vobis gaudium magnum!


Já está na rede a revista que se esperava: abriu a ALAMEDA DIGITAL!

quarta-feira, julho 26, 2006

Tempo de foros

Depois de três anos de aposta nos blogues, é a hora de investir nos foros.
Reforçar a presença em cada forum, marcar a agenda e a opinião.
Discutir o que se discute, e estar no centro das discussões.
Indico aqui dois deles, em que recomendo a participação assídua.

Forum Portugal


Pela Independência Nacional

Forum Defesa


Fórum de Discussão sobre Temáticas de Defesa

Palavras dos outros

Sem espaço para a paz (Nuno Rogeiro).
A Guerra Prometida (Dragão).

Rassemblement pour le Liban

De um modo que me parece intrigante, constato que nunca no abundante noticiário produzido por estes dias sobre o Líbano surge sublinhada a circunstância de se tratar indiscutivelmente do mais livre, democrático, pluralista e ocidentalizado dos estados da área. Não devia ser um pormenor insignificante.
Mas deixemos o detalhe, que vinha falar de outro tema.
O maior partido representativo dos cristãos libaneses é actualmente o Rassemblement Pour le Liban (segundo o critério dos votos e dos lugares no Parlamento).
Trata-se do agrupamento chefiado pelo General Michel Aoun, criado após o regresso do seu exílio de quinze anos em França (recorde-se que o General tinha ousado declarar guerra à Síria, quando no exercício do cargo de Primeiro-Ministro, e perdendo essa guerra foi forçado a sair do país, a que só regressou já no mandato de Émile Lahoud, actual Presidente, também cristão maronita, com quem negociou as condições do regresso).
Michel Aoun é um cristão maronita, de origem social modesta, e logrou mobilizar a comunidade cristã em torno de uma posição nacionalista libanesa, ultrapassando os tradicionais chefes oriundos das famílias que sempre tinham dominado a política entre os cristãos, como os Gemayel, Chamoun, Franjieh, Geagea, sendo hoje o mais importante líder político cristão, e demonstrando-o tanto nas eleições como na mobilização popular massiva que determinou a retirada das forças sírias do país, ainda não há muito tempo.
Para conhecer as posições e as reacções dos cristãos do Líbano (insusceptíveis de qualquer suspeita de simpatia pela Síria, Irão ou Hezbollah), recomendo as páginas do Rassemblement Pour le Liban.

K'UNG K'IU (Confúcio)

Ovo mestre ovo.
Ovo tape ovo.
Ovo do povo, no povo.
Ovo que trove.
Ovo que, invariável, move.
Ovo que tece as veias do povo.
Ovo cavado, ovo covo.
Ovo que reticula as vias na Via.
Navio que viaja e se domicilia.
Ovo que rege e relaciona.
Que rectifica, ao certo e à tona.
Ovo na mole. Convence-a.
Convoca. Revela a essência.
Ovo que abriga, manto e coma,
Preservadora redoma.
Copa e cópula principal.
Do fundo do Príncipe, ovo real.
Germinador, realização,
Ovo que é face e coração.
Ovo de flores, ramos, raiz.
Ovo, matriz.
Ovo com sémen, com semente,
Ovo de rio, pétreo e ardente,
Ovo a semear-se em cada veio,
Que veio
Meio e destino, o tutano, o meio,
Ovo com música das esferas,
Desferindo as linhas, arpoando as eras.
Ovo conjugando a harmonia,
Ovo da noite firmando o dia.
Ovo sem quebra nem aresta,
Pés do edifício, testa.
Ovo unívoco, ovo universo,
Inconsútil e côncavo, pleno e emerso.
Imerso e sempre receptivo.
Ovo transcendente e vivo.
Ovo das ígneas cavernas,
Ovo das neves eternas.
Ovo subtil, ovo da corrente,
Ovo intangível e permanente,
Ovo interior a tudo e a todos,
Ovo expresso nos vários modos.
Ovo do tronco e do vento,
Ovo ensinante e atento.
Ovo recôndito, ovo do que voa.
Ovo do silêncio e do que ressoa.
Ovo alicerce e trave mestra,
Cúpula do fixo e do que se adestra.
Ovo de azul, ovo de andorinha,
Ovo connosco e que se avizinha.

Goulart Nogueira

terça-feira, julho 25, 2006

Vai tudo raso

Explicação breve

Das esquerdas não gosto, que me repugnam com a sua paixão mesquinha pelo sonho cinzento da igualdade, a sua compulsão crónica contra tudo o que se eleva, o refocilar permanente na inveja e no ressentimento.
Com as direitas tenho as maiores dificuldades.
Se aceitar o rótulo será certamente por uma direita outra, nacional e popular, moderna e tradicionalista, justicialista e identitária.
Não tenho paciência para a direita roncante, bem representada na conversa de taxista, a do todos mortos, fritos e esfolados.
Fui sempre alérgico à direita catita, a do ar condicionado, sempre atenta serventuária de todos os poderes, eterna embevecida por pastas e postos.
Aquela direita que se diz extrema só por ladrar mais grosso que as outras também não marchará ao meu lado.
A mera reacção nunca me atraiu, e a função de gladiador da burguesia também não.
Nada me une aos que medem o seu patriotismo pela sua propriedade, os que acham que tudo é negociável desde que se salvem as pratas, os que sentem que qualquer ordem é melhor do que a revolta, e não concebem o mundo sem um polícia à porta.
Com adoradores do sol, que caem de cu e se babam de gozo extasiados perante a exibição da força bruta, também não me sento à mesa. Os melhores dos nossos disseram que amavam a justiça que reina pela força. Mas era a Justiça o objecto que amavam, a força era só o instrumento para a servir.
Não, mil vezes não. Um homem pode viver só, não pode é viver sem alma.
Perguntarão o que me resta.
Resto eu, e aqueles todos, muitos ou poucos, daquela direita rebelde e insubmissa que preza mais os seus mártires que os seus ministros.
Aquela direita de homens livres, sempre desconfiada do poder, de todos os poderes. Daqueles homens altivos que são difíceis e frequentemente desalinhados, porque lhes custa acreditar, mas podem responder orgulhosamente que gato escaldado é céptico com todo o direito.

Lebanon

LM revisitada

Caixa Especial de Aposentações (eles comem tudo, eles comem tudo...)

Na semana que passou vimos noticiar com escândalo o que se passa com a chamada "reconstituição das carreiras dos militares que participaram no processo de transição do 25 de Abril de 1974", processo que já custou ao Estado cerca de 12 milhões de euros.
Essa "revisão das carreiras", feita por uma comissão cujo mandato tem sido prorrogado desde 1999, aprovou até agora 332 "reconstituições de carreiras" a coronel ou capitão de mar-e-guerra.
A ideia do diploma (Lei 43/99) é difícil de entender, mas parece ser a de atribuir pensões de reforma corrrespondentes às que teriam os beneficiários se tivessem ascendido aos postos citados - caso o tivessem merecido e permanecessem tempo bastante ao serviço.
Semanas antes tinha sido motivo para falatório o regime especial de pensões “por méritos excepcionais na defesa da liberdade e da democracia”, que tem permitido atribuir pensões vitalícias a um ror de gente cujos méritos, ao que se lê no "Diário da República", podem variar entre ter assaltado um banco na Figueira da Foz em sessenta e tal ou ter estado preso (?) dois anos na década de 40.
Escusado será dizer que este regime, destinado a premiar antifascistas de profissão e revolucionários avulsos, civis ou militares, tem um âmbito de aplicação muito mais vasto do que o anterior. Os custos globais devem ser segredo de Estado.
Em qualquer dos casos o assunto faz-me lembrar uma célebre passagem de um conto de Junqueiro, em que o protagonista, um velho que fora "bravo do Mindelo" (ou, em português, também tinha desembarcado na Praia dos Ladrões...) estava a contar ao neto as façanhas de juventude e concluía tristemente: - "Éramos apenas 7.500... agora passaram cinquenta anos, estamos reduzidos a 75.000..."
Estou convencido que acompanhando com atenção as páginas do "Diário da República", na parte reservada à Caixa Geral de Aposentações, muito mais se poderia aprender sobre estes temas.
Veja-se o exemplo que segue.
A partir do próximo dia 1 de Agosto o cidadão Manuel Alegre de Melo Duarte passa a receber da CGA a pensão de 3.219,95 euros (645.542$00) por mês, como aposentado da Radiodifusão Portuguesa SA.
A razão está em que o novo aposentado exerceria ali as funções de "coordenador de programas de texto" (não me perguntem o que é).
Apesar de se tratar de uma figura pública, sendo actualmente deputado e vice-presidente da Assembleia da República, e ainda há pouco candidato a Presidente da República, aposto que a totalidade dos leitores (mesmo os que eventualmente trabalhem na RDP) desconhecia este emprego a Sua Excelência.
Eu também ignorava de todo esse encargo, que terá pesado sobre o agora reformado durante tantos anos. Talvez o horário fosse discreto, e o trabalho anónimo e humilde (embora porfiado e sacrificado, como é próprio de personagem de tão elevada estatura moral).
O certo é que a pensão já lá canta.

segunda-feira, julho 24, 2006

FERNANDEL - IL EN EST

Para ouvir nos corredores do Conselho de Ministros.
Savez vous ce qu'on dit de Zizi?? On dit qu'il en est!

Chuchalistas

Do livro recentemente lançado "Bocage meu irmão", da autoria do Dr. Santana-Maia Leonardo, advogado em Ponte de Sor, recolhemos um soneto dedicado a um espécime cada vez mais conhecido de todos os portugueses (via Ponte do Sor).


O CHUCHALISTA

Não são carne, nem peixe, os chuchalistas,
São vírus parasita do sistema
Que tem no compadrio único lema
E se propaga célere nas listas

São mestres do disfarce e vigaristas,
De todas as campanhas são o tema,
Poluem um partido, entram no esquema,
Conhecem do poder todas as pistas.

Exímio defensor do capital,
Tem um perfil e pose democrata
Quando prega o amor ao social.

Ó chuchalista fino e de gravata,
Pra pregares aos pobres a moral,
Precisas de ter mesmo muita lata!

domingo, julho 23, 2006

Israel na primeira pessoa

“We must use terror, assassination, intimidation, land confiscation, and the cutting of all social services to rid the Galilee of its Arab population.”
David Ben-Gurion, Maio de 1948 ( in "Ben-Gurion, a Biography", de Michael Ben-Zohar)

Mario Lanza Granada

Granada, tierra soñada por Dios...

Mario Lanza The Lord's Prayer

Pater Noster

Mario Lanza Libiamo

Libiamo!

Sobre o Líbano

Mario Lanza Ave Maria (Serenade)

Avé Maria!

sábado, julho 22, 2006

Efemérides

O meu contributo para assinalar os 70 anos do alzamiento (com um abraço ao amigo Engenheiro).

Cara al sol en imagenes

Cara al sol, ilustrado por Saenz de Tejada.

Asedio del Alcazar

Sin novedad en el Alcazar, de Augusto Genina.

Amália Rodrigues - Povo Que Lavas No Rio - 1961 - RTP

Lembrando Amália e os versos de Pedro Homem de Mello.

sexta-feira, julho 21, 2006

ÉLÉMENTS


O número 121 da revista "Éléments" - 30 anos de presença no combate das ideias.

"Éléments", Jean Mabire e Hugo Pratt

Estão todos presentes na lembrança de A Voz Portalegrense, que assinala a morte do escritor normando.
Aos meus leitores recomendo que cultivem amorosamente um e outro: um, o legado do infatigável homem de letras e homem de acção que ao longo de dezenas de títulos nos deixou memória do seu universo feito de cavalheirismo, de nobreza, de heroísmo, dos ideais alevantados que em todos os tempos e em todos os lugares permitiram aos Homens distinguirem-se por entre os demais; o outro, o blogue que reclama de nós o calor da camaradagem e o dever do incentivo e da solidariedade. Houvera muitos!

O Sexo dos Anjos

A odisseia vai completar três anos.
Melancolicamente, sinto que é o momento de recolher as velas.
Está escrito nas estrelas:
Aos três anos chegarás/ mas dos três não passarás.

Je Maintiendrai

Vejam, é do melhor que já apareceu na blogosfera:
Do Reino da Estupidez, ou partes gagas sobre a Universidade, a cultura geral, o Ministro da Ciência e Ensino Superior, com Ortega y Gasset e Oscar Wilde muito a propósito.
(E fulgurantes, como a inteligência que o nosso ilustre e polido confrade tão habilmente mistura com a arte e a elegância do dizer).

Edith Piaf

Non, je ne regrette rien...

O Ocidente, a família e o Papa

Sob este título publicou Maria José Nogueira Pinto no Diário de Notícias um excelente artigo, que aqui aplaudo.

A correcção política e o discurso dominante constituem os instrumentos de verbalização do relativismo moral. De facto, o relativismo moral precisava de um "nim", ou seja, um nem sim nem não, onde coubesse sem estorvo isto e o seu contrário. Se a correcção política administrada em doses maciças está já a saturar o cidadão comum e a envergonhar os supostos intelectuais, o relativismo moral progride no seu intuito desconstrutivista operando, só por si, transformações que não sendo nem pensadas nem digeridas pela maioria das pessoas, têm contudo consequências na vida de todos nós.
A família foi um dos alvos mais importantes desta nova "cultura". A verbalização do primeiro ataque limitou-se à substituição do singular pelo plural: famílias. Ficou estabelecido que era politicamente incorrecto o singular, pois tal seria a negação ou a recusa do reconhecimento de outras realidades igualmente dignas de atenção: a família nuclear, a família alargada, a família monoparental, as uniões de facto, etc...
As novas categorias apareciam como conquistas dos tempos modernos e a família, a tal, passou a ser referida como a "tradicional", uma espécie residual em vias de extinção. E como este era o discurso dominante, quase ninguém exprimiu a dúvida pertinente quanto aos benefícios destas conquistas. As famílias monoparentais, sabemos, resultam na sua esmagadora maioria do facto de os homens abandonarem as mulheres e os filhos, ficando estas entregues a si próprias e à dura missão de prover às necessidades da família agora reduzida a um único adulto, a mãe. Esta monoparentalidade é, aliás, um dos factores que mais contribui para a crescente feminização da pobreza. Por outro lado, a distinção conceptual entre família nuclear e alargada resulta de meras circunstâncias: a exiguidade da habitação, a especulação imobiliária e uma lei do arrendamento totalmente desadequada, o êxodo forçado dos mais novos para as periferias, a morte dos bairros, tudo forçando o afastamento entre avós, filhos e netos, reduzindo a capacidade de entreajuda, a complementaridade nos afectos e nas tarefas, a convivência plurigeracional e aumentando a solidão e o sentimento de desamparo dos mais velhos. Em Espanha, onde tudo é avaliado, os números indicam que poucos recorreram à união de facto, após a entrada em vigor da nova lei, sendo possível concluir que não seriam muito numerosas as pendências nesta matéria... Em breve teremos os números dos casamentos celebrados entre homossexuais.
Quando o Papa Bento XVI se reúne em Valência com milhares de famílias vindas de todo o mundo e portadoras de um testemunho de vida, estamos sem dúvida perante um acto religioso de confirmação de valores morais cristãos e, nessa medida, aparentemente só relevantes para os que professam esta fé. Mas não me parece que assim seja. Porque o Papa veio, também, relembrar a uma sociedade confusa e inquieta o valor da família como o pilar que sustenta o indivíduo e a sociedade, da família como o âmbito privilegiado onde cada pessoa aprende a dar e a receber amor, da família como instituição intermédia entre o indivíduo e a sociedade insubstituível nessa mediação porque assente numa profunda relação interpessoal, da família como uma escola de humanização do homem no seu processo de crescimento, da importância dos avós na memória dos afectos, nas raízes e no testemunho de vida. Nada muito diferente do que ficou dito no rescaldo do Ano Internacional da Família promovido pelas Nações Unidas, quando os países contabilizaram os enormes prejuízos decorrentes da fragilização do tecido familiar e da transferência para o Estado de funções desde sempre cometidas à família. Prejuízos visíveis na incapacidade de resposta dos sistemas sociais, no aumento da delinquência, das dependências, do abandono, da solidão, das novas doenças.
É, afinal, o reconhecimento do interesse público da família, o mesmo reconhecimento que levou o legislador a dar-lhe particular tratamento no Código Civil. Porque só assim se entende a redacção do artigo 1577 que inclui na noção de casamento, como um dos requisitos, o intuito de constituir família, mediante uma plena comunhão de vida. Na verdade, se não fosse reconhecido este interesse público, estaríamos apenas no domínio da moral e não faria sentido que o legislador viesse dispor sobre os termos em que esta "plena comunhão de vida" se processa.
Sempre se poderá dizer que basta mudar a norma para varrer a consagração daquilo que é sobretudo antropológico. Mas sabemos que se umas dezenas de deputados podem mudar a lei, não poderão certamente mudar a natureza das coisas. E não vale a pena confundir a necessidade, que todos reconhecemos, de tratar juridicamente novas realidades sociais, com a subversão absoluta de instituições indispensáveis à saúde e ao desenvolvimento da pessoa e das comunidades. Sobre esta como sobre tantas outras questões relevantes, as sociedades ocidentais vivem tempos de confusão. Pensar assim é malvisto pelos "donos" do pensamento dominante que actuam como censores ditatoriais, banindo os desconformes e silenciando os críticos. O resultado é a impossibilidade prática de reflectir nas consequências das escolhas. Que para serem livres precisam de ser reflectidas.
Bento XVI reflectiu muitos anos como teólogo e cardeal Ratzinger sobre tudo isto. E sobre a grande crise que a Europa atravessa, de dúvida profunda sobre si mesma, dos valores que sedimentaram a sua cultura, do seu lugar no mundo, da sua matriz, afundando-se numa decadência lenta e dolorosa. Para os católicos a escolha do tema - a família - do momento e do local, tem particular e inequívoco significado no cumprimento da missão pastoral e evangelizadora do Papa. Mas, para todos, as suas palavras libertas podem constituir matéria de reflexão. O que torna esta viagem ainda mais oportuna.

quinta-feira, julho 20, 2006

Hoje é dia de Santo Elias

A 20 de Julho celebra-se, sobretudo nas Igrejas do Oriente, a festa de Santo Elias.
No Líbano a festa religiosa constitui tradicionalmente também uma espécie de "santos populares" à maneira local, com ingredientes de arraial lusitano.
Mas este ano poucos libaneses poderão sair à rua a desejar "Feliz Santo Elias".
Estas crianças fotografadas pelo repórter da BBC certamente não o farão.

Em compensação, do outro lado da fronteira, em Israel, as crianças, naturalmente bem educadas, expressam livremente os seus bons sentimentos: "from Israel with love" (foto Der Spiegel).

quarta-feira, julho 19, 2006

Mortos de segunda

A frase do dia pertence ao embaixador norte-americano na ONU, John Bolton, numa conferência de imprensa:
Lebanon civilian deaths morally not same as terror victims.
É a velha América...

A blogalização da guerra

Apresento algumas ligações para acompanhar ao vivo os acontecimentos do Médio Oriente.
Há tantos blogues que estes dias ainda serão estudados pelo fenómeno da multiplicação dos blogues.
É compreensível: quem não pode fazer mais nada, faz blogues...

Stop Destroying Lebanon
Lebanese Blogger Forum
The Lebanese Bloggers
Open Lebanon
Save Lebanon
Blogging Beirut
Ramzi's Blah Blah

Mais "Éléments"

Acaba de sair o número 121 da excelente revista "Éléments".
Destaque para um dossier sobre uma questão maior dos nossos dias: "La paternité en question".
"Pourquoi les pères ne transmettent plus rien à leurs enfants"?
Notícias do facto no GRECE e nas Editions du Labyrinthe.

terça-feira, julho 18, 2006

18 de Julio


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ARRIBA ESPAÑA!

Porquê?

Invocação


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Para os compadres de A Voz Portalegrense, e mais a companhia que houver nesta floração de alentejões.

segunda-feira, julho 17, 2006

Save the lebanese civilians


Petição em linha: Save the lebanese civilians

Novidades na rede

Através da visita ao Lusitana Antiga Liberdade tomei conhecimento da existência de mais algumas novidades existentes na net que merecem aqui ser destacadas.
Já tinha mencionado as homenagens a Henrique Barrilaro Ruas publicadas em A Voz Portalegrense e em Ave Azul .
A acrescentar agora:
A abertura de uma página especialmente dedicada a Afonso Botelho.
A publicação da conferência de Henrique Barrilaro Ruas intitulada"O Pensamento Político de Afonso Botelho".
A publicação de um texto de António Sardinha intitulado "24 de Julho" , onde se trata do significado daquela data, em 1833, e da derrota de Portugal em Évora-Monte (1834).
Não é pouca, nem insignificante, a leitura!

Passando em revista o DN

Hoje a leitura dos opinadores do "Diário de Notícias" interessou-me.
Três publicistas com garra, a desafiar a polémica:
Sucesso de Sócrates tem cinco razões, por Luís Delgado.
A evolução das mentalidades, por João César das Neves.
À esquina de Jerusalém, por Joana Amaral Dias.

Knut Hamsun em Portalegre

Não é o que parece: queria apenas informar que o excelente blogue "A Voz Portalegrense" dedicou-se a evocar o grande escritor norueguês Knut Hamsun, que em seu tempo foi Prémio Nobel de Literatura.
Conheçam Knut Hamsun, em Portalegre ou no mundo, clicando aqui SFF.

Já agora, e para ajudar A Voz Portalegrense, acrescento uma lista rápida de edições de obras de Knut Hamsun em português, de Portugal e do Brasil, de que tenho conhecimento, e que será talvez possível localizar em bibliotecas ou alfarrabistas.

"Pão e amor: romance norueguês", Lisboa, Parceria António Maria Pereira, 1942.
"Filhos da época", Lisboa, Tip. Minerva, 1949.
"Pão e amor: romance", Lisboa, Guimarães, 1952.
"Pan", Lisboa, Guimarães Editores, 1955.
"Zaqueu e Polly, o cozinheiro: contos", Lisboa, Fomento de Publicações., s. d.
"Fome" (trad. de Carlos Drummond de Andrade), Rio de Janeiro, Delta, 1963.
"Fome" (trad. de Carlos Drummond de Andrade), Rio de Janeiro, Opera Mundi, 1973.
"Fome" (trad. de Adelina Fernandes), São Paulo, Livraria Martins , s. d.
"Um vagabundo toca em surdina", São Paulo, Livraria Martins, s. d.
"Vitória: história de um grande amor", Rio de Janeiro, Irmãos Pongetti, s. d.
"Pan" (trad. de Augusto Sousa), São Paulo, Livraria Martins, s. d.

Afinal, será Zidane um homem de honra?

"Laver les affronts des médiocres et des vils a toujours été l’honneur des hommes debout".
Onde se especula, com alguma ironia, sobre o caso Zidane. E se o craque fosse afinal, simplesmente, "un homme d’honneur"?
Pois é, trata-se de uma análise possível.
Não sei se vale a pena ou não, mas aconselho a leitura. Cada um julgará.

Mors tua vita mea

Ressurreição


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Enquanto houver portugueses...

domingo, julho 16, 2006

Notícias da frente

Em francês: LIBNANEWS
Em inglês: LEBANON UNDER ATTACK

Lebanon under attack

Ainda há homens, cada vez mais raros, onde persistem a coragem, a dignidade e a honra.
Leia-se este artigo de Robert Fisk, provavelmente o mais conceituado foreign correspondent britânico (The Independent).
What I am watching in Lebanon each day is an outrage

Flash


Sobre as colinas da Galileia, David adormeceu, de cansaço.

Não era Golias quem estava na mira dos canhões.

sábado, julho 15, 2006

A geração morangos com coca

Eles gostam de morangos, sim, mas não é açúcar o pó branco que preferem.
Açúcar engorda, como todos sabem. Coca, isso sim, não estraga a linha e dá um speed bestial.
Agora vai por aí um estardalhaço a propósito dos maus resultados dos exames nacionais do ensino secundário. Segundo berram em coro os meninos e os pápás dos meninos, todos monumentos vivos da nacional jumentude, é imperativo repetir os exames para que o pessoal arranje os resultados almejados - antes de reiniciar as férias.
Eu apoio a proposta, e vou mais longe: todos os exames deviam ser repetidos, e tantas vezes quantas fossem precisas até eles aprenderem a ler e escrever.

Ave Azul

Destacando ontem a evocação de Henrique Barrilaro Ruas feita no "A Voz Portalegrense" deixei ainda por referir idêntica homenagem no blogue viseense de Martim de Gouveia e Sousa: Ave Azul.
Como diria o José Valle de Figueiredo: arte viva, grã cidade, Viseu.
(Palavra declamada em pedra, / que à arte mineral e pura se deu (...))

sexta-feira, julho 14, 2006

Nos 70 anos do assassinato de Calvo Sotelo

Por estes dias, sem que o procurasse, vieram ter comigo notícias de mortos que permanecem.
Foi a lembrança de Barrilaro Ruas, que evoquei atrás.
Foi há poucos dias o falecimento em Madrid de Juan de Ávalos, o escultor que deu forma à monumental estatuária do Vale dos Caídos, e que já repousa na sua Mérida natal.
Foi a descoberta de que há poucos meses morreu Miguel Reale, a maior figura do pensamento jurídico que o Brasil já viu nascer. Lá se foi, sem que os meios que tantas vezes vemos a exaltar até ao ridículo umas figurinhas menores se tenham dado conta da estatura do filósofo e do jurista que partia. Também na Universidade Portuguesa, onde ainda assim haverá três ou quatro familiarizados com a obra do autor da teoria tridimensional do Direito, a notícia não teve eco, tanto quanto sei.
É certo que eram muito velhos (noventas e muitos) mas - caramba! - terá a Espanha outro escultor como Juan de Ávalos? E terá o Brasil outro filósofo do Direito como Miguel Reale?
E foi a recordação de Calvo Sotelo, do assassinato que foi rastilho para a formidável explosão da Guerra Civil Espanhola.
Nesta altura as criancinhas e todos os demais alvos da versão corrigida e aprovada sobre os primórdios da Guerra Civil não receberão certamente qualquer informação sobre Calvo Sotelo. Terão que absorver a ideia fundamental, oficialmente decretada com força obrigatória geral, segundo a qual a Guerra foi mais ou menos um capricho pessoal de uns tantos generais bárbaros e irresponsáveis, em que avulta o tenebroso Francisco Franco, que de modo gratuito e incompreensível, e praticando pelo meio toda a espécie de latrocínios, resolveram destruir a exemplar e indefesa democracia que tão harmoniosamente vigorava.
Mesmo assim, algumas vozes procuraram contar a História. Saliento o artigo de Fernando González Meléndez, que deu que falar e conseguiu ser reproduzido em diversos meios de comunicação electrónicos, rompendo o bloqueio, e esta evocação por Eduardo Palomar Baró, que nos traz o relato vivido do acontecimento, contado por quem lá esteve.

O Pasquim da Reacção

Henrique Barrilaro Ruas

Passando hoje três anos sobre a data do falecimento de Henrique Barrilaro Ruas, vejo evocado o Homem em blogue que desconhecia: A Voz Portalegrense.
E não veria se não me tivesse sido chamada a atenção...
Mea culpa, que já descria das potencialidades da blogosfera e a descrença me tem trazido apático e alheado.
Foi com um sobressalto de satisfação que travei conhecimento com o blogue, e com a sua homenagem a Ruas; afinal, ainda surgem aqui coisas novas, e coisas novas que são boas...
Vieram-me à lembrança outras sensações passadas, também associadas a Portalegre, designadamente há uns anos em face da descoberta dos excelentes números da revista cultural "A Cidade", publicados por mérito do labor de uns poucos, em época em que nada o faria esperar (se os tivesse daria a cada leitor um exemplar do número monográfico dedicado a António Sardinha).
Alegremo-nos pois, com "A Voz Portalegrense".

O socialismo Armani

Não pude deixar de sorrir ao ler as alusões Do Portugal Profundo à maternidade de Cascais.
Efectivamente, essa não fechará. Ainda que obviamente esteja abrangida entre as que iriam fechar, se os critérios da decisão fossem apenas os proclamados.
E tem graça a imagem do socialismo Armani.
Toca numa das características mais interessantes da classe política socialista, que é um fascínio rendido perante o que vêem como o “beautiful people”, ou simplesmente os colunáveis, ou de modo mais prosaico os poderosos, os ricos…
Sobretudo os ricos. Não há nada que deslumbre mais os socialistas do que um rico. Tanto mais quanto mais rico for. Os pobres e todos aqueles que na visão socialista deviam ser ricos e não são, os pouco ricos, os falhados, esses são objecto de um desprezo por vezes furioso.
Daí a tempestade que se abate sobre as classes médias, em contraste absoluto com os desvelos e atenções que merecem os que são verdadeiramente ricos, ou que conseguem fazer-se passar por tal.
A nível local, atinge-se um ridículo de opereta: basta aparecer uma Lili Caneças com uns fumos de glória na imprensa cor de rosa para que todos os notáveis do aparelho socialista concorram em vénias e homenagens. Venha um qualquer Príncipe da Transilvânia a agitar miríficos milhões e toda a nomemklatura se esfalfa a desenrolar passadeiras vermelhas.
O socialismo Armani não se identifica com a velha “gauche caviar”, já há muito estudada. Esta era aquela esquerda confortavelmente burguesa que se vestia de esquerdista para adequar a figura com o sentimento, sem nunca renunciar ao estatuto.
Era uma casta bem conhecida: “ceux qui ont le coeur à gauche et le portefeuille à droite”. Desta ainda se encontram muitos exemplares, sobretudo no Bloco de Esquerda, mas a espécie surge um tanto anacrónica.
O que está a dar mesmo é o socialismo Armani. Este une no deslumbramento do poder e no frenesim dos negócios gente das origens mais diversas e inesperadas. O que caracteriza os espécimens é essencialmente uma sôfrega ânsia de ascensão social, traduzida nos enriquecimentos rápidos, no exibicionismo parolo, na humilhação basbaque perante os modelos invejados.
Há uns tempos num círculo de amigos ironizava o sr. Luís Champalimaud a propósito dos métodos de despacho e decisão dos actuais titulares dos poderes públicos que aos outros ainda era preciso às vezes convidá-los para umas caçadas mas a estes basta em geral convidá-los para um jantar
Eu lamento a pouca consideração, mas sei que ele tem razão. Eles desfazem-se logo.

quinta-feira, julho 13, 2006

Recomendação

Nota mínima garantida

Uma das notícias do dia foi a publicação dos resultados dos exames nacionais feitos pelos alunos do secundário. Como já vem sendo hábito ano após ano, os índices de aproveitamento parecem ser desastrosos e dão lugar a generalizadas lamentações sobre o nosso insucesso escolar. Aquilo deixa-nos ficar mal no retrato, ainda por cima nesta época em que a propósito de tudo é uso começar logo a fazer comparações. Ficamos mal vistos no estrangeiro.
Os jovens não acertam no Português, não atinam na Matemática, as médias afundam a cada ano que passa.
Eu penso que o governo tem grandes responsabilidades nesta tristeza. Podiam muito bem ter tomado medidas atempadas que evitassem estas vergonhas.
Por exemplo, e sem preocupações de aprofundamento: podia ter-se feito uma circular determinando que as respostas erradas não contavam para o apuramento geral dos resultados.
Ou podia instituir-se uma classificação mínima garantida, definindo-se um patamar de dignidade abaixo do qual nenhum aluno poderia ser classificado. Uma classificação mínima garantida que obviasse às consequências mais gritantes da desigualdade de rendimentos entre os alunos, combatendo as suas manifestações mais chocantes. Uma classificação mínima garantida que funcionasse independentemente das diferenças de aproveitamento, contribuindo para eliminar as inseguranças e incertezas que estão na base das angústias de tantas famílias.
Enfim, são apenas duas ideias. O que me parece é que o Estado não pode permanecer indiferente ao drama que representa o insucesso escolar.

Impasse

Os moderados

Li pela manhã mais uns escritos em que os autores, admirados publicistas da nossa praça, insistem em execrar os famigerados extremistas, e, por contraste, em exaltar as virtudes dos moderados (deles, portanto).
Eu sinto uma sensação de desconforto perante essa repetida condenação. Parece-me atitude injusta e ingrata, e até, se me é permitido dizê-lo, pouco sensata.
Os articulistas deviam olhar com afecto e carinho para os extremistas que incansavelmente zurzem nos periódicos que generosamente lhes abrem as folhas (e ainda lhes pagam).
Deviam até louvá-los, encorajá-los, estimá-los como espécie a proteger e a incentivar.
Se não fossem tais extremistas, como poderia ser a sua admirável moderação?
Uma posição moderada só existe por comparação com outra mais extrema. Desaparecessem os amaldiçoados extremistas e não vejo como subsistiriam os moderados, os mesmos que vivem a esconjurar os malvados (céus, ou mudavam rapidamente de sítio ou ficavam eles a ser, na distribuição de lugares, os extremistas…).
De resto, também não lhes faria mal um pouco de moderação na própria ideia que formaram de si mesmos: ser moderado, só por si, não é certamente uma qualidade a louvar. Ninguém apresentaria como modelar um indivíduo moderadamente honesto. A moderação na virtude não é certamente uma virtude.
Quanto a mim, que sou o mais moderado dos homens, confesso: sinto-me sempre em dívida para com os extremistas e não consigo deixar de olhá-los com uma veneração envergonhada.

quarta-feira, julho 12, 2006

Los blogs en la recuperación y salvación de la memoria histórica

Um importante estudo de José Martín Brocos Fernández, em ARBIL:

Se analiza el papel de los blogs en la difusión de noticias que de otro modo no llegarían al público por el cerco mediático de intereses político-financieros creado por los oligopolios informativos. En este sentido los blogs no sólo constituyen un aire de libertad ajeno a la censura en el campo mediático, sino que dan noticias no consideradas relevantes por los medios tradicionales o que éstos, por sus múltiples dependencias, no se atreven a emitir, difundir o publicar. Así los blogs constituyen una fuente de primer orden tanto en la preservación de la memoria histórica, como en una diferente interpretación no interesada ni sesgada de acontecimientos o sucesos. El llamado “periodismo participativo” del siglo XXI ha convertido a cada ciudadano en transmisor de su historia y sus experiencias concretas, en fiel transmisor de un presente que precede al pasado.

terça-feira, julho 11, 2006

Que fazer?

quinta-feira, julho 06, 2006

Bandeira de todos nós

Se é mandamento maior amar o próximo como a nós mesmos, como iremos gostar dos outros se de nós não gostarmos? Assim interrogativamente interpelava o Pinharanda (Mestre lhe chamaria se merecimento tivera para me chamar seu discípulo) a propósito dessa elevação do espírito que usa chamar-se de amor da Pátria.
Dele me lembrei agora movido e comovido pelas manifestações jubilosas erguidas à volta de bandeiras e símbolos colectivos, a pretexto de um jogo de misteriosas ressonâncias na alma popular.
Néscios serão os que menosprezam o sentimento e a vibração assim despertados; porque as mais das vezes importa mais o despertado do que o despertador, e os laços invisíveis que pareceram propagar-se e incendiar os corações de um Portugal imenso e oculto que tanta vez pensamos mais do que adormecido morto não podem deixar de impressionar o mais frio observador.
Bons são os tempos em que podemos pensar que os portugueses se amam, esquecidos dos tempos infinitos em que se detestam, se guerreiam, se invejam, se entredevoram e reciprocamente todos se paralisam e anulam, nas divisões mesquinhas em que lhes foi dado sobreviver.
Igualmente tinha visto e sentido essa misteriosa energia quando da espantosa movimentação levantada à volta da orbe a propósito de Timor. O estranho "unanimismo nacional" gerado nessa ocasião, como vejo de vez em quando referido em comentários de incompreensão e desprezo. E no entanto, para quem possa ver para além das positivistas limitações, um caso excepcional de emoção colectiva, um magnífico coro das raízes que ecoou até aos confins do mundo, até aos confins do ser que somos.
Demonstração póstuma da portugalidade, dirão alguns com amargura; demonstração de que há vida para além da morte, cumpre reconhecer então. Vitória única e momento inolvidável de orgulho e exaltação lusíadas, direi ainda, como havia muito se não via. Hora em que o impossível se fez feito, como outrora sempre o fizemos.
Momentos os dois em que outras verdades poderosas se manifestaram: o poder inclusivo dessa força assim desperta, que desmente negras cogitações. Nacionalismo não é porque não pode ser xenofobia ou racismo ou classismo ou clubismo ou partidismo ou quejandos sentimentos primários de quem pátria não tem. O contrário é que se vê na vida vivida em momentos assim. No impulso unitivo desse amor ascensional se transcendem rasteiras e materiais oposições, congregando num mesmo ser em movimento os humanos elos de uma cadeia espiritual superior.
O poder integrador da nação sentida e vivida permanece inigualável e insubstituível.

Tarde desportiva

Portugal sempre!

Todos os dias começam ou prosseguem outros campeonatos mundiais.

quarta-feira, julho 05, 2006

História do futuro

Uma magnífica provocação de Vasco Graça Moura:

A escola que temos não exige a muitos jovens qualquer aproveitamento útil ou qualquer respeito da disciplina. Passa o tempo a pôr-lhes pó de talco e a mudar-lhes as fraldas até aos 17 anos.
Entretanto mostra-lhes com toda a solicitude que eles não precisam de aprender nada, enquanto a televisão e outros entretenimentos tratam de submetê-los a um processo contínuo de imbecilização.
Se, na adolescência, se habituam a drogar-se, a roubar, a agredir ou a cometer outros crimes, o sistema trata-os com a benignidade que a brandura dos nossos costumes considera adequadas à sua idade e lava-lhes ternurentamente o rabinho com água de colónia.
Ficam cientes de que podem fazer tudo o que lhes der na real gana na mais gloriosa das impunidades.
Não são enquadrados por autoridade de nenhuma espécie na família, nem na escola, nem na sociedade, e assim atingem a maioridade.
Deixou de haver serviço militar obrigatório, o que também concorre para que cheguem à idade adulta sem qualquer espécie de aprendizagem disciplinada ou de noção cívica.
Vão para a universidade mal sabendo ler e escrever e muitas vezes sem sequer conhecerem as quatro operações. Saem dela sem proveito palpável.
Entretanto, habituam-se a passar a noite em discotecas e noutros proficientes locais de aquisição interdisciplinar do conhecimento, até às cinco ou seis da manhã. Como não aprenderam nada digno desse nome e não têm referências identitárias, nem capacidade de elaboração intelectual, nem competência profissional, a sua contribuição visível para o progresso do país consiste no suculento gáudio de colocarem Portugal no fim de todas as tabelas.
Capricham em mostrar que o "bom selvagem" afinal existe e é português.
A sua capacidade mais desenvolvida orienta-se para coisas como o Rock in Rio ou o futebol. Estas são as modalidades de participação colectiva ao seu alcance e não requerem grande esforço (do qual, aliás, estão dispensados com proficiência desde a instrução primária).
Contam com o extremoso apoio dos pais, absolutamente incapazes de se co-responsabilizarem por uma educação decente, mas sempre prontos a gritar aqui-d'el-rei! contra a escola, o Estado, as empresas, o gato do vizinho, seja o que for, em nome dos intangíveis rebentos.
Mas o futuro é risonho e é por tudo o que antecede que podemos compreender o insubstituível papel de duas figuras como José Mourinho e Luiz Felipe Scolari.
Mourinho tem uma imagem de autoridade friamente exercida, de disciplina, de rigor, de exigência, de experiência, de racionalidade, de sentido do risco. Este conjunto de atributos faz ganhar jogos de futebol e forma um bloco duro e cristalino a enredomar a figura do treinador do Chelsea e o seu perfil de condottiere implacável, rápido e vitorioso. Aos portugueses não interessa a dureza do seu trabalho, mas o facto de "ser uma máquina" capaz de apostar e ganhar, como se jogasse à roleta russa.
Scolari tem uma imagem de autoridade, mas temperada pela emoção, de eficácia, mas temperada pelo nacional-porreirismo, de experiência, mas temperada pela capacidade de improviso, de exigência, mas temperada pela compreensão afável, de sentido do risco, mas temperado por um realismo muito terra-a-terra. É uma espécie de tio, de parente próximo que veio do Brasil e nos trata bem nas suas rábulas familiares, embora saiba o que quer nos seus objectivos profissionais.
Ora, depois de uns séculos de vida ligada à terra e de mais uns séculos de vida ligada ao mar, chegou a fase de as novas gerações portuguesas viverem ligadas ao ar, não por via da aviação, claro está, mas porque é no ar mais poluído que trazem e utilizam a cabeça e é dele que colhem a identidade, a comprazer-se entre a irresponsabilidade e o espectáculo.
E por isso mesmo, Mourinho e Scolari são os novos heróis emblemáticos da nacionalidade, os condutores de homens que arrostam com os grandes e terríficos perigos e praticam ou organizam as grandes façanhas do peito ilustre lusitano. São eles quem faz aquilo que se gosta de ver feito, desde que não se tenha de fazê-lo pessoalmente porque dá muito trabalho. Pensam pelo país, resolvem pelo país, actuam pelo país, ganham pelo país.
Daí as explosões de regozijo, as multidões em delírio, as vivências mais profundas, insubordinadas e estridentes, as caras lambuzadas de tinta verde e vermelha dos jovens portugueses. Afinal foi só para o Carnaval que a escola os preparou. Mas não para o dia seguinte.

terça-feira, julho 04, 2006

Actividades da SHIP

Próximos acontecimentos agendados para o Palácio da Independência:
- Dia 6 de Julho, às 18 horas, no Salão Nobre:
Lançamento do livro "Salazar e a Rainha (Rainha Dª Amélia)", do Prof. Doutor Amaro Monteiro (Editora Prefácio), com apresentação a cargo do Dr. Carlos Pinto Coelho.
- Dia 11 de Julho, às 17 horas, no Salão Nobre:
Concerto com o grupo Coral das Artes de Embu, de São Paulo, Brasil, sob a direcção artística do Maestro Daniel Vieira da Silva.
- Dia 14 de Julho, às 18h30, no Salão Nobre:
Concerto com os Coros dos CTT e do Instituto de Emprego e Formação Profissional, com o Coral “Ensaio” do Clube B.C.P., sob a direcção artística do Maestro António Leitão.
Para além dos eventos, fica a sugestão de uma vista à Sociedade Histórica da Independência de Portugal. Não custa nada, têm que passar tantas vezes no Rossio...

Três anos na blogosfera

Entrou no seu quarto ano o blogue Aliança Nacional, aparecido a 3 de Julho de 2003.
Como amigo da casa, aqui lhe deixo as minhas felicitações e os meus votos de uma longa e frutuosa existência.

Um ponto de encontro


Para conversar na net, sobre o que mais importe.

Encontro de Blogues em Vila Viçosa


Está na hora de fazer a inscrição!

"O Diabo" pela manhã

Leitura matutina do semanário das terças-feiras:
O famoso comentador desportivo Prof. Marcelo (agora também conhecido por São Marcelo dos Domingos) atira-se a Pina Moura, um conhecido descendente espiritual de Cristóvão de Moura (se não for descendente mesmo - usa o apelido e são da mesma região).
Diz Marcelo que "Pina Moura desprestigia a classe política", julgando "eticamente reprovável" a acumulação dos cargos de deputado da Nação e de administrador da espanhola Iberdrola, que Pina Moura ostenta. Sintetiza Marcelo que "não é possível às segundas, quartas e sextas assumir a defesa de interesses empresariais, e às terças, quintas e sábados assumir a defesa do interesse nacional".
Quer-me parecer que o vivaço rebento do velho Baltazar Rebelo de Sousa está equivocado: o tal Pina Moura não vive esse doloroso dilema, defende os mesmos interesses todos os dias.
Destaque depois para outro Professor, este o João César das Neves, o qual sublinha que "em Portugal os ricos não pagam impostos". Virgem Santa, e é preciso ser Professor de Economia para saber isso?
Realce ainda para um socialista heterodoxo, o empresário Henrique Neto, que vem mais uma vez aludir a um escândalo dos gordos que tem merecido a mais férrea indiferença da parte de toda a imprensa instalada (entenda-se, de casa e mesa posta). Afirma de novo Henrique Neto que no negócio da compra de helicópteros e submarinos por Portugal a consórcios internacionais há razões para suspeitar de interesses partidários envolvidos, referindo como indício claro o incumprimento das contrapartidas contratadas com os tais consórcios vencedores sem que ninguém dos sucessivos governos se incomode minimamente com a falta... Coisa para 50 milhões de euros...
Parece-me que este Henrique, como é de regra nestes assuntos, deve saber mais do que diz (as contrapartidas existem, serão é outras que não as que ficaram a constar da letra dos contratos...).
Ou alguém acredita que ele seja tão ingénuo que pensasse que os nossos grandes partidos vivem das quotas dos militantes? Se isso não dá nem para mudar o papel higiénico dos Palácios do Rato e da Buenos Aires!...
Enfim um esforço de elevação para terminar: o estimado Pinharanda Gomes divulga a edição em português da obra de Orósio bracarense. Se os queridos leitores querem leitura fascinante, de largo proveito e certamente mais emocionante que o enfadonho "Código da Vinci", já sabem: embrenhem-se na patrística lusitana do século V, sigam as peripécias de um mundo em que conviviam Orósio e Santo Agostinho, Prisciliano e Pelágio, Orígenes e São Jerónimo... E todos sem computador. Ai, o progresso, o progresso...

segunda-feira, julho 03, 2006

O Século do Nada

Novo capítulo do livro de Gustavo Corção disponível em linha: "Estamos no Século XX".

Crónica social

Regressos que se saudam com satisfação e justiça: voltaram de longas viagens por esse mundo fora os confrades do Je Maintiendrai e do Duas Cidades.
Ide lá dar-lhes as boas-vindas, que é de obrigação e eles merecem!

O jogo dos fantasmas

No mais recente número da Atlântico, na rubrica "Líderes de opinião", o colunista Vasco Rato enuncia em tom algo lamentoso um problema bem conhecido da direita.
Queixa-se ele que a crescente visibilidade dos extremistas, de que indica os exemplos repetidos ad nauseam pelos media, "traz problemas para a direita democrática". E explica que "são frequentes as tentativas de, deliberadamente, confundir a direita democrata com o PNR", como o faz por exemplo Francisco Louçã ao "rotular o CDS como um partido de extrema-direita".
Vasco Rato insurge-se contra essa "manipulação", reconhecendo embora "os constrangimentos que se colocam à direita democrática quando se tenta abordar questões como a imigração".
E constata, ao que parece com alguma revolta, o processo segundo o qual "a esquerda comunista" em situações de debate político sensível, como é o caso da imigração, quando surgem as posições da tal direita democrática "invariavelmente rotula a iniciativa como sendo de extrema-direita" e "assim se evita uma discussão séria sobre esta e outras questões".
Não custa reconhecer que Vasco Rato descreve uma realidade.
O que espanta é o ar de novidade com que o "líder de opinião" a apresenta.
Desde que me lembro o debate político entre esquerda e direita sempre foi pautado por esse fenómeno, e ao que julgo saber também assim foi mesmo nos tempos em que não posso ter lembrança.
Esteja em causa qualquer questão política de relevo, designadamente as "questões fracturantes" a que alude o articulista, e a discussão incluirá inevitavelmente, mais cedo ou mais tarde, o recurso a essa artilharia: do lado esquerdo virá a acusação de que a posição defendida pela direita sofre de algum mal absoluto. Ou é fascista, quando o caso se apresenta mais grave, ou ao menos será de extrema-direita, reaccionário, sei lá que mais.
A técnica é simples, e traduz-se tão só em criar espantalhos, através dos meios de condicionamento ideológico que a esquerda vastamente possui, e depois usá-los como papões sempre que a ocasião o proporciona.
Efectivamente, não custa reconhecer que assim acontece. E cabe também reconhecer que o procedimento tem habitualmente funcionado, e condicionado todo o debate político e toda a vida pública desde há um tempo infinito.
Mas - e neste ponto parece-nos poder acrescentar algo que Vasco Rato não diz - importa também reconhecer que o mecanismo de luta política referido só funciona devido à atitude dos destinatários. São os protagonistas da arena política, do campo da direita a que alude Vasco Rato, que ao serem alvejados com essas armas de arremesso, de uso aliás bem habitual e perfeitamente conhecido, têm que se encolher e fazer os esconjuros e o vade retro que são de regra nesse jogo, colocando-se nas posições onde precisamente os adversários os queriam colocar. Para já não serem reaccionários, nem fascistas, nem de extrema-direita, nem padecerem consequentemente de nenhuma das irremediáveis condenações daí decorrentes.
Por outras palavras: sem a obediência aos reflexos condicionados despoletados por essa forma um tanto básica o problema apontado por Vasco Rato nem existiria. A verdade é que perante um qualquer louçã de dedinho em riste e olho arregalado interpelando-nos em pose ridícula de acusador ("o que dizem a isto???", "têm que se demarcar!!!", "é preciso condenar!!") só obedece quem quer, e só não se ri quem não quer.
Pode observar-se aliás que a utilização do método não depende da existência ou da visibilidade dos tais extremistas de que fala Vasco Rato: desaparecessem eles, ou perdessem de todo a visibilidade, e sem dúvida que a esquerda de que se queixa continuaria a fazer uso da técnica consagrada. E provavelmente como os mesmos resultados: os papões invisíveis até são por vezes mais eficazes e funcionais. O sucesso do truque só depende dos complexos dos destinatários.
Por isso que, como tem sido tantas vezes observado, até com admiração, frequentemente são os governos que à partida se apresentavam de esquerda que são capazes de tomar medidas apontadas como de direita, enquanto governos chegados ao poder com fama e expectativas que os situam na direita acabam por assumir uma governação sistematicamente à esquerda.
Acima de tudo, eles não querem é parecer de direita.
Comprometem obviamente todo o capital político que representavam - mas salvam a alma das condenações eternas a esse Inferno de que só a esquerda tem a chave. Não serão de extrema-direita, nem reaccionários, nem fascistas.

domingo, julho 02, 2006

Duas datas: 28 de Maio de 1926 e 18 de Julho de 1936

sábado, julho 01, 2006

Canção para os sábados de manhã


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O bem que é e o mal que existe

Política e cultura