sexta-feira, fevereiro 27, 2009

A Casa de Sarto: o farol da Tradição

Quando algum dia se fizer a história da restauração católica em Portugal haverá nela um lugar honroso para A Casa de Sarto. Não se ouviu na nossa terra nestes últimos anos nenhuma outra voz que com tanta persistência e firmeza recusasse aceitar o fatalismo da autodemolição da Igreja Católica, e que com invariável constância e lucidez nos tivesse apontado o caminho do reencontro. Aqui na nossa casa nunca houve dúvidas sobre a transcendência deste combate, até numa perspectiva nacionalista (sem a vivência religiosa não podem existir senão formas inferiores de espiritualidade, de civilização e de cultura), e, como foi possível, fomos sempre apoiando A Casa de Sarto.
Nestes dias em que a Providência nos enviou o sinal maior que é a canonização de Nuno Álvares Pereira, temos a honra de oferecer aos nossos leitores uma pequena entrevista com o principal responsável pela existência de A Casa de Sarto.

1 - O Rodrigo Emílio dizia que nos transformámos "de país de missionários em país demissionário". O que aconteceu ao catolicismo em Portugal para chegar à situação presente?
- Ao catolicismo português aconteceu o mesmo que ao restante catolicismo à escala global: por força das concepções antitradicionais consagradas pelo Concílio Vaticano II, demitiu-se de instaurar tudo em Cristo e optou por render-se aos disparates do mundo. Com os resultados deploráveis à vista de todos.
2 - Se tentasse raciocinar num plano exclusivamente humano, diria que existe um futuro para a Igreja Católica em Portugal?
- Num plano exclusivamente humano, seria tentado a afirmar que inexiste qualquer outro futuro para a Igreja Católica em Portugal que não seja o da sua extinção pura e simples; contudo, sei bem que a Igreja Católica não é uma instituição exclusivamente humana e que goza da indefectibilidade que lhe foi prometida pelo seu fundador Jesus Cristo até ao final dos tempos, acrescendo-lhe, no caso específico português, a garantia dada em Fátima por Nossa Senhora de que o dogma da fé há-de manter-se sempre em terras lusitanas.
Sem prejuízo, aos mais acomodados, que supõem que tão magnas promessas os dispensam de qualquer esforço, recordo que nada substitui a acção dos crentes na defesa das verdades de fé e moral. De facto, a indefectibilidade da Igreja não implica a intangibilidade desta (como a história das perseguições que tem sofrido ao longo dos tempos o demonstra), nem a manutenção do dogma da fé pressupõe que este beneficie para sempre de visibilidade pública. Havia fé - e que fé! - nas catacumbas…

3 -Quando surgiu "A Casa de Sarto", não existiam na blogosfera portuguesa os blogues declaradamente católicos e tradicionalistas que entretanto apareceram. Hoje existem alguns. Brasileiros também. Não considera, ainda assim, que é escassa a presença na blogosfera de língua portuguesa das correntes representativas da tradição católica?
- Quando iniciei "A Casa de Sarto", os católicos tradicionais portugueses não tinham qualquer voz, nem se faziam ouvir minimamente para além das paredes dos priorados da Fraternidade Sacerdotal de São Pio X. No espaço público, a discussão estava praticamente monopolizada pelos modernistas e progressistas, por figuras como o Bispo D. Januário Torgal Ferreira, Frei Bento Domingues, o Padre Mário Oliveira ou o teólogo Anselmo Borges, todos sempre muito críticos da Igreja, não por esta recusar a sua total demolição, mas por não executá-la com a rapidez por eles julgada ideal!
Ora, a um nível muito modesto, parece-me que consegui alterar um pouco este estado de coisas. Na Igreja institucional portuguesa era inadmissível defender-se a excelência da Missa tradicional de rito latino-gregoriano ou criticar as doutrinas não-tradicionais acolhidas a um nível meramente pastoral pelo Concílio Vaticano II. Isso acabou! Agora tais questões começam a ser debatidas à luz do dia. Os modernistas e os progressistas deixaram de poder ignorar a tradição, ainda que seja tão-só para insultá-la. E é um excelente sinal dos tempos que a insultem!
Fico igualmente muito satisfeito por "A Casa de Sarto" ter dado frutos. Apraz-me constatar a expansão que os blogues católicos tradicionais de língua portuguesa têm registado nos tempos mais recentes, dos quais destacaria no nosso país o "Tradição Católica", da Magdalia, a boa surpresa do "Economia da Alma", de Hugo Pinto Abreu e Diogo Pereira Nunes, e o circunspecto mas muito importante "Missa Tridentina em Portugal", de Sebastião Silva. Noutro plano, sublinho a notável evolução do "Corcunda", de um conservadorismo político de recorte anglo-saxónico para um vigoroso tradicionalismo católico, e não termino sem aludir ao mais discreto dos blogues católicos tradicionais portugueses - um certo "O Sexo dos Anjos".
No Brasil, e sabendo que estou a ser injusto com muitos e excelentes amigos, realçaria o "Fratres in Unum" e o "Contra Impugnantes", sem olvidar os magníficos recursos doutrinários que sítios como a "Permanência" ou a "Associação Montfort" colocam à disposição de todos os católicos tradicionais que dominam o português.

4 - Nestes últimos anos, em que A Casa de Sarto e os seus autores têm marcado presença na blogosfera, a causa da tradição católica em Portugal estagnou, avançou ou regrediu?
- Creio que timidamente a causa da tradição avançou em Portugal.
Hoje, para além dos priorados da Fraternidade Sacerdotal de São Pio X, já existe uma diocese nacional - a de Leiria-Fátima - onde a Missa tradicional é oficiada regularmente, o que era inimaginável quando "A Casa de Sarto" apareceu. Fonte segura afirmou-me que mais três dioceses seguirão brevemente o exemplo leiriense. É claro que os bispos portugueses - na sua maioria completamente imbuídos do "espírito do Vaticano II" e da hermenêutica da ruptura a este adstrita - continuam a ser uma enorme força de bloqueio à expansão da tradição; porém, dado grande parte deles estar à beira de atingir o limite de idade para o exercício do múnus episcopal, o panorama acabará por alterar-se para melhor, à imagem do que já vai sucedendo noutros países.
Por outro lado, e aqui reside uma das maiores esperanças da tradição em Portugal, um cada vez maior número de fiéis leigos, em especial jovens, tem vindo a consciencializar-se da extraordinária riqueza da doutrina católica, bem como do esplendor e beleza da Santa Missa de rito latino-gregoriano. A esta circunstância específica não é alheia a influência que a tradição católica conseguiu conquistar na internet, em particular na blogosfera à escala mundial.

5 - Houve momentos de um passado recente, como as mobilizações da campanha contra o aborto, em que pareceu que havia mais fiéis dispostos a dar testemunho e a combater o bom combate do que a própria hierarquia gostaria. Não haverá aqui um drama e uma esperança?
- Há em primeiro lugar um drama! No caso do aborto, como noutros - e aí está a questão das parelhas homossexuais a prová-lo uma vez mais - foi e tem sido deplorável a pusilanimidade demonstrada pelos membros da Conferência Episcopal Portuguesa, contaminando directamente a quase totalidade do clero sob sua jurisdição. Os bispos demitiram-se de ensinar e defender a fé e a moral, e muitos deles não compreenderão sequer o motivo por que um dos símbolos do seu estatuto é o báculo! Que pastores de almas são estes que desertam da batalha e nela deixam abandonadas as suas ovelhas a lutar sozinhas contra alcateias de lobos esfaimados?! Aliás, mais do que deserção, o episcopado nacional está a ser sistematicamente derrotado por falta de comparência, a qual constitui o grande drama corrente da Igreja portuguesa. Esta renuncia voluntariamente a estar presente no espaço público, que é assim ocupado sem luta pelas forças inimigas anticristãs.
Depois, em menor escala, há também uma esperança, na medida em que os leigos não se conformam mais com o estado de coisas acima referido. Ao invés, resistem e defendem a boa doutrina, sem cederem a falsas obediências que num passado recente tanto mal fizeram.

6 - Tenho pensado que a grande razão para o curto tempo de vida da generalidade dos blogues que constantemente aparecem e desaparecem reside no facto de os seus autores terem muito pouco para dizer. O que lhe parece?
- Um blogue deve ter sempre bem definida uma linha editorial que lhe sirva de fio condutor, pois, caso contrário, estará fadado a desaparecer rapidamente sem haver tido outra razão de ser que não fosse a de satisfazer um mero capricho passageiro do seu autor. Penso que será esta a principal causa da curta duração de muitos blogues; mas não olvido também esforço tremendo que estes exigem para ser mantidos em permanência dentro de um nível de qualidade mínima aceitável…
7 - Proponho um exercício difícil: procure apresentar em breves linhas os autores que indico a seguir.
a) G. K. Chesterton.
- Ortodoxia, senso comum e bom humor. Um autor com características semelhantes é o meu muito estimado Padre Leonardo Castellani.
b) Charles Maurras.
- O mestre da contra-revolução, antimoderno e ultramoderno; António Sardinha equipara-se-lhe e com a vantagem de não sofrer tentações pagãs.
c) Julio Meinville.
- O grande refutador do sistema progressista e de dois dos principais subprodutos deste: o teilhardismo e o maritainismo.
d) Gustavo Corção.
- Em conjunto com Dom António de Castro Mayer, a grande glória do combate católico tradicional em língua portuguesa. Um justíssimo orgulho do Brasil e - por que não? - de Portugal! “O Século do Nada” é uma obra-prima de leitura absolutamente obrigatória para os tradicionalistas do mundo inteiro!
e) Nicolás Goméz Dávila.
- Um genial escritor católico colombiano - o reaccionário solitário de Bogotá (1913-1994) - que começa a ser merecidamente conhecido na Europa e América do Norte. A sua obra, quase toda escrita sob a forma de aforismos, é uma crítica devastadora, estribada em finíssima ironia, da ideologia revolucionária contemporânea e das suas consequências religiosas morais, políticas e culturais. Um autor a descobrir com urgência!

quarta-feira, fevereiro 25, 2009

Blogue do dia

É um novo: Tribuna, de Afonso Miguel.
Veio em muito boa hora, que isto está mesmo precisado de um novo impulso.

Um chefe para a resistência

Assinemos a petição aos CTT: Homenagem Filatélica a D. Nuno Álvares Pereira

Um chefe para a resistência

Nun'Álvares Pereira

Que auréola te cerca?
É a espada que, volteando,
faz que o ar alto perca
seu azul negro e brando.

Mas que espada é que, erguida,
faz esse halo no céu?
É Excalibur, a ungida,
que o Rei Artur te deu.

'Sperança consumada,
S. Portugal em ser,
ergue a luz da tua espada
para a estrada se ver!


(Fernando Pessoa, MENSAGEM)

segunda-feira, fevereiro 23, 2009

Eternas Saudades do Futuro

Se há alguém muito cá de casa, desde que esta casa existe, é o João Marchante. Ainda com outro nome, mas já com a mesma generosidade, esteve desde o princípio entre os que acompanharam e encorajaram o que aqui se foi fazendo. Entretanto, lançou-se também nos seus próprios empreendimentos blogosféricos. Com outros, fomos depois companheiros noutros projectos na rede, caso da Alameda Digital e do Pela Vida.
Esteve sempre presente - é um exemplo permanente de disponibilidade e vontade de servir. Está hoje em destaque nesta página porque lhe calhou agora a ele ser importunado pelas minhas periódicas tentativas de conferir interesse ao que aqui ofereço aos leitores, recorrendo a alguém que possa dar o que manifestamente por cá não abunda. Respondeu às minhas impertinências com a serena elegância que o distingue. Uma marca pessoal - Eternas Saudades do Futuro, belo nome em ano de Vieira. Um blogue incomum, ao dispor do mais comum - vejam só os milagres da net.

1 - "Eternas Saudades do Futuro" é um projecto assumidamente individual. O que o levou a optar por esse modelo?
- O Eternas Saudades do Futuro é, de facto, um blogue pessoal — pessoalíssimo, até. Não resulta da razão, mas, sim, do coração, isto é, o que lá publico ocorre-me intuitivamente. Portanto, não se pode falar em opção. Porém, acredito que o que nos sai automaticamente é resultado da cultura que transportamos connosco: a que vem do berço, e a que adquirimos nas voltas da vida, com as respectivas opções estéticas e éticas, fruto dos mestres que nos ensinaram a ver, compreender e escolher.
2 - Gosta de se sentir um "redresseur des torts"?
- Não sei se estou à altura de tão nobre tarefa, correspondente a tal epíteto. Certo, certinho, é que nasci na época errada e tento viajar no tempo — afinal, temos 900 anos de História por explorar, com heróis, sábios e santos — procurando energia nas lições do passado para me projectar num renovado futuro. Sinto-me um vanguardista nas formas e um tradicionalista nos valores; contudo, procuro ainda a coerência que advirá da síntese desses dois vectores. Na arte e na vida.
3 - Quais as razões para que seja tão curto o tempo médio de vida dos blogues?
- Os portugueses têm muita dificuldade em acabar aquilo que começam. Também não lidam bem com a pontualidade. São, ainda, preguiçosos. Detesto todas essas características, que me fazem, aliás, assumir cada vez mais uma atitude misantrópica perante a gente que me rodeia e ter nos livros os melhores amigos. É ridículo observar que há blogues muito bem escritos mas totalmente vazios de ideias e vice-versa. Aproveito esta divagação, em tom de desabafo, para dizer que um blogue tem de ser sustentado por autenticidade e cultura. Estas duas características escasseiam, igualmente, hoje.
4 - Depois destes anos todos a observar a blogosfera, o que lhe parece que esta trouxe de novo à batalha das ideias e da informação?
- Perante o espanto e a admiração geral, a blogosfera portuguesa veio mostrar que há pessoas, desalinhadas com o pensamento único ditado pelo politicamente correcto, que pensam pela sua própria cabeça e que não se conformam com a ditadura cultural consentida por um sistema que há muito entregou aos intelectuais de esquerda a hegemonia cultural. O sistema trata da economia e dá de mão-beijada as artes e as letras a esses intelectuais. Uns e outros, ficam todos contentinhos com o acordo.
5 - O que espera ainda da blogosfera?
- Tudo. Pois só aqui Portugal poderá recuperar as tradicionais liberdades (que não a fictícia Liberdade) que nos foram legadas por D. Afonso Henriques e seus cavaleiros e que se têm vindo a perder irreversivelmente de há 200 anos para cá. Ena pá!, o que eu fui dizer...
6 - A forma mais eficaz de fazer política passa por dizer que não se faz?
- Não sei, eu não faço política...
7 - Comente as seguintes afirmações:
a) Só pode progredir o que permanece.

- Sem dúvida. Resistir é vencer, e vencer corporiza-se na belíssima imagem de um homem de pé entre as ruínas. O futuro é feito do que permanece depois de evaporada a espuma dos dias. Esse caudal que avança — de geração em geração —, unido por um invisível fio-condutor, é a Tradição. É por aí que vou.
b) Bloguismo rima com narcisismo.
- Já se sabe que bloguismo rima com diarismo; no entanto, importante é ter consciência que bloguismo rima com activismo: os blogues são as catacumbas do nosso tempo.
c) A internet abriu o caminho a um gramscismo tecnológico.
- Percebo pouco disso... Mas, a despropósito, apetece-me dizer, para rematar, que só haverá mudança de paradigma político se existir um ambiente cultural propício. Este, terá de ser necessariamente enformado por uma nova estética. Para mal dos nosso pecados, a esquerda percebeu isso no século XVIII. Reedificar a comunidade nacional orgânica, assente em valores tradicionais, que tem vindo a ser destruída desde aí, será tarefa só possível através da argamassa cultural fabricada na internet.

Deseducação sexual

"Em vez de impor de modo coercivo a (des)educação sexual nas escolas do 1º (a alunos de seis anos de idade!) ao 12º ano, não seria melhor que o governo anticristão socrático os ensinasse a ler, escrever e contar correctamente, coisa que a maior parte deles não sabe fazer hoje em dia?"
Pergunta certeira n' A Casa de Sarto.

Canonização do Santo Condestável marcada para 26 de Abril

A cerimónia de canonização do Beato Nuno de Santa Maria, D. Nuno Álvares Pereira, terá lugar no próximo dia 26 de Abril.
O homem que conduziu este processo no Vaticano, Cardeal D. José Saraiva Martins, comentou que "depois de tanto tempo e tantos anos chegou ao seu termo a causa de canonização desta grande figura da hagiografia portuguesa”, frisando que “a canonização vai ser um dia histórico”. “É um dom de Deus à Igreja portuguesa, que todos os portugueses devemos agradecer”.
O Beato Nuno de Santa Maria (1360-1431) foi beatificado em 1918 por Bento XV e nos últimos anos a Ordem do Carmo (onde ingressou em 1422), em conjunto com o Patriarcado de Lisboa, decidiram retomar a defesa da causa da canonização. A sua memória litúrgica celebra-se, actualmente, no dia 6 de Novembro.
O que têm para dizer, aí pelas Terras do Carmo?

Que nunca por vencidos se conheçam

Adicionei nas minhas ligações este blogue, e propunha-lhe o lema dos para-quedistas.

sexta-feira, fevereiro 20, 2009

Qual é o pior presidente de Câmara do Distrito de Évora?

Continuem a votar: Qual é o pior presidente de Câmara do Distrito de Évora?
As urnas estão abertas até este mês acabar. Só falta uma semana.
O voto é a arma do povo, como se dizia nos idos de Abril. Tenho a certeza que o seu Presidente, caro leitor, é pior que o do seu vizinho. Vote nele, faça votar a mulher e a sogra, o cão e o gato, e se descobrir que algum falecido aí da zona ainda consta dos cadernos - não hesite, faça-o votar também.
Votem neles - vocês podem não saber bem por que o fazem, mas eles sabem concerteza.
O que nós precisamos é de votos, votos em abundância, uma chuva de votos, uma enchente deles, uma abada - e a Pátria, se não estiver salva, estará mais perto disso. A democracia é assim.
Vamos a votos!

Nostalgia

Verifica-se na nossa desgraçada época um triste fenómeno, no que ao uso da palavra se refere. Traduz-se ele em que aqueles que nada têm para dizer atroam os ares, poluindo todo o espaço público, num esforço contínuo que converge precisamente em impedir o pensar, a reflexão calma e serena - enquanto os outros se afastam... Na confusão e no ruído, quanto silêncio, quanta solidão e vazio nos fica a doer a nós, que temos sede das suas palavras - da palavra que ilumina e cria!
Todos os dias sinto saudades da elegância e saber insubstituíveis do Je Maintiendrai, da agudeza de espírito do Caminhos Errantes.

Oitavo mandato!

O presidente da Câmara Municipal de Redondo, Alfredo Barroso, anunciou que vai recandidatar-se a um oitavo mandato, por considerar que ainda tem "muito para dar ao concelho". Justificou a decisão por sentir que "ainda posso dar a este concelho e a estas pessoas muito da minha experiência acumulada". Presidente da Câmara de Redondo desde 1983 e a cumprir o sétimo mandato, Alfredo Barroso ganhou as eleições autárquicas de 2005 pelo MICRE, um movimento de independentes, depois do PCP lhe ter retirado confiança política.
Isto é mesmo redondo: não tem ponta por onde se lhe pegue...

Viana em polvorosa

Um retrato do actual poder autárquico em Viana do Alentejo, a pensar nas eleições que se aproximam:

"Viana do Alentejo tem estado parada neste mandato do Sr. Estevão Pereira, o pouco que faz por regra faz mal, é assim na urbanização e obras, nas políticas culturais, na área social, no apoio ao desenvolvimento económico, no turismo. Resumindo, foram três anos e dois meses de políticas locais para esquecer (...) uma administração local incipiente, chega tarde aos problemas, não dialoga com os outros poderes, não dá confiança ao comum dos cidadãos. Usa todos os estratagemas e meios públicos para fazer propaganda, não aceita a crítica/contraditório, os interesses públicos confundem-se com os privados e não tem um rumo claro para desenvolver o nosso concelho. Promessas não cumpridas por uma equipa desavinda, depois de demissões, rupturas e muita “faca e alguidar” internamente, muito trabalho mal feito, assente em maus diagnósticos e numa completa ausência de planeamento."

quinta-feira, fevereiro 19, 2009

Sobre o catolicismo a la carte

"Há mais eternidade na culpa de um pecador relapso do que na impenitência do “santarrão” que eliminou, vá-se lá saber através de que revelação, os obstáculos da sua separação de Deus. Tomando-Lhe o lugar, o profeta cria a sua própria “revelação”. Um ideólogo é aquele que constrói um cosmos que o serve."

"A religião é justificação para a conduta e não uma séria compreensão do transcendente. Esta é modelada para satisfazer o ego e não para conformar o ego ao cosmos, como todas as religiões que se prezam, professam. O Cristianismo reduzido a uma forma de “auto-ajuda” é uma adaptação da religião à servidão labrega ao nosso tempo."

Fora de moda

"Penso que o modo como as pessoas são hoje educadas tende a diminuir a sua capacidade para sofrer. Presentemente, uma escola considera-se boa 'se as crianças se divertem'. E esse não costumava ser o critério. Além disso, os pais querem que os seus filhos cresçam como eles (só que mais), mas sujeitam-nos, contudo, a uma educação muito diferente da deles. - A resistência ao sofrimento não é muito cotada, porque não deve haver sofrimento; de facto, está fora de moda."
Ludwig Wittgenstein, lembrado no Cidade do Sossego

Quem quer ser Presidente da Câmara Municipal de Viana do Alentejo?

E Viana aqui tão perto...
Quem quer ser Presidente da Câmara Municipal de Viana do Alentejo?
Dizem que "as inscrições ainda estão a decorrer, embora já existam vários concorrentes" (Como as Marés).
Conforme já deixei escrito, este parece-me ser um dos casos em que pode razoavelmente esperar-se uma mudança, considerando o conjunto dos municípios do Alentejo Central. E apesar da pequena dimensão do concelho isso não deixaria de ter um forte significado simbólico, e psicológico, uma vez que este é um daqueles que o PCP nunca perdeu. A acontecer uma derrota esse facto acentuaria fortemente a derrocada do PCP no Alentejo.
Outra das particularidades desta eleição é que, segundo os meus palpites, este será praticamente caso único por aqui: o PS é a única força em condições de derrubar a CDU, numa Câmara onde nunca ganhou. (Será que em Montemor-o-Novo isso pode acontecer? A CDU já esteve mais firme e segura, por lá...).
Com efeito, o PSD está muito distante - apesar do notável trabalho de Costa da Silva. E não existem outros partidos.
E o PS já antes esteve quase, quase, só lhe faltando convencer três primos e uns tios, em Alcáçovas e em Aguiar, quando foi da melhor candidatura de António Silva.
Neste momento, a mobilização que está a ser centralizada no Movimento Unidos pelo Concelho de Viana do Alentejo parece-me reunir todas as condições para realisticamente pensar na vitória. O PS local está a jogar bem nessa lista de "independentes". (Será Potes Pacheco o cabeça de lista?)
Também neste caso, se houver leitores que saibam mais do que eu convido-os a partilhar aqui connosco a sabedoria.

Estremoz em debate

Estão quase definidas as candidaturas a Estremoz, para as próximas autárquicas.
Aguarda-se apenas a clarificação por parte do Bloco de Esquerda, que por enquanto ainda não decidiu se apresentaria candidatura própria ou apoiaria uma das candidaturas existentes.
As listas em presença serão encabeçadas por Luís Mourinha, como independente, por Luís Assis, pelo CDS, por José Alberto Fateixa, pelo PS, por António José Ramalho pelo PSD (mantém o blogue Ad Valorem), e por Jorge Pinto, pela CDU.
(informação no Estremoz em debate )
Como se antevê esta corrida autárquica? Haverá luta, ou nem vai dar para aquecer? Aparentemente, o eleitorado CDU surge fragmentado pelo movimento independente do antigo presidente Luís Mourinha, em concorrência com o candidato oficialista Jorge Pinto. Porém, também será precipitado pensar que o candidato Mourinha só poderá caçar votos no eleitorado da CDU. E torna-se necessário saber o que vai fazer o BE, que sempre representa alguns votos. E qual a solidez da maioria do presidente José Alberto, nomeadamente se há ou não desgaste relevante com o exercício do poder. E quanto ao PSD, apresenta-se em boa forma ou novamente dividido e em decadência, como tem acontecido desde há anos? Serão possíveis os níveis de votação atingidos nos melhores tempos de Miguel Raimundo? Neste caso, só neste caso, a corrida para o primeiro lugar estaria em aberto...
A verdade é que não conhecemos suficientemente o terreno para avançar prognósticos. Se algum leitor providencial tiver a bondade de tentar esclarecer, e responder às nossas interrogações, faça favor...

Aprovado candidato autárquico em Vila Viçosa

José Joaquim Palma Rita, 44 anos, Licenciado e Mestre em Sociologia e Desenvolvimento Regional, é o candidato que os militantes do PSD de Vila Viçosa aprovaram, no passado sábado, para encabeçar a lista de candidatos à Câmara Municipal, por proposta da Comissão Política concelhia.
(...)
A necessidade de recuperar uma importância económica e cultural que Vila Viçosa tem vindo a perder, justifica que o candidato acredite ser possível que os calipolenses venham a «dar oportunidade a soluções diferentes, mais ousadas e imateriais, apostando na promoção da imagem do concelho e na valorização turística do mesmo», de forma a atrair novos residentes, mais investimento, novas empresas e mais emprego, sem perda de «qualidade de vida e da garantia de elevados níveis de coesão social».

quarta-feira, fevereiro 18, 2009

Qual é o pior presidente de Câmara do Distrito de Évora?

Os ventos sopram fortes do lado de Vila Viçosa. Neste momento o líder destacado na minha sondagem "Qual é o pior presidente de Câmara do Distrito de Évora?" é o presidente local, Manuel Condenado, que arrasa a concorrência com uns esmagadores 49% dos votos.
Nem José Ernesto, o presidente de Évora, conseguiu resistir à magnífica prestação do calipolense. Está em segundo lugar, mas com uns distantes 20 % dos votos.
E em terceiro lugar lá surge o presidente de Vendas Novas, José Figueira, com 16 % da votação.
Definitivamente, parecem ser estes os piores de todos.
Os outros parecem arredados deste campeonato. São os menos piores. Alfredo Barroso, Carlos Pinto de Sá, José Sinogas, Vítor Martelo, ainda têm uns votinhos. Outros nem isso.
Vamos a ver se o resto da prova ainda nos reserva alguma surpresa: ainda falta muito para o fim do mês! Vamos a mobilizar as massas! Todos os que entendem, por um imperativo de justiça, que o seu Presidente é que é o pior, têm que dar o litro neste tempo que resta. Nem que tenham de ir de porta em porta a chamar eleitores. Vamos a isso!

O retrato do regime

Todos sabemos, mas não é demais sublinhar quando alguém o diz em voz alta. O regime é isto, que vemos em toda a sua crueza no artigo de Paulo Morais no Jornal de Notícias. Ora leiam.

Finanças ocultas
Com três eleições à porta, já se adivinham os milhões gastos em propaganda. Não vai haver crise nas campanhas eleitorais, pois no financiamento partidário nunca faltam meios nem financiadores. O que escasseia, e muito, é transparência nos seus mecanismos.
Nas eleições europeias, mas sobretudo nas legislativas e nas autárquicas, partidos e candidatos não se pouparão a despesas, derretendo milhões em cartazes, festas, comícios e outras megaproduções. A que acrescem os serviços de jantares de vitela assada para milhares, mas em que só alguns (muito poucos) pagam. Há ainda a contratação de empresas de comunicação, encomendas de sondagens e todo um rol de custos inimagináveis e, sobretudo, ilimitados.
Apenas uma ínfima parcela destas despesas é suportada pelo Orçamento do Estado. A larguíssima maioria dos fundos que financiam este regabofe tem uma origem secreta e obscura. Assim convém aos diversos actores do sistema. Interessa aos partidos, que desta forma não têm de explicar ao eleitorado os compromissos mafiosos de que se tornam reféns. Favorece os angariadores de fundos, que dominam todo o circuito. São estes que lucram de forma escandalosa, acumulando fortunas obscenas, pois no processo de angariação retêm para si comissões que chegam a atingir valores de 40 por cento. Se em cada 100 mil euros arrecadados, apenas entregam ao partido 60 mil, facilmente se explica o seu enriquecimento meteórico.
Por fim, este esquema beneficia principalmente os doadores. O retorno do seu investimento é garantido, rápido e colossal; sob a forma de favores do Estado, à custa de recursos colectivos. A adjudicação de grandes obras públicas aos "amigalhaços" e as autorizações habituais de enormes aberrações urbanísticas constituem os exemplos mais comuns do monstruoso tráfico de influências a que se hipotecou o aparelho de Estado português.
O modelo vigente de financiamento partidário é um dos principais entraves ao desenvolvimento. Deve ser alterado, por imperativo ético e em defesa de uma democracia real, participativa e transparente, que ponha cobro ao vergonhoso circo em que vivemos. Enquanto isto durar, as forças ocultas que financiam os partidos continuarão a dominar os poderes incultos que os dirigem.

Dois grandíssimos malandros

Estou a pensar no JSarto e no João Marchante. Vão lá visitá-los, e digam-lhes que eu disse. Vocês não percebem, mas eles vão entender. Levem-lhes um abraço, quand même.

Chapelada na votação?

A votação na minha sondagem qual é o pior Presidente de Câmara do Distrito de Évora parece inclinar-se decisivamente para o lado de Vila Viçosa, surgindo destacado na frente do pelotão o respectivo presidente, Manuel Condenado.
Eu não queria duvidar da limpidez destes processos democráticos, mas desconfio que uma boa parte destes votos se devem à influência de um certo cacique local. Enfim, coisas que acontecem, até nas mais antigas e prestigiadas democracias.
Verifica-se todavia que a abstenção continua a níveis elevadíssimos, e impõe-se aumentar a taxa de participação popular.
O presidente da Câmara de Estremoz ainda não teve nem um voto. Será que não merece? (Calhando nem conhecem o meu blogue naquela cidade, apesar de todo o meu investimento publicitário...) Caríssimos estremocenses, votai - nem que seja por bairrismo! Estremoz não é terra para ficar para trás! O vosso presidente não é menos pior que os outros!
E o Estêvão Pereira? Pois o Presidente da Câmara de Viana ainda não teve um único voto! Pode lá ser que não seja o pior para ninguém? De Alcáçovas, de Aguiar, de Viana, não haverá aqui um leitor para distinguir o pior presidente de Câmara que lá têm?
A mesma exortação dirijo aos amigos de Montemor. Então não votam? Então o Pinto de Sá, com falinhas mansas e sopinha de massa, consegue manter-vos anestesiados? Olhem que há quem ande Danado pelo lugar... Qualquer dia, acordam e vêem as coisas irem de mal a pior... Ou de Mao para Piao, como se dizia nos gloriosos tempos em que a China era vermelha e o camarada José Barroso ainda mais.

Só são vencidos os que desistem

Meus amigos, neste momento em que se assinalam os três anos sobre o aparecimento do vosso blogue a resposta para as vossas interrogações está lá, clara e firme:
"Existe algum bem e muito de bom neste mundo e vale a pena lutar por isso".
Vamos em frente: hoje começam os próximos três anos!

Vida Universitária

A Associação Vida Universitária é uma Instituição Particular de Solidariedade Social, sem fins lucrativos e de natureza privada, que reveste a forma de Associação de Voluntários de Acção Social, com intervenção no meio Universitário e, consequentemente, na Sociedade.
Nesta 4ª feira, às 18h, na faculdade de Direito da Universidade Católica Portuguesa, promove um encontro em que os protagonistas serão dois médicos que se dedicam a acompanhar doentes nas fases mais frágeis das suas vidas - no início e no fim. São eles João Paulo Malta e Isabel Galriça Neto. Todos estão convidados para ouvir a sua história e partilhar a sua experiência. Para apresentar a sessão estará presente João César das Neves.
O evento realiza-se no Anfiteatro A1 (logo à entrada do edifício).
Não deixem de comparecer, e conhecer a Vida Universitária.

terça-feira, fevereiro 17, 2009

O noivado dos maricas

O comentador Jaime Nogueira Pinto chama-lhes "arrogantes, ignorantes, intolerantes":
Os "Prós e Contras" de ontem, sobre o casamento dos homossexuais, foram uma demonstração do espírito e das tácticas de uma certa esquerda obcecada com a imposição, a todo o custo, das suas concepções: a arrogância de uma pretensa superioridade ética de portadores das bandeiras do futuro, misturada com a vitimização mais telenovelística de casos pessoais (...)
Eu diria mais: a agressividade e o nervosismo histérico estão também ligados às dificuldades que a esquerda sente em aprofundar e debater com serenidade certos assuntos embaraçosos. É mais fácil ficar pelo slogan sonante e pela emotividade fácil, que intimidam e calam.
Não é admissível que alguém seja discriminado por lei em razão da sua orientação sexual? Não?
E a pedofilia? Os pedófilos não são discriminados por lei, até pela lei penal, em função precisamente da sua orientação social? Eles dizem que sim...
A pergunta podia ser repetida para um sem número de aberrações, que efectivamente não encontram abrigo no ordenamento jurídico existente.
A regulamentação legal de qualquer matéria da vida social implica sempre discriminar, optar entre situações que ficam abrangidas pela previsão normativa e outras que ficam de fora do âmbito dessa previsão. Errado não é discriminar, errado é fazê-lo sem fundamento. Que neste caso abunda, e só não vê quem não quer.

Muppet Show

- You know, this show really improves with age!
- Why? Because the jokes get better?
- No! Because my hearing gets worse!

Moralismo e hipocrisia

Um dos números mais divertidos que nos foi dado ver ultimamente neste circo que é a vida pública contemporânea foi o recente clamor que se ergueu universalmente contra a decisão do Papa de levantar a excomunhão que pesava há vinte anos sobre os fiéis tradicionalistas.
Não houve opinador nem chafarica do universo iluminado e progressista, dos mais anticlericais aos mais habituados à água benta, que não rompesse a bramir protestos, em uníssona exigência: - Excomunhão ! Excomunhão! Excomunhão!
O coro ouviu-se urbi et orbi, e quem o ouvisse até podia ser levado a pensar que os reivindicantes alguma vez se preocuparam com a sua própria comunhão.
Não é o caso, certamente. Nem é certamente o bem da Igreja o que ocupa os reivindicantes. Mas o mais engraçado nessas multitudinárias manifestações é reconhecer nelas as mesmíssimas forças que há centenas de anos nos andam a doutrinar contra todas as excomunhões, contra todas as excomunhões... Pelo que se pode concluir, afinal, foram sempre contra as excomunhões mas apenas contra aquelas que os atingem a eles. Desde que recaia sobre os outros, os maus, excelente coisa é a excomunhão!
O mesmo acontece com o famigerado índex; não há filho do progresso, do mais avermelhado ao mais malva descorado, que não se agite em frémitos de indignação só de falar em proibições de livros, ideias, pensamentos... Apanhem-se no poder, porém - e os livros até os queimam, as bibliotecas são devidamente depuradas, as ideias só com o carimbo da correição, e até as palavras, e pessoalíssimas opiniões, têm que submeter-se ao crivo da conformidade política, zelosamente vigiadas por leis, polícias, jornais, tribunais e restantes instituições. Os índices, proibições e interditos ganham estatuto de pilares fundamentais da ordem pública.

Qual é o pior presidente de Câmara do Distrito de Évora?

A emoção domina e a competição permanece acesa: eis que surge uma reviravolta na votação!
O camisola amarela é agora Manuel Condenado, o presidente da Câmara de Vila Viçosa, ultrapassando em sprint vigoroso o Presidente da Câmara de Évora, José Ernesto, agora em segundo lugar, e o Presidente da Câmara de Vendas Novas, José Figueira, agora relegado para o terceiro posto.
E você, já votou? Diga lá, quem é o pior presidente de Câmara do Distrito de Évora?
Não é verdade que sejam todos iguais, há uns que são piores do que outros...

Moralismo e hipocrisia

Não sei se já terão reparado nos curiosos hábitos linguísticos que a esquerda usa, e generalizou, em relação a certas situações da vida doméstica. Por exemplo, estou a pensar no facto notório de os alinhados no lado certo da história nunca terem amantes. Um esquerdista, seja ele anónimo e humilde ou seja o mais destacado líder da humanidade progressista, tem em geral uma companheira. Ou mais. Como o camarada Lenine, ou o camarada Cunhal. Já um reaccionário qualquer, ou os mais tenebrosos vultos da mais tenebrosa reacção, não têm direito a ter companheira, nem uma simples namorada. Têm sempre amantes. E não se pode dizer isto de modo neutro e indiferente, tem que dizer-se sempre amantes com um acento condenatório, um esgar de reprovação na voz. Por exemplo, ao falar de Hitler tem que referir-se que no final se suicidou juntamente com a sua amante, Eva Braun (nem interessa se os dois se casaram, fosse ou não no intuito, pouco conseguido, de calar as más-línguas). E se mencionarmos Mussolini tem que dizer-se que morreu na companhia da sua amante, Clara Petacci. Ao pronunciar a expressão infamante o olhar tem que ser de abominação, como uma velha beata de província, daquelas de muito antigamente.
Já para contar a história de Humberto Delgado, nos panegíricos periódicos que passam nos jornais e nas televisões (também passou à condição de herói da esquerda, devido aos muitos disparates que fez na fase final da sua vida), qualquer locutor enche a voz para nos informar que foi assassinado juntamente com a sua secretária, Arajarir Campos. Nem interessa a posição da viúva.

Moralismo e hipocrisia

A mesma esquerda que andou décadas a caricaturar até à exaustão a ideia de um Salazar misógino ou homossexual anda agora a babar-se de gozo com a imagem de um Salazar insaciável coureur de femmes.
Não é novo este impulso nas hostes sinistras: a esquerda foi sempre constante na condenação dos moralismos alheios, adorando esticar o dedinho condenatório a fulminar as hipocrisias que nos outros detecta, enquanto se esquece prudentemente de olhar para o espelho.
A novidade desta exploração da falada "vida privada" de Salazar nem está na tendência mórbida para andar a espreitar pelas fechaduras das portas para dizer que se faz História (afinal, o conceito de "vida privada" é algo estranho para a formatação mental da esquerda ortodoxa).
O que há de novo é uma mudança que o tempo trouxe: agora seriam politicamente incorrectas as anedotas envolvendo Salazar e Cerejeira, e ridicularizar a homossexualidade seria inaceitável, com efeitos muito desagradáveis nos sectores afectos à causa.
Salazar ficou assim condenado a ser apontado pelos excessos - mas dentro do padrão heterossexual. Se tivesse pecadilhos homo, corria-se o risco de parecer muito progressista.

segunda-feira, fevereiro 16, 2009

Encontro a 14 de Março

Prémios Culturais da SHIP

Este ano a Sociedade Histórica, como já vai sendo hábito, promove os prémios culturais “Imprensa Regional” e "Monografia”.
Os sócios e demais interessados podem consultar os regulamentos no site da Internet ou solicitá-los na Secretaria.
O Prémio Imprensa Regional premeia artigos publicados na imprensa, no ano anterior à sua atribuição, que salientem fundamentalmente os valores que contribuem para a definição da Independência de Portugal e da Identidade do País.
O Prémio Monografia procura destacar uma efeméride de grande dimensão nacional, tendo este ano a escolha recaído no nosso primeiro rei “D. Afonso Henriques - Fundador de Portugal”, que comemora os 900 anos do seu nascimento.
A data limite para entrega dos textos é já no dia 31 de Março de 2009. Ficamos a aguardar os vossos trabalhos.
Ver regulamentos de “Prémio Monografia” e de “Prémio Imprensa Regional”

Vila Viçosa e o pior presidente de Câmara do Distrito de Évora

Fiquei sinceramente impressionado quando li há algum tempo este trabalho de comparação entre os municípios de Borba e Vila Viçosa.
Pode haver muitas explicações sobre o que ali se constata, mas não pode certamente acreditar-se que os executivos municipais que se sucederam num e noutro Concelho são estranhos às diferenças gritantes que de imediato se encontram.
Não digo isto por ser amigo de João Proença ou de Ângelo de Sá, nem por ser inimigo de Patacão Rodrigues, Josué Bacalhau ou Manuel Condenado. Nem por gostar mais do PS ou do PCP. Em matéria de afectos, são-me todos iguais. Mas que salta aos olhos que a gestão municipal em Vila Viçosa, nestas últimas décadas, foi atingida por qualquer maldição de que não mais se livrou, parece-me indesmentível. Daí o interesse que a minha brincadeira despertou (v. Tasca Real).
Tem razão o leitor Calipole, que me interpelou nos comentários: conheço razoavelmente a política calipolense, desde os primeiros anos oitenta. Sei que da balbúrdia desenfreada que foi a época Patacão restaram facturas muito difíceis de ultrapassar. Também sei que só foi possível retroceder a um executivo comunista, depois do afastamento destes, pela incapacidade dos socialistas e sociais-democratas locais em sedimentar alternativas sérias e credíveis, que em concelhos vizinhos destroçaram para sempre o PCP (não me refiro só a Borba, estou a pensar no Alandroal, onde não há muito tempo parecia difícil de acreditar que votações tão elevadas como as que o PCP detinha se evaporassem de repente).
Quanto à novidade de ser o Eng. Roma, e não o Dr. Chagas, a encabeçar a lista do PS calipolense às próximas autárquicas, não faço comentários por enquanto. A pessoa em questão já esteve na condição de Desejado, há uns anos atrás, e depois não apareceu. Para já, o único candidato oficializado é o advogado Dr. Letras Mestre, que o CDS já confirmou. Como vão longe os tempos em que o CDS fez brilharete nas eleições calipolenses (fobra do desaparecido Hélder Cravo), não é de crer que esta candidatura perturbe as favoritas. E estas têm de partir, evidentemente, dos três principais partidos. Não concordo com a desvalorização que faz do (eventual) candidato Dr. Palma Rita. E não é justo classificá-lo como não sendo da terra, ou colocá-lo ao nível do não-candidato Câmara Pereira. Por ter a sua vida pessoal e profissional estabelecida em Évora um calipolense não deixa de ser calipolense. Seja o Eng. Roma ou o Dr. Palma Rita.
Em relação à pergunta sobre o que está mal no PSD de Vila Viçosa, vou simplesmente abster-me de responder. Era o que faltava, estar aqui a falar do sr. Luís Cochicho.

O pior presidente de Câmara do Distrito de Évora

Continua em linha a sondagem "Qual é o pior presidente de Câmara do Distrito de Évora?"
Ali atrás tinha-lhe chamado concurso, mas foi mero lapso. Sondagem é que é. Obviamente, e com todas as garantias oferecidas pela ciência a essa nobre arte de sondar, como acontece com as prestigiadas empresas e institutos que a ela se dedicam com assinalável proveito. Prometemos não mentir mais do que esses profissionais.
Quanto à corrida, houve mudança nos lugares da frente. Na cabeça do pelotão segue ainda o Dr. José Ernesto Oliveira, presidente da Câmara de Évora, mas surge agora em sua perseguição o professor Manuel Condenado, presidente da Câmara de Vila Viçosa, que ultrapassou o Dr. José Figueira, presidente da Câmara de Vendas Novas, relegado para a terceira posição.
Verifica-se que a prova continua muito renhida. Aguardemos pelas próximas etapas.
Podemos informar que o Diário do Sul, através do seu director, Manuel Madeira Piçarra, comunicou oficialmente que vai manter estrita neutralidade, como aliás é seu timbre - afirma Piçarra - e pode constatar-se por qualquer consulta do jornal - ainda segundo Piçarra (primeiro).
E termino com um apelo contra a abstenção, que fica sempre bem em qualquer ritual desta religão: votem, carago! É um grande dever!
As urnas continuarão abertas até final do mês de Fevereiro. Batendo a meia-noite do dia 28 de Fevereiro, acabou-se - nem a Cinderela entra em casa nem mais algum voto entra nesta urna.

A net é a vida?

Interrogo-me sobre se alguém que mantém presença constante no seu blogue, no messenger, no hi5, no facebook, no twitter, num forum, e em mais não sei quantos lugares internéticos, ainda tem tempo, não digo para trabalhar, mas para comer e outras necessidades básicas...

domingo, fevereiro 15, 2009

Iniciativa Facebook

A inciativa Eco-find "Efeito bola de neve" pretende responder às seguintes perguntas:

1 - Quanto tempo demorará a fazer do Grupo Eco-find - "Efeito bola de neve" o maior grupo do Facebook?
2 - Quanto tempo demorará a Portugal ultrapassar a Grécia em numero de utilizadores no Facebook?
3 - Qual o efeito de uma iniciativa deste género na divulgação de um website, neste caso o motor de busca Português www.eco-find.com
4 - Será possível Portugal ser o país com o crescimento mais rápido no Facebook?

e por último:
Quanto tempo demorará esta iniciativa a ser noticiada nos Telejornais - especialmente no da TVI?

Estou convencido que as respostas a estas perguntas irão ser uma surpresa para todos, tal é o poder da internet hoje em dia. Mas a iniciativa só poderá ser bem sucedida com a colaboração de todos.
O que tenho de fazer? Muito simples.
Clicar neste link. http://pt-pt.facebook.com/group.php?gid=70391426968

Estaline mandou matar John Wayne?

Não sei se é verdade ou não, e o réu também não pode agora defender-se.
Li isso neste artigo de Eurico de Barros, e senti-me cúmplice nos gostos do tirano. Quanto a essa de querer matar o Duke, passo adiante. Devia estar com os copos.
Para mim, John Ford e Jonh Wayne forever. Ultimamente a RTP Memória tem-me servido dose reforçada. Também James Stewart e Clark Gable (gosto muito menos), e é certo que não posso ver tudo.
Se pudesse falar com o bigodes, não resistia a perguntar-lhe com uma piscadela de olho: "E o Clint Eastwood, hein?? Vecê morreu cedo demais!! Mas passe aqui pela Cinemateca!"

Uma fita interminável

"O cinema português é um filme em si mesmo que mistura os vários géneros: comédia, drama, acção e ficção. Olhando para a lista dos filmes menos vistos – já para não falar daqueles que foram subsidiados e nunca chegaram a uma sala pública – constata-se, por exemplo, que o Estado português contribuiu com um milhão de euros para dois filmes que juntos tiveram 571 espectadores. Falamos de Vanitas e Querença. O recordista negativo é Brumas, que nos três dias em que esteve em exibição teve a visita de 24 espectadores pagantes. Calcula-se que os actores, produtores, realizadores e demais intervenientes na feitura do mesmo não tenham famílias numerosas nem muitos amigos..."
(continuação)
Estranhamente, ninguém parece incomodar-se com isto. Nem nos jornais, nem na blogosfera, nem entre os comentadores encartados. Eu julgo que pode explicar-se.

Blogues de cá

Adicionei o Terras do Carmo, de Moura, em homenagem à capital da Outra Margem.
E o Évora Terra Portuguesa, porque sim.

sábado, fevereiro 14, 2009

Palpite

No meu concurso para determinar "Qual é o pior presidente de Câmara do Distrito de Évora?" continua à frente o Dr. José Ernesto Oliveira, presidente da Câmara de Évora. Porém, logo atrás dele em tenaz perseguição continua a correr José Figueira, o actual presidente da Câmara de Vendas Novas. Será que ainda consegue chegar a Presidente da Câmara de Évora?

Twitter

Foi na peugada do Ultimo Reduto que também resolvi investir no twitter. Agora já lá estamos os dois, mas queria mais companhia.
Por acaso, o tema das redes sociais ocupa hoje espaço central no DN.
Aos amigos que passem por aqui, fica o pedido: subscrevam, que o pessoal precisa de se encontrar.

sexta-feira, fevereiro 13, 2009

1.º Encontro da Blogosfera Portomosense

O fenómeno da blogosfera, a forma como veio mudar a comunicação, a ferramenta, as potencialidades, o futuro…
Estes são alguns temas que irão ser discutidos no 1.º Encontro da Blogosfera Portomosense, no dia 21 de Fevereiro.
Porto de Mós tem sido um palco fértil para a blogosfera e há algum tempo vários intervenientes começaram a pensar numa "reunião de família" para discutir o fenómeno.
O encontro é aberto a todos quantos queiram comparecer, e as inscrições podem ser feitas pelo e-mail: portomosfera@sapo.pt.
Acompanhe os desenvolvimentos por aqui: portomosfera.blogs.sapo.pt.

Twitter

E não hesitem: azinhal is using Twitter , e espera a vossa companhia.

Qual é o pior presidente de Câmara do Distrito de Évora?

Na cauda do pelotão seguem algumas rotundas nulidades, que todavia vão passando despercebidas, sem que um só voto lhes cole na fronte o rótulo definitivo: "o pior presidente de Câmara do Distrito de Évora".
Não é justo, ou há moralidade ou comem todos.
Olhem, por exemplo, aquele rapaz Estêvão, de Viana. Cheira-me que até vai perder as eleições de Outubro (é um caso em que o PS, apoiado na muleta do movimento de independentes que ali se desenha, pode vir a cantar de galo, arrebastando a Câmara ao PC). Quem sabe de tudo é o colega Alcáçovas, que vai acompanhando as movimentações.
Outra das mudanças possíveis é Vila Viçosa, mas aí terá que ser do PC directamente para o PSD. Que diabo, a terra não há-de estar eternamente sujeita a condenados... Tem que ser o Dr. Palma Rita a trazer o fim do ciclo. (O PS local está demasiado combalido, entre chagas de agora e o condenado de ontem).
Chegado a este ponto quedo-me sinceramente intrigado. É que não vejo realmente muitas possibilidades de mudanças nas eleições para as Câmaras deste distrito no próximo mês de Outubro. O pessoal lamenta-se, mas depois pouco muda. Tudo está atado e bem atado.
Pensem nisso. E não se esqueçam: votem no concurso "Qual é o pior presidente de Câmara do Distrito de Évora?"
A vossa opinião é importante, e eles merecem esse voto.

TEOREMAS DE FILOSOFIA

Com a indicação programática inscrita em cada fascículo de se tratar de um ‘Caderno semestral de filosofia portuguesa’, vieram a lume (da Primavera de 2000 ao Outono de 2005) doze números dos "Teoremas de Filosofia". Já pela cronologia se vê que a intenção foi a de lançar uma ponte que ajudasse a vencer a usura do tempo, que então se abria para novo ciclo centenar e milenar. O que se fiava da oportunidade para ligar as gerações em presença e favorecer as que se esperava viessem a tomar a seu cuidado a prossecução da via aberta.
Com efeito, desde o número inicial, que abriu com os textos de António Telmo, Dalila Pereira da Costa, Pinharanda Gomes, António Braz Teixeira e Orlando Vitorino, os mais novos assumiram a sua responsabilidade, que mantiveram até ao derradeiro fascículo. O índice geral, publicado no n.º 12, mostra como foi amplo (em função das dimensões da publicação) o leque dos colaboradores e diversificados os temas. (...)
Caso esteja interessado em adquirir exemplares desta revista, poderá enviar um e-mail para: novaaguia@gmail.com

Cadernos de Filosofia Extravagante

É lançado, no próximo dia 21 de Março, Sábado, pelas 15:00, na Biblioteca Municipal de Sesimbra, o primeiro número dos Cadernos de Filosofia Extravagante.
Para saber melhor o que seja, aconselho a que leia as explicações.

http://www.filosofia-extravagante.blogspot.com/

http://serra-dossa.blogspot.com/

Ainda melhor, pode divagar por outras extravagâncias:

António Quadros

Associação Agostinho da Silva

Geometria do Abismo

Leonardo

Maranos

Nova Águia

Sabedoria Perene

Modernices

Agora aderi ao Twitter. Não tenho é seguidores. But... Azinhal is here!

Qual é o pior presidente de Câmara do Distrito de Évora?

Continua em marcha o nosso concurso "Qual é o pior presidente de Câmara do Distrito de Évora?".
Como se pode constatar, existe uma forte tendência para a abstenção - prenúncio claro do que vai acontecer nas próximas eleições.
Na frente do pelotão, a denotar claro favoritismo, seguem José Ernesto de Oliveira, José Figueira e Manuel Condenado.
Mas, como em todas as competições, há também os que ficam para trás, por vezes com evidente injustiça. Realmente, porque é que o Presidente da Câmara de Mora não merece nem um voto para pior presidente de Câmara do Distrito de Évora? Injustiça flagrante, só compreensível talvez por este miserável blogue não contar com um único visitante dessas terras longínquas, de Pavia, Mora, Brotas ou Cabeção, sem esquecer a Malarranha. Enfim, esperemos que o tempo, com a ajuda de Nosso Senhor, os dois conjugados na correcção das injustiças, virão ainda a alterar esta situação.
Outro que não conta ainda com um votozinho para amostra é o Presidente da Câmara de Estremoz. Até estou a ver o slogan para as próximas autárquicas na cidade do Gadanha: "Com o Fateixa ninguém se queixa!". Maus sinais para Mourinha, Assis e Ramalho, e para o inacreditável Jorge Pinto (não servia para vereador em Évora, e o PC remete-o para presidente de Estremoz?). ( Cala-te boca... )

quinta-feira, fevereiro 12, 2009

Qual é o pior presidente de Câmara do Distrito de Évora?

Bem me parecia que a luta ia ser renhida.
Em segundo lugar da disputa, logo atrás do Dr. José Ernesto, surge o Presidente da Câmara de Vendas Novas, José Figueira. Eu bem desconfiava que o PCP, quando o tirou das tarefas de controleiro da Intersindical para o enviar de presente aos vendasnovenses, não fazia a coisa por bem. O homem já estava queimado em Évora, foi reciclado e destacado em serviço para onde não o conheciam. Ainda assim não deu certo, ao que parece.
Por cá, na capital da nação transtagana, era tão conhecido que até o Dr. Mira Branquinho escreveu que tinha sido colega dele na instrução primária - e que se lembrava que ele já então era burro... Pois bem: agora é sociólogo!
Cresce a expectativa, nesta corrida de fundo.
Qual será o pior presidente de Câmara do Distrito de Évora?
Aguarda-se para breve um extenso ensaio sobre o tema da autoria do António Ferro de José Ernesto, o conhecido redondense Soberano Eucalipto.

Qual é o pior presidente de Câmara do Distrito de Évora?

Ao fim das primeiras horas de sondagem, José Ernesto, ilustre obstetra cubense desde há uns anos a presidir ao município eborense, segue na frente isolado.
Segundo os analistas, trata-se muito provavelmente de votos oriundos das suas antigas pacientes, que o querem de volta ao consultório (e ao Hospital, onde entretanto atingiu o topo da carreira, por despacho publicado no Diário da República).
Porém, é forçoso reconhecer que ainda é cedo para tirar conclusões quanto ao título. Os candidatos são muitos e muito maus. Vamos a ver o que a votação nos vai trazer nos próxmos dias.
Como curiosidade, anoto que Carlos Pinto de Sá, o presidente montemorense, conta já com um voto para "pior presidente de Câmara do Distrito de Évora". Devo dizer aos leitores, por dever de lealdade, que vi muito bem de onde veio esse voto. Foi o Dr. António Danado, disfarçadamente e a assobiar para o ar, que enfiou esse papelinho na urna.
Dito isto, apelo a todos para que participem nesta importante sondagem. Está em causa definir um ranking crucial para o nosso futuro.
Pretende-se avaliar a impopularidade dos presidentes em final de mandato. Os leitores podem aqui fazer o balanço, e estabelecer a classificação final. Depois, em Outubro, se quiserem e puderem, votam neles outra vez. Agora, mobilizem-se. Quero ver quem consegue provocar mais alergias. A selecção dos nove candidatos ao título é obviamente da minha responsabilidade.

quarta-feira, fevereiro 11, 2009

Sondagem em linha

Atenção eborígenes, e demais cidadãos do Alentejo Central: como nunca ninguém nos pergunta nada, resolvi eu começar a perguntar, usando este blogue que me é dado nem sei por quem (que Deus o guarde, seja quem for).
Para principiar, coloquei ali ao lado direito um inquérito destinado a descobrir qual é o presidente de Câmara deste nosso distrito que consegue despertar mais antipatias entre os que por aqui passam. Indico nove nomes à escolha, e os restantes ficaram nas sobras (não foi por mal, é que eles também não valem um corno).
Fazem o favor de votar: qual é o pior Presidente de Câmara do Distrito de Évora?

terça-feira, fevereiro 10, 2009

Notícias de Évora

Évora Viva

Evora Terra Portuguesa

Largo das Alterações

Liberalitas Julia

Templo do Giraldo

segunda-feira, fevereiro 09, 2009

A internet pode ganhar eleições?

Uma reflexão necessária, neste ano de todas as eleições, vem, mais uma vez, de Pedro Guedes:

"Volto a confessar o meu desinteresse pelas eleições norte-americanas salvo num aspecto: o da utilização da internet como ferramenta incontornável para a conquista eleitoral. E nesse aspecto, convenhamos, Barack Obama deu cartas desde a primeira hora. Ora atentem: mais de 3 milhões de apoiantes no Facebook a 4 de Novembro (são agora mais de 5 milhões); inúmeras páginas e grupos locais no mesmo espaço, algumas delas com mais de cem mil fãs declarados; mais de 200.000 seguidores no Twitter; os seus apoiantes, devidamente organizados, lançaram 150 mil acções de campanha na net; mais de 35 mil comunidades de interesses comuns criadas em volta da sua candidatura naquilo que foi uma aposta declarada na força das redes sociais; um site oficial onde estavam algumas ideias mas que foi desenhado essencialmente a pensar na recolha de fundos (com um sucesso a ultrapassar as melhores previsões), e também na recolha de voluntários, gente a quem depois se atribuiam cuidadosamente acções de campanha que poderiam ser desenvolvidas a partir de casa, sem necessidade de companhia ou de maior compromisso; utilização do YouTube a atingir números incríveis - estou pessoalmente convencido de que qualquer vídeo aí colocado e minimamente divulgado é muito mais visto do que qualquer tempo de antena televisivo que ainda para mais custa uma pequena fortuna... -, fechando o mini-elenco com uma espécie de marketing viral no envio de correio electrónico. Alguns voluntários chegaram mesmo a desenvolver pequenas aplicações para utilização específica em produtos Apple como o iPhone e o êxito é aquele que se conhece. No fundo, a receita é a mais simples que se pode conceber: concentrar energias no que interessa - e o que interessa é chegar às pessoas de forma simples, directa e eficaz."

A Igreja Portuguesa, e a salvação das almas

Ao que parece a Conferência Episcopal Portuguesa tem reunião marcada para amanhã.
O "Correio da Manhã", obviamente angustiado com o magno problema do casamento entre pessoas do mesmo sexo, como é de bom tom nestes nossos tempos, foi interrogar o Padre Secretário da CEP sobre a agenda da reunião.
Queria saber se esse tema transcendente, objecto de culto e adoração e dos transes místicos de toda a classe jornalística, era objecto da reunião.
O Padre Secretário não o quis desiludir de todo, e respondeu-lhe que "o assunto vai, naturalmente, ser analisado, mas não é o fundamental."
E logo de seguida, para que o plumitivo, naturalmente jovem, percebesse as alturas a que a CEP eleva o seu espírito ("o fundamental"), adiantou-lhe que "há assuntos muito mais importantes a preocupar a Igreja e a sociedade, como a crise económica, a pobreza e o desemprego."
Ao ler a notícia, confesso aos leitores que o meu primeiro impulso foi arrumar entrevistador e entrevistado com uma sentença breve e definitiva: o jornalista é tonto e o padre é estúpido, e eu já não tenho paciência para mais.
Todavia - os primeiros impulsos nunca são os últimos - aqui estou a desabafar convosco. A sentença era, aliás, muito provavelmente, injusta. Nem o jornalista nem o padre são os responsáveis por esta agenda. Esta, porém, a agenda da CEP, ficou-me cá dentro a latejar. Será que um dia destes poderemos subsituir a CEP pelo directório da SEDES? Ou por uma comissão especializada do ISCTE? E quando os relatórios indicarem que "a crise económica, a pobreza e o desemprego" estão finalmente superados - dissolve-se a CEP, e a Igreja também?

sexta-feira, fevereiro 06, 2009

Mesa Redonda

Recordando uma dúzia de conversas registadas no "Sexo dos Anjos":

“A Cidade do Sossego” - Um blogue com voz própria.

“A Voz Portalegrense” - Um alentejano útil.

“Alma Pátria - Pátria Alma” - Agir localmente, pensar globalmente.

“Do Portugal Profundo” - A paixão da verdade e da justiça.

“Inconformista” - Vanguarda e Tradição.

Mente Vertical - uma questão de atitude.

“Nonas” - Sempre de serviço à blogosfera.

“O Pasquim da Reacção” - A reacção é a vida.

“Odisseia” - À maneira de Ulisses.

“Pena & Espada” - A História, a Política, a Cultura.

“Tomar Partido” - O imperativo de tomar partido.

“Último Reduto” - O que é preciso é que ninguém se abstenha!

segunda-feira, fevereiro 02, 2009

O que é preciso é que ninguém se abstenha!

Hoje este espaço conta com a presença muito especial do Pedro Guedes.
Os frequentadores da casa sabem que se trata do bloguista do Último Reduto, mas nem todos estarão cientes da enorme dívida de gratidão que tenho para com ele. Desde que me lancei nestas lides blogosféricas, se houve um apoio constante e sem falhas com que sempre contei foi o de Pedro Guedes. A enorme disponibilidade e permanente vontade de servir que o caracteriza pode ver-se nessa capacidade extraordinária de fazer sentir-se um amigo de sempre quem não era mais que um desconhecido.
Desde há cinco anos e uns meses, portanto, que temos mantido diálogo por esta via. Hoje é uma continuação. Esta conversa versou sobre blogues, internet, política, Portugal e a Direita, entre coisas várias, não esquecendo os animais domésticos. Pode ter interesse para mais gente. Partilho-a por isso com todos os leitores, porque a generosidade e a franqueza com que ele me honrou a mim não é justo que as guarde só para mim. E faço minha a chamada que ele quis deixar no fim: que ninguém se abstenha, que de abstencionistas está o inferno cheio.

1 - Ter um blogue é como ter um animal doméstico. Se não o alimentarmos, morre. Será essa a explicação para a baixa esperança de vida que se verifica nos blogues?

- Explicações haverá várias, mas essa é uma analogia feliz até porque eu tenho blogue, dois cães e dois periquitos. Do mesmo modo que o cão requer algum carinho ou nos obriga a ir dar uma volta com ele de quando em vez, também o blogue pressupõe uma dose regular - diária, se possível... - de atenção, de gosto, de sacrifício, porque às vezes chove ou porque simplesmente estamos cansados e não nos apetece. Ora, aquilo que me parece que se verifica é que boa parte daqueles que resolvem iniciar um blogue o fazem de forma algo inconsciente, por mero impulso, um pouco como aqueles sujeitos que compram um cão porque num dado momento lhe acharam graça para o abandonarem sem piedade na véspera das férias seguintes. Em alguns casos, dá até a ideia de que existem autores de blogues que nem sequer gostam de escrever - o que, convenhamos, sendo espantoso não deixará de ser verdadeiro. Falamos de quem essencialmente se limitou a seguir uma moda, sem que na verdade exista um conjunto de ideias ou de valores minimamente organizado que pretendam transmitir. No fundo e para ambos os casos, a (falta de) real motivação não deve ser muito diferente.

2 - Apesar da sua elevadíssima taxa de mortalidade infantil, há blogues que sobrevivem. O "Ultimo Reduto" conta já cinco anos e alguns meses. Qual é o segredo dessa longevidade?

- Bom, para ser honesto comigo mesmo diria que o "Último Reduto" já teve um período em que não vivia - antes sobrevivia... Em todo o caso, diria que a própria ideia de sobrevivência, perante a falta de tempo do autor, já representa um esforço grande. Chego a envergonhar-me do estado comatoso a que deixei chegar o espaço, que nos seus bons tempos ousou demandar contadores de popularidade, blogómetros e coisas afins. De tal modo que aproveito até o espaço que o Manuel simpaticamente me concede para prometer um 2009 mais produtivo. Indo directamente à pergunta, o segredo é simples: nada se faz sem vontade, sem gosto e sem sacrifício. Também convém que se tenha alguma coisa para dizer e vontade de o transmitir em português legível. Com estas duas condicionantes, o resto vem por acréscimo. De qualquer modo talvez o segredo, se é que existe, esteja no seguinte: a mim sempre me deu muito gozo fazer viver o "Último Reduto".

3 - Notam-se diferenças entre a blogosfera portuguesa de meados de 2003 e esta de agora? Quais?

- Assim de repente, a primeira diferença que eu verifico é que em 2003 havia por cá poucos jornalistas - especialmente "jornalistas políticos"; com a entrada em cena destes, o nível geral desceu - e não me refiro apenas à qualidade da escrita. De resto e no fundo, o que sucedeu é que se em 2003, com algum esforço, era possível conhecer todos os blogues, a ferramenta entretanto se massificou com tudo o que isso implica de positivo e de negativo. Se bem que quanto à predisposição para aceitar novas ideias ou novas tendências a benevolência alheia se terá mantido no essencial. Eu recordo-me sempre que em 2003 havia dois ou três "tubarões" blogosféricos que escreviam: "já cá estão quase todos, só faltam os nacionalistas e os fascistas", mas que logo mudaram de opinião assim que estes últimos deram à costa. Ainda a freguesia ficava a saber que se conheciam de outros carnavais e logo se comprometia a promissora carreira...

4 - Diz-se que um dos motivos de atracção da blogosfera é a possiibilidade de qualquer um se esconder no anonimato. Eu diria que também vejo muitos que só se descobrem realmente no anonimato. Já sentiu esse fenómeno?

- Sim, concordo. Eu não simpatizo especialmente com o anonimato, confesso, mas da mesma forma que o confesso compreendo essa necessidade em todos os casos em que isso se justifique. E justifica-se em muitos, visto que em Portugal assumir aquilo em que se acredita, o que se diz ou o que se escreve custa muitas vezes contratos, postos profissionais ou bolsas de estudo. Conheço exemplos de pessoas que perderam nos três aspectos que referi antes apenas porque não pensavam "ao centro". Depois existe o reverso da medalha, aqueles que poderiam perfeitamente assinar com o seu próprio nome mas preferem um caminho distinto. É legítimo e, sobretudo, em alguns desses casos ficamos todos a ganhar. Talvez as pessoas se sintam mais livres e isso conduza a uma maior liberdade na sua actuação blogosférica.

5 - Que transformações estão a ocorrer na internet, e o que podemos esperar dessas mudanças?

- A internet muda todos os dias, mas neste momento podemos sobretudo identificar a construção e identificação de comunidades virtuais, essencialmente sociais ou de partilha. Os blogues também encaixam nessa lógica, mas uma correcta utilização da internet face a objectivos de grupo não pode negligenciar os vários fenómenos de "social networking". Sabendo que muitos dos visitantes do "Sexo dos Anjos" se interessam pelas novas formas de militância cultural e política, nomedamente em rede, eu permito-me chamar a atenção para a exploração deste tipo de mercados. Em todo o hemisfério norte isto é hoje completamente pacífico, mas em Portugal parece que as coisas estão um nadinhas mais atrasadas, salvo o BE que, na verdade, faz estas coisas com alguma aptidão. A vertente 'online' da última campanha eleitoral de Mariano Rajoy para as legislativas espanholas é um bom exemplo do correcto aproveitamento da internet para fins políticos.
Olhando a net num sentido mais geral e apanhando a boleia de um texto que li há não muitos dias e que apresentava números assustadores, será que o correio electrónico tal como o conhecemos existirá daqui por 4 ou 5 anos, resistindo a pressões cada vez maiores de 'spamming'? Talvez não, tal como aconteceu com o fax. Lá está. Será que as 'inbox' das comunidades de 'social networking' retirarão significativa quota de mercado aos tradicionais programas de correio electrónico? É provável que sim, com a ajuda de todos os interesses publicitários inerentes. É um mercado que vale muito dinheiro.

6 - Segundo estudos recentes, os portugueses seriam de todos os portugueses os mais descontentes com a política e os políticos. Todavia, os actores políticos são os mesmos há 30 anos, e as políticas também pouco mudam, sem que o falado descontentamento seja traduzido nas votações. Como se explica esta aparente incongruência?

- O sistema está muito bem montado, escrevi sobre isso há pouco tempo. E depois parece-me que os novos actores, ou aqueles que têm pretensões a isso, entram em cena por via de regra actuando em moldes que estão completamente ultrapassados. Resumindo: a lógica perversa sobre a qual está montado todo o sistema, e que é capaz de recorrer a manobras sujas para se sustentar no tempo (e não só), tem a colaboração de novos actores por regra pouco imaginativos. Acresce que esses novos actores não adoptam normalmente os caminhos que historicamente são garantia de êxito: uma actuação "gramsciana", uma aposta no combate estético e cultural, a transformação de mentalidades, a colaboração estreita com a sociedade civil. Os grandes combates estão cada vez mais fora dos partidos por si só.

7 - A blogosfera ainda continua a ser um espaço de afirmação possível para a Direita? O que falta fazer nesse campo?

- Correndo o risco de pegar em palavras difíceis, eu diria que é um espaço vital. Quanto ao que falta fazer e não sendo provavelmente uma opinião maioritária, creio que faz falta mais qualidade e menos quantidade, apostando em sinergias que a todos aproveitem. Salvo melhor opinião, o mercado blogosférico potencial da Direita - não se entenda aqui a rapaziada do Paulo Portas, do Vasco Rato, etc. - está muito mal aproveitado, com uma ou outra excepção.

8 - No mercado político nacional há um espaço para a Direita, ou falta ainda criá-lo?

- Há espaço, claro, não é preciso criá-lo, Mas é imperioso trabalhá-lo! E trabalhar um espaço faz-se lançando pontes, estabelecendo sinergias, falando para fora, esquecendo os umbigos. É isso que tem falhado, como creio que sabem todos os envolvidos.

9 - As energias disponíveis são mais úteis se aplicadas na organização política, partidária ou não, ou rendem mais se utilizadas noutras formas de militância?

- Parece-me que todas as energias dispendidas são úteis. Quem quiser fazê-lo num partido faz bem; quem pretender militar no combate pela defesa da vida estará certíssimo; quem quiser desenvolver actividade em órgãos locais está correcto; quem entender poder servir melhor numa editora, óptimo; se alguém pensa que é publicando uma revista que se consegue algo, excelente; se outro crê que é na internet que pode fazer a diferença, cinco estrelas. Importante é que não se atropelem uns aos outros e que saibam manter relações mínimas de civilidade, em nome do Bem Comum. Todos juntos, criariam a tal "área nacional" de qua tanto se fala mas de que pouco se vê.

10 - Se a nação é um plebiscito quotidiano, não teremos neste momento razões para temer que os portugueses tenham deixado de querer ser portugueses?

- Os portugueses estão muito conformados, anestesiados tal e qual a esmagadora maioria dos europeus - basta passarmos dois ou três dias de trabalho em Madrid para verificarmos o mesmo fenómeno. Foram-lhes vendendo mais Europa sem que nunca tenham podido fazer uma cruz num papel sobre o assunto. Mas eu penso que isso não quer dizer que tenham deixado de querer ser portugueses, significa apenas que foram sendo educados para um individualismo que os leva a colocar Portugal, a sua independência e soberania, num patamar inferior da sua escala de valores. Pelo menos para já, parece-me que é uma marcha que pode ser invertida, assim se mobilizem aqueles que estão conscientes do diagnóstico. Que se mobilizem e que não passem então o tempo a fazer 'check-lists' daquilo que os separa.

11 - Leu o ensaio de Jean-Yves Le Gallou "Douze thèses pour un gramscisme technologique "? O que lhe sugere, pensando na nossa realidade?

- Parece-me lindamente, embora a avaliar pelas reacções me pareça que foi pouco lido pela nossa gente. É pacífico que a internet é nos tempos que correm a única ferramenta que permite a ideias não-conformistas obter alguma eficácia na transmissão da mensagem, a única que permite contornar o total bloqueio mediático que nos é imposto, a única que permite que seja passada uma imagem diferente da caricatura diabólica que se pretende fazer passar na imprensa tradicional. É por isso essencial que se use cada vez mais, que se observem as suas potencialidades e que todas elas sejam aproveitadas. Ainda para mais, a internet permite que toda a gente a aproveite, com inteligência, sem obrigações "pesadas": nem toda a gente tem que alimentar um blogue, isso não é tão importante quanto se pensa. Quem realmente gosta da ferramenta é bom que a utilize mas usá-la por obrigação ou por impulso é provavelmente errado e obtém efeitos contrários aos desejados. Mas quem por exemplo não gosta de escrever ou não se sente bem a falar para fora na blogosfera, já não terá grande desculpa para não usar ferramentas como o Facebook ou o HI5. A internet permite essa coisa fantástica que é a possibilidade de todos terem o seu público e se sentirem no seu próprio meio, consoante a idade ou os interesses, podendo em cada um desses postos ser de grande utilidade para causas comuns. Que ninguém se abstenha!

domingo, fevereiro 01, 2009

CLAREZA, CORAGEM E FRONTALIDADE

O PND realizou o seu congresso e elegeu um novo presidente: Maria Augusta Montes. Apostou numa liderança nova para o partido, apoiando também a aposta de Manuel Monteiro na sua Missão Minho.
É o momento certo para recordar as palavras de João Carvalho Fernandes, em recente editorial no Democracia Liberal.

CLAREZA, CORAGEM E FRONTALIDADE
São estes alguns dos atributos necessários ao próximo presidente do PND, a ser eleito neste sábado. Aos quais se deverá juntar ausência de receio de ser politicamente incorrecto e de "chamar os bois pelos nomes".
Num país onde a rebaldaria, a corrupção e a sem vergonha imperam cada vez mais, tem de haver espaço para alguém que recuse o estado actual, que grite que "o rei ai nú" e que fale verdade. Para alguém que se oponha à camarilha que nos desgoverna e que se governa à nossa conta. Portugal não pode continuar a saque!
Chegou a hora de o PND mostrar o que vale e ser bem diferente dos outros!


Assim seja, digo eu.

A fábula das leis más

Que elas são mesmo más, não é fábula nenhuma; mas realmente importa saber os motivos e não tenho dúvidas que Eduardo Dâmaso apontou para um deles (não o único, mas obviamente decisivo). Lembrou-me o caso da vírgula, que rapidamente caiu no esquecimento. Até as vírgulas são negociadas, caindo onde os interessados precisam delas e não onde a gramática manda. Há leis com destinatários e beneficiários tão concretos que sóó falta a fotografia no Diário da República. Há aquelas que são publicadas hoje e amanhã são rectificadas porque alguém se mexeu... Enfim... leia-se o Dâmaso.

A fábula das leis más
O Presidente da República está preocupado com a má qualidade das leis. Tem razão, mas é preciso saber porquê. Esta fábula das más leis tem várias explicações, mas a mais preocupante está na subordinação do instrumento legislativo a interesses particulares ou de grupo.
Dizia-se no tempo das ideologias que o Direito era um instrumento de domínio dos poderosos sobre os dominados e continua a não haver nada mais actual. No Penal legisla-se ao sabor dos interesses de uma parte da classe política e amigos. O Direito Administrativo manipula-se em função de desígnios totalmente opacos em matéria de concessão, viabilização, licenciamento, adjudicação, etc. – palavras mágicas que abrem a porta a muitos milhões.
Um velho professor de Direito Administrativo costumava dizer: o Direito é uma linha que só em condições muito excepcionais se pode atravessar, mas, hoje em dia, com tanta lei, portaria ou regulamento, a linha passa a vida a ser empurrada para cá e para lá. Na verdade, a ‘má qualidade da lei’ é isso: os interesses ocultos instalados em cada Governo ou maioria política fazem do ‘legislador’ ou do governante um mero executor de acertos cozinhados nos bastidores.
Há uns anos, o chamado ‘legislador político’ conseguia favorecer interesses pessoais dando a ideia de que o diploma lavrado se dirigia aos interesses gerais e abstractos da comunidade. Até esse pudor já lá vai...

Ontem como hoje

«A seriedade é antes de mais a conformidade dos sentimentos com as ideias e a conformidade dos actos com os princípios. Na vida pública como na vida privada, a falta de sinceridade desalenta e fatiga: nenhum regime político que emprega a mentira como método de governação (ou se limita a verdades convencionais) pode ter crédito na alma popular.»

Salazar, in "Como se levanta um Estado", 1937