sexta-feira, janeiro 18, 2008

Gandas Oportunidades


Acaba de ser lançado o programa "Gandas Oportunidades": com a superior coordenação do Prof. Carlos Zorrinho, pois claro!

De Avis

É uma iniciativa da Amigos do Concelho de Aviz-Associação Cultural, e vai na sexta edição: são os VI Jogos Florais de Avis, e estão todos convidados a participar.
O regulamento está disponível em www.aca.com.sapo.pt
Concorram, e passem por Avis!

Olivença vai estar em Braga

Nota Informativa do Grupo dos Amigos de Olivença:

Uma Delegação do Grupo dos Amigos de Olivença estará presente em Braga, no local onde vai ter lugar a XXIII Cimeira Luso-Espanhola (Mosteiro de Tibães), em 18-01-2008, lembrando a situação litigiosa do território.
Ao encontrarem-se o Presidente do Governo de Espanha e o Primeiro-ministro de Portugal, a Direcção do Grupo dos Amigos de Olivença dirigiu a cada uma daquelas personalidades uma carta onde assinala, em síntese, o seguinte:
A Questão de Olivença, inquestionavelmente presente na realidade política luso-espanhola, continua por resolver, uma vez que Portugal não reconhece a soberania de Espanha sobre o território e considera o mesmo, de jure, português.
O litígio à volta da soberania de Olivença, factor, pela sua natureza, de desconfiança e reserva entre os dois Estados, tem sido a causa de muitos dos atritos e dificuldades verificados em áreas relevantes da política bilateral.
Porque uma política de boa vizinhança entre os dois Estados não pode ser construída sobre equívocos e ressentimentos, sendo escusada, inadmissível e insustentável a tentativa de esconder a existência política da Questão de Olivença e os prejuízos que traz ao relacionamento peninsular, impõe-se que a mesma seja inscrita - com natural frontalidade e sem subterfúgios - na agenda diplomática luso-espanhola.
As circunstâncias actuais, integrando Portugal e Espanha os mesmos espaços políticos, económicos e militares, com salutar aproximação e colaboração em vastas áreas, são propícias a que ambos os Estados assumam que é chegado o momento de discutir, de forma adequada, a Questão de Olivença e de dar cumprimento à legalidade e ao Direito Internacional.
O Grupo dos Amigos de Olivença, com a legitimidade que lhe conferem 70 anos de esforços pela retrocessão do território, lança o desafio aos Governantes dos dois Estados para que, no respeito pela História, pela Cultura e pelo Direito, dêem início a conversações que conduzam à solução justa do litígio.
O Grupo dos Amigos de Olivença apela ao Governo de Portugal para que leve por diante a sustentação dos direitos de Portugal e aguarda do Governo de Espanha que reconheça a ilegitimidade da sua presença nas terras oliventinas.
OLIVENÇA É TERRA PORTUGUESA!
VIVA OLIVENÇA PORTUGUESA!

Serviço Informativo do GAO.
Lisboa, 17 de Janeiro de 2008.

quinta-feira, janeiro 17, 2008

José Campos e Sousa e EmCanto

No próximo dia 26 de Janeiro realiza-se um Jantar/Concerto na Quinta de S. José do Marco, em Castanheira do Ribatejo, com actuação de José Campos e Sousa, Filipa Galvão Telles, António Tinoco de Almeida e João Maria Torre do Valle.
Promete-se música, poesia e gastronomia de EmCanto.
O local situa-se perto de Vila Franca de Xira, na direcção do Cartaxo, e é necessária inscrição prévia, até 22 de Janeiro.
Pode tratar-se por TLM 919095090 (Mariana Bobone Mira) ou pelo mail mbobonemira@yahoo.com.br

quarta-feira, janeiro 16, 2008

Staphylococus aureus

É uma superbactéria verdadeiramente homofóbica.

Novo partido político?

O Partido da Liberdade.

1 de Fevereiro: luto nacional

www.petitiononline.com/1fev2008
www.regicidio.org

terça-feira, janeiro 15, 2008

Inevitabilidades

Ao acompanhar os noticiários ficamos com a sensação de que temos mais probabilidades de influenciar o clima do que as decisões políticas fundamentais que nos afectam. Em se tratando de arrefecimentos ou aquecimentos, mesmo globais, todos nos dizem que a responsabilidade é nossa e que dos nossos actos está dependente o futuro. Sendo a governação o assunto, a impressão que nos transmitem (desde o pedestal presidencial à autoridade dos comentadores encartados) é que sobre questões tão sérias não se pode arriscar instabilidade: superiormente se decide, longe da populaça.
A bem dizer, a agitação estéril a que a actividade política se foi reduzindo é apenas o espectáculo necessário para manter as ilusões e entreter as massas. Não espanta assim que se esteja a entrar numa era em que o estilo telenovelesco, para não falar do big-brother ou da "casa das celebridades", passa a marcar a vida política (a que se desenrola aos olhos do público). Os profissionais descobriram as potencialidades da imprensa cor-de-rosa, ou esta invadiu e dominou a outra, e os episódios do género Sarkozy-Carla Bruni e Chávez-Naomi Campbell são capazes de estar para ficar.
Quanto ao que importa, não se pode fugir ao sentimento de inevitabilidade. Sócrates decidiu que não haveria referendo sobre o tratado europeu, porque assim estava estabelecido há muito. Ouvem-se algumas críticas rituais a que não é possível deixar de reagir com um sorriso amarelo: fosse Luís Menezes o Primeiro-Ministro, ou Santana Lopes, ou Durão Barroso, e a situação seria a mesma - e nenhum de nós tem dúvidas a esse respeito.
Perante o "huis clos" em que nos fecharam, é natural o cansaço e a vontade de desistir de todos os que voluntarísticamente se propunham fazer política em nome de ideais, de sonhos, ou de simples projectos que não sejam meramente profissionais.

Da Escola de Música da Sé de Évora


O Stabat Mater de Estêvão de Brito (interpretado pelo coro São Miguel da Maia).

sábado, janeiro 12, 2008

Cocus mais contents

JPP e as declarações de Janez Jansa:

Se houvesse em Portugal uma cultura de rigor cívico, as declarações do actual presidente da UE, o esloveno Janez Jansa (reproduzidas no Diário Económico de 10 de Janeiro), que diz que “já sabíamos disso [que Sócrates não ia fazer o referendo] há muito tempo”, levantariam um clamor para que se soubesse quem diz verdade. Cá, nada.

sexta-feira, janeiro 11, 2008

É a demografia!

O ano de 2007 repetiu a proeza do de 2006: voltaram a ser batidos os recordes negativos em matéria de natalidade. Em 2006 nasceram em Portugal menos três mil e tal crianças do que no ano anterior, agora constata-se que em 2007 o número de nascimentos voltou a descer outros tantos três mil e tal. Atingiu-se novo patamar, o mais baixo de sempre. Se a tendência se mantiver, haverá em 2008 em Portugal, pela primeira vez, um número de nascimentos inferior a cem mil (e segundo algumas notícias também saídas hoje uns dezoito por cento desses são de filhos de mulheres imigrantes, o que obviamente reduz o número das crianças nascidas de mãe nacional para 82.000 (oitenta e dois mil). Qualquer dia nem temos gente para cuidar dos lares de terceira idade.

Prostituição, legalização e fantasias

(publicado no semanário regionalista "O Almonda", de Torres Novas)

Tendo o tema sido aflorado nestas páginas, pela voz prestigiada do Dr. Pedro Vaz Pato, não resisto a contribuir também para o necessário arrumar de ideias em torno do que me parece ser mais uma miragem perniciosa, semelhante a outras que fazem correr a nossa época, as mais das vezes com a lucidez da cabra cega.
Já tenho lido, de várias origens, opiniões convergentes sobre a necessidade e a conveniência de "legalizar a prostituição". Como acontece frequentemente com as soluções simples que se apresentam para problemas complexos, também esta proposta enferma de equívocos vários, que a meu ver a tornam inutilizável para a solução dos problemas que se propõe resolver.
Antes do mais, o que se pretende dizer com "legalizar a prostituição"? A pergunta é pertinente, porque ao contrário do que parece ser convicção generalizada a prostituição em Portugal nada tem actualmente de ilegal. Existe no Código Penal a incriminação do lenocínio, configurado como um crime contra a liberdade e a autodeterminação sexual. É punível por isso a actividade de quem se dedique a explorar as prostitutas, abusando destas, mas não as prostitutas nem a prostituição. Se a ideia de quem fala em "legalizar a prostituição" consiste apenas em abolir essa incriminação, então o que desapareceria é a perseguição criminal dos exploradores, não das prostitutas, que não existe. Mal ou bem a prostituição foi encarada pelo legislador como um comportamento perfeitamente lícito, se livremente assumido (invocando expressamente a orientação de demarcar o Direito Penal de qualquer conotação moralista).
Por conseguinte, não deve ser esse o cerne das posições em apreço. Confirma-se que não, ao observar que as principais preocupações a que procuram dar resposta os que falam na tal "legalização da prostituição" correspondem a finalidades de ordem sanitária (a saúde pública) ou de ordem fiscal (os impostos). Mas, sinceramente, não compreendo o que propõem que seja feito no plano legislativo. Tornar obrigatório que aquele ou aquela que queira exercer a prostituição esteja inscrito como tal e se sujeite aos cuidados médicos adequados a prevenir os riscos que tais actividades normalmente implicam?
Essas imposições legais correspondem a uma versão actualizada do regime que já vigorou em Portugal em outros tempos, quando as prostitutas estavam sujeitas a matrícula no Governo Civil e a vistoria periódica. Porém, e como me parece claro, em primeiro lugar a legislação nesse sentido é que implicaria, diferentemente do direito actual, uma ilegalização da prostituição (só seriam lícitas as actividades de quem tivesse carteirinha profissional e cumprisse as normas, sendo por consequência ilegais todas as actividades nesse ramo de clandestinos e biscateiros, que nem os mais ingénuos podem afirmar que deixariam de existir).
Deste modo, e paradoxalmente, criava-se uma situação em que as polícias teriam que andar atrás de quem livremente praticasse prostituição sem obedecer à regulamentação obrigatória, passando autos, multas e participações - situação oposta à actual, e de resultados muito duvidosos. E, acrescento, afigura-se que uma situação dessas seria muito pouco compatível com o enquadramento jurídico contemporâneo. Aliás, mesmo em outros tempos, em que sempre seria possível deter quem fosse encontrado em actividades sexuais (por conduta imoral ou outra qualificação qualquer) e conduzi-lo/a à esquadra para averiguar da regularidade da sua situação profissional, não me parece que essa regulamentação tivesse produzido grandes resultados no controlo efectivo dessas actividades.
A concluir: desconfio que na prática essa política iria conduzir a que apenas cumprisse realmente os cuidados sanitários definidos como obrigatórios quem agora voluntariamente já o faz. Tanto na vertente da oferta como na vertente da procura.
Quanto aos argumentos fiscalistas, que dão relevo à conveniência de arrecadar as receitas fiscais correspondentes a uma actividade económica com grande expressão: lamento desiludi-los, mas também não acho provável que os proventos tivessem qualquer significado. Actualmente, nas casas abertas ao público onde essa actividade é exercida com disfarce (sob denominações de bares, boites, salas de diversão, salões de massagens, etc) todo o pessoal está devidamente "legalizado". Ou seja, não trabalha lá ninguém que não tenha contrato de trabalho, declarado à inspecção, e que desconte os seus impostos e para a segurança social. Naturalmente que esses contratos dizem que a categoria profissional é de empregado de balcão, bailarina, recepcionista, cozinheira ou lá o que calhe, e todos referem o ordenado mínimo nacional, mas a verdade é que os que têm estabelecimento aberto estão defendidos contra as fiscalizações.
Se a prostituição, por força de lei, passasse a só poder ser exercida em locais licenciados e por profissionais registados como tal, acreditam os leitores que os contratos de trabalho iriam declarar rendimentos muito superiores, e o número de trabalhadores a descontar iria subir radicalmente? Eu não acredito.
Nesta altura alguns replicarão que o que não falta por aí são locais esconsos que não precisam de proteger o alvará que não têm, nem sequer como café, e gente que se dedica à prostituição sem ter qualquer cobertura contratual. É verdade. Mas alguém acredita que essa economia paralela deixaria de proliferar caso a lei limitasse a actividade às sociedades comerciais ou empresários individuais devidamente autorizados, aos locais devidamente licenciados, aos profissionais devidamente habilitados? Se nem os canalizadores ou os electricistas de ocasião podem ser eficazmente controlados pela máquina fiscal como seria detectada e controlada a prostituição espontânea e avulsa? Iria legislar-se no sentido de tornar obrigatória a passagem de recibo ao cliente (a medida conseguiu aumentar muito as cobranças em relação aos médicos, por exemplo)? Ou para estimular a exigência do recibo seriam concedidos benefícios fiscais nessa matéria, em sede de IRS?
Creio sinceramente que a "regulamentação legal" aludida pouco iria modificar tanto no que respeita à saúde pública como no que toca às receitas fiscais. E continuaria a existir, como existiu sempre, a prostituição que não assumiria o nome, nem se daria à publicidade, porque nenhum dos sujeitos envolvidos no acto está interessado nessa oficialização.
As opiniões criticadas resultam sobretudo de uma visão fetichista e mágica da lei (vulgar sobretudo nos não juristas), que conduz à crença de que mexendo na legislação se mudam os factos a que ela se refere, e não propriamente de um conhecimento autêntico da realidade social.

Manuel Azinhal
manuel.azinhal@gmail.com

Destaque

Enterrar a Ota, aterrar em Alcochete, por Mendo Castro Henriques.

Os de cá

Em Évora, mais um blogue a animar a urbe: Templo do Giraldo.
Vota para que a inauguração do novo Aeroporto de Alcochete não demore tantas décadas como a da Barragem de Alqueva.
Em Elvas, assinalam-se os 349 anos da Batalha das Linhas de Elvas. A palavra ao Zé de Mello e ao Tiago Abreu.

quinta-feira, janeiro 10, 2008

Verdades como punhos

Hoje já se pode dizer: eles sempre foram favoráveis a Alcochete, só andaram a falar sobre a OTA para despistar os especuladores e evitar o assalto aos terrenos da Margem Sul. O Ministro Mário Lino, então, foi o mais sacrificado nesta estratégia. Até teve que dizer em público um sonoro "jamé" a uma decisão que ele sabia que já estava tomada. Bem se compreende que o senhor Primeiro-Ministro aprecie e apoie um tão fiel servidor. Quanto à posição pessoal do senhor Primeiro-Ministro, nem se fala: como é patente desde os seus tempos de Ministro do Ambiente, ele é um entusiasta da aposta no desenvolvimento daquela região. Alcochete já lhe devia o Freeport, amanhã ficará a dever-lhe o Aeroporto. É bom que se comece a pensar no nome a dar a tão prodigiosa realização, embora me pareça óbvio o que qualquer alma agradecida estará a sentir neste momento (não pode ser Teixeira Duarte, tem mesmo que ser José Sócrates).
Os acontecimentos demonstram que um homem está ao leme e que o navio tem um rumo, como diria o Professor Cavaco. A necessária unidade e harmonia na direcção e execução das políticas económicas e financeiras saiu reforçada com a normalização ocorrida no BCP, a par com a estabilidade mantida no Banco de Portugal, na CMVM, no Caixa Geral de Depósitos - e tudo terá que ser creditado a favor de quem esforçadamente nos governa. A tranquilidade da vida política nacional foi mantida corajosamente, com a recusa da demagogia do referendo sobre o Tratado que alguns mal intencionados insistem em confundir com outro para levantar despropositadamente velhas promessas em contextos que o tempo tornou anacrónicos. Como demonstra a leitura do "Público" de hoje, a economia segue em boa marcha, afastando os fantasmas da crise. Felizmente, o país tem gente com quem pode contar: no governo ou fora dele (tanto quanto possível uns dentro e outros fora), uma nova elite plena de dinamismo e iniciativa assegura que as oportunidades não serão perdidas. Não ficaremos todos ricos, mas alguns ficarão muito. Aleluia, aleluia, amen.

The golden age of Portuguese music


Mais da Escola de Música da Sé de Évora: o Requiem "Introitus", de Duarte Lobo.

Ainda há boas notícias

Paulo Pedroso e João Pedroso foram condenados na 3.ª Vara Cível da Comarca de Lisboa.

Um país privatizado, deles

Notícias de hoje:
O primeiro estabelecimento prisional vendido pelo Estado a privados, no âmbito do programa de alienações lançado em 2006 por Alberto Costa, foi comprado em Novembro último por uma empresa de António Lamego, que foi sócio do ministro da Justiça até ao ano de 2005.
A propriedade, que em 1998 tinha custado quatro milhões de euros ao Ministério da Justiça, foi agora vendida à imobiliária Diraniproject III por 3,4 milhões.
Criado em 1998 e instalado no antigo Convento de Brancanes, à entrada de Setúbal para quem vem de Azeitão, o Estabelecimento Prisional de Brancanes tinha sido extinto pelo Ministério da Justiça em Maio do ano passado.
Segundo a documentação do registo comercial a Diranniproject III ainda não existia à data, anterior a 12 de Junho, em que apresentou a proposta que lhe permitiu ficar com o imóvel. A escritura da sua constituição foi celebrada apenas em 18 de Julho último, sendo que a totalidade do seu capital é detida pela Diraniproject SGPS, uma holding detida em 99,2 por cento por António Lamego, e criada no mesmo dia.
Entre 2000 e 2005 este advogado foi sócio dos dirigentes socialistas Alberto Costa, António Vitorino e José Lamego (seu irmão) na sociedade de advogados criada por estes últimos em 1999 e dissolvida em 2005.

quarta-feira, janeiro 09, 2008

De Évora e Vila Viçosa

Duas novas descobertas: o Laranja Viçosa, um novo blogue de Vila Viçosa que se lançou já na preparação das autárquicas (ainda não diz nenhum nome, só a cor), e o Opinião Pública, de Florival Pinto (que representou o Correio da Manhã em Évora, e por acaso também usa a mesma cor).

A localização do novo aeroporto de Lisboa

"Um estudo oriundo da Universidade de Coimbra, com a legítima participação de privados, veio hoje defender a Ota como a melhor solução para a localização do novo aeroporto internacional de Lisboa. É uma pena que a Universidade de Évora - que por acaso é a minha - e as forças vivas do Alentejo não tenham realizado e/ou patrocinado um estudo sobre a tão conturbada localização daquela bem dita infra-estrutura. Ficava-se a conhecer o pensamento e a sensibilidade da região sobre um tema que não lhe pode ser indiferente, e tanto o Alentejo como a sua Universidade tinham direito a tempo de antena - de que muito necessitam - nos media deste país."

(Fernando Martins, no Cachimbo de Magritte).

terça-feira, janeiro 08, 2008

A grande música de Évora


Miserere mihi Domine, de Frei Manuel Cardoso. Nos 700 anos da Catedral, lembre-se o maior dos compositores da sua escola.

Relativizemos

Há dias fiz alusão a um artigo de Pacheco Pereira sobre a blogosfera portuguesa, que me pareceu merecer atenção.
Como se sabe, sou dos que tenho realçado (talvez exageradamente) a importância do meio.
Agora dei por mim a contrabalançar as preocupações de então com outra observação: se atentarmos no Blogómetro, e aceitarmos a credibilidade dos seus dados, temos que em Portugal os blogues (verdadeiros) que excedem os trezentos visitantes diários serão uns cem, cento e poucos. É um universo muito perquenino. Andamos todos a ler-nos uns aos outros e às vezes julgamos que somos muitos. Mas não. A realidade é esta: a penetração efectiva da opinião publicada nos blogues é ainda muito limitada. Sabe-se que isto não diz tudo sobre a sua efectiva repercussão, por razões que não se prendem com a simplicidade dos números (a relevância verdadeira pode ser muito desproporcionada em relação ao número dos directamente atingidos).
Porém, é sábio um banho de humildade. Sem batotas, na blogosfera lusitana só uns cem blogues ultrapassam essa barreira dos trezentos visitantes/dia. E acrescento que é patente o facto de há muito ter passado a fase de crescimento que em tempos se verificou, tendo-se atingido um patamar em que o que se verifica é estagnação ou regressão. Enfim, um drama. Isto é que é uma crise.
O mais são conjecturas, bem ou mal fundadas.

Voltando a Évora

Fazendo uma digressão breve, encontra-se algum movimento: no Largo das Alterações, neste De Cabeça, no Café Portugal (foi o meu café de muitos anos; para os novos, Pull & Bear). Percorrendo outros, detecta-se a paralisação já antiga.
Mas mesmo nos que mexem continua a verificar-se o problema: em geral são monólogos, exercícios autistas... Sintomático: ausência de ligações em alguns deles. Não existe uma blogosfera eborense, uma área de encontro e participação onde efectivamente se fale e discuta. Cegos e surdos, a falar sozinhos. Discursos paralelos, que nunca se tocam. Não sei como se pode mudar isto.

Eborênsias

Surgiu um Antão Atento.
Tinha aparecido a Taverna do Embuçado.
Antes também surgira o Évora Terra Portuguesa.
Persiste portanto alguma blogosfera ligada a Évora. E todavia, basta olhar para se sentirem as razões para a insatisfação. Tirando o incontornável e persistente Mais Évora ...
Falta qualidade, falta regularidade, falta intervenção, falta a interactividade que seria suposto encontrar na rede, falta quase tudo o que se poderia esperar de uma blogosfera viva e actuante no meio a que se dirige (contra mim falo, bem sei).
Voltarei a Évora, logo que possa. Um abraço a todos.

segunda-feira, janeiro 07, 2008

Luiz Pacheco

Se o PCP alguma vez tivesse implantado em Portugal o seu regime, Luiz Pacheco teria acabado os seus dias numa qualquer prisão ou centro de internamento e reeducação.
Era um elemento anti-social, afectado por todos os vícios da sociedade burguesa e capitalista, intoleravelmente individualista, provocatoriamente devasso e dissoluto, e um caso notório de parasitismo. Não viveu na URSS, e o PCP de cá nunca teve o seu pequeno goulag. Safou-se, por isso, o Pacheco. Apesar disso, passou a maior parte da sua vida convencido de que era um compagnon de route do PCP, sem se aperceber de como era precário o seu estatuto e do que seria dele se também pudessem morder os que rangiam os dentes à menção do seu nome.
O que fica dele é sobretudo a crítica: demolidora, a sua denúncia da rústica maquineta de fabricar glórias montada entre nós desde os anos afastados da implantação dos neo-realejos, do artificialismo e falsidade da história da literatura portuguesa de algumas décadas do século XX, dominada pelas conveniências de seita e de capelinha e os respectivos sindicatos organizados.
Por mim, não escondo que o gozo maior da leitura de Pacheco era a sua impiedosa dissecação dos Urbanos, dos Namoras, e de tutti quanti...
Que o homem tinha talento, tinha; mas perdeu-o, deixou-o por aí numas tiradas fulgurantes, artilharia certeira com que há-de contar quem se propuser trabalhar sobre a literatura portuguesa da sua época.
Mas obra de criação, coisa que fique, não parece que deixe. Pode não ser simpático falar dele assim na hora da sua morte, mas há génios que não vieram para construir.
Sobre ele, já se escreveu aqui e aqui.

Princípios de sabedoria

De Paul Johnson: "The fear of the Lord is the beginning of wisdom."

De Gustavo Corção: Onde morre o temor de Deus pululam os vermes de todos os medos.

Perder o latim

De que vale a internet sem o latim?!! - interrogava-se um confrade blogosférico aqui há uns tempos. Lembrei-me dele ao ler que os Jesuítas estão reunidos em Roma para escolha de um novo Superior Geral da Companhia. Ao que dizem, a reunião apresenta como novidades o uso de tecnologias arrojadas e modernaças, e o abandono do latim. As línguas da reunião magna serão o inglês, o francês e o espanhol. Decididamente, os filhos de Santo Inácio não estão virados para o latim. Devem ter-se convencido que a internet basta.
O horror ao latim é aliás uma das marcas da igreja modernista. Lembremos o espectáculo triste do Papa no Natal ou na Páscoa a soletrar interminavelmente pequenas saudações em sessenta ou setenta línguas, para gáudio dos grupos de peregrinos que rompem aos gritinhos e aos saltinhos quando chega a vez da sua. Qual o sentido de tão extenuante esforço de papagueação (que deve exigir um tempo infinito de preparação e treino) se não for a obsessão de fugir ao latim?

Tradición y modernismo en la Iglesia

Um artigo de Rafael Castela Santos: porque "lo que diferencia al hombre del animal es el tradicionalismo".

Hitchcock

«Suspense», por João Marchante, na Alameda Digital.

Portugal a entristecer

Ó Portugal, hoje és nevoeiro..

domingo, janeiro 06, 2008

África

O título da notícia de hoje da CNN sobre o Quénia é "Descent into tribalism". Não custa encontrar outros títulos iguais ou semelhantes na grande imprensa internacional, quando se trata de África. Pior ainda é verificar que o que se vai passando desaparece dos noticiários. Um continente parece afundar-se, e o resto do mundo não sabe sequer como falar da maldição. Se o Quénia, essa jóia da coroa, cai na balbúrdia sangrenta dos seus vizinhos, se no Norte de África já não pode passar uma caravana automóvel rumo ao Senegal, o que resta ainda? A República Sul-Africana? Por quanto tempo, quando se fala cada vez mais na sua zimbabweização?
Quando se olha de Norte a Sul e de Leste a Oeste do continente, vê-se que não é possível sem cair no ridículo apontar a causa das coisas na colonização, seja ela a portuguesa, a belga, a britânica ou a francesa, ou a alemã. A África africaniza-se, para onde quer que se olhe. E o verbo africanizar não significa nada de bom.
Haverá coragem para fazer o processo histórico da descolonização? Haverá coragem para fazer o balanço, e publicá-lo?
Para quem amou África, e sonhou alto com os caminhos que a história venceu, nada apagará a amargura de ter sido vencido e ter tido razão (ao menos que o tempo tivesse demonstrado que os prognósticos estavam errados - feliz África!). Ficará para sempre o travo amargo de uma formidável gesta histórica que foi interrompida e abortada.
Para África, porém, a única via da esperança é começar a dizer a verdade. Por mais que custe aos que fizeram a história tal como ela foi e é, e carregam a pesada responsabilidade de ela ser assim.
Lembro-me sempre do desabafo de Jacques Soustelle na sua "Carta Aberta às Vítimas da Descolonização": pudessem os apaniguados da descolonização orgulhar-se dela como nós nos orgulhamos da colonização.

Dom Carlos I

sexta-feira, janeiro 04, 2008

AVE AZUL

Uma Revista de Arte e Crítica que nos vem de Viseu.

Palavras ditas

Rui Ramos na "Atlântico", n.º 34:

De resto, o mais importante sobre os tempos que vivemos ficou dito por Medina Carreira no livro-entrevista que fez com Ricardo Costa. Portugal, com a Itália e também a França, é um dos países europeus para quem o mundo actual ainda não arranjou lugar. Numa época em que todos os países correm, Portugal rasteja. Em "O Dever da Verdade", estão os números: o PIB português cresceu a uma taxa média anual de 6% entre 1960 e 1975, 4% entre 1975 e 1990, e 2% entre 1990 e 2005.

Cenas tristes

Nada na novela BCP pode já surpreender (embora desconfie que ainda iremos ter muitas revelações chocantes, à medida das conveniências do jogo e dos jogadores). Deve haver ainda bastantes cartas escondidas, e bombas com retardador.
As informações veiculadas pelo Público de hoje traduzem-se resumidamente em que há pelo menos um ano os que mandam na CGD andam a usar o dinheiro da Caixa para adiantar a uns tantos do BCP a fim destes comprarem fatias cada vez maiores do capital deste, sendo este grupo de accionistas assim reforçado com centenas e centenas de milhões de euros da Caixa que agora tenta assegurar o poder no BCP precisamente àqueles que na administração da Caixa trataram de lhes fornecer os meios para poderem executar a manobra.
Que comentários se podem fazer? O melhor é não dizer nada, e assumir que o dinheiro é deles, e pronto. Não há nada a fazer. Na Caixa ou no BCP são eles que mandam e aquilo nunca foi tão privado como é agora. É tudo deles.
Quanto ao que se tem falado sobre Opus e maçonaria, maçonaria e Opus, também me parece preferível não dizer nada. Do que está escondido quem fala não sabe e quem sabe não fala. E o que está à vista só não vê quem não quer, ou quem não pode. Eu desconfio que ainda hei-de ver de avental quem já vi noutros preparos. Na escolha das fardas a eficácia é que conta.

Novo Forum

Ou novas instalações para um forum renovado: Forum Pátria.

Amigos da Cuba

No próximo dia 5 de Janeiro às 21,30h realiza-se no auditório do Centro Cultural de Cuba uma ante-estreia do filme "Cristóvão Colombo - O Enigma" realizado por mestre Manoel de Oliveira.
Inspirado no livro "Cristóvão Colon (Colombo) era Português" de Manuel Luciano da Silva e Sílvia Jorge da Silva, mestre Manoel de Oliveira baseou-se no relato da vida de Manuel Luciano para abordar o tema da nacionalidade portuguesa de Cristóvão Colon.
A este propósito, recomendo a leitura do Portal de Cristóvão Colom. Estou a pensar num especialista capaz de analisar criticamente estas matérias...

quinta-feira, janeiro 03, 2008

Eborígenes

O nome a lembrar Alfama, mas esta Taverna do Embuçado é mesmo de cá. Chegou com o novo ano. Ad multos annos!

A cultura do blogue nacional

Pacheco Pereira escreveu sobre o tema.
Eis o começo:
Os blogues, a blogosfera, são um facto cultural novo nos últimos cinco anos. Não abunda assim tanto a novidade no domínio lato da cultura, para que possa passar despercebida, ou melhor, notada mas não percebida, ou erradamente percebida. Muita coisa nos blogues vem em continuidade do passado, existia noutros meios e sob outras formas, mas mesmo a que apenas fez a transmutação dos media clássicos para os blogues como media mudou também com o meio. Mudou e continua a mudar.
E eis a passagem mais marcante (para este leitor aqui escrevente):
A blogosfera "(...) caminha para ser um instrumento suplementar que reforça as duas tendências em curso nos nossos dias: a da substituição da democracia pela demagogia e a espectacularização da sociedade."
Não interessa quem o diz, mas o que foi dito. Ficai a pensar nisto, ó blogonautas.

O que ficou do Natal?

(artigo para o semanário regionalista "O Almonda")

Já passaram umas décadas desde que o famoso Dr. Barnard inaugurou a era das transplantações cardíacas, e desde então banalizou-se essa coisa formidável de abrir o peito a um indivíduo, tirar de lá um coração que não presta, e em vez dele colocar no mesmo sítio um outro, presumivelmente em melhor estado. Quase como levar o nosso carro à oficina e trocar de bateria. A ciência continua porém limitada a tratar das condições de funcionamento desses órgãos vitais, como faz com outros. Encarrega-se dos batimentos, dos músculos, do ritmo, e está bem. O que a técnica, cirúrgica ou outra qualquer, ainda não encontrou foi forma de melhorar a qualidade (penso que me faço compreender) de tantos corações empedernidos e insensíveis que por aí andam a bater no peito de tanta gente.
Haverá um dia modo de injectar humanidade em corações dela desprovidos? Poderá o saber dos homens suprir essa carência elementar? As esperanças não são muitas, mesmo entre os mais devotos adoradores da ciência e da técnica. A sua crença não vai tão longe. Ciência e técnica não se fizeram para isso, é domínio que lhes escapa. Perante assuntos desses queda-se impotente o mais potente microscópio, fica inútil o mais hábil bisturi, e toda a galeria dos fármacos. Não há fórmula química, nem experiência física, onde a simples bondade se apresente, prontinha a ser servida por sofisticados laboratórios a todo o mundo que precise. Calam-se aqui acabrunhadas e sem remédio ciência e técnica juntas.
É preciso procurar noutro lado.
A propósito, agora que já foi Natal, o que ficou do Natal?
Provavelmente, o vazio. Depois da euforia das luzes de néon, das prendas, das compras, da correria dos centros comerciais, sobra um sabor a nada. Um Natal de plástico e pechisbeque deixa sempre no peito a sede que jamais pode saciar. Despido do seu carácter íntimo e sagrado, esquecido o que lhe deu o sentido, dele não há que esperar chama que conforte. Como se não houvesse Natal.
Restam pessoas silenciosas, de ar cansado e triste. Mais cansadas e tristes do que antes. O Natal esvaziou-lhes os bolsos e as energias, e as almas continuaram frias e vazias. Como se não houvesse Natal.
E, todavia, Ele veio. Desceu sobre a indiferença do mundo. E deixou-nos com as palavras duras da noite da última Ceia: “Se Eu não tivesse vindo e não lhes tivesse dirigido a palavra, eles não teriam pecado; mas agora não há desculpas para o pecado deles” (Jo. XV, 2). São terríveis essas palavras, como aponta Gustavo Corção ao sublinhar a “iluminação moral” trazida por essa vinda: “a este mundo já marcado pelo pecado mal definido, cinzento, misturado ao bem de um modo desordenado, Jesus trouxe a Ordem que discrimina mal e bem, e trouxe aos homens, como preço e condição da Salvação, um sentimento mais agudo, uma responsabilidade abismal.
Uma responsabilidade abismal, a que todavia permanecem alheios tantos de nós. Esquecemo-nos que existe o mal e o bem, e que todos temos a responsabilidade de ordenar a nossa vida conforme o que foi ensinado. Ele veio e dirigiu-nos a palavra, e agora não há desculpas para a nossa obstinação.

Manuel Azinhal
manuel.azinhal@gmail.com

quarta-feira, janeiro 02, 2008

Laranjas do Pafarrão

De Fátima para Torres Novas, descendo a Serra d'Aire. Muito antes da descoberta das dinossáuricas patadas que há anos fizeram gloriosos telejornais, havia as laranjas. Nunca fizeram certamente títulos nos jornais, mas o mundo é feito de injustiças. Que mais vale uma boa laranja do Pafarrão do que todas as pégadas deixadas nas que foram as pedreiras do Galinha.
Os laranjais lá estavam, na encosta da serra, a enfeitar o Pafarrão. E bancas de venda a bordejar a estrada. Oferecia-se para provar, com altiva segurança, a quem com relutância se propunha comprar. Paragem na peregrinação, para quem precisa de forças para a derradeira etapa. Última estação, para quem regressa. Quantos peregrinos de Fátima ficaram devotos das laranjas do Pafarrão!
Ao passar a Chancelaria já as laranjas levavam forte desbaste. Cascas pela janela, que são lixo orgânico, ecológico, e não está à vista brigada de zeladores. Entro pela Estrada do Vale, mastigando laranja. Recebem-me os muros do que foi quartel, virado em escola de polícias (no relvado em frente há agora uma curiosa estátua que parece de um mergulhador fotografado em pleno salto).
Para os torrejanos, banalidade. Para mim, forasteiro, sublime verdade: laranjas é no Pafarrão. E não há gripe ou constipação que o negue: são remédio santo. Medicina natural. Tomem pois nota, que o tempo vai para resfriados. Aviem-se no Pafarrão.

Por Portalegre

Junto à Voz Portalegrense a presença na blogosfera de Ruy Ventura.
E os Arquivos do Norte Alentejano.

Presença da filosofia portuguesa

De António Quadros a Maranos, passando por uma Nova Águia.

A Escola de Álvaro Ribeiro

Francisco Moraes Sarmento, na LEONARDO:
O pensamento de Álvaro Ribeiro motiva aguerrida celeuma nos nossos círculos bem pensantes dominados pelo positivismo e socialismo. Os modos da polémica passam, nos nossos dias, pelo silêncio sobre os autores de expressão filosófica e a Escola da Filosofia Portuguesa como herdeira do magistério da Renascença Portuguesa. Neste ensaio, expõe-se o pensamento do mestre, defende-se a filosofia como um sistema de antropologia, cosmologia e teologia e como a arte de pensar não é passível de ser absorvida pela cultura oficial.