sexta-feira, junho 30, 2006

Aforismo do dia

Saber: cumulado e experimentado

Pilriteiros dão pilritos

Read my lips?

Lisboa desaparecida

Últimas

A notícia política do dia vem a ser a demissão do Prof. Freitas do Amaral, vítima dos seus conhecidos problemas de coluna vertebral.
Em consequência, ascende de novo a Ministro o Dr. Nuno Teixeira, encarregado da pasta da Defesa.
Nesta hora de compreensível preocupação, quero aqui tranquilizar o Eng. Sócrates, e com ele todo o estado-maior da governação, quanto a possíveis complicações de idêntica natureza na pessoa do novo Ministro.
Podem estar descansados. A este conheço eu e posso atestar que é possuidor desde pequenino de uma espinha dorsal maravilhosamente flexível e elástica, como poucas vezes vi - e olhem que já tenho visto muito.

Os 70 anos da Guerra Civil de Espanha

Completam-se a 18 de Julho próximo setenta anos sobre o levantamento que marcou decisivamente o vasto conflito que ficou conhecido como a Guerra Civil de Espanha.
Vem a propósito recordar a História, até porque muita da violência e do radicalismo desse confronto resultou da sua essencialidade para a expansão do comunismo, até então invencível e, tudo fazia crer, irresistível.
Tivesse vencido a sovietização de Espanha, com a inevitável sovietização de Portugal que se lhe seguiria de imediato e a muito provável sovietização da França, nas mãos da Frente Popular, que viria a seguir, e estaria consumado o cerco de toda a restante Europa Ocidental, corolário da estratégia de Estaline.
A derrota do comunismo em Espanha, a primeira sofrida por esse grande mal do século, até aí imparável, constituiu um marco na história universal.
Procurando uma visão global dos acontecimentos, afigura-se que o comunismo internacional só veio a deparar com derrotas de alcance estratégico comparável a esse em 1964 na Indonésia, que lhe frustrou definitivamente as possibilidades de expansão em todo a Ásia Insular e Oceania, e em 1973 no Chile, que assinalou definitivamente o malogro dos projectos de comunização das Américas do Sul e Central.
E, não será despropósito lembrar, também o fracasso ocorrido em Portugal em 1975 (ano em que curiosamente se verificam os últimos grandes triunfos do movimento comunista, designadamente Vietname e África Portuguesa, que lhe permitiram uma derradeira manifestação de vitalidade) o qual veio a selar o destino do movimento na Europa, de que os acontecimentos da derrocada de 1989 foram a expressão definitiva - vindo a ser ao mesmo tempo a vacina de que Kissinger falou e uma espécie de antibiótico poderoso.
Tirando esses marcos decisivos, o que se observa é que entre 1917 e 1936 foram só vitórias, e de 1940 para a frente também parecia não haver mais lugar a derrotas.
Daí a extraordinária relevância, universal, do conflito que se travou em terras de Espanha, em que se jogou o destino do mundo - entre as forças que se batiam por essa primeira grande tentativa de globalização, que o comunismo efectivamente foi, e as forças daqueles que apareceram para lhe deter a marcha.
Por isso que não será demais relembrar a importância crucial do conflito, como com inteira oportunidade o faz hoje o Aliança Nacional.
Que venham outros contributos, até para que se faça luz sobre a História verdadeira, tão obscurecida ela anda por conveniências e interesses vários, de agora, que convergem na política, na escola e na cultura para distorcer a memória dos homens em geral (e assegurar a boa ventura de alguns deles, pela sobrevivência das mistificações que lhes permitem ter cara para continuar na ribalta).

The lost film

Um caso para estudo sobre a força da mitologia esquerdista na indústria.
Andy Garcia realizou e concluiu o ano passado um filme que lhe ocupou 16 anos de esforços: The Lost City, escrito por Guilermo Cabrera Infante.
Um olhar sobre Cuba, que não coincide com as visões obrigatórias dos lugares comuns da devoção castrista-guevarista.
Resultado? "A lost film", "Garcia loses his way"...
Não vi, nem conheço alguém que o visse. Mas desconfio muito que o fracasso não se deve apenas à falta de qualidades da fita.

quinta-feira, junho 29, 2006

Revistas

Depois da Nova Vaga, nova edição da Atlântico.
E aguarda-se novo número da Futuro Presente.
Que mais estará para acontecer?

Tê-los por conta?

quarta-feira, junho 28, 2006

As tenças dos heróis

Nova Democracia e Nova Vaga (tudo novo, sem vergonha nem complexos e com muita honra)

Para quem não sabia, Manuel Monteiro explica o que é o PND: o Partido da Nova Democracia é um partido de democratas por convicção, de conservadores sem complexos, de liberais sem vergonha e de patriotas com muita honra.
Para comprovar a explicação, e ainda que o o leitor se sinta excluído à partida (v. g. por ser um conservador com complexos, um liberal com vergonha ou um patriota com pouca honra), pode-se ler o mais recente produto cultural do think tank do agrupamento: o n.º 4 da revista Nova Vaga, disponível em pdf.

A indisciplina escolar

Um artigo de Vasco Graça Moura, no Diário de Notícias:

Sobre a questão da indisciplina nas escolas publicou Fátima Bonifácio um veemente e indignado artigo no "Público" de sexta-feira passada. Escolas transformadas naquilo a que ela chama "depósitos de delinquentes", professores (e sobretudo professoras) insultados e agredidos, alunos normais aterrorizados, tudo isto, mais a ausência de elementares medidas de vigilância, polícia e sanção, está a criar uma situação explosiva no ensino.
É claro que essa saída existiria sem dificuldades no domínio do politicamente incorrecto. Se o professor, ou alguém por ele na escola, pudesse dar duas boas chapadas ao jovem agressor, insurrecto e malcriado, o problema resolvia-se em quinze dias. E, se as coisas continuarem assim, virá o tempo em que não haverá outra solução que não seja a restauração das palmatoadas e dos castigos corporais, quer se goste quer não se goste. Nunca fizeram mal a ninguém e, se sempre foram uma estupidez no que respeita ao mau aproveitamento, também sempre mostraram bastante eficácia no que toca às agressividades.
Num livro que já não é recente, A Pedagogia da Avestruz /Testemunho de Um Professor (2.ª ed., Gradiva, 2004), Gabriel Mithá Ribeiro analisa com argúcia, entre outras matérias de relevância para a vida escolar, o problema da indisciplina e reconhece que esteve à beira dessa atitude: "Cheguei a ter de jogar alunos e respectivo material pela porta fora, porque se recusavam a obedecer à ordem de expulsão da aula; cheguei a agarrar pelos colarinhos alunos que me invadiam a sala; cheguei a pôr o dedo em riste em algumas situações. Arrisquei a minha pele? Sim, mas ganhei o respeito dos outros e assim pude trabalhar."
É muito pertinente a maneira como aborda a concepção da escola e rejeita a "incompreensível confusão entre os espaços simbólicos da família e da escola", afirmando a necessidade de um poder coercivo legítimo, com a possibilidade de sanções, "sempre legítimas e indispensáveis, no limite, da exclusão de quem não se compatibiliza com as normas".
É radical a sua crítica do pensamento e da prática dominantes na busca dos consensos que pretendem tornar os alunos "parceiros a tempo inteiro das decisões, no âmbito da vida escolar", o que é "uma falácia justificadora da fraqueza dos adultos". Por outro lado, as vicissitudes de natureza burocrática tendentes a efectivar a responsabilidade dos alunos são, como ele lhes chama, "meandros kafkianos".
É extraordinária a descrição que faz das hesitações dos professores e das delongas de preparação, instrução e apreciação dos processos: "Participei no mês de Junho em discussões sobre maus comportamentos que se arrastavam desde Outubro, para optarmos por penas simbólicas." E, enfim, a cereja no cimo do bolo: "Na maior parte das reuniões desta natureza em que participei, emerge de seguida o lado humano, cujos produtos finais, em bom rigor, dever-se-iam chamar impunidade, permissividade e irresponsabilidade."
Para Mithá Ribeiro, como para qualquer pessoa sensata, a "pieguice pedagógica" não tem pés nem cabeça, o bom selvagem de Rousseau não existe e a "questão dos aberrantes e politicamente correctos castigos pedagógicos é toda ela pensada partindo de uma visão demasiado optimista da condição humana e da vida social, como toda a actual filosofia do ensino".
A cultura profissional dos docentes é também uma das principais causas da indisciplina: "Quando tudo se centra no aluno, aos professores resta o sentimento de culpa, de auto-flagelação por todos os males que afectam o ensino." E "os próprios professores, a começar pelos conselhos executivos, têm discursos e práticas contra toda e qualquer forma de exercício de autoridade".
No sentido de inverter o rumo que as coisas levam, Mithá Ribeiro propõe a criação de comissões disciplinares nas escolas. A elas caberia a definição da estratégia disciplinar do estabelecimento, o recebimento das participações, a abertura e instrução dos processos, o poder de suspensão imediata dos alunos nos casos mais graves, o contacto com os pais, a presidência dos conselhos de turma de natureza disciplinar, a resolução de diferendos entre docentes e encarregados de educação, o calendário e a fiscalização do cumprimento das penas e uma vigilância constante ao longo do ano em matéria disciplinar.
Não sei se a ideia resulta. É possível. Mas, entretanto, talvez fosse preferível ir mandando regularmente a polícia para as escolas mais problemáticas.

Distinção para Emerenciano Carrusca

A notícia vem no "Jantar das Quartas".

Lá como cá

Portugal sem fim

Directrizes

Haja esperança

O pujante comércio do antifascismo

E Portugal brilhou na noite de Banguecoque

terça-feira, junho 27, 2006

A tirania mediática


Porque vivemos no tempo da tirania mediática e esta impõe as suas regras, a sua grelha interpretativa sobre os acontecimentos, a ditadura do instante, da emoção, da imagem, do espectacular, o dossier "La tyrannie médiatique" lançado por POLÉMIA constitui um trabalho do maior interesse e actualidade.
La tyrannie médiatique, en pdf

No Palácio da Independência

No dia 29 de Junho, pelas 17.30 horas, haverá conversa de fim de tarde sob o tema "Situação actual do Exército", pelo General Eduardo Eugénio Silvestre dos Santos, na Sala de Convívio.
No mesmo dia 29 de Junho às 18 horas, no Salão Nobre, terá lugar o lançamento do livro "Salazar e a Rainha (Rainha D.ª Amélia)", do Prof. Doutor Amaro Monteiro, Editora Prefácio, com apresentação a cargo do Dr. Carlos Pinto Coelho.
Sempre no Palácio da Independência, ali no Largo de São Domingos, junto ao Rossio, entre o D. Maria II e a Ordem dos Advogados.

Só mais uma pergunta a propósito da "pensão antifascista"

Se eu me converter, não tenho direito a nada?

Ainda o caso da "pensão extra para antifascistas"

Ou o antifascismo.... já só com subsídios?
E que dizem os liberais? Não é um caso de distorção da concorrência no mercado político?

Idealismo a tanto por mês

Há ideologias que valem dinheiro:
O Governo atribuiu, entre Abril de 2005 e 26 de Junho de 2006, pensões “por méritos excepcionais na defesa da liberdade e da democracia” a 23 pessoas.
Um dos contemplados é José Casanova, director do "Avante", que tem pensão desde Junho de 2005. O mais recente pensionista, com direito a 600 euros/mês, é um dirigente da CGTP.
A lista dos beneficiários vem no "Correio da Manhã" de hoje.
Como se vê, nem o Estado português está tão minguado de fundos como apregoa nem a militância política é tão pouco compensadora como por vezes se diz. Pelo menos para alguns.

segunda-feira, junho 26, 2006

Fobias a mais ou expectativas a menos?

Encontro de blogues em Vila Viçosa


Carregar aqui para fazer a inscrição.
E aqui para ver a lista dos inscritos.

Linkaram-me!

Ultimamente, dois novos blogues: Direita Conservadora e Restaurador Alex.
Uns reaças, ao que me pareceu.

Instante

A questão da PMA

A Batalha de Nuremberga

Um programa bestialmente progressista

sábado, junho 24, 2006

Comunidade e sociedade

Um documento histórico


Um livro necessário, para os que foram jovens há 30/40 anos e preferem esquecer ou ficcionar, ou para os que vieram depois e para quem esse tempo é um mistério.

A procriação medicamente assistida

Um artigo de Pedro Vassalo, sobre a nova lei da reprodução medicamente assistida:

Os deputados sabichões

António é meio psicopata. Como sabe que não há limite para ser dador tem um sonho (louco) de ser pai de mil crianças. Pode? Pode, porque na nova lei não há qualquer limite para um homem ser dador.

Depois de assistirem a uma sessão de esclarecimento, em Faro, Maria e Francisco perceberam o problema: o que fazer dos três embriões congelados há anos? A idade desaconselha a educação de uma nova criança (e há três embriões), e Francisco recusa-se que outra mulher possa receber o embrião. Explica que não quer dar de caras, no futuro, com um filho que não conhece. E destruí-los? Quem decide? O médico?
Carlos, lisboeta, concebido artificialmente, namora com Joana, também concebida da mesma forma. Querem casar, ou viver juntos, mas têm medo de fazer o teste não vá serem irmãos! É que eles não sabem, nem podem saber, porque o dador é anónimo.
António, portuense de gema, é meio psicopata. Como sabe que não há limite para ser dador tem um sonho (louco) de ser pai de mil crianças. Pode? Pode, porque não há qualquer limite para um homem ser dador.
Teresa, alentejana de Évora, concebeu artificialmente, mas nada disse ao marido, porque a lei permite que a mulher possa conceber artificialmente quando quiser. E assim viveram anos. O filho/a é herdeiro/a?
Quem leu até aqui o texto, julgará que trata sobre ficção científica. Mas engana-se. Tudo isto está previsto na lei aprovada no Parlamento naquinta-feira.
Duvido que os deputados percebam o que votaram. E a dúvida só existe porque uma lei desta magnitude merece a reflexão que não aconteceu. E porquê? Não sei dizer. Há inúmeros países na Europa que já trataram deste assunto e o debateram vezes sem conta. Foram consultados especialistas médicos e juristas de renome, académicos que estudam a ética em profundidade e escreveram sobre o assunto. E falo de países que estão longe, muito longe, de poderem ser considerados confessionais ou onde não exista investigação científica digna do nome (caso da Alemanha). E o que se sabe é que as soluções foram muito diferentes do que foi aprovado entre nós.
Talvez por isso um conjunto de cidadãos conseguiu recolher quase 80 mil assinaturas em pouco mais de dois meses e meio. A intenção? Pedir aos deputados que se querem aprovar uma lei sem um mínimo de debate público, que não consta do seu programa eleitoral e se não querem saber de outras experiências, então que se dignem a consultar o povo. Há uns meses, o país votou expressivamente num candidato (por acaso socialista) que clamava por maior intervenção do povo na política. Há semanas, um conjunto de arquitectos influenciou, e bem, o Parlamento para aprovar uma lei. Agora há quase 80 mil eleitores, reunidos em tempo recorde, que pedem para serem ouvidos e... nada.
Dir-se-á que é gente simples, sem formação e incapaz de perceberem este problema. Talvez. Mas convinha saber que estão no rol apenas cinco membros do Conselho Nacional de Ética para as Ciências da Vida, um antigo reitor da Faculdade de Medicina de Lisboa, Toscano Rico, professores de Medicina como Gentil Martins, juristas como Germano Marques da Silva, políticos como António Capucho e Bagão Félix, jornalistas como Laurinda Alves.
Fico pois satisfeito de saber que os nossos deputados encerram em si sabedoria tamanha que lhes permite dispensar tantos e avisados conselhos. Provavelmente devem estudar tudo isto quando tiram as tais férias sem explicação aparente, ou suspendem os mandatos. Mas estou a ser injusto, porque as tais férias a que me refiro são com certeza para ir junto do povo, nos respectivos círculos eleitorais, explicar que o querem ouvir, saber das suas angústias porque, afinal de contas, eles (deputados) só lá estão para o representar. Como diz uma amiga, só faltava que o poder consultasse o povo.

Os palpites do Dragão

sexta-feira, junho 23, 2006

Festa do Cante


Em Beja, 30 de Junho e 1 de Julho: informações na programação do PAX JULIA.

Feira de São João

Hoje lá começa para todos os eborenses, melancolicamente, mais uma edição da secular Feira de São João.
Cada ano em apresentação mais miserabilista do que a anterior, de novo e ainda acantonada no terreiro do Rossio de São Brás, mera versão institucional do popular mercado mensal mas sem o vigor e a agitação deste, que o bulício de ciganos e tendeiros sempre vai animando, em contraste com o ar resignado e sorumbático das barracas de presença das associações e organismos da cidade arrebanhados à pressa para não deixarem o espaço da grande feira ainda mais vazio.
Desculpem o mau jeito, mas nestas ocasiões não posso deixar de sentir ainda mais aguda aquela sensação de que a cidade estagnou, parou no tempo, ficou esquecida pelos outros e esqueceu-se de si mesma.
Desculpem o desencanto, mas nestas alturas não é possível deixar de reparar na paralisia que aflige a cidade...
Sobre as incapacidades políticas que estão presentes na situação apontada tem falado incansavelmente o Mais Évora - de um modo tão eloquente que até agora não permitiu sequer um esboço de resposta, que não seja o mero reflexo de quem estrebucha sem encontrar razões para opor ao adversário e não resiste à tentativa baixa de desqualificação deste.
Por mim, dispenso-me de análises, diagnósticos e terapêuticas. Queria só deixar o lamento.

quinta-feira, junho 22, 2006

Universidade de Évora homenageia Manuel Ferreira Patrício

Existem percursos de vida absolutamente singulares.
A Humanidade sempre nos surpreende!... Há sempre alguém que se projecta para além do insuperável. A cada passo somos confrontados com a existência de personalidades ímpares que marcam decisiva e determinantemente a nossa caminhada, o processo de crescimento de cada qual, nos planos pessoal, académico e profissional. Manuel Ferreira Patrício é uma dessas individualidades. Conhecemo-lo, convivemos com ele há décadas, apreciamo-lo. É uma alma rica e rara de transbordante humanidade e sabedoria. É uma personalidade multifacetada: filósofo, pedagogo, educador, musicólogo, amigo, em síntese, homo-culturalis.
Queremos dar o devido relevo ao seu pensamento, à sua obra, ao seu percurso de vida. Queremos evidenciar os excepcionais méritos do Professor, para quem, tal como para Sebastião da Gama "ser bom professor consiste em adivinhar a maneira de levar todos os alunos a estar interessados; a não se lembrarem de que lá fora é melhor".

As guerras liberais

Decorrem com muito interesse e superior elevação as polémicas acesas entre os bloguistas Rui Albuquerque, do Portugal Contemporâneo, e Carlos Novais, do Causa Liberal.
(Espelho meu, espelho meu, haverá alguém mais liberal do que eu?)
Espera-se a arbitragem prudente do sábio Prof. Espada, que até ver se tem mantido à margem da blogosfera.

O Povo

Aos estudantes de Lisboa

Palavras de Hipólito Raposo no centenário de Gil Vicente: um mestre insigne de lusitanidade.

Actualidades

quarta-feira, junho 21, 2006

O Corcunda, ou a reacção à solta

Continua um valor seguro na bolsa blogosférica.

"Muertes paralelas"


Um lançamento a não perder: "Muertes Paralelas", a mais recente obra de Fernando Sánchez Dragó, publicada por Editorial Planeta, que obteve recentemente o Prémio Fernando Lara de novela.

O cair das máscaras

Não há que estranhar: eles viviam amparados naquilo, e com o desastre o mundo deles desapareceu. A vida nunca mais foi a mesma.

Bandeira e hino

Artigo de José Manuel Barroso no Diário de Notícias:

Na verdade, apesar de todos os atropelos, esta ideia de Pátria, de Nação, de País está de novo caminhando. Não tanto, ainda, pelo que conseguimos fazer de bom na economia, na educação ou noutros campos (e é universalmente reconhecido pelos portugueses), mas pelo fenómeno de massas que é o futebol. Não, também, pelo culto positivo da nossa história, da nossa literatura, da nossa língua e da nossa cultura. Mas pela adopção democrática espontânea dos símbolos nacionais do Hino e da Bandeira, a propósito do "clube Portugal" em que se tornou a selecção de futebol. Quantos milhares de portugueses aprenderam a cantar o Hino e a usar os símbolos nacionais com orgulho, por causa do Euro 2004 e agora do Mundial? Também aqui a ideia profunda de País e de Nação venceu a ideia rasca e anti-portuguesa do antinacionalismo - tão difundida pelos que viam num certo internacionalismo, filho de um dos grandes totalitarismos do séculoXX, o comunista, um subserviente substituto para a ideia de Nação.
Mesmo sendo o futebol o que é, no seu melhor e no seu pior, resulta magnífico ver tantos portugueses a cantar A Portuguesa e a fazer ondular ao vento a bandeira das quinas. E com que orgulho o fazem os milhares de emigrantes, os homens da moderna diáspora, nos dias que eles sentem como sendo sempre "de Portugal e das Comunidades". Há dois conceitos de nacionalismo, hoje como ontem. Um conceito aberto, progressista, que não teme o mundo e não receia a afirmação dos valores nacionais, representado pela diáspora portuguesa e por aqueles que se revêem na história portuguesa; e outro conservador, que os antiglobalização tão bem representam e que quer parar o curso da História -neoproteccionista e chauvinista, envergonhado dos valores nacionais, laicista em vez de laico e para quem as Forças Armadas, Nação, Pátria são um empecilho. Os herdeiros da Guerra Fria, pelo lado do velho internacionalismo proletário, refugiaram-se quase todos aqui, modernizando o discurso, mas conservando os conceitos. O Portugal moderno de hoje tem nestes novos velhos do Restelo, de discurso fácil e demagogia sedutora, os seus novos-velhos inimigos. Se há algo que, nestes últimos trinta anos, se tornou evidente é que os herdeiros do velho progressismo são os verdadeiros conservadores, os que se opõem a todas as reformas - ou que só as querem para os outros - e que muitos dos ditos conservadores são os verdadeiros progressistas.
José Manuel Barroso
Diário de Notícias, Terça, 20 de Junho de 2006

terça-feira, junho 20, 2006

Um triunfo da blogosfera


O mérito pertence inteirinho a quem o escreveu, o Bruno, e a quem o editou - a Antília Editora. Mas que representa um triunfo da blogosfera, isso também é verdade.
Não esqueçam: o pequeno livro laranja é de leitura obrigatória!

Novo director do "Expresso"


Balsemão já anunciou que a personalidade escolhida tem um perfil que se enquadra perfeitamente nas melhores tradições do jornal.

Dar um futuro ao "Expresso"


Sugere-se ao Dr. Balsemão o novo formato do jornal e solicita-se que escolha um papel macio e fofo...

"O Diabo" pela manhã

De uma entrevista do renegado Saldanha Sanches ao semanário das terças-feiras:
"A esquerda tem um problema. É que tem uma base social de apoio que, de certo modo, triunfou entre o aparelho de Estado e tornou-se conservadora. Hoje, a esquerda tem a ver, basicamente, com o que pode obter do aparelho de Estado e das políticas públicas e está menos preocupada com a liberdade e mais preocupada com os interesses imediatos. E depende, em boa parte, daquilo que recebe ou não do Orçamento do Estado. (...) Historicamente, aquilo que hoje resta da esquerda são grupos que estão sempre próximos do aparelho de Estado. É o que sobra dos sindicatos, é uma esquerda das transferências, daquilo que pode obter e que está muito ligada à despesa pública. E essa é a sua tragédia hoje. Há que reduzir a despesa pública e isso deixa a esquerda quase sem programa".

segunda-feira, junho 19, 2006

Encontro de blogues em Vila Viçosa


Está na hora das inscrições!

Mário Saa

No Ervedal, celebrou-se a passagem do 113º aniversário de Mário Saa. A notícia teve destaque nos blogues locais, como se pode verificar no Do Castelo e no Desabafos.
Eu aplaudo, a mãos ambas, e associo-me às homenagens ao vulto singular de homem de cultura que Mário Saa efectivamente foi.
Deixo três pedidos:
A todos os leitores, que vão à Imprensa Nacional e que se armem do livrinho, “Mário Saa – Poesia e alguma prosa”, antes que esgote.
Aos patrícios do Ervedal, que não esqueçam Mário Saa e - já que estão em maré de homenagens - que se lembrem de Antunes Varela, o outro grande português que a aldeia viu nascer no século que passou.
Aos meus colegas dos Antigos Alunos do Liceu Nacional de Évora: coloquem lá na lista dos Antigos Alunos os nomes de Mário Paes da Cunha e Sá e de João de Matos Antunes Varela - ou têm alguma antipatia pelos do Ervedal?

Ei-los que partem

Estranhamente, em Portugal a emigração não é discutida; na blogosfera também não.
Tenho notado apenas a preocupação isolada Do Portugal Profundo.
Eu, confesso, também sinto que Portugal está a ficar vazio. E dói-me, pela Pátria restante (que não por mim, que não preciso de companhia aqui no ermitério).
Sobre o êxodo continuado, ler e meditar.

Um herói português

Ontem à noite tropeçou-me o olhar no televisor, e acabei por ficar um bom bocado atento ao que dizia um ancião meio tatebitates que me pareceu logo conhecido. Confesso que a sensação mais desconfortável foi de sobressalto e apreeensão: o homem está mesmo velho, e aquilo pode bem acontecer-me a mim.
Era o Vasco Pulido Valente, e esteve um ror de tempo a debitar sentenças, umas boas outras banais. Espicaçado pelo director do Público, um indiano de olhar espertalhão, e uma jornalista vivaça de ar pouco recomendável, o velhote lá foi desenrolando o que lhe veio à cabeça, visivelmente satisfeito e orgulhoso pela atenção das câmaras.
Quem conhece a alegria dos utentes de um lar de terceira idade perante visitas e atenções inesperadas, sabe do que falo.
O pretexto da entrevista era o lançamento de um livrinho (150 páginas) sobre Henrique de Paiva Couceiro, que estará por estes dias a aterrar por aí e que como mandam as normas tem que ser atempadamente anunciado por trompas e tambores.
Chama-se a obra «Um Herói Português - Henrique Paiva Couceiro (1861-1944)», editada por Aletheia Editores.
Cá esperamos o fruto de tão prodigiosas meninges, e se possível também editaremos algo sobre Paiva Couceiro.
Entretanto, podem aproveitar para ler a bela evocação que há tempos foi publicada no "Je Maintiendrai" sobre o filho do herói, Miguel de Paiva Couceiro.

Terras do Nunca

Recém chegadas à blogosfera as "Crónicas de Neverland" de Diogo Pacheco de Amorim.
Será que está a chegar uma Nova Vaga de bloguistas?
Venham, venham, que isto é mesmo como diz o PNR: a coisa está preta...

American Vertigo

Um americano é um inglês com cadastro; e se eu já não gosto da espécie mesmo polida imaginem o que sinto sobre os mutantes abrutalhados.
Por isso que sou bastantemente indiferente ao "debate actual sobre os EUA" a que se refere o Bernardo Calheiros no texto em que nos anuncia o próximo número de "Futuro Presente" - a menos que o debate se centre sobre o melhor modo de exterminá-los...
Para dizer a verdade, ao ler o título "American Vertigo" até pensei que estariam a meter-se com a vaga de patriotas americanos de expressão portuguesa que por cá prolifera; só depois constatei que se tratava de aludir a uma nova obra que recentemente obrou o Bernard-Henry Lévy, conhecido produtor comercial de subfilosofia jornaleira made in Rive Gauche à beira Sena.
Fica feito o anúncio: brevemente, o "Futuro Presente" n.º 61 e a "American Vertigo".

domingo, junho 18, 2006

Eutanásia e aborto

Um sistema análogo teve lugar com as leis do aborto, que nasceram para solucionar - pelo menos, era esta uma das motivações dos pro-abortistas - casos penosos e extremos (perigo de morte da mãe, violação, etc.), e que depois se estenderam para justificar casos triviais (como "filho não desejado", "não programado", por razões psíquicas ou económicas).
De igual modo, não é arriscado prever a propaganda que se fará para conseguir uma aceitação gradual da eutanásia, apresentada como uma "conquista" do estilo de vida contemporâneo, com vista a suprimir as crianças deficientes que não podem apreciar a "qualidade de vida" e que supõem uma carga para a sociedade. O mesmo argumento poderá aplicar-se aos doentes incuráveis e aos velhos.
Na realidade, existe uma relação muito íntima entre a eutanásia e o aborto: os motivos que se apresentam para justificar o aborto e a eutanásia são essencialmente os mesmos. Se se permite a uma mãe eliminar o filho nas suas entranhas por razões psíquicas ou económicas, que razão de peso se poderá invocar para impedir que elimine o filho que nasceu deficiente?
Nos nossos dias, estão a colocar-se de novo os fundamentos de uma "cultura da morte". Os historiadores do futuro ficarão certamente surpreendidos com o desprezo pela vida humana que se manifesta na nossa época. Combate-se contra a vida em todos os seus estádios: antes que surja, com a contracepção e a esterilização; no ventre materno, com o aborto; depois, com o suicídio e a eutanásia activa.
Este desprezo pela vida humana tem sido sustentado por personalidades políticas de primeiro plano, como Jacques Attali, conselheiro de François Mitterrand e autor das seguintes propostas:
"Penso que, na lógica do sistema industrial em que vivemos, a longevidade não deve ser uma meta. Quando o homem ultrapassa os 60-65 anos, vive para além da idade produtiva e custa demasiado à Sociedade...
"Pessoalmente e como socialista, considero um falso problema o alongamento da vida... A eutanásia será um dos instrumentos essenciais nas sociedades do futuro, seja qual for a ideologia a que pertençam. Dentro de uma lógica socialista, o problema põe-se assim: o socialismo é liberdade, e a liberdade fundamental é o suicídio; portanto, o direito ao suicídio, directo ou indirecto, é um valor absoluto neste tipo de sociedade. Penso, pois, que a eutanásia - como tipo de liberdade, ou por necessidade económica - será uma das regras da sociedade do futuro" (1).
Como aconteceu com o aborto, a eutanásia está a infiltrar-se na nossa Cultura. Muitos homens do nosso tempo não acreditam na vida e preocupam-se exclusivamente com o seu "nível de vida". Daí, a rejeição da nova vida (menos crianças, ou até nenhuma criança) e a possibilidade de suprimir os doentes e os velhos, improdutivos e onerosos. Estes, serão em proporção cada vez mais numerosos, dado o baixo índice de natalidade; e, quando o aumento das classes passivas e a diminuição da população trabalhadora fizer com que o peso social dos anciãos cresça progressivamente, não haverá então uma razão mais para justificar a eutanásia?


(1) ATTALI, J., Le médecin en accusation, artigo publicado em "L'avenir de la vie" (Seghers, Paris, 1981) págs. 273-275.

(Fernando Monge, Eutanásia, Edições Prumo, 1991)

sábado, junho 17, 2006

Continuar

Ainda que a alma doa, é preciso continuar. Alma Lusíada!

A pista iraniana

As últimas sobre a "iranian connection": no Jantar das Quartas.

Atenção Torres Novas

Está aberto o Jardim do Arraial!

sexta-feira, junho 16, 2006

Violência nas escolas

Tempo de defeso

quinta-feira, junho 15, 2006

NOSSOS PRINCÍPIOS

1. Encontramos na "Política" de Aristóteles um princípio básico da estruturação das sociedades que poderíamos enunciar assim: "As sociedades são o que são suas famílias".
Em outras palavras, a organicidade de uma cidade verdadeiramente humana, tem base na célula familiar, na constituição sadia e estável da instituição familiar. Os erros estruturais que podem afligir uma sociedade são dois: um da dissolução individualista (erro do liberalismo burguês) outro da absorção dos direitos da família pelo Estado (erro do totalitarismo).
A dureza cristalina da família, a nitidez estável de seus contornos é condição essencial de uma sociedade verdadeiramente humana. Daí nossa repulsa pelo divórcio, à luz da razão natural antes mesmo da iluminação da fé. O divórcio é uma reivindicação individualista, anti-social, e por conseguinte anti-humana. O divórcio, como reivindicação individualista, é essencialmente um erro corolário do erro mais geral do liberalismo; mas é também um erro utilizado pelo totalitarismo, apesar da aparente contradição, porque o totalitarismo aparece (como a história o demonstrou) como uma contraditória conseqüência do liberalismo. Em relação à família os dois erros sociais se encontram com a mesma maléfica eficácia; ambos procuram destruir a estabilidade familiar e a indissolubilidade do vínculo; ambos ferem a lei natural do mesmo modo, embora por motivos e em perspectivas históricas diferentes.
2. Um outro princípio, que tiramos de Santo Agostinho na "Cidade de Deus", diz que uma cidade de homens só é verdadeiramente humana quando respira justiça. Fora dessa condição nós teremos um aglomerado de brutos e não uma cidade humana feita à semelhança de Deus. Do mesmo Aristóteles e de Santo Tomás tiramos o conceito derivado de amizade cívica (amicitia), virtude anexa da justiça, virtude essencial, oxigênio vital para o clima de uma cidade verdadeiramente humana.
3. Ora, esses dois princípios são conexos, porque a família, a casa da família é, ou deve ser, o lugar onde se exercita a amizade cívica, o lugar onde se destila, o lugar adequado onde se prepara o elemento essencial ao bom clima humano da cidade. Esse será o nosso terceiro princípio: a família é o lugar adequado para a germinação da justiça; é a fonte da amizade cívica.
4. Avancemos mais um passo. Na situação concreta do mundo, isto é, no caso concreto de uma humanidade decaída e redimida, o problema moral da cidade, mesmo considerado sob o ângulo temporal, deve ser colocado em sub-alternação aos preceitos divinos revelados, ou como diz Maritain, deve ser colocado em termos de uma moral "adequatement prise".
Nessa nova perspectiva ganha singular realce o papel que desempenham as famílias cristãs. Já não se trata somente de estruturar a sociedade com células normais que resistam à lepra do liberalismo ou ao câncer do totalitarismo; trata-se agora de uma regulação muito mais profunda, de uma atuação mais intensa em que a qualidade domina a quantidade.
Eu diria agora, com mais esse dado concreto da verdadeira condição humana, que uma sociedade humana será medida pelo grau de heroísmo de suas famílias cristãs. E esse é o nosso quarto princípio, que apenas traduza, aplicando-as ao problema da estrutura social, as palavras evangélicas tão conhecidas e tão pouco seguidas: "Vós sois o sal da terra".
5. Dirigindo agora a nossa atenção para a concretíssima conjuntura, isto é, pensando no mundo em que vivemos, no momento histórico que atravessamos, eu estenderia aos outros grupos — associações, escolas, sindicatos — o que disse até aqui da família. E aplicaria a esses grupos, proporções guardadas, os mesmos princípios que acabamos de considerar. E por conseguinte, aplicaria aos movimentos católicos — isto é, às associações fundadas com especificação temporal — as mesmas conclusões. E diria assim: a sorte das sociedades depende do grau de heroísmo (de autêntico heroísmo cristão) dos movimentos católicos.
Ainda mais, diria que esses movimentos, pelo seu caráter excepcionalmente militante, devem levar ainda mais longe do que qualquer outra instituição cristã o grau de heroísmo necessário à salvação do mundo. Parodiando Winston Churchill, que traduziu a seu modo inglês as palavras de Cristo, eu direi que nunca, na história do mundo, tantos dependeram tanto de tão poucos. E é essa desproporção que nos deve dar a medida do que Deus espera de nós.
6. O nosso sexto princípio tem nexo estreito com o anterior. Se os movimentos católicos, para atuarem no mundo, precisam de uma forte dose de heroísmo cristão, concluímos que devem ter uma base de espiritualidade de onde lhes venha essa força de sobrenatural fecundidade para estímulo e vitalização de suas tarefas de ordem temporal e profana.
Não se trata de trazer para a tarefa especificada por objeto de ordem natural as virtudes infusas que têm por objeto a salvação e a a vida eterna; mas de trazer para a atuação no mundo um grau de liberdade, uma força de heroísmo que só o evangelho pode dar. Em outras palavras nós diremos que só pode atuar no mundo quem puder afirmar praticamente, efetivamente, a transcendência do homem sobre o mundo. Ou ainda: só pode haver obra social, com interesse fervoroso, para quem tiver cursado a escola evangélica do desapego. E esse é o nosso sexto princípio, de capital importância para os movimentos católicos.

(Gustavo Corção, in "A Espiritualidade dos Movimentos Católicos"

quarta-feira, junho 14, 2006

World Cup

World Cup

Dossier Timor

Excelente reportagem sobre Timor no Velho da Montanha.
A ler também o Duas Cidades e o Completamente a Leste, e ainda:
Timor Online
Blog de Timor
Timor Verdade

terça-feira, junho 13, 2006

Código Deontológico

O jornalismo como instrumento de combate político, as redacções como terreno de militância e trincheiras de combate ideológico...
Explicação de Filomena Martins, da direcção do "Correio da Manhã", sobre as formas de trabalhar o noticiário relacionado com a "extrema-direita":
"A melhor forma de lidar com esse fenómeno desprezível, xenófobo e racista, tem duas vias: o ataque, relevando o pior do que defendem sem contemplações e controlando os seus passos ao milímetro, agindo contra todas as ilegalidades; ou o desprezo, cortando-lhe campo de manobra e impedindo qualquer tipo de promoção."
Para além da alternativa entre o ataque ou o desprezo havia uma terceira hipótese, não considerada na tese mas prevista logo no artigo 1º do Código Deontológico dos Jornalistas Portugueses, aprovado oficialmente a 4 de Maio de 1993:
"O jornalista deve relatar os factos com rigor e exactidão e interpretá-los com honestidade. Os factos devem ser comprovados, ouvindo as partes com interesses atendíveis no caso. A distinção entre notícia e opinião deve ficar bem clara aos olhos do público."

Somos os maiores?

Os direitinhas

Um novo herói para a esquerda BA/BE

Um entusiástico trabalho da agência Lusa, do tipo literário que antes se chamava de hagiográfico, está a levar ao rubro as redacções.
Anuncia-se que o recluso mais antigo de Portugal, Belmiro Vieira Martins, preso há 30 anos, espera ser libertado no final do Verão.
A prosa tem os ingredientes todos para ter mais saída que o "Código Da Vinci".
Apresenta-nos "o ladrão mais honesto do mundo, que fez carreira nos assaltos a ourivesarias, pretende procurar trabalho e levar uma vida sossegada".
Dá a palavra ao protagonista: "Quando sair daqui quero ingressar no mercado de trabalho. Se possível dedicar-me ao artesanato e fazer peças em chapa de ouro, actividade a que me dediquei aqui na prisão".
Compõe a figura: trata-se do recluso número 13 do Estabelecimento Prisional de Pinheiro da Cruz, em Grândola, actualmente com 69 anos, e foi preso em 1976 por furto a ourivesarias. Durante os 30 anos de reclusão evadiu-se quatro vezes (aqui houve falta de rigor, mas já foi rectificado: o homem evadiu-se seis vezes, duas delas no estrangeiro).
Doura-se a lenda: era "incapaz de resistir, aproveitava sempre as fugas para mais uns assaltos a ourivesarias".
Trabalha-se a personagem: "só fiz assaltos a ourivesarias e já assaltei mais de 100 em todo o país", conta orgulhoso o "maior assaltante de ourivesarias de todos os tempos".
Tempera-se de poesia: "orgulha-se também de nunca ter usado uma arma branca nem ferido ninguém, já que os assaltos eram todos executados durante a noite através de buracos que fazia nas paredes".
Enriquece-se o enredo, romantiza-se o retrato: "artesão, fadista, poeta e sacristão", define-se como o ladrão mais honesto do mundo, pois não é capaz de trair e de fazer mal a ninguém. "Não roubo os pobres, apenas roubo quem tem dinheiro e antes dos assaltos informava-me se as vítimas tinham o seguro em dia".
Adiciona-se anti-fascismo quanto baste:
Onze anos antes do 25 de Abril de 1974, aderiu à LUAR (Liga da União e de Acção Revolucionária), uma organização política anti-fascista. "Até ao 25 de Abril roubava ourivesarias e o dinheiro revertia a favor da organização», explicando que depois da «Revolução dos Cravos» sentiu-se «traído» pela LUAR. "No dia 28 de Abril de 1974 os membros da LUAR tiveram uma reunião e descobri que o dinheiro não tinha sido investido em armas, mas sim em benefício próprio de alguns". Tomou então a decisão de «privatizar o crime». "Quando saí da organização não tinha trabalho, não tinha nada, por isso decidi roubar para benefício próprio".
Dá-se o toque pessoal e intimista: pai de seis filhos, com 14 netos e quatro bisnetos, Belmiro costuma visitar a família nas saídas precárias, altura que aproveita também para cantar o fado no Bairro Alto, em Lisboa.
E o desenlace da fita, o herói cansado: na expectativa de atingir a liberdade definitiva, confessa que apenas quer passar o resto da vida «sossegado, junto da mulher».
E a nota irónica: conta agora sair em liberdade e manter-se afastado da sua grande tentação, as ourivesarias.
Estão a ver o magnífico cozinhado? Está feito o filme! Temos obra!
A realização parece que terá a mão do inestimável Forum Prisões, de que o novo herói é sócio-fundador. Esperem para ver. Estão já a ser feitas todas as diligências pelo mentor do projecto, o famoso "jornalista" e habitual utente dos serviços prisionais Sr. Guilherme da Silva Pereira.
Acredito que vai haver financiamentos que cheguem - para o filme e para o Guilherme.
Nuvens de glória e ventos de epopeia pairam no mundinho BA/BE (Bairro Alto/Bloco de Esquerda). Mais do que Robin dos Bosques ou Che Guevara, este é que é!
É nosso, é português, é o Belmiro, o único... (calem-se já com bocas foleiras!).
Nem calculam o frenesim em que andam o Xico Louçã, o Daniel Oliveira e o Miguel Portas. O Vitorino e o Abrunhosa estão a compor umas cantigas alusivas.

"O Diabo" pela manhã

Pode um jornal viver sem leitores e sem publicidade?
Mesmo com muitas palmadinhas nas costas?
Estas e outras questões são afloradas com muito a propósito por Walter Ventura na sua página de "O Diabo".
Onde se comenta também com sabedoria o "fascismo em rede", e aquele que anda à solta, ou enredado, ou enredando-se... fora da rede.
Nesta edição do semanário das terças-feiras destaco ainda a última crónica de Ruth Garcez - a primeira mulher que em Portugal foi juiz morreu subitamente no sábado passado, quando o seu artigo já estava na redacção. As suas palavras chegam ao público quando o eco já não lhe pode chegar a ela. Creio que dela se lembrarão todos os que a conheceram - e que o digam os de Porto de Mós, ou os de Lourenço Marques.

segunda-feira, junho 12, 2006

No Lumiar da realidade

Congratulemo-nos: começou a avaliação dos professores pelos pais dos alunos.

O discurso de António José de Brito

Aqui somos todos portugueses

Mais livros, mais livres


Excelente catálogo, agora em francês, italiano e alemão.
Tudo em www.librad.com

O tempo das revistas

Já aqui tinha assinalado o facto, mas não ficará mal repetir: parece que estamos num tempo de revistas.
Atente-se na Atlântico, no Futuro Presente, na Nova Vaga.
Será um regresso ao pensamento?

domingo, junho 11, 2006

Para lembrar


Aproxima-se o Encontro de Blogues em Vila Viçosa!

Centenário de Agostinho


Memória de um português à solta: passa o centenário de Agostinho da Silva.

Paulo Borges


Saudoso amigo filósofo... "Optou pela via budista tibetana para procurar o Infinito que sente em si, em todos os seres e coisas..."
Terá terminado a Demanda? Encontrou o Graal?

Emil Cioran, um romeno universal


Le destin de mes livres me laisse indifférent.
Je crois toutefois que quelques-unes de mes insolences resteront.

Globalização

sábado, junho 10, 2006

Correio de Dili

A ler atentamente: as informações que têm chegado de Dili durante Maio e Junho através do Tiphon.
Leiam-se no Completamente a leste, de uma ponta a outra.
O mesmo que já tinha presentido e explicado o Engenheiro no seu Estranho Caso de Timor...

Nouvelle École

Está disponível um novo número da revista Nouvelle École, este dedicado ao grande escritor norueguês Knut Hamsun.
Alain de Benoist, Tarmo Kunnas, Michel d'Urance, escrevem sobre o autor.
Na passada, assinala-se o centenário de Hannah Arendt.
Será mesmo a melhor revista do mundo?

Em Arcos de Valdevez

Está a decorrer em Arcos de Valdevez até ao próximo domingo a XVI Feira do Livro daquela localidade.
Para este 10 de Junho anuncia-se o lançamento do livro «Amândio César — Homenagem ao Escritor na sua Terra Natal», marcado para as 16 horas, no Auditório 2 da Casa das Artes.

10 de Junho, no Porto

O Dia de Portugal será também assinalado no Porto por elementos da "Comissão Nacionalista Independente" e da "Terra Identidade Resistência", que organizam pelas 15.30 do dia 10 de Junho, sábado, na Praça dos Poveiros, no Porto, um acto de afirmação patriótica que consistirá num desfile comemorativo da data.

sexta-feira, junho 09, 2006

Dia de Portugal

Comemorações do Dia de Portugal e 13.º Encontro Nacional de Combatentes
As cerimónias terão lugar junto ao Monumento aos Combatentes do Ultramar, em Lisboa (Belém) e têm por objectivo comemorar o Dia de Portugal e prestar homenagem àqueles que caíram pela Pátria.
Pretende-se a comparência de todos:
- 10H15: Missa no Mosteiro dos Jerónimos com terno de clarins e coro da GNR;
- 11H15: Concentração junto ao Monumento;
- 12H00: Discurso alusivo pelo Dr. Paulo Teixeira Pinto;
- 12h20: Homenagem aos mortos e deposição de flores;
- 12H45: Hino Nacional tocado pela Banda do Exército e cantado por Rita Guerra;
- 12H50: Passagem de meios aéreos da FAP;
- 13H00: Salto de pára-quedistas;
- 13h15: Almoço-convívio (pode ser adquirido no local).

Dia de Portugal


Festa nacionalista, neste 10 de Junho às 17 horas no Largo de Camões.

Citação do dia

Se o "nacionalismo" deixa de ser uma força revolucionária, transformadora, justicialista e igualitária (quanto às oportunidades), se não corresponde a um projecto real de destino e pertença, desagua mum mero discurso de pacotilha, destinado a cobrir os delitos de sacripantas e a atrair papalvos para uma causa egoísta.
No Dia de Portugal, que alguns nos quiseram negar como feriado, é triste pensar nos que não sentem qualquer Pátria a guiar-lhes os passos. Assim como é tristíssimo observar os que só olham a Pátria nos papelitos coloridos, na charanga e no bailarico.
Nuno Rogeiro, "Sábado, n.º 110.

quinta-feira, junho 08, 2006

Me ne frego

Me ne frego non so se ben mi spiego
Me ne frego con quel che piace a me
Me ne frego non so se ben mi spiego
Me ne frego con quel che piace a me...


A música mudou: o Galop Infernal deu lugar a Me ne frego.
Hoje estou assim. Se algum leitor caridoso quiser ter a bondade de traduzir para os curiosos...
Me ne frego...

Cartas inéditas de Agostinho da Silva

A Associação Agostinho da Silva vai assinalar o próximo dia 10 de Junho com o lançamento de um livro com cartas inéditas daquele pensador intitulado «Viva a República, Viva o Rei».
O livro «Viva a República, Viva o Rei - Cartas Inéditas de Agostinho da Silva», de Teresa Sabugosa, será lançado pela Editora Zéfiro na Feira do Livro de Lisboa.

Que fizeram do Latim e do Grego?

No seguimento da recente reorganização da rede escolar e dos agrupamentos de disciplinas, o ensino das línguas clássicas passou a residual nas escolas secundárias, e em muito poucas, e corre o risco de desaparecer em breve do ensino superior.
Desta forma, os responsáveis políticos arriscam-se a privar os jovens portugueses da possibilidade de conhecer as raízes comuns da identidade nacional e europeia e dos valores que constituem a génese do património cultural, ético e cívico ocidental, renegando as próprias raízes greco-latinas de uma concepção nobre da política e da sociedade.
Pedindo que não sejam abandonados os valores que constituem o essencial da formação humanista e clássica, razão suficiente para não serem eliminados do sistema educativo os seus instrumentos, as línguas clássicas, os signatários reivindicam o restabelecimento de condições que facultem a todos os jovens a possibilidade de estudarem as línguas e as culturas clássicas em todos os níveis de ensino, das escolas básicas e secundárias às politécnicas e universitárias.

COMEMORAÇÕES DO 10 DE JUNHO - DIA DE PORTUGAL

Fascismo

O fascismo é um problema que não há, usado periodicamente para esquecer os problemas que há.
Tem sido assim desde que me conheço, já lá vão largas décadas.
O método é simples, a repetição tem-no tornado enfadonho.

Pedradas no charco... nacionalista

Vícios antigos são duros de vencer
Os factos são teimosos
Ponto de ordem

Timor

Ao princípio era difícil entender o que se estava a passar em Timor; agora já é difícil não perceber.
Quem acertou em cheio, antes de qualquer outro, foi o nosso amigo Engenheiro. Leia-se O estranho caso de Timor. Pobres timorenses.

Ponto de encontro


Um centro de debate e informação, para os que procuram novos caminhos. Todos podemos fazer crescer este Forum.

O tempo das revistas

Já conheceis a NOVA VAGA - revista do pensamento conservador liberal?

Perspectivas para uma Nova Escola?

No próximo dia 9 de Junho, pelas 18 horas, o estimado bloguista Carlos Araújo Alves irá proferir , na Galeria Fernando Pessoa do CENTRO NACIONAL de CULTURA, na Rua António Maria Cardoso, 68 (ao Chiado), em Lisboa, uma conferência sob o título «Perspectivas para uma Nova Escola - os desafios da sociedade digital global».
Alertam-se os interessados no tema, para comparência no Centro Nacional de Cultura.

Jumentude... e pedagogia

quarta-feira, junho 07, 2006

Estado-Nação

Segundo alguns doutos opinantes, o Estado-Nação é um modelo em crise.
Se assim for, a crise estará porém limitada aos que já têm - porque entre os que não têm a ideia nunca mostrou tanta vitalidade. Mesmo na Velha Europa, quem não tem agita-se porque também quer ter. No Montenegro ou na Catalunha, o conceito faz boa carreira.
E por esse vasto mundo nem é bom falar: de Timor à Bolívia, de Moçambique ao Iraque, o problema essencial é erguer um Estado e construir uma Nação.
Só entre os velhos estados-nação, esquecidos já do que custaram, esses valores são pouco apreciados.
Trata-se de bens que por cá se apresentam banais e desvalorizados, mas na esmagadora maioria dos lugares são invejados, desejados, disputados, arduamente edificados - sob pena de fracasso na mera concretização de sociedades sustentáveis.

terça-feira, junho 06, 2006

Revista Atlântico: número de Junho


Está disponível mais uma edição da revista Atlântico.

Timor e o Estado: apontamento de Ciência Política

Os acontecimentos de Timor parecem confirmar que em muitas situações limite um Estado corresponde a uma necessidade básica, tão fundamental como o arroz ou a água potável.
No caso, tudo indica que se a sociedade e o povo timorenses fracassarem na dura tarefa de edificação de uma Nação e um Estado (o que se situa no domínio do difícil, não estando certamente nos dados da natureza) o que de imediato se instalará ali será o quadro clássico hobbesiano: bellum omnium contra omnes, a guerra de todos contra todos - descendo dos livros para o terreno da vida.
Depois, como se aprende na física, funcionará o horror ao vazio: a ausência será inevitavelmente preenchida pelo poder que se apresentar em condições de o fazer.
Um poder inevitavelmente estatal, protagonizado por um dos dois grandes vizinhos (não há muitas escolhas). Afastada a Indonésia, a tutela recairá na Austrália.
Vendo bem, há razões para pensar que só mesmo teóricos europeus, falando de barriga cheia, podem encarar o Estado como um apetrecho artificial e dispensável.
Por cá, o que se discute, bem vistas as coisas, são sempre as funções e as dimensões do Estado. O essencial está adquirido.
Mas lá, onde um Estado é ainda uma meta distante e nada garantida - e se apresenta angustiosamente como um pressuposto de tudo o resto, a paz, o pão, a habitação, a segurança, a ordem mínima necessária à vida das gentes - não há dúvida que quem surge como absolutamente artificial e dispensável são os teóricos que por aqui peroram sobre a inutilidade do Estado.

segunda-feira, junho 05, 2006

Orfeu no Inferno

Para renovar o fundo musical, hoje substituo o "J'attendrai" pelo Galope Infernal - tal como apareceu em 1858, no Segundo Acto do "Orfeu no Inferno", de Offenbach.
Cantam, em coro, Plutão, Júpiter, Vénus e Eurídice - nada menos!
Muitos anos depois, em 1938, Manuel Rosenthal aproveitaria uns acordes para fazer a partir disto um dos trechos musicais mais universalmente tocados e ouvidos, o "french cancan" que foi lançado então no Moulin Rouge.
Não sei explicar bem, mas sinto que tem algo a ver com os tempos que correm - Galope Infernal, do "Orfeu no Inferno".

Novamente as assinaturas da folha de presenças na Assembleia

Na sua edição de hoje o Correio da Manhã traz uma interessante notícia que torna oportuna nova chamada de atenção sobre a questão das assinaturas dos senhores deputados na folha de presenças na Assembleia da República (recordo que há algum tempo atrás eu comentei o assunto, mas sem ser o atento Do Portugal Profundo ninguém deu muita importância a estas insignificâncias).
Diz o Correio da Manhã que:

"Queres que assine por ti a folha de presenças? Ascenso"
Esta mensagem escrita foi enviada, na tarde de 23 de Abril de 2003, pelo actual secretário de Estado da Administração Interna, Ascenso Simões, ao então colega da bancada parlamentar socialista Paulo Pedroso.
O registo consta de um exame pericial da Polícia Judiciária ao telemóvel de Pedroso.
Segundo os serviços da Assembleia da República (AR), “o sr. deputado Paulo Pedroso esteve presente na reunião plenária de 23 de Abril de 2003”.


Ora bem: eu estranho alguma insuficiência do trabalho do Correio da Manhã. Com efeito, as intercepções às comunicações telefónicas costumam incluir as recebidas e as enviadas pelo número interceptado. O que significa que onde foi registada essa mensagem para Pedroso deve encontrar-se também a resposta dele. E tais intercepções costumam ser pedidas incluindo também os registos de trace-back e a localização celular do aparelho. Portanto, quem teve acesso aos registos onde consta a mensagem transcrita também poderia ver no mesmo local, com toda a probabilidade, a zona geográfica onde se encontraria o deputado Paulo Pedroso nessa tarde.
De qualquer forma, parece improvável que estivesse em São Bento: que sentido faria então a mensagem de Ascenso Simões?
O que é certo é que não se afigura difícil provar que estava ou não estava: aquilo está cheio de câmaras de vigilância. E penso que também seja fácil à investigação descobrir onde estava efectivamente, mesmo sem ser pela localização celular do telemóvel.
Temos, portanto, um caso para o Ministério Público. Trata-se de um crime público, a falsificação prevista e punível pelo art. 256º do Código Penal, pelo que o procedimento não depende de queixa: havendo notícia do crime compete ao Ministério Público abrir inquérito e investigar.
Ao primeiro olhar afigura-se que estaremos perante um eventual crime de falsificação consumado em co-autoria pelos suspeitos Ascenso Simões e Paulo Pedroso.
Para quando a constituição como arguidos?
P. S. (quer dizer post-scriptum): esta notícia trouxe-me de novo uma interrogação já antiga. Se os senhores deputados tratam com tanta ligeireza até às suas assinaturas, como querem que a gente dê importância às suas palavras?

Um polemista à moda antiga


Portugal tem excelentes cronistas e comentadores e algum debate jornalístico vivo e interessante. Dizemos mal da imprensa, por vezes com razão, mas sem dúvida que também existem bons valores nesse campo. No entanto, falta-nos frequentemente a agressividade e contundência que vemos, por exemplo, nos Estados Unidos ou, mesmo por cá, nos textos do Liberalismo e da Primeira República. São raras as penas afiadas e desbragadas e, em geral, dominam os nossos brandos costumes.Vêm estas considerações a propósito da recente publicação do livro O Triunfo da Vida (Crucifixus, Lisboa, 2006), do padre Nuno Serras Pereira, que marca indiscutivelmente uma novidade no panorama da polémica nacional. O livro é insólito por várias razões. Primeiro por ser escrito por um sacerdote católico, classe que ultimamente tem andado bastante afastada da imprensa. Depois pela forma descomprometida, atrevida e contundente como trata os seus assuntos. Sempre truculento e por vezes violento, este livro parece dever mais a Guerra Junqueiro e Antero de Quental que aos comentadores actuais ou, ainda menos, aos autores sagrados.O desassombro do autor provém de um facto simples, a denúncia indignada do que ele considera um crime enorme e abominável, e que a sociedade encara com apatia ou cumplicidade: "Um morticínio de seres humanos inocentes e indefesos, através da legalização do aborto provocado (precocemente ou cirurgicamente), da fecundação extracorpórea, da experimentação em embriões, etc., cuja dimensão não tem precedentes na História da Humanidade (p.7)." Horrorizado com esta realidade, o padre Serras Pereira luta com persistência e insistência, contra tudo e contra todos, porque qualquer respeito humano empalidece face à vastidão do martírio.O autor, que já foi condenado em tribunal por um dos textos aqui incluídos, reúne agora num volume o labor dos últimos anos.Ver em conjunto estes impressionantes títulos mostra bem a dimensão da campanha pessoal.É importante dizer que a posição do padre Serras Pereira está longe de ser original. Ele esforça-se a cada passo por mostrar que defende apenas, com rigor e detalhe, aquela que é a atitude da Igreja Católica e que foi a das legislações dos países civilizados até há muito pouco tempo. E também não se limita a lançar golpes brutais contra os adversários.O livro está cheio de referências eruditas, dados estatísticos, citações científicas e doutrinais. Na parte central a obra quase parece um tratado técnico sobre as questões da vida.O autor sabe fundamentar bem aquilo que diz. Mas fá-lo com um desassombro, desprendimento e candura que lhe dão um lugar à parte na polémica nacional. Nada do que está escrito destoa do que se lê lá por fora acerca desses temas, mas soa estranho neste pacífico jardim litoral.Na sua epopeia, com uma naturalidade desarmante e um atrevimento que por vezes arrepia, o livro não recua perante o ataque às instituições mais reputadas, mesmo do seu lado.Rádio Renascença, Faculdade de Teologia, Conselho Nacional de Ética para as Ciências da Vida, até (com grande respeito) a Conferência Episcopal são increpadas, sempre com respeito, mas com inegável vigor e contundência, por vezes alguma impertinência.Em várias páginas dá a sensação que, no meio de uma batalha onde dois exércitos se enfrentam ameaçadoramente, o padre Serras Pereira é o cavaleiro solitário que acusa de cobardia as suas tropas e não tem medo de cavalgar sozinho contra multidões.O nosso tempo costuma gostar destas vozes solitárias e descomprometidas. Dizemos ser uma sociedade heterodoxa e insolente. Mas quando o alvo é a própria sociedade (ou seja, quando as posições são mesmo heterodoxas e insolentes) as coisas mudam de figura.A urgência e o dramatismo são as suas razões. A sua atitude, afinal, é a mesma daqueles que, em séculos recuados, desesperavam perante a modorra da sociedade diante de terríveis injustiças como a escravatura, holocausto, pobreza e exploração dos operários.Hoje, olhando para essas lutas antigas, condenamos os que, por conveniência ou compromisso, silenciavam ou moderavam as suas censuras. São as vozes livres e violentas que admiramos.Nós temos a prudência e a moderação, o padre Serras tem limpidez e pureza de posição. A sua fixação arrisca-se a ferir susceptibilidades e a injuriar por inflexibilidade. Mas o nosso equilíbrio sensato é bastante incómodo quando consideramos o que está em causa.

domingo, junho 04, 2006

13.º Encontro Nacional de Combatentes

Comemorações no próximo 10 de Junho:
As cerimónias terão lugar junto ao Monumento aos Combatentes do Ultramar, em Lisboa (Belém) e têm por objectivo comemorar o Dia de Portugal e prestar homenagem àqueles que caíram pela Pátria.
Pretende-se a comparência de todos:
- 10H15: Missa no Mosteiro dos Jerónimos com terno de clarins e coro da GNR;
- 11H15: Concentração junto ao Monumento;
- 12H00: Discurso alusivo pelo Dr. Paulo Teixeira Pinto;
- 12h20: Homenagem aos mortos e deposição de flores;
- 12H45: Hino Nacional tocado pela Banda do Exército e cantado por Rita Guerra;
- 12H50: Passagem de meios aéreos da FAP;
- 13H00: Salto de pára-quedistas;
- 13h15: Almoço-convívio (pode ser adquirido no local).
Pede-se a todos os leitores que não faltem, levem consigo familiares e amigos, e, entretanto, solicita-se a máxima divulgação do evento.

sábado, junho 03, 2006

A direita a pensar e a direita no poder

De fora, surge um olhar sobre a direita. A politóloga Marina Costa Lobo reflecte assim no DN sobre a incipiente direita que conhece (a que parece reclamar para si as características que antes se atribuíam à água pura - inodora, insípida e incolor).
É um olhar muito socrático, mas tem pontos interessantes.

Num artigo recente, Boaventura Sousa Santos (Visão, 25 de Maio) queixa-se de que o pensamento de direita invadiu os meios de comunicação social e influencia muito o Governo.Existe, de facto, algum vigor na nova direita. Em primeiro lugar, ela reúne pessoas (homens na sua maioria) que são de facto jovens. Alguns destes começaram por intervir na discussão política através da criação de blogues e revistas tal como a revista Nova Cidadania ou a revista Atlântico.Nestes meios de comunicação, têm ocasião de defender posições revisionistas em relação ao Estado Novo, ao 25 de Abril ou à I República. Falando de temas mais contemporâneos, apoiam a Administração Bush no Iraque, criticam o Estado-Providência, propõem um Estado mínimo.O aumento da participação política que acontece nos blogues não é monopólio da direita, ela tem ocorrido também à esquerda, e resulta não de uma viragem ideológica, mas da abertura do espaço público que proporcionou um pluralismo de opiniões nunca antes visto. Esses desenvolvimentos são claramente meritórios, porque são positivos para fortalecer a democracia.Além disso, esta nova direita, bem como a direita que já não é tão nova não é unanimista, nem consensual pelo menos em relação a dois temas cruciais, embora possa haver seguramente outros. São eles o papel que o Estado deve ter na sociedade e a questão da moral e dos costumes. Poder-se-ia pensar que o posicionamento em relação ao Estado fosse idêntico para todas as direitas. De facto, existe um acordo superficial sobre a necessidade imperiosa de reduzir o papel do Estado. Mas também houve, já no final do mandato de Jorge Sampaio, um apelo que juntou empresários e pensadores de direita para que o Estado interviesse na defesa das empresas portuguesas da concorrência espanhola. Ou seja, à direita, o nacionalismo e o proteccionismo são valores caros a alguns, e aí ainda é preciso Estado. Tal como Vasco Pulido Valente repete, a direita mais tradicional também é estatista neste país. Já em relação aos costumes, as direitas também se dividem, nomeadamente entre aqueles que são católicos praticantes e os outros.Os católicos praticantes advogam valores conservadores, em relação a temas como a família, a saúde reprodutiva, a educação. Os outros são a direita liberal: advogam um Estado minimalista na economia, e um Estado minimalista na sociedade e nos costumes, rejeitando que o Estado deva servir para inculcar valores católicos conservadores à população em geral. Mas, afinal, de que forma é que a direita a pensar influencia a direita nas instituições, hoje?Em relação aos partidos de direita, não se vê grande impacto. Nos anos 80, O Independente serviu como viveiro de ideias políticas para reformular o CDS em CDS/PP. Primeiro com o líder Manuel Monteiro, e numa segunda fase como trampolim para Paulo Portas chegar a líder do partido. Neste momento, não se vislumbra reorientação liberal no CDS/PP, pelo contrário.E qual a influência efectiva na direita no poder, isto é em Cavaco Silva? Para já podemos dizer que é nula. A primeira "presidência aberta" de Cavaco Silva foi dedicada à inclusão social. Esta semana esteve no interior do Alentejo para mostrar o que as instituições políticas públicas, nomeadamente as câmaras municipais, têm estado a fazer pelos excluídos. Pelas entrevistas que tem dado, o que Cavaco advoga não é claramente uma diminuição do papel do Estado. É, pelo contrário, uma reorientação, do betão para os recursos humanos, do investimento na infra-estrutura física para o investimento social.Os mais cépticos dirão que a influência dos pensadores de direita dá-se sobretudo no Partido Socialista e no Governo. Parece-me que isso é ter memória curta em relação ao percurso do PS e algum enviesamento ideológico. O percurso do PS no Governo tem sido quase sempre o de adoptar medidas difíceis que a médio prazo se revelam importantes para o País. Era também a nova direita que influenciava o PS em 1977? As opções ideológicas do primeiro-ministro Sócrates inserem-se na tradição da social-democracia europeia, isto é uma social-democracia pragmática, que não é avessa ao mercado nem coloca o Estado acima de tudo. As diferenças, porém, podem não ser tão grandes como alguns que se situam à esquerda do Partido Socialista gostariam. Nessa medida, e para já portanto, o balanço que se pode fazer do impacto da nova direita na política real parece limitado.

sexta-feira, junho 02, 2006

Começo a acreditar na evolução!

Depois de Eduardo Prado Coelho, é a vez de Vasco Pulido Valente:
"A escola não precisa de psicólogos, nem de psiquiatras: precisa de um código disciplinar e de uma guarda que o execute"
(Vasco Pulido Valente, PÚBLICO, 2-06-2006)
Alguém imagina o que estes cavalheiros chamariam a quem dissesse o que eles disseram nos últimos dias, se a conversa ocorresse há umas décadas atrás?

A ocultação ideológica do real

Do governo, através da sua dependência sinistra chamada Alto Comissariado para a Imigração e Minorias Étnicas, tem sido enviado a jornalistas e autoridades policiais um comunicado censório em que se apela aos mesmos que "evitem revelar (...) a nacionalidade, a etnia, a religião ou a situação documental de qualquer alvo de acção policial ou inspectiva ou de presumíveis autores de ilícitos criminais ou administrativos".

Educação: insistir num modelo sem futuro?

Um artigo bem inspirado, de Maria José Nogueira Pinto, hoje no DN:

Em Espanha, a propósito da alteração da Lei da Educação, os professores denunciaram os quatro mitos que consideram responsáveis pelo fracasso do sistema:- O mito de aprender fazendo; o mito da igualdade; o mito do professor amigo; o mito da educação sem memória.Declararam-se também, maioritariamente, simplesmente fartos:- Da falta de esforço; da falta de autoridade na aula; do excesso de especialização; da integração sem meios; da deterioração do ensino público.Interrogo-me se, em Portugal, os professores (não só os "pedagogos", não os teóricos, não os sindicatos) não dariam do sistema português, dos seus mitos e ameaças, uma imagem aproximada.Fiz toda a minha aprendizagem em escolas públicas. Descontando o muito que aprendi em minha casa, é-me hoje possível confirmar sem sombra de dúvida, o quê e o quanto me foi ensinado nessas salas de aula.A escola do Estado Novo veio a ser acusada de mil e um defeitos, descrita como soturna e repressiva. Porém a minha geração, oriunda das mais diversas classes sócio-económicas, aprendeu. E guarda desse tempo uma memória mais banhada em ternura e nostalgia que marcada pela frustração ou revolta.É certo que eram ainda muitos os que não chegavam lá. E se "chegarem todos lá" se tornou justamente um objectivo, a questão que se coloca é a factura a pagar por uma massificação sem qualidade e com os fracos resultados que conhecemos.Os meus filhos passaram todos pelo ensino público que continuei a mitificar como uma experiência indispensável num processo escolar. Deram-se bem.A última vez que fui a uma reunião de pais, o progenitor da pior aluna explicou-me que o facto de a minha filha ter boas notas se devia a nós termos uma biblioteca em casa e ele não. Pareceu-me uma justificação simplista mas elucidativa de um estado de espírito autojustificativo que marca, em grande parte, o conformismo dos pais em relação aos seus filhos estudantes.Nos últimos 30 anos, a educação tem sido campo de experiências sucessivas, com leis e meias reformas, tornando cada geração uma grande cobaia, na qual se testam teorias e teimosias. Simultaneamente caíram intramuros escolares novos e agudos problemas sociais que deviam ter resposta a montante e a jusante, mas não têm.A escola transformou-se num espaço multifunções, exigindo-se que faça tudo menos ensinar: intervenção social, psicologia, tratamento da pré-deliquência, substituição da rede familiar, prevenção da violência doméstica, remédio para o abandono, a subnutrição, a doença e ainda o esforço diário de contrariar uma cultura de irresponsabilidade e laxismo.A classe dos professores é tida como uma das mais relevantes socialmente e, paradoxalmente, é uma das mais desrespeitadas. Para o que se lhes pede, são escassos os instrumentos de que dispõem para, com autoridade e eficácia, responder aos problemas daquele quotidiano.Para quem, como eu, trabalha com os sistemas sociais no combate à reprodução geracional da pobreza e da exclusão, o qual só é possível num quadro de equidade no acesso a competências que permitam uma progressiva e efectiva autonomização pessoal, para que o filho de um pobre não seja fatalmente pobre, o filho de um imigrante cresça integrado, um filho da droga não se drogue, a filha de uma mãe adolescente não tenha um filho aos 14 anos, etc., etc., sabe bem que o sistema de educação é determinante.Mas o sistema de educação é determinante para educar, para dar competências, preparando para a vida e para a autonomia, no saber pensar e no saber fazer, as novas gerações. Não é determinante para substituir a família, o atendimento social, o centro de saúde, a ocupação dos tempos livres ou as comissões de protecção de menores.Tem sido assim. Os nossos indicadores são péssimos. Os resultados estão à vista, com bolsas de pobreza mais persistentes e um país no geral mal preparado para competir.Estão à vista na nossa economia e nas nossas finanças públicas, nas nossas estatísticas e na nossa falta de norte e de inovação. Porquê, então, insistir neste modelo sem futuro que compromete todos os dias o mesmíssimo futuro português?

A Batalha das Ideias

Fundo sonoro

Mudou a música de fundo. Era "Le temps des cerises", passou a ser "J'attendrai".

quinta-feira, junho 01, 2006

Seu reaccionário!

"A questão fundamental está na necessidade de reforço da autoridade dos professores."
Eduardo Prado Coelho, PÚBLICO, 1-06-2006.

E esta? Quem esperaria esta do Coelhinho Perna-Curta?

Portugal tem futuro?

Essência e destino